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Laura Rubião•
RESUMO: !\este texto procura-se fazer o percurso que ,·ai do momento • Psicanalista membro da
clá,sico d:i clínica estrutural ~s apresentações mais contemporânea. dos EBP-AMP.
• Psychoanalist. EBP and 1
tenômeno de corpo na psicose, com ,·isras a indagar pela função gue ele AMP member.
pas.am a assumir na economia psíguica de sujeitos às voltas com e rracé- E-mail:
L'1a. de amarração do real do corpo pela ,·ia do imagináno, em pa sar lauraklstosarublélO~.cmt
1... ] enco ntramo. con Lantemente, cm certos suieims, o testemunh o do caráter de inva-
são djlaccrante, J e irrupção atordoante, tiuc apre entou para eles esta experiência. l o
é o bastante parn nos inJrcar, no desvio cm que nos e nco ntramo , que a nO\idade do
pênj real Jeve desempe nhar ~cu papel como elemento de integração difícil (L CA'.',;,
11956] 1995, p. 265).
este corpo acontecem coisa~ impre vr. ta , coisas ljUC escapam 1--• I que são acontec1-
me ntm e lJU C J eixam marcas Jesnaruralizadoras, disfuncionais. 1... ] de fato se trata
sempre de acontecun entos di cursivos tiue deixaram marca no corpo lJUC.: o pertur
bam e prod uzem sintoma~, mas apenas na medjda cm qu e o suicito cm LjUCSlao sqa
apto para ler e decifrar estas marcas (MI LLF.R, 2003, p. 3 7 3).
• , • e s1
ficação imaginaria •mbo, 11ca
- d ad a pe ]a ·sionificação
n·· fálica que normatiza, as
hiâncias do <corpo, cxpnmc •
de mnt1o rauJCa 1 · . ] a verdade do ser falante que e desa
' . _• -
propriado do seu corpo pc1a 1nguagem.] . O real do corpo
. na psicose
. , _ nao é
., bo Io qu e 1-,romuvc
apreen d 1.d o por um sim _ ,a _morte .- da c01sa e ,o sacn
_ f1c10 de uma
parte do corpo, tal como 110 si nton~a h1stertco. Lm SL~ma, ele ,n~o concede com
os destinos da c 1str:1çào simbó lica tundada na operaç~<~ d a n:ct_a~ora paterna. O
delírio seria, portanto, a im·ençào encontrada pcl~ suJctto ps1cot1co q ue reativa,
:1inda que às avessas, a vertente significativa do pa1. _ ,_
Por essa raúo, podemos aproximar os efeitos do dchno aos da metá-
fora: transformar-se cm mulher por sofrer um abuso insensato do Outro que
~ 07 a de . cu corpo e algo totalmente d iferente de tornar se a mulher de Deus
~-,ara gerar uma nm·a raça dotada do elemento Schreber. H~ uma s~plência deli-
rame que permite uma espécie de enxerto ao Nome-do-Pa1 forclutdo, na medi-
da cm que Schreber inventa para si uma nova filiação, forjando ai o lugar de uma
possível exceçào.
Se, por um lado, podemos dizer que o neurótico conta com um dis-
cur. o rípico que lhe diz o que fazer com o seu corpo (MILLER, 2003, p. 7) - tal
como Elizabeth ao pretender ser o suporte de toda a família dian te da derroca-
d a do pai, assumindo o lugar daquela que vem sanar a falta d o Outro - na psi-
e e o falo não está disponível co mo esse órgão fora do corpo articulado à Lin-
guagem, dai o esforço extremo para localizar algo no co rpo, algo que é da ordem
do empuxo-à-mulher e d os efeitos d e phio. 1
1126 1
Re vi sta Cu r 111 gd 1 [B P MG I n .3 6 j p.121 128 j jan j un j 20 13
A INSENSATE Z DO SINTOMA ~ OS EMBARAÇOS DO CORPO NA PS ICOSE
qur c:--1.1 :-- 111nc11111.1rn 1rn111t, hc111 e dcridc se pela amputação como solução para
:--u:1 lll1lkst1:1 (I.AC,\ / .1·'. t>;\ ll l.l ·'. , p. 17(J 171J).
:\li n intr,íno d:1 histeria cujo corpo se recorta pela linguagem e c.:ncon-
tr.1 :11 11m pnntll de li:1s1a, 11:1da detém os passos do 'homem do pé torcido', que
cnrrr 1) mundn :is ,,1,ltas com O embaraço de seu sintoma. El e retorna à anato-
m1:1d11 rtlrp() dcsn:itlirali;,.:1d() llue ganha consisi-ência, instala-se na certeza dessa
1°:tlh:1 1111 rc:11 l' ckgc ;1 prc'itcSL' como um enxerto possível para fazer um corpo
:-cm ll 111st rumnltll t':ílico.
NOTA
1 :\ cnmpanh:unos, llnse ~emido, o e. forço sobre-humano de Schreber para dar forma ao corpo
de\',l~tado da mulher (passava horas cm frente ao espelho), como se a imagem do corpo devesse
~l·r c-onstllllcmcnte assegurada e amarrada aos acessórios femininos.
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