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DISCIPLINA: TÓPICOS INTEGRADORES


SEMESTRE: 7º SEMESTRE
RETIRADO DOS LIVROS:
 Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais
[recurso eletrônico]. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.
 Manual diagnóstico estatísticos dos Transtornos Mentais. DSM-V-TR. 2022.
 Alvarenga, Pedro Gomes de Fundamentos em psiquiatria / Pedro Gomes de
Alvarenga, Arthur Guerra de Andrade. – Barueri, SP: Manole, 2008.
 Manual de diagnóstico diferencial do DSM-5. 2022.

TEMA: DIAGNÓSTICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

1. DIAGNÓSTICO
O diagnóstico dos transtornos psiquiátricos assume características particulares em
relação à grande maioria das outras especialidades médicas. A subjetividade e o
estreitamento da aliança terapêutica são necessários para a correta elaboração
diagnóstica. Além disso, raramente o conceito de “doença” é empregado em
Psiquiatria, mas sim os conceitos de síndrome ou transtorno, uma vez que a
etiopatogenia destas afecções não está totalmente elucidada. Os critérios
operacionais ou categorias sugeridas pela Classificação Internacional de Doenças
(CID) e pelo Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM)
apresentam boa confiabilidade, mas a sua validade vem sendo questionada, uma
vez que estes são arbitrários e de questionável correlação à etiopatogenia dos
transtornos mentais.

Definições:
 1ª posição: Diagnóstico em saúde mental não tem valor algum, pois cada pessoa
é uma realidade única e inclassificável. O diagnóstico apenas serviria para rotular
as pessoas diferentes, excêntricas, permitindo e legitimando o poder médico, o
controle social sobre o indivíduo desadaptado ou questionador (Dalgallarrondo,
2019, p 35). Essa crítica é particularmente válida nos regimes políticos totalitários,
quando se utilizou o diagnóstico psiquiátrico para punir e excluir pessoas
dissidentes ou opositoras ao regime. (Dalgallarrondo, 2019, p 35).
 2ª posição: o diagnóstico em saúde mental, sustenta que seu valor e seu lugar
são absolutamente semelhantes aos do diagnóstico nas outras áreas e
especialidades médicas. O diagnóstico, nessa visão, é o elemento principal e
mais importante da prática psiquiátrica.
 3° posição do autor: A minha posição é a de que, apesar de ser absolutamente
imprescindível considerar os aspectos pessoais, singulares de cada indivíduo,
sem um diagnóstico psicopatológico aprofundado não se pode nem compreender
adequadamente o paciente e seu sofrimento, nem escolher o tipo de estratégia
terapêutica mais apropriado. (Dalgallarrondo, 2019, p 35).

O diagnóstico é realizado coletivamente, de modo compreensivo, no qual


podem ser visualizadas a situação atual do paciente e as repercussões futuras de
seu problema. (Alvarenga, 2008, p.15)
É comum que o diagnóstico recebido por determinado paciente possa variar ao
longo dos meses e anos de atendimento em um ambulatório especializado. Além
disso, o diagnóstico sofre influências da cultura e da personalidade do médico
assistente, seja ele psiquiatra ou não. Isso quer dizer que não há uma fórmula
correta para o diagnóstico psiquiátrico, tampouco “precisão milimétrica” do
mesmo. Certamente, a aliança terapêutica somada ao bom senso médico são as
maiores ferramentas na intrigante tarefa da formulação diagnóstica em
psiquiatria. (Alvarenga, 2008, p.15)
Inúmeros psiquiatras, psicólogos e psicanalistas justificam toda a
sintomatologia de seus pacientes por meio do método interpretativo. Neste contexto,
frequentemente encontramos pacientes acompanhados em longos processos
psicoterápicos que sequer foram submetidos a um exame físico ou complementar
que excluísse uma causa orgânica para seus sintomas, como, por exemplo,
hipotireoidismo, tumores ou uso de álcool e drogas. Estas duas posturas frente ao
paciente, opostas e mutuamente excludentes, trazem pouco benefício para seu
tratamento e subestimam a complexidade da mente. (Alvarenga, 2008, p.15).
2. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:

DEFINIÇÃO: é a base da nossa tarefa como clínicos. A maioria dos pacientes não
chega ao consultório dizendo: “eu tenho um transtorno depressivo maior... me dê um
antidepressivo” (embora alguns façam isso!). Mais comumente, o paciente consulta-
nos buscando algum alívio em relação a certos sintomas particulares, tais como
humor deprimido e fadiga (as “queixas principais”, na linguagem médica), que são a
fonte de sofrimentos ou prejuízos significativos do ponto de vista clínico. Nosso
trabalho é selecionar, a partir da miríade de condições incluídas no DSM-5, aquelas
que mais poderiam estar relacionadas com os sintomas.

Seis passos básicos para o Diagnóstico Diferencial no DSM-V:


1) excluir a simulação e o transtorno factício; 000000000
2) excluir uma etiologia de substância;
3) excluir uma condição médica etiológica;
4) determinar o(s) transtorno(s) primário(s) específico(s);
5) diferenciar o transtorno de adaptação das outras condições especificadas e não
especificadas residuais;
6) estabelecer o limite em relação à inexistência de transtorno mental.

PASSO 1: EXCLUIR A SIMULAÇÃO E O TRANSTORNO FACTÍCIO

Duas são as condições apresentadas como simulação no DSM-5: simulação e


transtorno factício. Ambas são diferenciadas com base na motivação para a
fraude.

a) SIMULAÇÃO: Quando se trata da conquista de um objetivo claramente


reconhecível, por exemplo, indenização do seguro, evitação de responsabilidades
legais e militares, obtenção de drogas.

b) TRANSTORNO FACTÍCIO: Quando o comportamento enganador está presente


mesmo na ausência de uma óbvia recompensa externa. Embora a motivação
para muitos indivíduos com transtorno factício seja assumir o papel de doente,
esse critério foi retirado no DSM-5 por causa da dificuldade inerente à
determinação da razão subjacente no que diz respeito ao comportamento
observado no sujeito.

O índice de suspeita deve ser elevado quando:


1) quando existem estímulos externos claros para que o paciente seja diagnosticado
com uma condição psiquiátrica (p. ex., determinações de deficiências, avaliações
forenses em processos criminais ou civis, estabelecimentos prisionais),
2) quando o paciente se apresenta com um conjunto de sintomas psiquiátricos que
se conformam mais com uma percepção leiga de doença mental do que com uma
entidade clinica reconhecida.
3) quando a natureza dos sintomas muda radicalmente de um encontro para o outro,
4) quando o paciente tem uma apresentação que imita a de um modelo (p. ex., outro
paciente da unidade, um parente próximo com uma doença mental)
5) quando o paciente é caracteristicamente manipulador ou sugestionável.

PASSO 2: EXCLUIR ETIOLOGIA DE SUBSTÂNCIA (INCLUINDO DROGAS DE


ABUSO, MEDICAMENTOS)

1ª PASSO: determinar se a pessoa tem usado alguma substância.


Deve-se verificar se os sintomas apresentados surgem a partir de uma substância
que está exercendo um efeito direto no sistema nervoso central (SNC). Praticamente
qualquer apresentação encontrada em um contexto de saúde mental pode ser
causada pelo uso de alguma substância. Determinar se a psicopatologia se deve ao
uso de substâncias, muitas vezes, pode ser difícil, pois, embora o uso seja bastante
presente e uma grande variedade de sintomas diferentes possam ser causados por
substâncias, o fato de que o uso e a psicopatologia ocorram juntos não
necessariamente implica uma relação de causa e efeito.

a) levantamento cuidadoso da história do paciente: consultar os familiares


b) exames físicos na busca de sinais de intoxicação por substância ou
abstinência: obter analises de laboratório dos fluidos corporais para verificar o
uso recente de certas substâncias.
Confirmação do uso de substância: determinar se existe uma relação etiológica
entre ele e a sintomatologia psiquiátrica.
Há três possíveis relações do uso da substância com a psicopatologia:

1) OS SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS RESULTAM DOS EFEITOS DIRETOS DA


SUBSTÂNCIA SOBRE O SNC: (levando ao diagnóstico de transtornos induzidos
por substancias no DSM-5; p. ex., transtorno psicótico induzido por cocaína,
transtorno depressivo induzido por reserpina):
1.1 Relação Temporal: Importante determinar se os sintomas psiquiátricos surgem
em proximidade com o uso da substância.
Exemplo: Se um paciente começa a apresentar sintomas de depressão logo após
iniciar o uso de cannabis.
1.2 Probabilidade do Padrão de Uso: Considerar se o padrão de uso da
substância é capaz de causar os sintomas observados.
Exemplo: Se um paciente apresenta psicose após o uso excessivo de anfetaminas,
há uma forte correlação entre o uso da substância e os sintomas.
1.3 Alternativas de Explicação: Avaliar se há outras causas para os
sintomas além do uso da substância.
Exemplo: Se um paciente tem história familiar de transtorno bipolar e apresenta
episódios maníacos após o uso de antidepressivos, pode-se considerar um
transtorno bipolar não induzido por substância.
1.4 Persistência dos Sintomas: Observar se os sintomas persistem após
períodos de abstinência da substância.
Exemplo: Se um paciente continua a experimentar alucinações mesmo após
interromper o uso de LSD, pode indicar um transtorno persistente da percepção
induzido por alucinógenos.
Critérios do DSM-5: O DSM-5 sugere que os sintomas atribuídos ao uso de
substância devem remitir dentro de um mês após a cessação do uso.
Exemplo: Se um paciente suspende o consumo de álcool e seus sintomas de
ansiedade desaparecem dentro de um mês, isso sugere uma relação com o uso de
álcool.
1.5 Julgamento Clínico: A aplicação dos critérios exige julgamento clínico,
considerando a variabilidade nas propriedades das substâncias e nas
apresentações clínicas.
Exemplo: Um clínico pode considerar o contexto socioeconômico, histórico médico
e padrões de uso de substâncias ao fazer um diagnóstico.
1.6 Observação do Paciente: Em casos difíceis, pode ser necessário observar
o paciente durante períodos de abstinência para determinar se os sintomas
persistem na ausência do uso da substância.
Exemplo: Um paciente pode ser internado em uma clínica de reabilitação para
monitorar seus sintomas após a interrupção do uso de drogas.

EXEMPLOS PRÁTICOS:
 Cannabis e Depressão: Um paciente relata sentimentos de tristeza e
desesperança logo após começar a fumar maconha regularmente.
 Anfetaminas e Psicose: Um indivíduo apresenta sintomas de psicose, como
delírios e alucinações, após consumir grandes quantidades de anfetaminas.
 Antidepressivos e Mania: Um paciente com história familiar de transtorno
bipolar desenvolve episódios maníacos após iniciar o tratamento com
antidepressivos.
 LSD e Alucinações Persistente: Um usuário de LSD continua a experimentar
alucinações coloridas e padrões visuais mesmo após parar de consumir a droga.
 Álcool e Ansiedade: Um paciente que abusa de álcool relata sintomas intensos
de ansiedade que diminuem significativamente após a cessação do consumo de
álcool.

2) O USO DE SUBSTÂNCIA É UMA CONSEQUÊNCIA (OU ASPECTO


ASSOCIADO) DE TER UM TRANSTORNO PSIQUIÁTRICO PRIMÁRIO (p. ex.,
automedicação);
2.1 Natureza, Quantidade e Duração do Uso: Importante considerar se a
substância ou medicamento em questão tem uma relação causal conhecida
com os sintomas psiquiátricos observados.
Exemplo: A maconha consumida em doses moderadas raramente causa sintomas
psicóticos proeminentes.
2.2 Limiar de Causação: A quantidade e a duração do uso devem
ultrapassar um certo limiar para serem consideradas a causa dos
sintomas psiquiátricos.
Exemplo: Um humor depressivo persistente após o uso de uma pequena
quantidade de cocaína provavelmente não deve ser atribuído à droga.
2.3 Mudanças no Padrão de Uso: Mudanças significativas na quantidade de
substância consumida podem desencadear sintomas psiquiátricos.
Exemplo: Um usuário regular de álcool que de repente aumenta drasticamente o
consumo pode desenvolver sintomas de depressão ou ansiedade.

Exemplos Práticos:
 Cocaína e Depressão: Um indivíduo experimenta um humor depressivo
persistente após o uso ocasional de uma pequena quantidade de cocaína. Como
a quantidade usada é mínima e não é consistente com o desenvolvimento de
sintomas depressivos, é improvável que a cocaína seja a causa direta dos
sintomas.
 Maconha e Psicose: Um usuário frequente de maconha começa a experimentar
alucinações e delírios após aumentar significativamente o consumo da droga.
Neste caso, a mudança no padrão de uso pode estar diretamente relacionada ao
surgimento dos sintomas psicóticos.
 Álcool e Ansiedade: Um indivíduo que costumava beber moderadamente
começa a consumir álcool em grandes quantidades devido ao estresse no
trabalho. Logo depois, desenvolve sintomas intensos de ansiedade. A mudança
na quantidade de álcool consumida pode ter desencadeado os sintomas de
ansiedade.

Em alguns casos, o uso de substância pode ser a consequência ou um traço


associado (mais do que uma causa) de sintomatologia psiquiátrica.

2.4 Automedicação: Em alguns casos, o uso de substância pode ser uma


consequência ou um traço associado à sintomatologia psiquiátrica, sendo
utilizado como uma forma de automedicação.
Exemplo: Uma pessoa com transtorno de ansiedade pode consumir álcool em
excesso devido aos seus efeitos sedativos e ansiolíticos.
2.5 Preferência por Substâncias: Indivíduos com transtornos psiquiátricos
muitas vezes preferem certas classes de substâncias, o que reflete sua busca
por alívio dos sintomas.
Exemplo: Pacientes com sintomas negativos de esquizofrenia frequentemente
preferem estimulantes, enquanto aqueles com transtornos de ansiedade tendem a
preferir depressores do sistema nervoso central.

2.6 Transtorno Primário com Uso de Substância Secundário: Caracterizado


pelo fato de que o transtorno psiquiátrico ocorre antes e/ou em certas ocasiões
durante a vida da pessoa, quando ela não está usando qualquer substância.
Exemplo: Um indivíduo que relata ter começado a consumir álcool durante um
episódio depressivo maior como uma forma de neutralizar a insônia.

2.7 Validade do Julgamento: A validade desse julgamento depende da


precisão do relato retrospectivo do paciente, que pode ser suspeito.
Exemplo: Pode ser útil verificar as informações com outros informantes, como
familiares, ou revisar registros anteriores para documentar a presença de sintomas
psiquiátricos na ausência do uso da substância.

3) OS SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS E O USO DE SUBSTÂNCIAS SÃO


INDEPENDENTES. Cada uma dessas relações é discutida por vez.

3.1 Relação Independente: Em alguns casos, tanto o transtorno psiquiátrico


quanto o uso da substância podem ser independentes um do outro.
Exemplo: Alguns pacientes podem apresentar transtornos psiquiátricos e uso de
substância de forma coincidente, sem que um seja a causa direta do outro.

3.2 Prevalência dos Transtornos: As altas taxas de prevalência dos


transtornos psiquiátricos e por uso de substância significam que é possível que
alguns pacientes tenham ambas as condições de forma aparentemente
independente.
Exemplo: Um indivíduo pode desenvolver tanto depressão quanto uso problemático
de álcool sem que uma condição seja diretamente causada pela outra.
3.3 Interseção e Complicações: Embora independentes a princípio, os
transtornos psiquiátricos e por uso de substância podem interagir de maneira
agravante e complicar o tratamento.
Exemplo: O uso de substância pode desencadear episódios psiquiátricos agudos,
enquanto os sintomas psiquiátricos podem levar ao aumento do uso de substâncias
como forma de automedicação.
3.4 Diagnóstico por Exclusão: A relação independente entre transtornos
psiquiátricos e por uso de substância é essencialmente um diagnóstico feito por
exclusão.
Exemplo: Ao avaliar um paciente com sintomas psiquiátricos e uso de substância, é
importante primeiro descartar a possibilidade de que um esteja causando o outro.

3.5 Evidências de Independência: A falta de uma relação causal em ambas


as direções é mais provável se existirem períodos em que os sintomas
psiquiátricos ocorrem na ausência do uso da substância.
Exemplo: Se um paciente experimenta sintomas depressivos mesmo durante
períodos de abstinência de substâncias, isso sugere uma relação independente
entre os transtornos.

Depois de decidir que uma apresentação é devida aos efeitos diretos de uma
substância ou medicamento, você̂ deve determinar qual transtorno induzido por
substância melhor descreve a apresentação.

PASSO 3: EXCLUIR UM TRANSTORNO DEVIDO A UMA CONDIÇÃO MÉDICA


GERAL

3.1 Exclusão de Etiologia Médica Geral:


 determinar se os sintomas psiquiátricos são devidos aos efeitos diretos de uma
condição médica geral. Esse processo era tradicionalmente conhecido como
"exclusões orgânicas" em psiquiatria, onde o clínico primeiro descarta causas
físicas dos sintomas mentais. O DSM não usa mais termos como "orgânico" e
"físico" devido ao dualismo implícito entre corpo e mente. No entanto, a exclusão
de substâncias e condições médicas gerais como causas específicas da
sintomatologia psiquiátrica continua sendo crucial.
 O diagnóstico diferencial entre sintomas psiquiátricos e condições médicas
gerais pode ser desafiador por várias razões, incluindo a similaridade dos
sintomas e a complexidade das relações causais.

3.2 Pistas para Identificar Relações Causais:


 As relações causais entre condições médicas gerais e sintomas psiquiátricos
podem ser sugeridas pela relação temporal entre o início dos sintomas e da
condição médica, bem como pela atipicidade na apresentação dos
sintomas.
 A identificação apropriada e o tratamento da condição médica geral subjacente
são cruciais para evitar complicações médicas e reduzir a sintomatologia
psiquiátrica.
 É importante determinar a natureza da relação causal entre a condição
médica geral e os sintomas psiquiátricos, o que muitas vezes requer
avaliação cuidadosa e acompanhamento longitudinal.
Classificação no DSM-5:
 O DSM-5 inclui vários transtornos mentais devidos a outra condição médica,
cada um diferenciado pela apresentação predominante dos sintomas.

PASSO 4: DETERMINAR O(S) TRANSTORNO(S) PRIMÁRIO(S) ESPECÍFICO(S)


Após excluir o uso de substâncias e condições médicas gerais como etiologias dos
sintomas, o próximo passo é identificar qual transtorno mental primário do DSM-5
melhor explica a sintomatologia apresentada. Vários grupos diagnósticos no DSM-5
são organizados em torno de apresentações comuns de sintomas para facilitar o
diagnóstico diferencial.

PASSO 5: DIFERENCIAR TRANSTORNOS DE ADAPTAÇÃO DE OUTROS


TRANSTORNOS ESPECIFICADOS OU NÃO ESPECIFICADOS RESIDUAIS Nesta
etapa, é crucial diferenciar Transtornos de Adaptação de outros transtornos não
especificados residuais. Quando os sintomas não se ajustam aos padrões
específicos de diagnóstico do DSM-5 ou não atingem os limiares de gravidade ou
duração necessários para um diagnóstico específico, mas ainda causam sofrimento
ou prejuízo clinicamente significativo, é justificado o diagnóstico de um transtorno
mental. A diferenciação é feita entre transtorno de adaptação e categorias residuais
de outros transtornos especificados ou não especificados.
Exemplo: se os sintomas surgiram como resposta mal adaptativa a um estressor
psicossocial, o diagnóstico seria de transtorno de adaptação. Por outro lado, se o
estressor não é responsável pelo desenvolvimento dos sintomas clinicamente
significativos, o diagnóstico seria de outra categoria residual, como outro transtorno
especificado ou transtorno não especificado, dependendo de qual grupo diagnóstico
do DSM-5 melhor cobre a apresentação sintomática.

No DSM-5, existem duas categorias residuais: outro transtorno especificado e


transtorno não especificado. A diferença entre os dois depende de se o clínico
escolhe especificar a razão pela qual a apresentação sintomática não preenche os
critérios para qualquer categoria específica daquele grupo diagnóstico.
Exemplo: se um paciente apresenta um quadro sintomático clinicamente
significativo caracterizado por 4 semanas de humor deprimido na maior parte do dia
e em quase todos os dias, acompanhado apenas de dois sintomas depressivos
adicionais, o clínico registraria outro transtorno depressivo especificado, como
"episódio depressivo com sintomas insuficientes". Se o profissional optar por não
indicar a razão específica pela qual a apresentação não se enquadra em nenhuma
das definições de transtorno especificadas, o diagnóstico seria de transtorno não
especificado.
Essa escolha entre especificar ou não a razão pode depender da disponibilidade de
informações suficientes para um diagnóstico mais específico ou da decisão de evitar
informações potencialmente estigmatizantes sobre o paciente.

OBSERVAÇÃO: SOBRE O TRANSTORNO DE ADAPTAÇÃO:


Transtorno de adaptação é uma condição psiquiátrica caracterizada por uma
resposta emocional desproporcional ou inadequada a um estressor
psicossocial significativo. Esse estressor pode ser um evento único ou uma
série de eventos estressantes que ocorrem ao longo do tempo. O transtorno de
adaptação se manifesta por meio de sintomas como ansiedade, tristeza, choro
fácil, irritabilidade, dificuldades de concentração, insônia, entre outros, que
surgem em resposta ao estresse.
É importante destacar que os sintomas do transtorno de adaptação são
considerados desproporcionais em relação à gravidade ou à intensidade do
estressor que os desencadeia. Além disso, esses sintomas não são tão severos a
ponto de corresponderem aos critérios de diagnóstico de outros transtornos mentais,
como transtorno de ansiedade, depressão maior ou transtorno de estresse pós-
traumático.

Não se encontra classificado e especificado no DSM, mas está descrito dessa


forma:
Transtorno de adaptação com humor deprimido: Um episódio depressivo maior
que ocorre em resposta a um estressor psicossocial é diferenciado do transtorno de
adaptação com humor deprimido pelo fato de que no transtorno de adaptação não
são satisfeitos todos os critérios para um episódio depressivo maior.

Descrito no Transtorno Depressivo Induzido por Substância/Medicamento para


diagnóstico diferencial:
Transtornos de adaptação:
É importante diferenciar um episódio depressivo de um transtorno de adaptação, já
que o início da condição médica é, em si, um estressor vital que poderia
desencadear um transtorno de adaptação ou um episódio de depressão maior. Os
principais elementos distintivos são o caráter difuso do quadro depressivo, bem
como o número e a qualidade dos sintomas depressivos que o paciente relata ou
demonstra no exame do estado mental. O diagnóstico diferencial das condições
médicas associadas é relevante, mas vai além do âmbito deste Manual.

PASSO 6: ESTABELECER OS LIMITES COM A INEXISTÊNCIA DE


TRANSTORNO MENTAL
É crucial estabelecer o limite entre a presença de um transtorno e a ausência de
transtorno mental. Isso é determinado pelo critério de que a perturbação
causada pelos sintomas deve resultar em sofrimento significativo ou prejuízo
no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida
do indivíduo.
Exemplo 1: um homem com baixo desejo sexual que não está em um
relacionamento no momento e não está incomodado com isso não receberia o
diagnóstico de transtorno do desejo sexual masculino hipoativo, pois o baixo desejo
sexual não está causando sofrimento significativo.
Exemplo 2: Suponha que uma pessoa esteja passando por um período de tristeza e
angústia devido à perda de um ente querido. Durante esse período de luto, ela pode
experimentar sintomas como choro frequente, falta de interesse em atividades
habituais e dificuldades para dormir. No entanto, esses sintomas podem ser
considerados uma reação esperada e normal ao processo de luto, não
necessariamente indicativos de um transtorno mental. Nesse caso, embora os
sintomas possam causar desconforto emocional e interferir temporariamente no
funcionamento social e ocupacional da pessoa, eles não atendem aos critérios para
um diagnóstico de transtorno mental, pois estão dentro do espectro do que é
considerado uma resposta normal ao luto. Portanto, mesmo que a pessoa busque
ajuda profissional para lidar com o luto, o diagnóstico não seria de um transtorno
mental, mas sim de uma reação de luto normal. Essa condição seria identificada e
tratada de acordo com uma categoria específica do DSM-5 destinada a condições
que podem ser um foco de atenção clínica, mas não se qualificam como transtorno
mental.

O DSM-5 não define o termo "clinicamente significativo", deixando essa avaliação


para o julgamento clínico, que é influenciado pelo contexto cultural, pelos vieses do
profissional e do paciente, e pela disponibilidade de recursos. O que pode ser
considerado clinicamente significativo pode variar de acordo com o contexto de
cuidados de saúde em que o paciente é atendido.
Em casos de comorbidade entre transtornos mentais ou entre transtornos mentais e
condições médicas, se a apresentação psiquiátrica comórbida justifica atenção
clínica e tratamento, ela é considerada clinicamente significativa. Por fim, condições
que prejudicam o funcionamento, como o luto não complicado, podem ser dignas de
atenção clínica, mas não se qualificam como transtorno mental. Essas condições
devem ser diagnosticadas com uma categoria específica do DSM-5 que está
incluída na seção "Outras Condições que Podem ser um Foco de Atenção Clínica".

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL E COMORBIDADE


No processo de diagnóstico diferencial e comorbidade, é comum que um paciente
apresente uma variedade de sintomas que podem se sobrepor a diferentes
transtornos mentais.
Exemplo: um paciente que experimenta múltiplos ataques de pânico, depressão
significativa, compulsão alimentar e uso excessivo de substâncias requer uma
avaliação minuciosa para determinar os diagnósticos mais apropriados. Nesses
casos, o diagnóstico diferencial visa escolher o diagnóstico mais adequado entre os
diversos transtornos que podem explicar a apresentação dos sintomas. Isso pode
envolver consultar vários algoritmos de decisão para cobrir todos os aspectos
importantes da condição do paciente. Por exemplo, no caso mencionado, seria
necessário avaliar os algoritmos de ataques de pânico, humor deprimido, alterações
no apetite ou comportamento alimentar e uso excessivo de substâncias.
Além disso, devido à alta comorbidade entre os transtornos mentais, pode ser
necessário revisitar os algoritmos de decisão várias vezes para abordar todos os
diagnósticos possíveis. Por exemplo, pacientes com transtorno de ansiedade social
têm maior probabilidade de apresentar outros transtornos de ansiedade, como
transtorno de pânico ou transtorno de ansiedade de separação.
É importante entender que a presença de múltiplos diagnósticos não implica
necessariamente em condições independentes. Há várias maneiras pelas quais
duas condições comórbidas podem estar relacionadas, incluindo causas
compartilhadas, sobreposição de sintomas e coocorrência casual.
Em resumo, o diagnóstico diferencial e a comorbidade exigem uma abordagem
cuidadosa para compreender e comunicar a complexidade das condições
apresentadas pelo paciente, reconhecendo que os diagnósticos do DSM-5 são
ferramentas descritivas úteis para comunicar informações diagnósticas.

SÍNDROME: conjunto de sinais e sintomas que ocorrem de maneira associada. Uma


síndrome é um conjunto de sintomas que frequentemente ocorrem juntos e são
característicos de uma condição específica. Esses sintomas podem ser físicos,
psicológicos ou uma combinação dos dois. Uma síndrome pode ser reconhecida por
um padrão distintivo de sinais e sintomas, mas não necessariamente tem uma causa
conhecida.
São como agrupamentos relativamente constantes e estáveis de determinados
sinais e sintomas. (Dalgallarondo, 2019).

Definição Dalgallarondo (2019):


 São como agrupamentos relativamente constantes e estáveis de determinados
sinais e sintomas. (Dalgallarondo, 2019).
 síndrome (como síndrome depressiva, demencial, paranoide, etc.), não se trata
ainda da definição e da identificação de causas específicas, de um curso e
evolução relativamente homogêneos e de uma estrutura básica do processo
patológico. A síndrome é puramente uma definição descritiva de um conjunto
momentâneo e recorrente de sinais e sintomas.

Exemplos: de síndromes incluem a síndrome de Down, a síndrome de Tourette e a


síndrome de Asperger.

TRANSTORNO: (como esquizofrenia, doença de Alzheimer, anorexia nervosa, etc.).


São os fenômenos mórbidos nos quais podem-se identificar (ou pelo menos
presumir com certa consistência) certas causas ou fatores causais (etiologia), o
curso relativamente homogêneo, certos padrões evolutivos e estados
terminais típicos. O termo "transtorno" (tradução da palavra disorder), na CID-10, é
um equivalente hierarquicamente superior à expressão "síndrome".

Transtorno está relacionado com um conceito mais amplo de diagnóstico. Ao


falarmos de doença nós temos as causas, um padrão de sintomas e medidas
terapêuticas padronizadas, como, por exemplo, as doenças cardíacas.
Quando falamos em transtornos, nos referimos a uma trajetória diagnóstica que
varia bastante de pessoa para pessoa, multifatoriais e com diversas formas de
tratamento.

Exemplos de transtornos: incluem transtorno de ansiedade generalizada (TAG),


transtorno depressivo maior (depressão), transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH), entre outros.
TRANSTORNO MENTAL: nenhuma definição é capaz de capturar todos os
aspectos dos transtornos contidos no DSM-5.
DEFINIÇÃO – DSM-V-TR: é uma síndrome caracterizada por perturbação
clinicamente significativa na cognição, na regulação emocional ou no
comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos processos
psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao funcionamento
mental. Transtornos mentais estão frequentemente associados a sofrimento ou
incapacidade significativos que afetam atividades sociais, profissionais ou outras
atividades importantes. Uma resposta esperada ou aprovada culturalmente a um
estressor ou perda comum, como a morte de um ente querido, não constitui
transtorno mental. Desvios sociais de comportamento (p. ex., de natureza política,
religiosa ou sexual) e conflitos que são basicamente referentes ao indivíduo e à
sociedade não são transtornos mentais a menos que o desvio ou conflito seja o
resultado de uma disfunção no indivíduo, conforme descrito.
A definição de transtorno mental foi elaborada com objetivos clínicos, de saúde
pública e de pesquisa. Informações adicionais, além das fornecidas pelos critérios
diagnósticos do DSM-5, normalmente são necessárias para a realização de
avaliações jurídicas em questões como responsabilidade penal, qualificação para
compensação decorrente de incapacidade e inimputabilidade.

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