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Conceitos Importantes:
- Expressam-se em dificuldades na linguagem verbal e/ou não verbal, habilidades motoras, comportamento pessoal e social,
memória, atenção, aprendizagem ou noutras funções neurológicas.
- Os sintomas e comportamentos podem evoluir com a idade, mas muitas vezes as dificuldades mantêm-se.
Perturbações Mentais
- Um sintoma clinicamente significativo não pode ser equacionado apenas em termos quantitativos (frequência, duração ou
intensidade).
- Uma mesma dificuldade pode expressar-se em sintomas diferentes consoante a idade da criança.
- Genéticos
- Psicológicos (período de vida, género, contexto de iniciação, funcionamento psíquico/baixa auto -estima)
Como de diagnosticam?
Níveis de Análise
- O diagnóstico e a intervenção são complexos e a intervenção envolve sempre processos multimodais (farmacologia e combinação
de terapias realizadas em contextos clinico e ecológico).
• O Indivíduo
• Família
• Escola
Primeiro compreender para depois intervir
- A história do conceito de PHDA tem mais de100 anos. Conhecer a evolução histórica desta perturbação é perceber os porquês
das atuais controvérsias e conhecer inúmeros temas que se relacionam com a natureza da perturbação.
1844-45 – Livros com Histórias infantis (em Inglês) ‘Hyperkinetic Syndrome’ e ‘Fidgety Phil’ (Hoffman – Psiquiatra)
- Crianças com incapacidade de manter a atenção; tinha um impacto diferente do que é hoje.
- Não se sabia o que era esta condição …
- As primeiras descrições clínicas e comportamentais são atribuídas a George Still e Alfred Tredgold no início
do século XX. Estes autores são os primeiros a abordar cientificamente o problema.
Finais anos 60 – Divergências nas posições Norte-americana e Europeia em função do excesso de atividade
motora.
1970 - 1979 – O Défice de Atenção
Anos 70 – maior importância aos mecanismos de regulação cerebral do que de lesão ou disfunção.
Anos 80 – Incremento dos estudos sobre critérios de diagnóstico para além das características de base
- Neuroimagem – Muitas equipas de investigação têm verificado que as crianças com o diagnóstico de PHDA têm alterações
evidentes a nível cerebral em especial nas regiões pré-frontais e que essas alterações têm uma origem embrionária.
- A PHDA no Adulto - Só nos anos 90 se fala desta perturbação no adulto, de forma mais séria e a comunidade científica começa
a aceitá-la de forma mais consistente, fazendo-se o diagnóstico diferencial.
Anglo-saxónica
Neuropsicologia e Abordagem
Francófona Comportamental
precoce - Hiperquinésia
- Irrequieto - Hiperatividade
- Diferentes “nomes ao longo dos anos”: - 1968 - Reação Hiperquinética da Infância (DSMII)
PHDA – História
- Conceito de Phda
- Um problema do Comportamento
- Uma Perturbação do desenvolvimento
- Esta perturbação surge cedo na vida do indivíduo (antes dos 12 anos) e persiste sempre por um período superior a 6
meses.
- Não se fala de PHDA nos casos em que as características surjam confinadas a um contexto de vida do indivíduo. As
queixas devem ser abrangentes.
NOTAS:
Critérios de Diagnóstico (DSM-5, 2013)
Critérios de Diagnóstico
Critérios de Diagnóstico
Novidades do DSM-5
- Forma Predominantemente Desatenta – 6 (ou mais) sintomas na Dimensão Desatenção e menos do que 6 sintomas (3 a 5)
na Dimensão Hiperatividade/impulsividade
- Forma Hiperativa/Impulsiva – 6 (ou mais) sintomas na Dimensão Hiperatividade/impulsividade e menos do que 6 sintomas
na Dimensão Desatenção
- Forma Desatenta Restrita – 6 (ou mais) sintomas Desatenção e não mais do que 2 sintomas na Dimensão
Hiperatividade/Impulsividade
Designação Adotada
- Prevalência e demografia:
• Crianças em idade escolar
- 3-5% (USA, 1994/DSM-IV)
- 5-7% (USA, 2002, DSM-IVTR)
- 4,6% (Melo, Ana Rodrigues, 2004)
- 4,3% (Fonseca, C. e col. 1998)
• Adolescência e idade adulta - Persiste em 30-50%
• Rapazes vs raparigas - Diagnosticada em rapazes com frequência 3,4 vezes superior que em raparigas
- A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção é uma das perturbações da infância mais frequentemente diagnosticadas
e representa na atualidade um tema de grande importância para a Saúde Pública.
- Sintomas/ Características
Existe três dimensões: (são multidimensionais)
- Défice de Atenção
- Impulsividade
- Excesso de Atividade Motora
- Atenção Sustentada – dificuldade em manter a atenção por tempo prolongado (criança não completa as tarefas);
- Atenção Dividida – dificuldade em completar duas tarefas em simultâneo (ex: ouvir e tomar notas);
- Focagem da atenção – dificuldade em focar a atenção na tarefa em causa (criança na “lua” a “sonhar acordada”);
- Atenção Seletiva – dificuldade em inibir estímulos não relevantes para a tarefa em causa (criança distrai-se facilmente por sons,
etc);
- Vigilância – a vigilância ou a “prontidão para responder a um estímulo” é frequentemente incluída nos défices de atenção
(criança parece não ouvir, responder descontextualmente);
Défices de Atenção mais evidentes em situações que exigem repetição e em condições que exigem as mesmas funções
de atenção por tempo prolongado - levam a maior cansaço e desmotivação subsequente.
Tarefas complexas exigem para além da atenção sustentada uma inibição e auto-controlo de forma a regular os processos
de atenção ao longo do tempo.
- Desenvolvimento da Phda
A PHDA, se não identificada corretamente e consequentemente não der origem a uma intervenção atempada, pode
originar a existência de outras perturbações e desadaptações, por vezes mais graves que a PHDA em si mesma.
•Castellanos (2001) refere que “inequivocamente a PHDA tem uma origem multifatorial, sendo possível identificar fatores
genéticos, psicossociais e outros.
- Diagnóstico e Comorbilidades:
• A comorbilidade é definida pela presença de pelo menos dois diagnósticos diferentes num mesmo indivíduo;
• A existência de comorbilidade agrava a situação e pode exigir intervenções específicas
• Cerca de 44% das crianças com PHDA apresentam no mínimo mais um diagnóstico psiquiátrico (Szatmari, P.e col., 1989)
- Designações adotadas:
Classificação Francesa das Perturbações Mentais da Criança e do Adolescente (Misés e col., 2000).
A classificação das Perturbações Hiperquinéticas recebe o código 7.0 e divide-se da seguinte forma:
Classificar aqui todas as perturbações designadas em França com a expressão “Instabilidade Psicomotora”.
Domínio Psíquico:
Dificuldade em fixar a atenção; Falta de persistência em atividades que exigem esforço cognitivo prolongado; Tendência
para uma atividade desorganizada, descoordenada e excessiva; Certo grau de impulsividade.
Domínio Motor:
Excesso de atividade motora; Agitação motora incessante; As relações destas crianças com o adulto são geralmente
pautadas por uma dificuldade de inibição social e de reserva; Estes problemas são frequentemente acompanhados de alterações
das funções cognitivas e de um atraso específico no desenvolvimento da motricidade e da linguagem; Podem também originar
dificuldades de relação interpessoal e baixa autoestima; Estes problemas são em função da idade e nível de desenvolvimento da
criança, surgem com maior intensidade em situações estruturadas como a sala de aula e podem desaparecer transitoriamente
em situações de relação dual ou em situações novas.
Critérios de Exclusão:
Problemas de atenção sem hiperatividade motora propriamente dita; Atividade excessiva própria da idade;
Manifestações de excitação de tipo maníaco que devem preferencialmente ser classificadas nas categorias de Autismo e Psicoses
ou Patologias; Limites reações hiperquinéticas de duração limitada.
“Auto” “Ismo”
Definição:
O seu fenótipo é muito heterogéneo dependendo do seu grau de severidade bem como da associação de perturbações
do neurodesenvolvimento ou pedopsiquiátricas e de problemas médicos. (Coleman and Gillberg 2012).
Grande parte apresenta outras perturbações como dificuldades intelectuais/aprendizagem, défices na regulação da
atividade e da atenção, problemas de linguagem perturbações da coordenação motora, tiques, perturbações do humor e da
regulação emocional. Algumas crianças apresentam perturbações neurológicas como a epilepsia, hidrocefalia e paralisia cerebral
(Olsson, 2016).
Evolução Histórica:
- A expressão 'autismo' foi utilizada pela primeira vez por Bleuler em 1911 para designar o alheamento da realidade com
grande dificuldade ou impossibilidade de comunicação (tendo observado este comportamento em doentes esquizofrénicos).
1943 - Leo Kanner, psiquiatra americano, descreveu o autismo como uma forma de psicose infantil, utilizando a terminologia
“autistic disturbance of affective contact”, que mais tarde denominou como “early infantile autism”. - Autismo Infantil Precoce
1944 - Hans Asperger, descreve crianças semelhantes às referidas por Kanner, caracterizando-as com perturbações da interação
social e insistência em padrões de comportamentos repetitivos, contudo com melhor capacidade cognitiva e comunicação oral.
1970 - Lorna Wing, investigou a validade clínica destes conceitos. De acordo com sua investigação as crianças descritas por Kanner
e Asperger tinham em comum as perturbações da interação social, da comunicação e do desenvolvimento da imaginação bem
como um padrão de atividades e interesses limitado, rígido e repetitivo.
- O termo autismo só surge em 1975, na (ICD-9), sendo aí caracterizado como uma psicose da infância.
De acordo com a versão do DSM-IV-TR, a PEA define-se como sendo uma perturbação global do desenvolvimento, caracterizada
por um défice grave e global em três áreas do desenvolvimento:
- Perturbação autística
- Síndrome de Asperger
- Perturbação Pervasiva do Desenvolvimento – Sem outra especificação (PDD-NOS)
- Síndrome de Rett
- Perturbação Desintegrativa da Infância (Síndrome de Heller)
De acordo com DSM-IV, o diagnóstico de autismo incluía, genericamente, três grupos de manifestações: dificuldades na
reciprocidade e interação social; dificuldades na linguagem; e comportamentos repetitivos, estereotipados e restritos.
- A Síndrome de Asperger, apresentava, como critérios de inclusão, dificuldades na reciprocidade e interação social associadas a
comportamentos repetitivos, estereotipados e restritos, devendo apresentar linguagem e cognição convencionais.
… Atualmente …
- No DSM-5:
O diagnóstico de síndrome de Asperger é extinto e a nova entidade proposta neste domínio nosológico toma a designação
de Perturbação do Espectro do Autismo. Esta entidade inclui os critérios classificativos da síndrome de Asperger.
NOTA:
- Se forem detetados défices na área da linguagem, sem atingimento da cognição não-verbal, deverão ser formulados os
diagnósticos, em comorbilidades, de Perturbação da Linguagem e de Perturbação do Espectro do Autismo
- Se forem detetados défices na área da linguagem e na área da cognição, deverão ser formulados os diagnósticos, em
comorbilidades, de Perturbação de Desenvolvimento Intelectual e de Perturbação do Espectro do Autismo ou ainda, de
Perturbação de Desenvolvimento Intelectual, de Perturbação da Linguagem e de PEA.
(continuando no DSM-5). Os três grupos de critérios de diagnóstico de PEA são circunscritos a dois:
A - Défice consistente na comunicação social e interação em todos os contextos, não explicado por PDI e com os 3:
1. Défice na reciprocidade socio-emocional (desde abordagem social anómala e insucesso na conversação ou na partilha de afetos
à inexistência de iniciação da interação social)
2. Défice no uso da comunicação não verbal na interação social (desde má integração, alteração do contacto visual e linguagem
corporal, quer no uso quer na compreensão até à inexistência de expressão facial ou gestos)
3. Défice no desenvolvimento e manutenção das relações (dificuldades em ajustar ao contexto social, na partilha do jogo
simbólico, falta de amigos, até desinteresse pelas pessoas)
B - Padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades, com pelo menos 2 de:
1. Discurso, movimentos ou uso de objetos repetitivo ou estereotipado (estereotipias motoras, ecolália, uso repetido de objetos,
frases ideosincráticas)
2. Aderência excessiva a rotinas, comportamentos ritualizados verbais e não verbais ou resistência excessiva à mudança (rituais
motores, restrições alimentares, persistência e stress com pequenas mudanças)
4. Hiper ou hipo-reatividade sensorial ou interesse sensorial invulgar (indiferenças à dor, texturas, sons, cheirar, luzes,
movimentos)
Especificar se tem:
- Comorbilidade
- Cognitiva (PDI)
- Linguagem
- Associação com condição genética ou médica conhecida
- Associação a outra perturbação neurodesenvolvimental, mental ou de comportamento
- Catatonia
Características:
• Dificuldade em tomar iniciativa nas interações sociais com adultos e pessoas familiares (ex.: mostra-se distante e desinteressada
pelos adultos).
• Dificuldade em tomar iniciativa nas interações sociais com outras crianças (ex.: mostra-se distante e desinteressada por outras
crianças e não inicia o contato).
• Linguagem unilateral, deficiente em reciprocidade social, usada mais para pedir ou rotular do que para comentar, partilhar
sentimentos ou conversar.
• Dificuldades em adequar-se a situações novas sem apoio, sofrendo com o esforço e a ansiedade em calcular conscientemente o
que é socialmente intuitivo.
• Uso reduzido de gestos (utiliza apenas gestos funcionais, mas o seu repertório é reduzido e falha no uso de gestos expressivos
espontaneamente na comunicação).
• Défice na atenção conjunta (apresenta falha em apontar, mostrar ou trazer objetos para partilhar o interesse com os outros,
incapacidade em seguir o apontar ou o olhar de alguém).
• Dificuldade em coordenar a comunicação não-verbal com a fala (linguagem corporal estranha, desajeitada ou exagerada durante
as interações).
• Dificuldade em compreender as formas diferentes em que a linguagem pode ser usada para comunicar (ex.: ironia, mentiras
inocentes).
• Preferência por atividades solitárias ou de interação com pessoas muito mais novas e muito mais velhas.
• Desejo em estabelecer amizades sem ideia completa e realista do que a amizade implica (ex.: as amizades unilaterais ou baseadas
somente em interesses especiais partilhados). • Relações entre irmãos e cuidadores pouco recíprocas
• Adesão excessiva a rotinas (ex. pode zangar-se se é levado a um supermercado diferente ou se faz um percurso diferente para
a escola).
• Resistência à mudança (ex.: angústia em relação a mudanças aparentemente pequenas, tal como empacotamento de uma
comida, insistência na adesão a regras e rigidez de pensamento). • Padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal
(ex.: perguntas repetitivas, percorrer a passo um perímetro).
• Ligação forte a objetos incomuns (ex.: criança fortemente ligada a uma panela,…).
• Preocupação com objetos incomuns (ex.: preocupação com aspiradores, …).
- Características Associadas:
Os padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades são caracterizados por comportamentos
motores repetitivos, rotinas rígidas e estereotipadas bem como resistência ou inflexibilidade à mudança e surgem associados a
dificuldades na flexibilidade cognitiva e funções executivas.
- Comorbilidades:
- Sinais de Alerta:
Alguns traços sociais e comportamentos característicos tornam-se menos visíveis, conseguem ser funcionais no seu dia a dia
apesar das vulnerabilidades.
ü Dispraxia do Desenvolvimento
Dispraxia e PDC:
A Dispraxia é o termo utilizado para designar dificuldades globais em habilidades de movimento e coordenação em geral,
mas também problemas de linguagem (fala), organização, memória e regulação emocional, bem como dificuldades de
processamento sensorial. Não é um diagnóstico forma.
Por outro lado, a Perturbação do Desenvolvimento da Coordenação (PDC) é o termo de diagnóstico utilizado para
designar as dificuldades de desenvolvimento ao nível da coordenação motora. Início no The Leeds Consensus Statement (Sugden,
2006) que reiterou o London Consensus e fundamentou a definição do DSM-IV-TR (APA, 2000) como categoria de diagnóstico a
utilizar.
Trata-se do conceito utilizado quando existe défice de atenção, de controlo motor e percetivo (poderá ser tátil e auditivo
e não apenas visual). Este conceito surgiu nos anos 80 com Gilberg C., correspondente como uma síndrome, com variadas causas
e uma evidência clínica da coocorrência de PDHA e PDC, isto é, PDC + PHDA = DAMP.
História:
O estudo das Perturbações da Coordenação Motora tem mais de 100 anos. Tem recebido o contributo de muitas áreas
científicas como a neurologia, pediatria, educação física, ciências do movimento, fisioterapia e terapia ocupacional, psicologia e
neuropsicologia. Reconhecido em 1900, mas com muito pouca atenção e investimento até 1990.
Só nos últimos 30 anos é que a investigação se tem dedicado a este assunto.
Os primeiros estudos são de Ayres (1965) sobre a “disfunção perceptivomotora”. Ayres (1979) define a «dispraxia do
desenvolvimento», como uma dificuldade de planeamento motor conducente a dificuldades motoras e resultante de
dificuldades de integração da informação sensorial (vestibular, proprioceptiva e sensorial). A Dispraxia caracteriza-se por uma
pobre coordenação motora.
Contributos posteriores do controlo e aprendizagem motora (sistemas dinâmicos, perspetiva ecológica, processamento
de informação).
• Prevalência de cerca de 5-6% de crianças em idade escolar (APA; 2013). Alguns estudos apontam 22%, estimativas
difíceis porque os pontos de corte para o despiste e diagnóstico não estão definidos claramente. Ainda que pouco reconhecida,
persiste para a adolescência e idade adulta, muito embora o impacto quotidiano possa diminuir significativamente.
Critérios de Diagnóstico:
A. Desempenho Motor situado substancialmente abaixo dos níveis esperados (definido como desempenhos abaixo do percentil
50% em testes estandardizados) tendo em conta a sua idade cronológica e a experiência prévia para aquisição das capacidades.
B. Sem intervenção específica, as alterações descritas no critério A interferem significativamente no rendimento escolar ou nas
atividades da vida quotidiana. (Summers, Larkin, and Dewey 2008)
D. As dificuldades nas habilidades motoras não são melhor explicada por uma Perturbação do Desenvolvimento Intelectual ou
por um défice visual e não pode ser atribuída a uma condição neurológica (Ex: Paralisia Cerebral, Distrofia Muscular; doença
degenerativa).
Definição – DSM-5:
1. Corresponde a uma alteração quantitativa (atrasos significativos na aquisição das competências motoras) e/ou qualitativa
(inépcia, desajeitamento ou falta de destreza na execução de movimentos) dos desempenhos motores.
3. As manifestações da PDC deverão descritas no início do período de desenvolvimento (entre o nascimento e os 18 anos de
idade), muito embora o diagnóstico possa ser apenas realizado na idade escolar. A PDCM não é, geralmente, diagnosticada
antes dos cinco anos de idade, dada a enorme variabilidade interindividual na aquisição das metas motoras.
4. Relaciona-se com a causa (etiologia) da PDC. Se a criança apresenta, por exemplo, uma Paralisia Cerebral, uma Distrofia
Muscular ou uma Hemiplegia secundária a um acidente de viação, as perturbações motoras encontradas nestes casos devem
ser imputadas a essas doenças, pelo que não faz sentido evocar o diagnóstico de PDC. Este critério está, também, relacionado
com a coexistência (ou não) de uma Perturbação do Desenvolvimento Intelectual. É sabido que as crianças com um défice
cognitivo apresentam dificuldades motoras similares às encontradas na PDC.
Estas crianças apresentam com frequência quando comparadas com outras da mesma idade cronológica:
ü Dificuldades de aprendizagem (escrita)
ü Baixa autoestima
ü Vitimização e Bullying
Descrição Clínica:
Perfil de características é muito heterogéneo, mas quase sempre marcado por uma lentidão na execução motora, uma
menor precisão e maior variabilidade no desempenho intraindividual.
Aspetos gerais:
ü Hipotonicidade em repouso
Alguns autores argumentam no sentido do défice quinestésico, outros nos défices percetivos. Estas crianças não têm
défices visuais (acuidade ou oftalmológicos), mas parecem existir dificuldades no processamento visual, sendo que as crianças
com PDC parecem depender mais do feedback visual para o controlo do movimento.
Geuze (2005) identifica três níveis de características/compreensão (compreender a PDC através destas três vias) –
associar às teorias explicativas:
2. Dificuldades na coordenação sensoriomotora (que incluem dificuldades no planeamento motor, timming motor,
antecipação e controlo do feedback)
3. Dificuldades na aprendizagem motora (que envolvem dificuldades em novas aprendizagens, adaptação a mudanças e
processos de automatização)
Crianças com PDC apresentam dificuldades em atividades de vida diárias como em utilizar fechos, atacadores, cortar
alimentos, pegar na colher, apetar botões, cortar as unhas, pentear-se, descascar a fruta, abrir sacos, assoar-se, lavar os dentes,
brincar com lego, etc, bem como em atividades académicas/lazer como utilizar e brincar com blocos, cortar, desenhar, pintar,
escrever, brincar bolas, etc.
Descrição Clínica – Sinais de Alerta:
ü Dificuldades na aprendizagem de tarefas motoras (lúdicas) típicas da idade (andar de bicicleta, chutar bola, apanhar bola,
saltar corda)
ATENÇÃO - mesmo que as capacidades sejam adquiridas no tempo esperado, o movimento de execução é lento, pouco
preciso e parece bizarro, se comparado com as das outras crianças da sua idade.
Prognóstico:
ü Nítida atenuação das manifestações durante a adolescência, mas os défices percetivo-motores mantêm-se na mesma (50%
a 70% dos jovens mantêm problemas na coordenação dos movimentos)
ü No início da idade adulta podem ocorrer dificuldades em conduzir e em usar ferramentas, incapacidade em tirar
apontamentos de forma rápida, etc.
Comorbilidades:
Etiologia:
- Temos a etiologia multifatorial, tratando-se de um modelo comum a outras Perturbações do Desenvolvimento onde
se equacionam:
P
ossíveis Explicações – Teorias:
Ø Dificuldades na integração da informação proveniente dos sentidos, na combinação da informação sensorial para o
planeamento e na combinação da informação dos sistemas sensoriais (muita informação visual necessária para subir escadas)
Ø Dificuldades em planear movimentos (sentar-se numa cadeira, saltar) não adequando o ritmo/tempo do movimento à força
necessária para o executar (atraso para apanhar uma bola)
Ø Problemas relacionados com o controlo motor (sequencialização e seleção) - Hipótese de alterações do funcionamento do
cerebelo
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Ora, sabemos que o córtex pré-frontal se encontra associado ao planeamento motor e regulação motora. Por outro lado,
corpo estriado e o lobo parietal correspondem a áreas associadas com a integração sensorial de informação e da resposta motora.
Por fim, o córtex motor primário, o corpo estriado e o pallidum (globo pálido) correspondem a áreas associadas à execução
motora e controlo motor.
Tipos de Intervenção:
Existem duas possíveis intervenções: orientada para o processo, e orientada para a tarefa.
Ora, a intervenção orientada para o processo usa atividades focadas na redução do comprometimento e na melhoria da
função e estrutura do corpo. Esta intervenção é baseada na teoria de que as dificuldades na coordenação apresentadas pela
criança se devem a problemas nos sentidos ou na perceção do seu corpo e dos seus segmentos, podendo-se utilizar como métodos
a relaxação e a integração sensorial.
Por outro lado, a intervenção orientada para a tarefa usa atividades direcionadas para o desempenho. É centrada no
cliente, orientada por objetivos, objetivos estes a funcionalidade e não a normalidade, é específica na tarefa e no contexto,
envolvem o papel ativo do cliente, e vis o envolvimento dos pais/cuidadores. Pode-se utilizar como métodos a destreza manual,
agarrar e atirar e coordenação oculomotora.