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INTRODUÇÃO

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem terapêutica que


demonstrou ao longo dos anos efetividade em seus diferentes tipos de tratamentos. A relação
entre prática e teoria é bastante fortalecida e se baseia em modelos cognitivos e comportamentais
que buscam compreender como os pensamentos, as emoções e os comportamentos interagem
e influenciam os transtornos psicológicos. Esses modelos são desenvolvidos com base em
evidências científicas, que são obtidas por meio de estudos correlacionais e experimentais.
Nos estudos correlacionais, os pesquisadores buscam identificar as relações entre variáveis
e observar como elas se associam aos transtornos de humor. Já nos estudos experimentais,
são realizados ensaios controlados nos quais os participantes são randomizados em grupos de
tratamento e grupos de controle, permitindo avaliar os efeitos do tratamento de forma mais
precisa (Leite & Dewes, 2011).
Após a formulação dos modelos cognitivos e comportamentais e a realização dos
estudos, os resultados são usados para modificar tanto os modelos quanto os procedimentos
terapêuticos derivados deles. Isso significa que a TCC é uma abordagem flexível, que se
adequa de acordo com novas evidências científicas e na experiência clínica. A avaliação em
ensaios controlados é um passo fundamental na validação e refinamento dos tratamentos
cognitivo-comportamentais. Esses estudos permitem comparar a eficácia do tratamento
com um grupo de controle e fornecem evidências sólidas sobre a efetividade da TCC em
relação aos transtornos de humor. Ao longo do tempo, os resultados dos ensaios controlados
e a experiência clínica são usados para aprimorar ainda mais os tratamentos cognitivo-
comportamentais. Isso significa que a TCC está em constante evolução, incorporando novas
descobertas e estratégias terapêuticas para tornar o tratamento mais efetivo e adequado às
necessidades dos pacientes (Leite & Dewes, 2011).

TRANSTORNO BIPOLAR

Transtorno Bipolar (TB) é caracterizado por oscilações do humor, incluindo episódios


de depressão e mania, que causam prejuízos significativos na vida do indivíduo. Pacientes
com transtorno bipolar geralmente têm dificuldade em aderir aos tratamentos, por isso a
psicoterapia, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), pode auxiliar no ajustamento
às particularidades do transtorno e na adesão ao tratamento medicamentoso. Estudos
comprovam que a TCC, quando combinada com o tratamento medicamentoso correto, é
efetiva na prevenção de recaídas do transtorno bipolar. Dependendo da predominância dos
sintomas (depressão ou mania), diferentes medicamentos são recomendados em conjunto
com a TCC. No entanto, a relação custo-benefício desses tratamentos de longo prazo depende

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dos episódios anteriores e do risco de suicídio do paciente (Leite & Dewes, 2011).
O tratamento com Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para pacientes com
transtorno bipolar leva em consideração a natureza crônica e os sintomas psicológicos desse
transtorno. É importante ressaltar que a TCC é adjuvante ao tratamento medicamentoso,
sendo recomendado que o paciente esteja estabilizado com a medicação antes de iniciar a
terapia cognitiva. O protocolo de tratamento da TCC para o transtorno bipolar inclui cinco
componentes principais:
1. Instrução e psicoeducação sobre o transtorno: Os pacientes aprendem sobre a
natureza do transtorno bipolar, seus sintomas e os tratamentos farmacológicos utilizados.
Também são discutidas questões relacionadas ao estilo de vida que podem aumentar a
probabilidade de novos episódios.
2. Maximizar a adesão ao estilo de vida e à medicação prescrita: O objetivo é ajudar
o paciente a aderir corretamente à medicação e promover mudanças positivas no estilo de
vida. Isso inclui lidar com obstáculos práticos e psicológicos que possam interferir na adesão
à medicação, além de corrigir crenças disfuncionais sobre a doença.
3. Desenvolver percepção dos sintomas e gatilhos do transtorno: Os pacientes aprendem
a ser observadores de seus sintomas e a identificar os gatilhos que podem desencadear episódios
do transtorno bipolar. É utilizado um método consistente para monitorar os sintomas e avaliar
a necessidade de intervenção medicamentosa.
4. Usar estratégias cognitivo-comportamentais para controlar os sintomas: Os
pacientes aprendem técnicas da terapia cognitiva para lidar com cognições depressivas e
controlar os pensamentos automáticos negativos. Comportamentos relacionados a episódios
maníacos são abordados através de uma análise realista das vantagens e desvantagens desses
estados.
5. Lidar com as consequências psicológicas de enfrentar uma doença mental crônica:
A terapia aborda as dificuldades psicossociais, o luto associado ao diagnóstico e os efeitos
psicológicos de se ter um humor imprevisível e uma doença psiquiátrica crônica. Também
são trabalhadas estratégias para enfrentar o estresse da vida cotidiana e desenvolver planos
para lidar com os estressores associados aos episódios do transtorno bipolar (Sudak, 2008).
A aliança terapêutica é estabelecida entre o terapeuta e o paciente, e os conceitos e
modelos da terapia são ensinados durante os períodos de estabilidade. O terapeuta desempenha
um papel de apoio, ajudando o paciente a maximizar a adesão à medicação, promovendo
mudanças no estilo de vida e envolvendo familiares e pessoas importantes no processo. É
importante ressaltar que o tratamento com TCC para o transtorno bipolar pode ser adaptado
às necessidades específicas de cada paciente, sendo um protocolo em forma de manual que
pode ser flexível em sua duração, dependendo da evolução do paciente e da sua resposta ao

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tratamento (Sudak, 2008).
A TCC no transtorno bipolar busca não apenas reduzir a frequência e a intensidade das
alterações de humor, mas também ajudar o paciente a desenvolver habilidades de enfrentamento
e autogerenciamento, melhorar a adesão ao tratamento medicamentoso e prevenir recaídas.
Além dos componentes principais do tratamento mencionados anteriormente, a terapia
cognitivo-comportamental também aborda as grandes consequências psicossociais e os
possíveis atrasos no desenvolvimento associados ao transtorno bipolar. Isso pode envolver a
remediação de déficits decorrentes desses atrasos, o enfrentamento dos efeitos psicológicos
de ter um humor imprevisível e lidar com a ansiedade em relação a possíveis episódios futuros
(Sudak, 2008).

DEPRESSÃO

O transtorno depressivo é considerado um dos maiores problemas para os serviços


de saúde em todo o mundo, afetando aproximadamente 8% a 16% da população. Na
terceira idade, mais de 27% das pessoas apresentam sintomas de depressão, com episódios
relacionados a um quadro de depressão maior, diminuindo a qualidade de vida e apresentando
um prognóstico desfavorável nessa fase do ciclo vital. Os critérios para o diagnóstico de
depressão incluem humor deprimido ou perda de interesse em atividades antes prazerosas,
persistindo por pelo menos duas semanas. Além disso, outros sintomas como perda de energia,
distúrbios do sono, perda de concentração, perda ou diminuição do apetite, comportamento
agitado ou apático, sentimentos negativos sobre si mesmo, pensamentos de morte e suicídio
podem estar presentes, causando problemas funcionais (Leite & Dewes, 2011).
A terapia cognitivo-comportamental para a depressão, apresenta a construção de
um tratamento efetivo e amplamente utilizado, sendo superior à ausência de tratamento
e igualmente eficaz a outras formas de psicoterapia e intervenções farmacológicas para a
depressão leve, moderada e grave. Sua eficácia se destaca especialmente na prevenção de
recaídas e reincidências da depressão, sendo mais efetiva que o controle farmacológico nesse
aspecto. Além disso, estudos indicam que a combinação da terapia cognitiva com medicação
aumenta a eficácia do tratamento (Leite & Dewes, 2011).
A terapia cognitiva para a depressão parte do modelo de diátese-estresse, que considera
que diversas fontes predispõem as pessoas a desenvolver a depressão. Fatores genéticos,
predisposição biológica, experiências negativas na infância, como depressão parental, abuso,
negligência ou perdas significativas, podem contribuir para a vulnerabilidade à depressão. O
tratamento se baseia na identificação e modificação dos pensamentos negativos e distorcidos
que caracterizam a depressão. Pacientes deprimidos tendem a ter uma tríade cognitiva, ou seja,
visões negativas sobre si mesmos, o mundo e o futuro. Essas visões distorcidas influenciam

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a maneira como interpretam os eventos e experiências, levando a emoções negativas e
comportamentos de isolamento (Sudak, 2008).
Na TCC o terapeuta foca no trabalho ativo com o paciente para identificar esses
padrões de pensamento distorcidos e substituí-los por pensamentos mais realistas e
adaptativos e ajuda o paciente a identificar e modificar comportamentos disfuncionais, como
o isolamento social e a falta de atividades prazerosas. No início do tratamento, é comum o
uso de técnicas comportamentais, como o agendamento de atividades construtivas e voltadas
para os objetivos do paciente. O aumento gradual das atividades prazerosas ajuda a quebrar o
ciclo de retraimento e contribui para a melhora do humor e da satisfação. Além disso, técnicas
cognitivas são utilizadas para desafiar e modificar os pensamentos automáticos negativos
(Sudak, 2008).
É importante ressaltar que a terapia cognitiva para a depressão é personalizada e
adaptada às necessidades individuais de cada paciente. O terapeuta desempenha um papel
ativo no processo, fornecendo apoio, instrução e incentivo ao paciente para que possa adotar
estratégias mais saudáveis de pensamento e comportamento (Sudak, 2008).

CONCLUSÃO

Prejuízos cognitivos, como dificuldades de atenção, memória e funções executivas,


são observados em transtornos neuropsiquiátricos, incluindo os transtornos de humor como
transtorno bipolar (TB) e transtorno depressivo maior (TDM). Ambos apresentam um perfil
semelhante de comprometimento cognitivo, com déficits inespecíficos em diversos domínios,
muitas vezes irreversíveis apenas com uso de medicamentos, embora o TB tenda a apresentar
uma gravidade maior em relação ao TDM. Além disso, esses prejuízos podem ser agravados
pelo abuso de álcool/drogas e por comorbidades médicas (Miskowiak et al., 2022).
O comprometimento cognitivo em transtornos de humor está relacionado a uma
resposta geral inferior ao tratamento, incluindo um maior risco de recaída maníaca no TB.
Diante disso, abordar o comprometimento cognitivo torna-se algo importante no tratamento.
É fundamental desenvolver estratégias terapêuticas que visem melhorar as funções cognitivas
afetadas, proporcionando intervenções específicas para atenção, memória e funções executivas
(Miskowiak et al., 2022).
Além da abordagem farmacológica, as intervenções psicossociais desempenham
um papel crucial no tratamento do comprometimento cognitivo. Terapias cognitivo-
comportamentais (TCC) adaptadas para abordar especificamente os déficits cognitivos
podem ser utilizadas. O que se pode buscar com o processo terapêutico é o desenvolvimento
de estratégias de autorregulação, como o treinamento de habilidades de atenção, técnicas de

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organização e planejamento, e o desenvolvimento de estratégias de memória (Miskowiak et
al., 2022).
Além disso, programas de reabilitação cognitiva têm se mostrado promissores no
tratamento dos prejuízos cognitivos em transtornos de humor. Esses programas envolvem
atividades estruturadas e direcionadas para estimular e fortalecer as funções cognitivas
comprometidas. Eles podem incluir treinamento de memória, jogos de computador, exercícios
de resolução de problemas e estratégias de compensação. É importante destacar que o
tratamento do comprometimento cognitivo em transtornos de humor deve ser integrado ao
tratamento geral. Isso significa que a estabilização do humor, o controle dos sintomas afetivos
e o suporte psicossocial também devem ser considerados para promover uma recuperação
mais abrangente (Miskowiak et al., 2022).

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REFERÊNCIAS

Leite, J. C. C., & Dewes, D. (2011). Efetividade da Terapia Cognitivo-Comportamental para


os transtornos do humor e da ansiedade. In: Andretta, I., & Oliveira, M. S. Manual prático de
terapia cognitivo-comportamental. Casa do Psicólogo, 93 - 117. ISBN 978*85-8040-022-9.

Miskowiak, K. W., Seeberg, I., Jensen, M. B., Balanzá-Martínez, V., Del Mar Bonnin, C.,
Bowie, C. R., Carvalho, A. F., Dols, A., Douglas, K., Gallagher, P., Hasler, G., Lafer, B.,
Lewandowski, K. E., López-Jaramillo, C., Martinez-Aran, A., McIntyre, R. S., Porter, R. J.,
Purdon, S. E., Schaffer, A., Stokes, P., … Vieta, E. (2022). Randomised controlled cognition
trials in remitted patients with mood disorders published between 2015 and 2021: A systematic
review by the International Society for Bipolar Disorders Targeting Cognition Task Force.
Bipolar disorders, 24(4), 354–374. https://doi.org/10.1111/bdi.13193.

Sudak, D. M. (2008). Terapia cognitivo-comportamental na prática. Artmed. ISBN 978-85-


363-1244-6.

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