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Falar desdte aspecto é descrever um dos modelos cognitivo que foi originalmente construído de
acordo com pesquisas conduzidas por Aaron Beck2,3 para explicar os processos psicológicos na
depressão, em uma tentativa de provar a teoria freudiana de depressão como hostilidade
retrofletida reprimida. Ao invés de hostilidade e raiva, a pesquisa sobre os sonhos dos pacientes
deprimidos mostrou um “senso de derrota, fracasso e perda”.
Os temas de pacientes deprimidos ao dormirem eram consistentes com seus temas em vigília;
sonhos poderiam ser simplesmente um reflexo dos pensamentos do indivíduo. Baseado em
pesquisa sistemática e observações clínicas, Beck propôs que os sintomas de depressão poderiam
ser explicados em termos cognitivos como interpretações tendenciosas das situações, atribuídas à
ativação de representações negativas de si mesmo, do mundo pessoal e do futuro (a tríade
cognitiva).
Como conseqüência natural, Beck começou a questionar cada vez mais o modelo de motivações
inconscientes da psicanálise e o seu método terapêutico, principalmente a ênfase da psicanálise
em conceitualizações motivacionais e afetivas como causa dos transtornos emocionais, que
ignoram em grande parte os factores cognitivos, como foi substanciado por seus achados sobre
depressão.
Estabelecendo as bases para a teoria e terapia cognitivos, Beck passou a diferenciar a abordagem
cognitiva da psicanalítica, focando o tratamento em problemas presentes, em oposição a desvelar
traumas escondidos do passado, e na análise de experiências psicológicas acessíveis, ao invés de
inconscientes. Entretanto, a experiência com a psicanálise foi importante no desenvolvimento
inicial das estratégias e conceitos terapêuticos da TC. Uma contribuição importante para os
fundamentos da TC foi dada pela formulação freudiana de estruturação hierárquica da cognição
em processo primário (isto é, fora da consciência e baseada em fantasias e desejos) e processo
secundário (isto é, acessível à consciência e baseado nos princípios de realidade objetiva), bem
como o conceito de que os sintomas são baseados em idéias patogênicas.
Problemas de saúde e doenças de intervenção cognitivo comportamental
São vários os problemas e doenças de intervenção cognitivo comportamental como a:
Câncer
Câncer é possivelmente a doença mais temida na atualidade. Seu diagnóstico, para muitas
pessoas, significa uma aproximação direta com a perspectiva de morte, mutilação, dor e
incurabilidade (Silva & Melo-Santos, 2008; Reich, Gaudron & Penel , 2009). Por seu caráter
crônico, exige ajustamentos em múltiplos domínios na vida do paciente, com evidencias
indicando que fatores físicos, emocionais, cognitivos, interpessoais e comportamentais estão
inter-relacionados e contribuem para o ajustamento final observado em cada indivíduo. Esta
relação entre fatores deve ser observada para a compreensão do ajustamento à doença crônica
como um processo dinâmico e permeado por componentes subjetivos. (Larsen & Hummel,
2008).
O paciente com câncer em processo de tratamento passa a sofrer perdas em sua qualidade de vida
pelos sintomas da doença, mas também em conseqüência dos efeitos adversos do tratamento
quimio e radioterápico (Sawada, Nicolussi, Okino, Cardozo & Zago, 2009). Dor, exames
invasivos, alterações na imagem corporal, mudanças de papel social, isolamento e dependência
de cuidadores, além das incertezas associadas ao tratamento, aumentam a vulnerabilidade de
pacientes e familiares para transtornos mentais (Contel & cols, Voltarelli, 2000).
A interpretação do paciente sobre a doença também deve ser considerada uma variável relevante
para avaliar o ajustamento. Em um estudo recente, percepções fatalistas da doença, ou seja,
percepção da doença como “inimigo”, apresentaram correlação negativa com a qualidade de
saúde mental e correlação positiva com estratégias de fuga e esquiva em pacientes com câncer de
mama. Por outro lado uma perspectiva da doença como “desafio” mostrou estar correlacionada a
estratégias de enfrentamento mais adaptativas (Bussing & Fischer, 2009).
Pacientes com diagnóstico de câncer apresentam uma tendência a maiores indicadores de
depressão, quando comparados a uma população saudável (Linden, Vodermaier, McKenzie,
Barroetavena, Yi & Doll, 2009). Como a depressão pode ser uma variável influente nos
resultados do tratamento, deve ser precocemente avaliada e tratada (Snyderman & Wynn, 2009;
Satin, Linden & Phillips, 2009).
Nas ultimas décadas, psicólogos da saúde vem integrando equipes médicas como facilitadores na
identificação dos medos, dúvidas e expectativas do paciente, bem como na comunicação mais
eficiente entre médico/paciente. Além disso, contribuem no desenvolvimento de estratégias de
prevenção e de intervenção com cuidadores e pacientes frente às perdas, muitas vezes
irreversíveis, determinadas pela doença (Miyazaki, Domingos & Caballo, 2001; Sebastiani &
Maia, 2005).
Insônia
Savard, Simard, Ivers & Morin (2005a; 2005b) descrevem, em dois artigos, os resultados de uma
intervenção cognitivo-comportamental em grupo para pacientes com insônia crônica iniciada ou
agravada após tratamento para câncer de mama. O objetivo do estudo foi avaliar o impacto da
intervenção na melhora do sono, da qualidade de vida, da saúde mental e da função imunológica
dos participantes. O programa foi dividido em oito sessões semanais de noventa minutos, com a
presença de quatro a seis participantes por grupo. Para a intervenção foi utilizada uma
combinação de técnicas comportamentais, cognitivas e educativas, como: terapia de controle de
estímulos, restrição do sono, reestruturação cognitiva, monitoramento diário do sono, higiene do
sono, manejo de fadiga e de estresse.
As estratégias de intervenção foram descritas em um manual oferecido a todos os participantes.
Em seguimento de três, seis e doze meses após a intervenção, foram observados melhoras
significativas e duradouras na qualidade do sono, menor dependência de medicamentos, menores
indicadores para ansiedade e depressão, além de melhor função imunológica quando comparado
ao grupo controle.
Epstein & Dirksen (2007) realizou um estudo para verificar a eficácia de um programa de
intervenção cognitivo-comportamental para pacientes sobreviventes do câncer de mama com
queixas de insônia crônica. Os grupos foram realizados com a presença de quatro a oito
participantes e em quatro sessões. O programa foi concluído com duas sessões individuais via
telefone, com cerca de quinze a trinta minutos de duração. O conteúdo das sessões envolvia uma
combinação de técnicas, como a terapia de controle de estímulos, terapia de restrição do sono e
de higiene do sono. Os resultados apontaram uma melhora significativa nas variáveis
pesquisadas: latência para início do sono, despertar após o inicio do sono, tempo total de sono e
tempo de permanência na cama.
Transtornos sexuais
Brotto & cols (2008), descrevem os resultados de uma intervenção breve, de caráter
psicoeducativo, para mulheres com queixa de disfunção sexual após histerectomia devido a
câncer ginecológico. A intervenção foi estruturada em quatro sessões mensais e individuais, com
uma hora de duração. As atividades utilizaram recursos áudio-visuais para estimulação sexual e
focaram a identificação das crenças disfuncionais associadas à sexualidade, relação entre auto-
imagem, sexualidade e a vivência do câncer, e tarefas de casa voltadas para definição de
estratégias para aumentar sua resposta natural à excitação sexual. Ao fim de cada sessão, a
paciente recebeu um manual para a prática de exercícios específicos, que deveriam ser praticados
até o próximo seguimento. Os resultados apontam um efeito significativo da intervenção na vida
sexual das participantes, favorecendo melhor qualidade de vida, humor e bem- estar geral.
Sobrepeso/obesidade
O estudo de Mefferd, Nichols, Pakiz & Rock (2007) avalia o efeito da terapia cognitivo-
comportamental para a perda de peso e adesão à dieta e atividades físicas, como medida de
prevenção à recorrência do câncer de mama. Participaram do estudo oitenta e cinco mulheres
sobreviventes do câncer de mama, apresentando índices de sobrepeso ou obesidade e divididas
aleatoriamente entre uma fila de espera ou grupo experimental que seria submetido a dezesseis
sessões semanais de TCC para tratamento da obesidade, orientações para reeducação alimentar e
rotina de exercícios físicos. Os resultados apontam resultados favoráveis à intervenção,
indicando diferenças significativas entre os grupos observados quanto à perda de peso, índice de
massa corporal, percentual de gordura e outros fatores avaliados.
Tabagismo
A infecção por HIV, por si só, não produz diretamente sintomas psicológicos, com exceção dos
casos em que a doença atinge estruturas neurológicas. No entanto, as alterações psicológicas
podem estar presentes nas pessoas afetadas pelo vírus antes mesmo da confirmação do
diagnóstico, quando há apenas a suspeita de contaminação, devido à noção que a pessoa tem
sobre ter praticado comportamentos de risco (Remor, 1999).
Em caso de confirmação do diagnóstico, pessoas com HIV passam por um processo contínuo de
ajustamento à doença, apresentando sintomas depressivos mais significativos no início da
instalação da doença e oscilando entre a remissão e o reaparecimento da sintomatologia
depressiva conforme a manifestação dos sintomas clínicos do HIV (Church, 1998).
Em todos os estágios relacionados à doença, a pessoa pode experimentar uma série de reações
psicológicas, que podem ou não exigir intervenção. Algumas respostas são compreensíveis,
esperadas e, inclusive, saudáveis, visto que a doença está associada a ameaça à vida. Outras, por
serem mais severas do ponto de vista psicológico, podem requerer a atenção de profissionais da
saúde mental (Church, 1998).
De acordo com Remor (1999), durante a evolução da infecção por HIV e AIDS, as respostas de
ansiedade e depressão são as alterações emocionais mais comuns:
"A resposta de ansiedade é o resultado de uma ativação no organismo, que se produz para fazer
frente a uma ameaça [...] Se produz um aumento na tensão muscular, incremento do ritmo
cardíaco e da taxa respiratória [...] A resposta de depressão se produz quando o indivíduo
percebe que seu meio, inclusive ele mesmo e seu futuro, apresentam apenas possibilidades
negativas e ausência de gratificações [...] Se produz um estado de ânimo disfórico, abatido, e o
indivíduo apresenta uma profunda sensação de tristeza e apatia." (Remor, 1999, p. 5).
Então, se a ameaça é real e a realidade é mesmo negativa, pode a psicologia ajudar pessoas com
HIV/AIDS? Corroborando esse raciocínio, cabe citar o questionamento de Church (1998, p. 83,
tradução nossa): "A terapia cognitiva de Beck é capaz de proporcionar às pessoas com AIDS o
alívio de seu sofrimento psicológico quando a causa desse sofrimento está firmemente arraigada
a uma realidade negativa?".
Esta revisão de literatura é mais uma dessas tentativas, visto que se propôs a investigar o que
vem sendo estudado por profissionais da área cognitivo-comportamental no tratamento de
pessoas com HIV e AIDS.
Na área de saúde mental os sistemas diagnósticos mais utilizados são a CID-10 e o DSM-IV. A
CID-10 é o critério diagnóstico adotado no Brasil pelo Sistema único de Saúde (SUS).Ele
abrange todas as doenças e foi elaborado pela Organização Mundial de Saúde (1993). O DSM-
IV foi elaborado pela Associação Psiquiátrica Americana (1994), abrange apenas os transtornos
mentais e tem sido mais utilizado em ambientes de pesquisa, porque possui itens mais
detalhados, em forma de tópicos.
Tanto o DSM-IV quanto a CID-10 são nosográficos e têm por objetivo listar e classificar os
transtornos mentais, mas não substituem o exercício da clínica. A consulta e o uso adequado do
DSM-IV são de suma importância para os profissionais que atuam na área da saúde mental. A
sua utilização tem resultado, nos últimos anos, em avanços científicos significativos no campo da
prática clínica e do estudo epidemiológico dos transtornos mentais. Possibilitou também uma
ampla comunicação, através de uma linguagem comum, entre médicos psiquiatras e psicólogos
em todo o mundo.
A avaliação tem como objetivo discutir com o paciente uma formulação dos problemas a serem
tratados e obter informações suficientemente detalhadas a respeito dos fatores que mantêm o
problema, para que se possa elaborar um plano de tratamento eficiente (Caminha e cols., 2007).
Formular um caso é elaborar um modelo, uma representação demonstrativa de como o paciente
está funcionando, e norteia a atuação terapêutica (Rangé, 1998).
Para complementar as informações obtidas na entrevista, os terapeutas cognitivo-
comportamentais costumam utilizar uma série de instrumentos de registro, avaliação e medida
padronizados que auxiliam na compreensão do grau de dificuldade do cliente em determinadas
áreas e também servem para monitorar o progresso do cliente ao longo do tratamento.
é na hipótese de trabalho que a maioria dos clínicos se refere quando pensam em uma
formulação de caso. Ela orienta intervenções e explica tanto o progresso quanto os problemas da
terapia. Esta hipótese é mantida, alterada ou descartada, dependendo dos resultados do
tratamento. Se um cliente não atinge um progresso satisfatório ou torna-se relapso, a hipótese de
trabalho é revisada e utilizada na formulação de um novo plano de tratamento. A natureza
mutável deste processo – formulação, tratamento baseado na formulação, monitoração dos
resultados e revisão da formulação baseada nos resultados – é a marca da formulação de caso
cognitivo-comportamental (Knapp, 2004).
A formulação pode ser utilizada, entre outras coisas, para assegurar colaboração, selecionar
pontos de intervenção e orientar o inquérito, selecionar estratégias de intervenção e tarefas de
casa, garantir a cooperação do cliente e prever obstáculos ao tratamento (Beck, Rush, Shaw &
Emery, 1997). Apesar de ser uma parte importante do início da terapia, ela não ficará em
destaque no tratamento, mas servirá sempre como suporte de toda e qualquer intervenção durante
as sessões.
11. “A designação mais abrangente de terapia cognitivo- comportamental (TCC) é a mais usual
na atualidade, pois utiliza ao mesmo tempo intervenções típicas do modelo cognitivo, como as
técnicas destinadas à correção de crenças e pensamentos disfuncionais e incorpora técnicas
comportamentais da terapia comportamental, como a exposição e o uso de reforçadores, entre
outras”. (KNAPP, 2008)
17. Possui um caráter didático, em que o objetivo não é unicamente ajudar o paciente com seus
problemas, mas dotá-lo de um novo instrumento cognitivo e comportamental, a fim de que ele
possa perceber e responder ao real de forma funcional. As sessões, bem como o processo
terapêutico, são semiestruturadas, envolvendo tarefas entre as sessões. É colaborativa, ou seja,
reflete um processo em que ambos, terapeuta e paciente, têm um papel ativo, ou seja, as
intervenções são explícitas, envolvendo feedback recíproco entre o terapeuta e o paciente. É
um processo terapêutico de tempo curto e limitado, podendo sua aplicação variar entre
aproximadamente de 10 a 20 sessões. Mostra-se eficaz para diferentes populações,
independente da cultura e níveis socioeconômicos ou educacionais.
Terceira Fase – o terapeuta enfatiza a intervenção em nível estrutural, ou seja, o desafio das
crenças e esquemas disfuncionais, objetivando promover a reestruturação cognitiva.
Quarta Fase –onde promove-se, através de várias técnicas, a assimilação e generalização dos
ganhos terapêuticos, bem como a prevenção de recaídas;
19. Término: • A terapia em seu formato semanal deve ser encerrada quando a maioria dos
sintomas tiver sua intensidade reduzida significativamente, causando interferência mínima na
rotina de vida do paciente. • Nessa fase, faz-se a revisão das técnicas aprendidas e orienta-se para
a prática contínua das mesmas, visando-se assim, a manutenção da melhora clínica. • Deve-se
também atentar para a recaídas e seus potenciais desencadeantes. • Finalmente, as consultas
podem ser espaçadas ao longo de um período, até a alta propriamente dita.
21. Doença mental orgânica, que implique comprometimento cognitivo (Demência). Retardo
Mental. Pouca capacidade para trabalhar introspectivamente (incapacidade de identificar
pensamentos, emoções, crenças e expressá-los em palavras). Psicose aguda. Patologia grave
do caráter borderline ou antissocial. Ausência de Motivação. CASOS CONTRAINDICADOS
22. O terapeuta e o paciente trabalham juntos para identificar crenças que a pessoa tem de si e
utilizam técnicas que incluem: Identificação e Registro de Pensamentos Automáticos
Disfuncionais (RPD) e Distorções Cognitivas (ABC); TÉCNICAS COGNITIVAS
COMPORTAMENTAIS Dia/hora Situação Pensamento Automático Emoção Resposta
adaptativa Resultado
24. Técnicas de Relaxamento A ansiedade é uma resposta de proteção, que prepara o organismo
para atacar ou fugir de perigos reais ou não. O relaxamento é um processo psicofisiológico, de
aprendizagem das respostas biológicas de relaxamento e inclui: Exercícios de respiração –
treino em padrões de baixas taxas de respiração, inspiração-expiração profundas e amplas e
respirações diafragmáticas. Esse treino distrai o paciente, dando-lhe sensação de controle sobre o
organismo. Relaxamento muscular progressivo – tensionar e relaxar diferentes grupos
musculares para obtenção de um estado de conforto e bem-estar.
31. OBRIGADA! Grupo: Erika Barbosa de Araujo Ermelinda Piedade Mathias Oliveira
Glaucia Lima de Magalhães Theophilo
O QUE É TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL? E COMO É?
Posted by Professor Felipe de Souza | Comportamento, Mindfulness
Olá amigos!
Recebi muitas perguntas sobre o que é a terapia cognitivo-comportamental, como é que funciona e para quem
seria ideal. Neste texto, vou procurar falar mais a respeito desta forma de terapia e esclarecer as principais
dúvidas que surgem de quem está começando a estudar psicologia, está buscando tratamento psicológico ou
quer saber mais sobre as abordagens de nossa área.
Quem conhece um pouco mais sobre a comportamental vai saber que muitos dos seus pressupostos (como não
utilizar conceitos como “mente”, “psique”, entre outros) são utilizados na psicologia cognitiva, embora com
outros nomes. Assim, na psicologia cognitiva não se fala de mente, mas se usa o termo cognição (que dá o
nome à abordagem) e são usados conceitos como crenças, pensamentos recorrentes, atitudes mentais, etc.
Ou seja, em princípio a união dentre a psicologia comportamental e a psicologia cognitiva não seria uma coisa
esperada. Talvez para os defensores da psicologia cognitiva seja mais fácil utilizar os conceitos da psicologia
comportamental, enquanto que para os behavioristas radicais isto seja um pouco mais complicado, ou, então,
desnecessário.
De todo modo, na prática da psicologia clínica muitos psicólogos, inicialmente nos Estados Unidos, e depois
no mundo todo começaram a reunir as duas correntes e criou-se assim a chamada terapia cognitivo-
comportamental, que se arroga o título de ser a terapia psicológica com mais resultados efetivos. E, como em
sua epistemologia possui ideias próximas à biologia e a química, é muito respeitada no meio dos médicos.
Além desta pequena história do começo deste tipo de terapia e da definição de que é a reunião da psicologia
cognitiva e psicologia comportamental com objetivos clínicos, podemos definir a terapia cognitiva-
comportamental como uma terapia que ajuda os pacientes a entender os seus pensamentos e os seus
sentimentos e a sua influênciam nos seus comportamentos.
Em outras palavras, ajuda a pessoa a conhecer melhor o seu modo de conceber, através dos pensamentos e
sentimentos (cognição), os seus modos de agir (comportamento). Como disse, é um tipo de terapia muito
respeitada no meio médico e é indicada para casos de fobia, dependência química, depressão e ansiedade. Mas
também é indicada para o tratamento de outros sintomas como veremos abaixo.
Assim, se o sujeito busca a terapia para curar o seu medo de andar da avião, o terapeuta não vai investigar toda
a sua infância, seus sentimentos mais profundos e assim por diante. Como há um objetivo específico – curar o
medo de andar de avião – a terapia vai se limitar a resolver este problema, e terá o seu fim quando o medo de
andar de avião for superado, provavelmente em algumas sessões.
Como o objetivo é descobrir as causas cognitivas para dificuldades comportamentais, o terapeuta vai investigar
quais são os pensamentos, sentimentos e crenças negativos ou destrutivos que estão atrapalhando o sujeito a
realizar uma dada ação – como andar de avião. Digamos que o pensamento por trás do medo seja de que o
avião vai cair, com a visualização de cenas de destruição aérea, fogo, fumaça, e outras imagens contendo esta
ideia. Com as técnicas específicas, tais pensamentos serão avaliados e modificados para que o medo
gradualmente desapareça.
A base, portanto, da terapia cognitivo-comportamental é que os pensamentos, sentimentos e crenças
(cognições) desempenham um importante papel nos comportamentos. Se na terapia comportamental o enfoque
maior esteve na influência do meio ambiente no comportamento (embora o chamado comportamento
encoberto também tenha sido estudado), na TCC a perspectiva é a de que o que acontece “dentro” do
indivíduo, em sua cognição, tem maior relevância para que as mudanças sejam permanentes.
Como acontece com qualquer linha teórica, a Terapia Cognitiva-Comportamental se dividiu em diferentes
escolas como, por exemplo:
1. a TCC foi intensamente investigada em rigorosos testes clínicos científicos e, por isso, possui suporte
empírico de que funciona;
2. a TCC é estruturada, orientada para um objetivo, focada em dificuldades imediatas assim como
estratégias de longo prazo e requer envolvimento ativo do cliente;
3. a TCC é flexível, individual, e pode ser adotada para uma grande variedade de indivíduos e
propósitos.
Dizendo de forma mais específica, a TCC demonstrou a sua eficácia em pessoas com os seguintes problemas.
Ansiedade generalizada
Pânico
Fobias
Estresse Pós-Traumático
Depressão
Transtornos Alimentares
Disfunções sexuais
Problemas de relacionamento
Depois desta avaliação inicial, o terapeuta vai dar ao paciente o que ele pode esperar do tratamento e o prazo
médio da terapia para a resolução daquele problema, embora o Conselho Federal de Psicologia oriente a não
fazer previsão taxativa de resultados, o terapeuta pode informar como tem sido os resultados para aquele tipo
específico de situação.
Também conversa-se sobre o plano de tratamento, incluindo a definição mais clara dos objetivos e formas de
descrever e saber do progresso das sessões.
Além disso, embora haja o planejamento, as sessões podem variar de acordo com as dúvidas do paciente e o
surgimento de novos fatos.
Na terapia cognitiva, segundo Beck (1997), três níveis de cognição serão trabalhados:
pensamentos automáticos, pressupostos subjacentes (crenças intermediárias) e crenças
nucleares (centrais). As primeiras sessões focalizam-se na conceituação, socialização e
adesão ao tratamento. Posteriormente, o foco será a modificação de pensamentos
automáticos, bem como das emoções e dos comportamentos que mantêm o transtorno
psicológico. Na medida em que evolui, o tratamento focaliza a modificação das suposições,
regras e crenças centrais/esquemas (Rangé, 2001).
As técnicas comportamentais são empregadas, sobretudo, para que o paciente altere algum
comportamento de seu repertório e possa, com isso, reexaminar as crenças sobre si mesmo
e sobre os eventos, obter evidências factuais para suas conclusões e reformular suas
avaliações. Os experimentos comportamentais, em que o paciente é incentivado a modificar
as contingências de seu próprio ambiente, são importantes técnicas avaliativas, pois testam
diretamente a validade dos pensamentos (Nabuco & Roso, 2003).
O terapeuta cognitivo constrói hipóteses ao longo do processo terapêutico. Ele vai testando,
reconstruindo suas hipóteses e se aproximando da estrutura cognitiva do paciente. Essa
construção da hipótese cognitiva global é chamada de Conceituação Cognitiva. A
Conceituação cognitiva é uma hipótese sobre pensamentos, suposições, emoções e crenças
do paciente.
Esta requer primeiramente uma avaliação inicial dos problemas do paciente, que deve
incluir a identificação do problema, as circunstâncias de vida que precipitaram o problema, a
história familiar e do desenvolvimento, as medidas padronizadas de ansiedade e depressão
e de transtornos específicos relacionados ao caso, medidas específicas (como diário de
freqüência de ataques de pânico e registro de pensamentos disfuncionais) e a hipótese
diagnóstica. A especificação de metas está incluída (Beck, 1997).
Além de entrevistas com o paciente, recursos tais como entrevistas com pessoas- chave,
observação direta do comportamento em ambientes clínicos, automonitoração e aplicação
de instrumentos psicológicos (escalas e questionários) ampliam a compreensão do caso,
garantindo uma formulação mais completa (Caminha e cols., 2007).
Na área de saúde mental os sistemas diagnósticos mais utilizados são a CID-10 e o DSM-IV.
A CID-10 é o critério diagnóstico adotado no Brasil pelo Sistema único de Saúde (SUS).Ele
abrange todas as doenças e foi elaborado pela Organização Mundial de Saúde (1993). O
DSM-IV foi elaborado pela Associação Psiquiátrica Americana (1994), abrange apenas os
transtornos mentais e tem sido mais utilizado em ambientes de pesquisa, porque possui
itens mais detalhados, em forma de tópicos.
Tanto o DSM-IV quanto a CID-10 são nosográficos e têm por objetivo listar e classificar os
transtornos mentais, mas não substituem o exercício da clínica. A consulta e o uso
adequado do DSM-IV são de suma importância para os profissionais que atuam na área da
saúde mental. A sua utilização tem resultado, nos últimos anos, em avanços científicos
significativos no campo da prática clínica e do estudo epidemiológico dos transtornos
mentais. Possibilitou também uma ampla comunicação, através de uma linguagem comum,
entre médicos psiquiatras e psicólogos em todo o mundo.
é na hipótese de trabalho que a maioria dos clínicos se refere quando pensam em uma
formulação de caso. Ela orienta intervenções e explica tanto o progresso quanto os
problemas da terapia. Esta hipótese é mantida, alterada ou descartada, dependendo dos
resultados do tratamento. Se um cliente não atinge um progresso satisfatório ou torna-se
relapso, a hipótese de trabalho é revisada e utilizada na formulação de um novo plano de
tratamento. A natureza mutável deste processo – formulação, tratamento baseado na
formulação, monitoração dos resultados e revisão da formulação baseada nos resultados – é
a marca da formulação de caso cognitivo-comportamental (Knapp, 2004).
A formulação pode ser utilizada, entre outras coisas, para assegurar colaboração, selecionar
pontos de intervenção e orientar o inquérito, selecionar estratégias de intervenção e tarefas
de casa, garantir a cooperação do cliente e prever obstáculos ao tratamento (Beck, Rush,
Shaw & Emery, 1997). Apesar de ser uma parte importante do início da terapia, ela não
ficará em destaque no tratamento, mas servirá sempre como suporte de toda e qualquer
intervenção durante as sessões.
Considerações Finais
Como destacam Araújo & Shinohara (2002), um terapeuta cognitivo pode utilizar testes e
inventários em sua avaliação, contudo tais instrumentos são considerados auxiliares, e têm
de ter por base a teoria psicométrica em sua construção. Existe divergência entre a teoria e
a prática profissional, mas a utilização somente de instrumentos concernentes à teoria
cognitivo-comportamental é consenso entre estes profissionais.
A terapia cognitiva surgiu há poucas décadas, e nesse curto tempo tornou-se o mais
validado e mais reconhecido sistema de psicoterapia, e a abordagem de escolha ao redor do
mundo para uma ampla gama de transtornos psicológicos, visto que se mostra eficaz para
diferentes populações, independentemente de cultura e níveis sócio-econômico e
educacional. O foco no problema reflete o desejo constante por parte dos profissionais de
documentar os efeitos terapêuticos, e pode possibilitar a seleção da terapia mais eficaz para
determinado problema (Caminha e cols, 2007).
A originalidade e o valor das idéias iniciais de Beck foram reforçados e expandidos através
de um volume respeitável de estudos e publicações, refletindo hoje o que há de melhor no
estágio atual do pensamento e da prática psicoterápica. A efetividade desta psicoterapia
tem sido objeto de inúmeros estudos científicos e os resultados mais atualizados apontam
para sua indiscutível eficácia (Rangé, 1998).
O modelo de terapia cognitiva proposta por Aaron Beck (Beck, 1997) encontra-se em
constante evolução e aperfeiçoamento, tanto com contribuições do próprio Beck como de
seus colaboradores e, recentemente, dos novos terapeutas que seguem o mesmo modelo.
Cabe aos profissionais continuar buscando aprimorar o conhecimento, mesmo porque, o
humano está em constante construção, com suas possibilidades, suas potencialidades e
sensibilidades, o que é o grande motivador na continuidade da busca por atualização e
aprimoramento profissional.
Uma boa compreensão dos fatores que causam e/ou mantém distúrbios psicológicos,
permite o planejamento de intervenções clínicas efetivas e individualizadas para cada
sujeito, uma vez que cada um possui uma história de experiências e aprendizagens única.
Refêrências Bibliográficas
Beck, A. T.; Rush, A. J.; Shaw, B. F. & Emery, G. (1997). Terapia cognitiva da depressão.
Porto Alegre: Artes Médicas.
Beck, J. S. (1997). Terapia cognitiva: Teoria e prática. Porto Alegre: Artes Médicas.
Dattilio, F. M & Freeman, A. (1998b). A terapia cognitiva no ano 2000. Em Dattilio, F. M &
Freeman, A. (org).Compreendendo a terapia cognitiva (pp 423-427). Campinas: Editorial
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Knapp, P. (2004). Princípios fundamentais da terapia cognitiva. Em Knapp, P. (org). Terapia
cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica (pp 19-41). Porto Alegre: Artmed.
Nabuco, C.N. & Roso, N. (org) (2003). Psicoterapias cognitiva e construtivista: Novas
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Noronha, A.P.P., Beraldo, F.N.M. & Oliveira, K.L. (2003). Instrumentos psicológicos mais
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Educacional, 7 (1), 47-56.