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SAÚDE MENTAL

Transtorno Depressivo Maior e Distimia


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TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR E DISTIMIA

Esta aula será dedicada ao estudo do transtorno depressivo maior e do transtorno depres-
sivo persistente, também conhecido como distimia. De uma forma geral, esses são dois
dos aspectos relacionados a depressão de maior relevância, ou seja, aqueles que acabam
gerando diversos prejuízos sociais, familiares e econômicos para o indivíduo. Ambos pos-
suem um manejo parecido, inclusive com relação a intervenção farmacológica.

TDM e Distimia
A característica essencial da depressão é um período de ao menos 2 semanas de humor
deprimido (de forma ininterrupta), com anormalidades das funções neurovegetativas
(alteração do apetite ou peso, alteração do sono), da atividade psicomotora (perda de
energia, interesse, agitação ou lentificação) e da cognição (sentimentos de desvalia, deses-
perança ou culpa inapropriada), assim como ansiedade e ideação suicida.
Os sintomas devem estar presentes na maior parte do dia, quase todos os dias. A
prevalência de TDM no Brasil é de 16,8% ao longo da vida e de 7,1% no último ano. Segundo
estudo realizado em São Paulo em 2002. (Andrade L, Walters EE, Gentil V, Laurenti R. Pre-
valence of ICD-10 mental disorders in a catchment area in the city of São Paulo, Brazil. Soc
Psychiatry Psychiatr Epidemiol. 2002;37(7):316-25. PMID [12111023])
Seu curso é crônico e recorrente. Está frequentemente associada a incapacitação
funcional e comprometimento da saúde física. Os pacientes deprimidos apresentam limi-
tação de suas atividades e comprometimento do bem-estar, além de utilizarem mais servi-
ços de saúde.
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Tratamento da TDM e Distimia


Atualmente, principalmente no tratamento de quadros depressivos, existe um grande
apelo da indústria farmacêutica, que disponibiliza uma lista enorme de fármacos antidepres-
sivos. Apesar da grande oferta, é importante considerar que muitos deles não possuem um
mecanismo de ação tão eficaz para tratar questões envolvendo o transtorno do paciente.
Outro detalhe importante é a individualidade de cada organismo, assim, um medicamento
recomendado para um paciente pode não ser adequado para outro indivíduo (ainda que
ele possua diagnosticado o mesmo quadro de transtorno). As características apresentadas
tornam esta uma situação de difícil manejo, assim, optar pela medicação ideal é uma tarefa
complexa enfrentada pelos profissionais de saúde.
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Sobre o tratamento farmacológico das depressões é ampla, diversificada e, por vezes,


contraditória. Mesmo que nas últimas décadas milhares de estudos mais consistentes tenham
sido desenvolvidos, ainda nos deparamos com frequentes questionamentos sobre suas limi-
tações metodológicas, a heterogeneidade das metodologias entre os estudos, as amostras
de pacientes não representativas da população real, os vieses de publicação, os conflitos de
interesse.
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Problema
Essa variedade de informações pode gerar confusão no momento em que as evidências
são aplicadas na clínica e testadas no mundo real.
Sobre o tema, foram explicitadas pelo STAR*D, o maior e mais dispendioso estudo rea-
lizado até então para o tratamento da depressão. Nele, ao longo de 6 anos, e ao custo de
US$ 35 milhões, 2.876 pacientes foram tratados em 4 níveis que envolveram monoterapia,
combinações e potencializações.

Resultados
Ao término, não houve diferenças entre os tratamentos, com taxas de remissão e
resposta semelhantes dentro de cada nível. Pacientes com episódios depressivos mais
longos, comorbidades médicas e psiquiátricas e pior funcionamento e qualidade de vida no
início do tratamento foram menos propensos à remissão.
Ainda que o STAR*D tenha frustrado alguns por não demonstrar superioridade de uma
abordagem terapêutica sobre outra, ele pode ajudar a consolidar a necessidade da remis-
são como desfecho a ser alcançado. Pacientes que obtiveram remissão (a quase ausência
de sintomas depressivos) foram menos propensos a recaídas do que aqueles que exibiram
apenas resposta (redução de 50% dos sintomas).
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Os resultados do STAR*D reforçam a necessidade de mais estudos metodologicamente
rígidos e aplicáveis no âmbito clínico. Enquanto isso, diretrizes clínicas são necessárias para
guiar as equipes de saúde em uma infinidade de informações e abordagens terapêuticas.

Obs.: No âmbito da saúde mental e da psiquiatria, de forma geral, os pacientes respondem


muito melhor quando a abordagem é farmacológica e terapêutica. Dessa forma, não
é possível assumir que uma intervenção apenas farmacológica gerará excelentes re-
sultados, sendo o mesmo conceito aplicado a uma intervenção meramente terapêuti-
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ca. Sabe-se que a comunhão de ambos promove resultados expressivos e eficazes,


conclusão importante e que por diversas vezes não é considerada nos estudos acer-
ca de fármacos (que por vezes são elaborados de forma direcionada).

Farmacoterapia do TDM e da (Distimia)


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O tratamento farmacológico dos episódios agudos e de manutenção do TDM e do trans-
torno depressivo persistente (distimia), em linhas gerais, obedece às seguintes etapas:
1. Prescrição inicial de um antidepressivo de primeira escolha: Abordagem inicial,
caracterizada por tentativas de administração que devem respeitar prazos pré-estabelecidos
e as condições de cada indivíduo;
2. Aumento da dose: Caso não haja sucesso com a administração inicial, o profissional
considera o aumento da dose administrada ao paciente. Devem ser considerados possíveis
efeitos colaterais;
3. Troca para um antidepressivo de outra classe: A alteração (manejo) da medicação
será guiada pela experiência do profissional e o resultado obtido até o momento;
4. Potencialização do antidepressivo ou combinações de antidepressivos: Somente
na quarta etapa é que se recomenda a administração de dois ou mais antidepressivos para
o tratamento de um único quadro (finalidade). Por exemplo, indivíduos que utilizam fármacos
antidepressivos por vezes apresentam um quadro de insônia, dessa forma, o profissional
pode administrar um indutor do sono associado ao tratamento para o quadro depressivo;
5. Uso de IMAOs: Utilização dos chamados antidepressivos tricíclicos, fármacos de
última geração. Iniciar o tratamento com a utilização dos IMAOs não é uma abordagem con-
siderada adequada, uma vez que diversas etapas prévias e que poderiam obter sucesso
seriam desconsideradas;
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6. Eletroconvulsoterapia (ECT): Possui enquanto critérios para a inclusão a realiza-
ção de todos os tratamentos anteriores, os quais já devem ter sido tentados e não apresen-
taram efeitos. É uma prática atualmente promovida considerando diversos critérios e tida
enquanto um último recurso terapêutico. É feito em ambiente cirúrgico e controlado com
paciente sedado, determinações que diminuem o sofrimento atribuído ao tratamento.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada ministrada pelo professor Alexandre Sampaio.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR E DISTIMIA II

IMAOs
Conforme estudado no bloco anterior, ainda que possuam grande importância para o
tratamento, os fármacos Inibidores da Monoamina Oxidase (IMAO) não devem ser con-
siderados enquanto uma primeira opção de tratamento. Ao optar pela introdução de tais
medicações como uma primeira alternativa, o profissional acaba desconsiderando etapas
importantes do tratamento, o que pode comprometer a sequência adequada no manejo de
indivíduos com um quadro de transtorno depressivo.
Antidepressivos IMAOs: Os chamados antidepressivos Inibidores da Monoamina Oxi-
dase (IMAO) promovem o aumento da disponibilidade da serotonina através da inibição
dessa enzima responsável pela degradação desse neurotransmissor intracelular.
Correspondem aos inibidores não seletivos de recaptura de monoaminas (antidepressi-
vos tricíclicos):
• Amitriptilina;
• Nortriptilina;
• Clomipramina;
• Imipramina;
• Desipramina;
• Doxepina;
• Maprotilina.

Principais Reações Adversas (Comuns a Todos os Antidepressivos)


As medicações antidepressivas mais modernas, apesar de apresentarem melhor tole-
rância ainda possuem efeitos colaterais. Os mais comuns são: cefaleia, ansiedade, náu-
seas, diminuição do apetite e do desejo sexual, inquietude, insônia, nervosismo e tremores.
Quando alguma das situações dispostas superarem os benefícios promovidos pelo trata-
mento com o fármaco, o profissional deve suspender a medicação e optar pelo uso de outra
substância que possa apresentar menos efeitos colaterais para o paciente.
Embora não existam evidências de que determinada sequência a ser seguida seja supe-
rior a outra, quando não é obtida remissão completa dos sintomas em certa etapa, há algum
consenso para que ocorra a introdução de um novo passo de forma sistemática e metódica.
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Obs.: Remissão: Corresponde a diminuição dos sinais e sintomas relacionados ao quadro


do depressivo.

O modelo predominante na literatura de planejamento da farmacoterapia da depressão


separa 3 fases distintas: o tratamento farmacológico da fase aguda, a continuação do tra-
tamento e a manutenção. As fases são passos importantes e que precisam ser conhecidos
por todos os membros da equipe, sendo necessário também que a família do paciente em
tratamento consiga compreender que o efeito dos fármacos não ocorre de forma imediata,
ou seja, é necessário um período para que o próprio organismo possa se adaptar a medica-
ção para que ela comece a gerar os efeitos desejados, os quais podem ser acompanhados
também de efeitos indesejados que podem inclusive ser um fator crucial para a substituição
da substância em uso.
• Tratamento da fase aguda: Inclui os 2 a 3 primeiros meses de tratamento e tem como
objetivo a diminuição dos sintomas depressivos (resposta) ou, idealmente, sua elimi-
nação completa (remissão). O período depende da resposta de cada paciente.
• Continuação do tratamento: Corresponde aos 6 a 9 meses que seguem ao trata-
mento da fase aguda e tem como objetivo manter a melhora obtida, evitando recaídas
dentro de um mesmo episódio depressivo. A continuação está indicada a todos os
pacientes. Ao término dessa fase, se o paciente permanece com a melhora obtida na
fase aguda, é considerado recuperado do atual episódio. Isso não significa que serão
obtidos os mesmos resultados em um episódio posterior ou que o paciente não tenha
adquirido as respostas necessárias em um episódio anterior.
• Fase de manutenção: Tem por objetivo evitar novos episódios (recorrência), e, em
geral, sua duração é longa (mais de um ano). A manutenção é recomendada a pacien-
tes com maior probabilidade de recorrência.

Tratamento farmacológico da fase aguda: prescrição inicial de um antidepressivo


de primeira escolha
Dezenas de antidepressivos de distintas classes são comercializados no Brasil. A maioria
tem sua eficácia bem estabelecida, e, até o momento, não foi comprovada a eficácia superior
de um fármaco sobre os demais. Alguns estudos, entretanto, apontam diferenças de eficácia
entre os antidepressivos.
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Em 2009, foi publicada uma metanálise que comparou diversos antidepressivos entre si.
O estudo mostrou que mirtazapina, escitalopram, venlafaxina e sertralina foram superiores a
duloxetina, fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina e reboxetina. Além disso, demonstrou que a
reboxetina foi inferior a todos os demais antidepressivos.
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Obs.: Ainda que o estudo tenha consolidado seus resultados quanto a eficácia dos antide-
pressivos de forma satisfatória, é sempre importante lembrar que cada indivíduo pode
apresentar uma resposta diferenciada a uma mesma substância, principalmente se
durante o tratamento farmacológico outros processos terapêuticos sejam diretamente
envolvidos. Estudos recentes concluem que a associação de um tratamento farmaco-
lógico junto a um tratamento terapêutico apresenta resultados superiores muito mais
eficazes e duradouros do que uma abordagem pautada pela monoterapia.

Mais estudos são necessários para confirmar esse achado. Até o momento, porém, o que
torna um medicamento diferente do outro são a farmacocinética, os mecanismos de ação e,
sobretudo, o perfil de efeitos colaterais.
Uma vez iniciado o tratamento, recomenda-se aguardar de 4 a 8 semanas pela resposta
terapêutica. Não havendo resposta, parte-se para o próximo passo do algoritmo descrito
a seguir. Em pacientes com transtorno depressivo persistente (distimia), a resposta pode
ocorrer mais tardiamente, em até 12 semanas. No entanto, a presença de algum nível de
resposta terapêutica precoce, isto é, em menos de 15 dias de tratamento, é preditora de res-
posta estável e posterior remissão daquele episódio.
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Obs.: Muitas famílias acabam abandonando a questão do tratamento devido à ausência


de uma resposta imediata a utilização de antidepressivos. Dessa forma, é importante
que o profissional deixe claro o tempo inicial para que o tratamento apresente res-
postas, de forma a não gerar uma expectativa imediata com relação aos resultados.

• Tratamento farmacológico inicial: Os Antidepressivos tricíclicos (ADTs) são efetivos


a partir de um nível sérico mínimo que exige doses orais médias entre 100 e 150 mg/
dia. Geralmente, esses níveis são atingidos de forma gradual, em 7 a 10 dias, favo-
recendo a tolerância aos efeitos colaterais. Da mesma forma, recomenda-se iniciar
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os antidepressivos de outras classes com a metade da dose terapêutica inicial pelos


primeiros dias, a fim de minimizar efeitos colaterais. Essa recomendação deve ser apli-
cada a todos os psicofármacos.
• Fase de continuação do tratamento: Havendo alguma resposta após 6 ou 8 sema-
nas, continua-se o tratamento nas doses que se revelaram efetivas e bem toleradas.
Tratando-se do primeiro episódio depressivo, mantém-se a farmacoterapia pelo perí-
odo de 6 a 12 meses, com doses iguais às utilizadas durante a fase aguda. No caso
de recorrência – se o paciente já teve mais de um episódio, e especialmente se foram
graves, manter o tratamento por 3 anos ou mais. Está bem estabelecido que a redução
da dose é um fator de risco para recidivas.
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• Fase de manutenção: Se o episódio atual for de um transtorno do humor depressivo
recorrente, considerar que o risco de recorrência é extremamente alto: 70 a 80% após
o segundo episódio e 80 a 90% após o terceiro. Nesses casos, manter a farmacotera-
pia por períodos maiores, como 2 a 5 anos. A partir do terceiro episódio ou de episó-
dios subsequentes, manter o tratamento por tempo indeterminado sem redução das
doses utilizadas na fase aguda. Outros aspectos que influenciam a decisão a favor de
um tratamento de manutenção são a gravidade do episódio depressivo e a presença
de ideação suicida.
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As situações apresentadas não podem ser encaradas como verdades absolutas para
qualquer tratamento, que depende diretamente do paciente, o qual deve ser observado ade-
quadamente quando há a utilização de fármacos os quais podem promover respostas posi-
tivas ou negativas em cada indivíduo, a depender de suas características e condições pes-
soais. Todas as decisões que a equipe responsável planeje com relação ao paciente devem
ser colocadas para ele de forma muito clara, levando em consideração os riscos e benefícios
diante de cada uma das condutas disponíveis. A decisão final com relação ao manejo de
fármacos sempre será cabível ao paciente, uma vez que ele é o indivíduo o qual sofrerá as
consequências da abordagem adotada no tratamento e detentor do poder de decisão.

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