Você está na página 1de 2

Psicologia e Mitologia

Atividade 3
Aluno: Matheus Luís Diniz e Silva

Da perspectiva da psicanálise, reflita, aponte e comente, o que há de comum e o


que diferencia os mitos citados a seguir: levando em consideração as três estruturas
clínicas conhecidas: as psicoses, perversões e neuroses. Ao pensar os mitos em termos de
estruturas clínicas --- o real, o imaginário e o simbólico --- não deixa de apontar a passagem
ou avanço de um registro para o outro, ou mesmo o inverso, o seu deslizamento. Eis os
mitos: Édipo, Antígona, Sísifo, Tântalo e Ícaro.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

De início, o mito de Sísifo como retratado durante a aula, articula-se com o texto
Recordar, repetir e elaborar de Freud. Retratando o sofrimento vivido na repetição
característica do sintoma, Sísifo expressa engodo neurótico defronte sua história. A
repetição como atuação daquilo que não pode ser dito, nos permite situar o registro em
questão como o imaginário, tendo em vista que as neuroses são sustentadas por fantasias,
elemento característico do registro. Cabe ainda salientar, que a elaboração que se segue
durante o tratamento analítico se dá, no entanto, a partir do simbólico.
Quanto a Tântalo,o sacrifício de seu filho configura seu caráter transgressor. Durante
a aula foram dispostas duas possibilidades de análise do mito: a primeira, em referência a
psicose e a segunda, no campo das perversões. Na psicose, Tântalo age não como ser de
desejo, mas de necessidade, não tendo realizado a passagem, vive a partir de um gozo
absoluto e supremo, imerso em uma identificação delirante com os deuses, querendo estar
acima deles . Já na perversão, o desejo se dá como desejo de transgressão, o ato sustenta
a fantasia de ser não castrado, tendo o poder de fazer o que não pode. Pelos elementos
referentes ao gozo absoluto situo o mito como tendo exemplo característico o registro do
Real.
Em relativa similitude, o mito de Ícaro retrata a negação dos limites, dispostos como
a fala do pai em restrição ao voo. Ícaro ao voar em direção ao sol, voou para sua morte, o
custo por esquecer que se é um ser limitado. Não se constitui aqui um quadro neurótico, no
qual se dá aceitação da castração, mesmo que de malgrado, o ato de Ícaro tem caráter
perverso, tal qual uma criança que desobedece uma norma.
O mito de Édipo proporcionou a criação freudiana do Complexo de Édipo, vivendo
uma história sem saber que estava se cumprindo seu destino, retrata-se o inconsciente
como força que atua em nossas vidas, intrusivo. O eu não é o senhor em sua própria casa.
No entanto, Édipo atua, realizando a morte do pai e encontro sexual com a mãe. Não se
afigura aqui uma efetividade simbólica, tudo está disposto à flor da pele, vivo e real. A trama
neurótica se configura a partir do complexo de castração que “dilui” o complexo de édipo.
Por tanto, Édipo trata da formação mais primal e da execução em ato do desejo.
No que se trata do mito de Antígona, mito esmiuçado por Lacan no “Seminário 7: A
ética da psicanálise”. Antígona aparece como aquela que sustentou seu desejo na sua
maior radicalidade, até suas últimas consequências. Não se enquadrado no campo das
fantasias, mas se efetivado com o encontro com a finitude e efetuando um lançamento a
vida tal como é, sem amparo, uma vida que finda.

Você também pode gostar