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Cinantropometria

O que é crescimento e proporcionalidade?


 Ocorrem simultaneamente sendo complementares um do outro, não sendo biologicamente idênticos
 Desenvolvimento: conjunto de alterações que conduzem um organismo de forma progressiva, desde um
estado indiferenciado ou imaturo até a um estado organizado, especializado ou maturo (Bogin) ou conjunto
de alterações que permitem um embrião tornar-se um organismo maturo (Sinclair e Dangerfield)
 qualitativo

 Crescimento: diz respeito à mudança das dimensões do individuo, quer consideremos o corpo como um todo,
quer consideremos alguma das suas partes
 quantitativa

Características do crescimento
Transformação de uma célula única – ovo fecundado - num organismo completamente formado – embrião de 8 sem. –
consegue-se pela conjugação de um conjunto de processos, regulados, que implicam diferentes etapas.
 Após o aumento inicial – multiplicação celular – o nº de cel é desorganizado. Segue-se um período de organização
progressiva – migração celular; criação de espaços – que culminara com o desempenho de uma função para as
mesmas, geneticamente programadas – diferenciação celular; aquisição de uma função especifica
 Pode também seguir um outro trajeto – aumento do espaçamento celular dá-se a formação de sulcos, pregas e
finalmente acontece a diferenciação celular e a aquisição de uma função celular especifica

 Os processos biológicos responsáveis pelas modificações e turnover do organismo humano, desde a conceção até à
idade adulta, são:

- estatural e incremental- aumento do número de células ou hiperplasia  ocorre em consequência da divisão


celular- mitose
- hipertrófico- aumento do tamanho /unidades funcionais da célula ou hipertrofia;
- reparativo
- Por agregação- aumento das substâncias intercelulares, ligamento das células entre si num sistema em rede

A fase de crescimento em que o organismo se encontra determina o predomínio de um ou de outro destes processos

Os diferentes tecidos, órgãos e características morfológicas externas não crescem em simultâneo, fazendo o organismo
humano a gestão das reservas energéticas de que dispõe para obter uma maior eficiência durante o processo de
crescimento fazendo com que os momentos de maior estabilidade no crescimento morfológico, dimensional e
consequente estabilidade proporcional, são provavelmente os mais favoráveis à obtenção de novas aprendizagens

Curvas de crescimento - Scammon

 Este gráfico sendo contante na velocidade de crescimento dos diferentes tecidos


demonstra a noção de fenómeno invariantes e auto-regulado
 Este traduz a evolução do peso de diferentes grupos de órgãos, expresso em percentagem
do peso que irão apresentar aos 20 anos, mostra que alguns sistemas ou órgãos crescem a
grande velocidade enquanto outros mantêm um crescimento mais lento.

Podemos assim distinguir quatro tipos de crescimento:

Linfóide: timo, pelos gânglios linfáticos e pelas placas de Peyer do intestino. Caracteriza- se
por um rápido crescimento -3 anos seguido de um crescimento mais lento - início da puberdade, momento em que
estes órgãos atingem o seu peso máximo A partir do início da puberdade, e até à idade adulta, há uma diminuição
rápida da sua velocidade de crescimento.

Neural: órgãos que derivam do folheto germinativo ectodérmico - medula espinal, cérebro, epiderme, olho -
Caracteriza-se por um desenvolvimento rápido nas primeiras idades, de tal forma que aos 7 anos o peso destes órgãos
representa 95% do seu peso definitivo, alcançado durante a puberdade.

Genital: é apresentado pela maior parte dos constituintes do aparelho genital feminino e masculino. Caracteriza-se
por um aumento pouco perceptível até ao início da puberdade seguido de um aumento rápido até à idade adulta.
Geral: é o padrão de crescimento mais comum do ser humano. Diz respeito ao corpo na sua totalidade, incluindo todo
o esqueleto (com excepção do crânio), os músculos, a quantidade de sangue, o tecido adiposo e os aparelhos. Podemos
distinguir quatro períodos em que o crescimento é particularmente rápido:

1. entre o 4º e o 6º mês fetal- ocorre o pico máximo de crescimento para o comprimento total e crânio-caudal;
2. 2 primeiros anos - comprimento aumenta cerca de 30 cm
3. entre os 6 / 7 anos -aumento estatural se faz acompanhar de algumas transformações somáticas importantes
4. antes das primeiras manifestações pubertárias - voltamos a crescer muito rapidamente.

O ritmo de crescimento geral é tanto mais rápido quanto mais jovem for o organismo a velocidade de crescimento
diminui desde a fase intra-uterina até à idade adulta

A primeira representação gráfica de crescimento


 Com os dados do filho de Montbeillard, Buffon pôde verificar que existiam variações sazonais de crescimento
(o rapaz crescia mais no Verão que no Inverno). Buffon escreveu ainda sobre as alterações diárias de
crescimento, ou seja, reparou que o rapaz era mais alto de manhã, depois de ter descansado, que durante a
tarde, depois de ter brincado e trabalhado.
 A representação gráfica do crescimento a partir de medidas absolutas é feita recorrendo às curvas de
crescimento que podem ser de dois tipos:

curvas de distância : forma S alongado, construídas pela reunião dos pontos correspondentes
aos valores absolutos de uma mesma variável – ordenadas - observada em diversos momentos
do processo de crescimento - abcissas

curvas de velocidade (instantânea e anual): construídas a partir dos


incrementos ou das diferenças observadas numa variável considerando
dois momentos consecutivos de observação, representados no eixo das
ordenadas

- A velocidade instantânea informa-nos sobre a velocidade real de crescimento num certo


momento, variam muito mais que os da velocidade anual.

 Enquanto uma curva de distância representa o produto do crescimento num determinado momento, uma
curva de velocidade representa o processo de crescimento, ou seja, os momentos de maior ou menor
aceleração de crescimento.

 Esta diferença implica que, ao longo do crescimento, as curvas longitudinais de distância e de velocidade
tenham comportamentos (gráficos) distintos- enquanto as primeiras mostram que os resultados de
crescimento de uma criança evoluem normalmente dentro do mesmo “canal de crescimento”, mantendo-se
esta no mesmo percentil ou próximo deste, as segundas mostram que as mudanças de percentil são muito
frequentes quando falamos de velocidade de crescimento.
 A existência de ritmos de crescimento diferentes e específicos para cada estrutura morfológica e a alternância
entre períodos de máxima velocidade de crescimento com períodos em que a velocidade é mínima permitem
definir diferentes fases de crescimento - distinguem-se pelas diferenças da morfologia externa e das
capacidades funcionais. Que são :

1º infância- nascimento aos 3anos: observa-se uma desaceleração de crescimento, diminuindo a velocidade de
22 cm/ano para 6 a 7 cm/ano

2ª infância- 3 e os 7 anos: a velocidade de crescimento mantem-se constante

Juvenil- 7 aos 11 anos: caracteriza-se por uma nova desaceleração de crescimento que acontece lentamente
numa fase inicial, aumentando depois progressivamente

Adolescência- 11 e os 18 anos: Durante a adolescência podemos observar a clássica aceleração pubertária que
pode durar até 3 anos e após a qual se segue um período de desaceleração que continua até pelo menos aos 18
anos.

 Embora estas fases sejam distintas umas das outras, a passagem de uma fase a outra não é suficientemente
nítida para que se faça uma demarcação rígida entre elas. Enquanto o início da puberdade é facilmente
determinado pelo aparecimento das características sexuais secundárias, é difícil estabelecer com precisão o
momento de passagem da primeira para a segunda infância- existe um período de transição durante o qual
coexistem características de ambas as fases.

Quando falamos de fases de crescimento devemos considerar o crescimento intra-uterino com três fases ou períodos:

1. O período germinativo - primeiras três semanas - diferenciam os três folhetos germinativos a partir dos quais se
formarão todos os tecidos e órgãos do organismo;
2. O período embrionário - 4ª e a 8ª sem - que se caracteriza pela aquisição da forma humana (morfogénese) e pela
diferenciação dos tecidos e órgãos (organogénese)  aparência mamífera. Às oito semanas apresenta
características que podem ser reconhecidas como humanas;
3. O período fetal,- 9ª semana e o nascimento- caracterizado pelo crescimento e maturação dos tecidos e órgãos

Trimestres: primeiro - 1º e 12º sem, o segundo - 13º e 28 e o terceiro - 29ªe a 40ª semana

Fases de crescimento:

Fase Intra – uterina

Período germinativo – 1ºá 3ª sem.

 O desenvolvimento humano tem início quando ocorre a fusão de duas células germinativas haploides - o
espermatozóide e o ovócito secundário. Esta será a primeira etapa de uma sequência de processos - fecundação
que culmina com a formação de uma célula única diploide - o ovo ou zigoto.

Ovogónias (oogónias)

Proliferação e aumento de
volume

Ovócitos primários (oócitos)


Maturação
Rodeados por células
Trajecto desde vagina até às
Folículos primordiais trompas de falópio

(após a puberdade) Activação do espermatozóide


Primeira divisão meiótica
Capacitação: eliminação da
Ovócito secundário (oovócito) camada de glicoproteinas e de
proteinas do plasma seminal
(após ovulação) que recobrem a membrana
Envolto pela zona pelucida e citoplasmática do acrossoma
coroa radiada
Espermatozóide
Ovócito secundário na 2ª divisão meiótica

Fecundação – ocorre nas trompas de Falópio


 Fase 1 – Penetração na coroa radiada, libertação das enzimas acrossómicas e
dispersão das células foliculáres.
 Fase 2 – Penetração na zona pelúcida, libertação de outras enzimas
acromossómicas e reacção zona.
 Fase 3 – Fusão das membranas celulares do ovócito e do espermatozóide,
entrada da cabeça e da cauda do espermatozóide no citoplasma do ovócito e fim da 2ª
divisão meiótica.
 Fase 4 – Período dos pró-núcleos:
A cauda do espermatozóide Os núcleos aproximam-se e Cromossomas misturam-se
degenera e a cabeça aumenta entram em contacto um com o e o ovo entra na metafase
de volume - pró-núcleo. outro e perdem as suas membranas. da 1ª divisão mitótica.

Segmentação ou Clivagem- acontece no núcleo (divisões celulares mitóticas)

Mórula - 16 a 32 blastómeros – formada por duas massas celulares a interna- embrioblato


e a externa- trofoblasto

Ao entrar na cavidade uterina (4 dias da fcd) dá-se o aparecimento de espaços entre as


células da massa interna que serão preenchidos pelo líquido uterino que penetra pela
zona de pelucia. A acumulação de líquido nos espaços intercelulares provoca a sua confluência dando origem a uma
cavidade única, o blastocelo. As células do embrioblasto, acumulam-se no pólo embrionário e encontram-se rodeadas
pelo trofoblasto

Blastocisto- embrioblasto + trofoblasto + blastocelo  as células da zona pelúcida


degeneram permitindo a implantação.

Implantação ou Nidação- 1sem depois da fcd

Fixação do blastocisto ao endométrio uterino através das células trofoblásticas próximo do polo embrionário

2ª Semana

 Formação do sinciciotrofoblasto - prox. Endométrio materno e citotrofoblast- prox. Embrioblasto a partir da


proliferação e divisão do trofoblasto em duas laminas.

 Posteriormente surgem espaços entre as células do sinciciotrofoblasto - lacunas sinciciotrofoblásticas. No final da


segunda semana, à medida que a proliferação deste vai lesando os vasos sanguíneos do endométrio materno, as
lacunas enchem-se de sangue e inicia-se a circulação útero-placentar. Simultaneamente as células
citotrofoblásticas migram em colunas para o interior do sinciciotrofoblasto formando os troncos das vilosidades
primárias
 Até ao 4o mês, após um longo processo de modificações estruturais das lâminas dão origem à placenta que, ao
possibilitar as trocas entre a circulação sanguínea materna e fetal possui uma importante função endócrina,
indispensável tanto ao crescimento e desenvolvimento intra-uterino normal como à manutenção da gravidez
 Enquanto ocorrem as transformações do trofoblasto, as células do embrioblasto diferenciam-se em dois folhetos
germinativos: a endoderme e a ectoderme formando um disco plano - germinativo bilaminar ou didérmico
 Ao mesmo tempo, no interior das células ectodérmicas surge a cavidade amniótica. As mais próximas do
citotrofoblasto - amnioblastos e, em conjunto com as restantes células ectodérmicas, revestem internamente a
cavidade amniótica.
 A cavidade do blastocelo converte-se em saco vitelino que, no decorrer do desenvolvimento e em consequência da
proliferação da endoderme, fica revestido internamente por células desta camada germinativa

 entre o saco vitelino e as células do citotrofoblasto, surge uma camada celular, a


mesoderme extraembrionária, no interior da qual se forma uma a cavidade coriónica ou
celoma extra- embrionário.
 Pedículo de fixação: porção da meso que liga o disco germinativo diadérmico ao
citotrofoblasto e vai contribuir futuramente para a formação do cordão umbilical
3ª Semana

 As células citotrofoblásticas emigram em colunas para o interior do sinciciotrofoblasto formando os troncos das vilosidades
 A proliferação do sinciciotrofoblasto vai lesando os vasos sanguíneos do endométrio materno e as lacunas
trofoblásticas enchem-se de sangue.

Gastrulação
 conjunto de transformações sofridas pelo disco germinativo didérmico até que se forme o disco germinativo
tridérmico, caracteriza-se pela grande proliferação e migração de células ectodérmicas em direcção à linha média
da zona caudal do disco germinativo - terceiro folheto germinativo - onde se acumulam e formam a linha
primitiva
 À medida que as células se acumulam nesta zona forma-se a goteira primitiva por baixo da linha primitiva  as
células da ectoderme penetram através desta goteira - invaginação - e diferenciam- se num tipo de células distinto
- células mesodérmicas – formam-do no seu conjunto, o terceiro folheto germinativo - a mesoderme intra-
embrionária – este é agora constituído por três folhetos germinativos sobrepostos - disco germinativo trilaminar
ou tridérmico.

 o número de células mesodérmicas acumuladas por baixo da linha primitiva


aumenta, estas células iniciam um processo de migração lateral e cefálico que só
termina na 4ª semana - linha primitiva regride e desaparece.

 As células que penetram desde a zona cefálica da linha primitiva - nó ou nódulo de
Hensen - e migram na direcção cefálica do disco germinativo formam a notocorda
( define o eixo mediano do embrião e vai estar envolvida na formação da coluna
vertebral)
 Simultaneamente ocorrem transformações tanto nas células ectodérmicas, que a recobrem, como nas células
mesodérmicas, que a rodeiam.

Neurulação
 Conjunto de transformações que ocorrem na ectoderme e conduzem à formação de neuroblasto.

A ectoderme multiplica-se formando um espessamento, a placa neural.

Os bordos laterais da placa elevam-se para formar as pregas neurais, estas aproximam-se e
formam a goteira neural.

À medida que a goteira se forma, algumas células ectodérmicas destacam-se, as células da


crista neural e do epiblasto. As pregas unem-se e forma-se o tubo neural.

As células da crista neural dispõem-se numa camada compacta que posteriormente se


segmenta em gânglios.
 Simultaneamente com o processo de neurulação, a mesoderme intra- embrionária de cada lado da notocorda
vai espessar-se para formar um cordão longitudinal de células - mesoderme paraxial que, no final da 3a semana, se
segmenta em blocos de células - os sómitos
 As zonas mais laterais da mesoderme paraxial prolongam-se e formam a mesoderme intermédia e a
mesoderme lateral  Com o aparecimento de uma cavidade (celoma intra-embrionário) localizada entre as células da
mesoderme lateral, esta separa-se em duas lâminas:

1) a mesoderme somática ou parietal, que recobre a cavidade amniótica e que, juntamente com a ectoderme, forma a
somatopleura
2) a mesoderme visceral ou esplâncnica, que recobre o saco vitelino e que, juntamente com a endoderme, forma a
esplancnopleura

 Até ao final da terceira semana a mesoderme extra-embrionária que recobre a cavidade coriónica penetra no
interior dos troncos das vilosidades primárias formando os troncos das vilosidades secundárias. Os troncos das
vilosidades terciárias formam-se quando se diferenciam os vasos sanguíneos dos troncos  entram em contacto com os
vasos que se desenvolvem na mesoderme extra-embrionária que recobre tanto a cavidade coriónica como a que constitui
o pedículo de fixação, estabelecendo a circulação coriónica.

 estes vasos estabelecem ligação com os vasos do sistema circulatório intra- embrionário em desenvolvimento,
ligando assim a futura placenta ao embrião  o primeiro sistema a alcançar o estado funcional é o sistema
cardiovascular
 Durante estas três primeiras semanas de desenvolvimentoa acção de qualquer agente teratogénico pode ser letal,
especialmente se actuar durante as duas primeiras semanas, ou provocar malformações do sistema nervoso e do
sistema cardiovascular, se actuar na terceira semana de desenvolvimento. .

Período embrionário
 4ª e a 8ª sem.  que se caracteriza pela aquisição da forma humana (morfogénese) e pela diferenciação dos tecidos
e órgãos (organogénese).

Morfogénese
 o disco germinativo tridérmico, que era plano e se situava entre a cavidade amniótica e o
saco vitelino, adquire, a forma cilíndrica e fica totalmente rodeado pela cavidade
amniótica, com excepção da zona do cordão umbilical.

 Pragueamento embrionário – O saco vitelino, revestido internamente por


endoderme, começa a ser estrangulado e incorporado no interior do corpo do embrião formando
o intestino primitivo
- longitudinal – Resulta do rápido desenvolvimento do sistema nervoso central . Tem como
consequência a formação do intestino primitivo anterior, na parte cefálica e do intestino
posterior na parte caudal.
- transversal – resulta do desenvolvimento dos sómitos faz com que a somatopleura se
projete na direcção ventral e estrangule progressivamente o saco vitelino, formando a parede
ventral do corpo do embrião

 Nesta região a comunicação entre o intestino médio e o saco vitelino persiste, sendo progressivamente reduzida ao
estreito pedículo vitelino, que termina numa porção mais larga, a vesícula vitelina. Depois de concluído o
pregueamento vitelina vão estar envolvidos na formação do cordão umbilical.

Organogénese
 Concomitantemente com o pregueamento embrionário diferenciam-se, a partir dos três folhetos germinativos,
todos os tecidos e órgãos. Apresentamos seguidamente os principais derivados:

Endoderme os epitélios de revestimento do aparelho respiratório, do aparelho gastro-intestinal, da bexiga, da


cavidade timpânica e da trompa de Eustáquio e o parênquima das amígdalas, da tiróide, da paratiróide, do timo, do
fígado e do pâncreas

Ectoderme órgãos e estruturas que mantém o contacto com o mundo exterior Superficial – Epiderme, pêlos, unhas,
glândulas cutâneas e mamárias, lobo anterior da hipófise, esmalte dentário, ouvido interno e cristalino. Crista Neural
– Gânglios e nervos craneanos sensitivos, medula da supra-renal e células pigmentares da pele. Tubo neural – SNC,
retina e lobo posterior da hipófise.
Mesoderme
 Paraxial (sómitos) – tecido conjuntivo, derme e tecido subcutâneo, esqueleto, musculos do tronco e tecido
cartilagíneo.
 Intermédia – Rins e gónadas.
 Lateral: esplancnopleura – Tecido conjuntivo e músculo de vísceras do tronco, sistema cardiovascular e linfático e
células do sangue e linfa. somatopleura– Menbranas serosas da pleura, pericárdio e peritoneu, baço e córtex
adrenal.
Entre as duas lâminas laterais da mesoderme aparece uma cavidade que prolonga o celoma extra-embrionário ou
cavidade coriónica - celoma intra-embrionário. Esta cavidade constituirá a cavidade pleuro-pericárdio-peritonial

Morfologia
4ª Semana
 São visiveis os esboços ou brotos dos membros superiores e inferiores e uma cauda formada por
sómitos. As regiões cefálica - proencéfalo e ventral – z. cárdiaca apresentam um grande
desenvolvimento.
 Durante este período há uma rápida diferenciação das três vesículas encefálicas primárias e das
vesículas ópticas.
 As células cardíacas primitivas iniciam os seus batimentos no local onde mais tarde se vão
desenvolver os ventrículos sendo o ritmo cardíaco determinado por processos metabólicos dos
músculos lisos e não por inervação neural.
5ª Semana

 Rápido desenvolvimento do encéfalo que se divide.


 A parte distal dos membros superiores aplana-se dando origem às palmas das mãos
e os membros inferiores têm a forma de uma pá de remo.

 De início os músculos desenvolvem-se a nível do tronco e da cabeça, aparecendo


posteriormente nos membros

6ª Semana
 Prossegue o desenvolvimento dos membros com a diferenciação da face plantar dos pés e dos
raios digitais nas palmas das mãos.
 Os olhos e os primórdios dos canais semicirculares tornam-se evidentes e os pavilhões
auditivos externos iniciam a sua formação.
7ª semana
 os membros estendidos ventralmente e diferenciados em regiões
 transformações visíveis nos membros superiores com o aparecimento do cotovelo e do pulso.

 surgem os primeiros raios digitais dos pes , nas mãos inicia-se a diferenciação dos dedos.
 O tronco torna-se mais recto sedo ainda visível uma curta cauda de sómitos.
 As pálpebras começam a formar-se.
 iniciam-se os movimentos espontâneos e os provocados.

8ª Semana
 A maior parte dos músculos já está formada e a cartilagem hialina do esqueleto começa a
ser substituida por osso.
 Ocorre a rotação dos membros que já estão perfeitamente delimitados.
 A cabeça tem feições humanas
 ´O abdómen é pouco proeminente e o cordão umbilical curto.

Período fetal
9ª sem. e o nascimento  caracteriza-se pelo crescimento e a maturação dos tecidos e orgãos anteriormente
formados. É nesta fase de crescimento, especialmente no inicio do segundo trimestre e no 3º trimestre, que todas as
estruturas morfológicas apresentam os picos máximos de velocidade.

9ª Semana
 Apesar de entre a 9ª e a 12ª semana, a cabeça ocupar metade do comprimento total do embrião, com a duplicação
da distância crânio-caudal o crescimento da cabeça diminui quando comparado com o resto do corpo.
 Membros inferiores ainda são curtos

11ª Semana
 assiste-se a um crescimento linear dos ossos longos, sendo o maior incremento apresentado pelo fémur.

12ª Semana
 As dimensões encefálicas são ainda muito grandes em comparação com o comprimento total e com as dimensões
abdominais fetais.
 O comprimento do fémur atinge os 7.7mm e os membros superiores alcançam o seu comprimento relativo
definitivo.
2º Trimestre
 rápido incremento de comprimento, principalmente dos membros, pelo aumento da proporcionalidade relativa
do tronco e dos membros, e pela aquisição rápida de novas funções.
 A velocidade de crescimento estatural é máxima entre a 13ª e a 16ª semana e decresce, posteriormente, até à 20ª
semana
 o perímetro abdominal e o comprimento do fémur aumentam
 Às 13 semanas o perímetro cefálico é maior que o perímetro abdominal.
 A diferenciação do tecido adiposo ocorre entre a 14ª e a 16ª semana. O incremento dos conteúdos de gordura e
proteína é superior ao aumento da água corporal, desta forma, durante o segundo trimestre o conteúdo de água
diminui enquanto que a gordura e a proteína aumentam.
 Entre a 20ª e a 25ª semana há grande acumulação de gordura subcutânea e um aumento substancial de massa
corporal.

 Nesta fase o corpo está coberto por lanugo, a pele revestida por uma substância gordurosa - o vérnix caseoso - e
são visíveis os cabelos e as sobrancelhas

3º Trimestre

 decréscimo brusco da razão perímetro cefálico/perímetro abdominal devido à maior diminuição da velocidade de
crescimento do perímetro cefálico em comparação com o perímetro abdominal.
 Este aumento abdominal deve-se à acumulação de gordura subcutânes e dos tecidos moles.

 Durante as últimas 10 semanas de permanência no útero, o feto acumula grandes quantidades de energia sob a
forma de gordura .Até à 26a semana a maior parte do aumento da massa corporal fetal é devida à acumulação de
proteínas, a partir daí inicia- se a acumulação de gordura corporal, tanto da gordura profunda como da
subcutânea que é acompanhada pela diminuição do conteúdo de água
 Assim, entre as 31 e as 32 semanas, 82.7% do massa corporal fetal são constituídos por água, 9% por proteína e 4%
por gordura. No final do trimestre, o conteúdo de água diminuiu e os conteúdos de gordura e proteínas
aumentam
 O incremento ponderal fetal atinge a sua velocidade máxima no final do trimestre, entre as 34 e as 36 semanas ou
entre as 37 e as 39 semanas .A partir deste momento a velocidade de crescimento diminui, podendo mesmo
registar-se uma diminuição da massa corporal fetal após a 42a semana
 Contrariamente, o perímetro abdominal, o perímetro cefálico e o diâmetro biparietal apresentam os seus picos de
velocidade no início do trimestre fazendo com que os incrementos destas medidas sejam inferiores aos verificados
no trimestre anterior.
 Ainda que no trimestre anterior o volume cefálico fosse maior que o torácico, durante o terceiro trimestre, devido
à acumulação de gordura subcutânea e dos tecidos moles, assiste-se ao aumento gradual das dimensões torácicas
de tal forma que, no feto de termo, o volume cefálico e torácico são aproximadamente iguais

Fase pós-natal
1ª Infância (0 a 3)
 Durante os primeiros 28 dias de vida (período neo-natal), o recém-nascido passa por um período de adaptação
que permite o ajustamento e aperfeiçoamento das funções fisiológicas e sensoriais às novas condições.

 As características morfológicas da criança à nascença reflectem o padrão de crescimento intra-uterino.

Estatura
 Apesar da progressiva diminuição da velocidade de crescimento da estatura a criança apresenta, em geral, um
aumento estatural de aproximadamente 20cm (cerca de 42%), durante o primeiro ano de vida.
 No segundo ano de vida, a velocidade de crescimento diminui

Cabeça
 O Comprimento da cabeça representa 25% do comprimento total da criança.
 A velocidade de crecimento do perímetro cefálico é elevada durante os primeiros meses e diminui posteriormente
- parâmetro fundamental de avaliação do crescimento durante os dois primeiros anos de vida, devido à relação
direta entre perímetro cefálico e desenvolvimento do encéfalo.

Tronco
 Parece cilíndrico devido ao fraco desenvolvimento da cintura escapular e à grande importância da camada de
gordura subcutânea das ancas.
 Não existe uma demarcação nítida entre tórax e abdómen, em consequência do volume importante do fígado e
das pequenas dimensões da bacia. Entre os 2/ 3 anos o perímetro abdominal é superior ao toraxico.
 A forma do tórax é igualmente caracteristica pq os diâmetros antero-posteriores e transversos são semelhantes,
respectivamente.

 A morfologia do tronco da criança começa a deixar de ser cilíndrica e arredondada a partir dos 2 anos. Aos 2 anos
a forma oval do tórax começa a desenhar-se

Membros
 Durante o primeiro ano de vida verifica-se um maior incremento dos membros inferiores do que dos membros
superiores
 Desde o nascimento até aos doze meses, as proporções relativas dos membros superiores permanecem mais ou
menos constantes. Ao contrário, as proporções relaticas dos membros inferiores - aumentam.

Massa corporal
 Durante os primeiros dias após o parto os recém-nascidos apresentam uma perda fisiológica de massa corporal 
eliminação do mecónio e da urina, da ingestão limitada de líquidos e da diminuição de edemas fisiológicos e
diminuição de alguns órgãos Posteriormente até aos 10 dias de vida o peso de nascença é recuperado.
 cinco meses de vida, assiste-se a um aumento diário de massa corporal em seguida, até ao final do 1º ano, à
diminuição da sua velocidade média de crescimento
 No segundo ano de vida aumenta cerca de 2.5 kg e a partir desta idade o aumento de massa corporal irá
permanecer entre os 2 e os 3 kg.
 aos 5 meses a criança duplica a massa corporal que tinha à nascença, triplica-a aos 12 meses e aos 5 anos de idade
a massa corporal já é 482% superior.
 Durante o primeiro ano a criança tem, em média, uma quantidade de gordura superior à apresentada em
qualquer outra fase da infância . O tecido adiposo tem tendência para aumentar durante o primeiro ano de vida,
mantendo-se constante ou decrescendo após essa idade.
 os relevos musculares são praticamente inexistentes e as extremidades são muito flexíveis, gordas e apresentam
formas arredondadas. Daí que os valores encontrados para o perímetro do braço, nos primeiros anos de vida,
venham mascarados pela quantidade de gordura existente nos membros.

2ª Infância (3 a 8)
 A criança passa a ter um aspecto alongado e fino, ou seja, apresenta um maior desenvolvimento múculo-
esqueletico e uma menor quantidade de tecido adiposo.
 Este é um período de estabilização relativa do crescimento uma vez que este se processa de forma lenta e as
modificações morfológicas são quase inexistentes  predomina o crescimento em largura.
 É também durante este período que se começam a revelar algumas diferenças sexuais.

Estatura
 Duplica a sua estatura por volta dos 4 anos. Aos 5 anos o aumento ainda é grande. A partir desta idade e até à
puberdade, a estatura aumentará cerca de 4 a 6 cm em cada ano.

 Algumas crianças podem apresentar um salto de crescimento transitório por volta dos 6-7 anos - pré-pubertário
ou salto de crescimento intermédio - não é apresentado por todas as crianças e tem uma intensidade menor que o
salto de crescimento que ocorre durante a adolescência

Tronco
 Aos 5 anos o comprimento do tronco representa 56% do comprimento total da criança.
 A caixa toráxica tem, nesta fase o aspecto de um cone de base superior. O tronco passa também a ter uma forma
oval, ou seja, deixa de ter uma aparência cilindrica para passar a ter um aspecto achatado.
 O abdómen não só deixa de ser predominante como passam a ser visíveis os relevos musculares.

Membros
 Os membros inferiores são curtos à nascença, e crescem proporcionalmente mais do que o tronco durante a
infância.

 No recém- nascido o ponto médio estatural situa-se ao nível do umbigo; com o maior crescimento proporcional
dos membros inferiores este ponto desloca-se progressivamente para baixo situando-se, dos 6 a 8 anos, ao nível da
sínfise púbica.
 Apesar de, desde o final da primeira infância, se começarem a evidenciar nos membros alguns contornos
musculares e articulares é entre os 3 e os 7 anos que o aumento transversal do membro inferior se torna evidente,
atingindo uma velocidade de crescimento de 0.3 cm/ano. A partir desta idade os ganhos passam a ser menores.

Massa corporal
 Durante a segunda infância notar-se-á um emagrecimento fisiológico, devido não só à diminuição do valor
absoluto das pregas adiposas, como também à dispersão do tecido adiposo, que deixa de estar concentrado no
tronco e passa a estar disperso por todas as estruturas corporais. O tecido adiposo vai decrescer desde o primeiro
ano de vida até aos 6 ou 8 anos de idade, momento em que volta a aumentar.

 a morfologia da criança altera-se passando a ser alongada e fina.

! as pregas adiposas são medidas muito dependentes do sexo e que têm grandes variações individuais.
 A diminuição do panículo adiposo é mais evidente para as pregas subescapular e suprailíaca, sendo a variação da
prega abdominal muito semelhante à variação da prega subescapular nas primeiras idades. A prega abdominal
decrésce nos seus valores médios absolutos até cerca dos 7 a 8 anos de idade. As pregas tricipital e geminal
apresentam grandes variações ao longo do processo de crescimento, não existindo por isso um decréscimo
uniforme e contínuo da espessura do tecido adiposo entre o primeiro e sexto ou oitavo ano. As pregas do tronco
comportam-se todas de forma idêntica. As pregas geminal e tricipital apresentam variações diferentes das pregas
do tronco e os valores absolutos correspondentes são muito mais elevados.

Adolescência
 última grande crise evolutiva do crescimento durante a qual a criança adquire as características sexuais e
morfológicas definidas no seu tipo morfológico.
 distinguem-se duas fases de crescimento distintas:

1. fim da 2ª infância até se atingir a velocidade máxima de crescimento em altura (PVA) fase de aceleração
da adolescência, ou primeira fase da adolescência,
2. 2ª fase da adolescência, ou fase de desaceleração da adolescência, que vai desde o PVA até aos términos
da adolescência ou até que se atinja uma velocidade de crescimento igual ou menor a 0.5 cm por ano.

 O período de estabilidade relativa( 2ª infância), é abruptamente interrompido quando, nos primeiros anos da
segunda década de vida, se observa uma acentuada aceleração do crescimento que caracteriza a 1a fase da
adolescência, salto pubertário ou salto de crescimento da adolescência.

 Durante este período, que tem uma duração aproximada de 2 anos, a criança aumenta cerca de 7 cm a 14 cm de
estatura, adquirindo cerca de 20% da estatura adulta. Não obstante a velocidade de crescimento ser muito elevada
nesta fase, ela está longe de alcançar o valor máximo observado ao 4º mês de vida fetal. O aumento brusco da
estatura deve-se, fundamentalmente, ao aumento dos membros inferiores (salto pubertário ou da adolescência) 
constante em todas as crianças, a sua intensidade, duração e idade de ocorrência são muito variáveis, podendo
afirmar-se que esta fase tem o seu início em média entre os 9 e os 13 anos.

 Todo o processo do salto pubertário, carece de um elevado dispêndio energético.


 No fim da primeira fase da adolescência os indivíduos tornam-se desproporcionados, relação tronco/membros,
 apresentam um tronco curto, estreito e uns membros inferiores e superiores muito compridos.
 O tórax é estreito, tendo em conta as suas dimensões sagitais, o que lhes confere uma certa fragilidade
morfológica e algumas limitações de ordem orgânica e funcional. Esta aparência é agravada pela falta de
musculatura de suporte, principalmente da região anterior do tronco, e pelo abaixamento dos ombros provocado
pelo grande aumento do comprimento dos membros superiores.

Tronco e músculo cardíaco


 Durante a aceleração de crescimento da adolescência dá-se o aumento do diâmetro transverso do coração esta
aceleração de crescimento tem igual magnitude em rapazes ou raparigas.

 O pico de velocidade de crescimento dos diâmetros cardíacos e pulmonares coincide com a idade de ocorrência
do PVA.

 Durante a primeira fase da adolescência é visível um desfasamento entre o espaço que o coração ocupa (caixa
torácica) e as suas dimensões e entre estas e a sua capacidade funcional  as dimensões cardíacas aumentam, tal
como aumentam as dimensões de todas as vísceras, sem que aumente inicialmente a secção transversal do
músculo cardíaco - pseudo-hipertrofia cardíaca.

 Para além disso, durante esta fase, as dimensões do tronco não acompanham o desenvolvimento cardíaco, do
mesmo modo que a região torácica não acompanha o crescimento dos membros superiores  embora seja
representativo desta fase um aumento das dimensões cardíacas, esse aumento não quer dizer, na maior parte das
vezes, melhoria da eficiência motora.

Funcionalidade respiratória

 O crescimento em comprimento dos pulmões acontece, aparentemente, mais tarde do que o crescimento cardíaco
e só atinge o pico máximo de velocidade de crescimento 6 meses depois dos seus dia ̂metros terem atingido o pico
máximo de velocidade.
 A magnitude da aceleração de crescimento dos pulmões é semelhante em ambos os sexos
 A funcionalidade respiratória também não acompanha o grande aumento dimensional da criança nesta fase.
 Os membros superiores crescem proporcionalmente mais que as dimensões torácicas. O peso crescente dos
membros superiores e a enorme fragilidade torácica já descrita, faz com que a criança apresente um abaixamento
permanente dos ombros, diminua a sua amplitude respiratória e se canse com muita facilidade.

Massa corporal
 Durante o salto pubertário verifica-se uma diminuição relativa da massa corporal e, como consequência, acentua-
se o tipo morfológico característico do período inicial da 2º infância.
 Sabendo que a massa corporal depende em grande parte da estatura e que as mulheres são mais baixas do que os
homens, espera-se que estas sejam também menos pesadas, o que é verdade em termos absolutos na idade
adulta, homens e mulheres têm a mesma massa corporal relativa.
 A variabilidade da massa corporal total está estreitamente relacionada com a variabilidade da composição
corporal: massa óssea, muscular, adiposa e residual.
 Durante a primeira fase da adolescência verifica-se um ligeiro aumento muscular e um aumento esquelético
notável, em ambos os sexos.
 No que diz respeito ao tecido muscular entre os 5 e os 16 anos de idade, o número de células musculares aumenta
cerca de 14 vezes, no sexo masculino, e apenas 10 vezes no sexo feminino  o crescimento muscular é
consequência do aumento do número de sarcómeros

Ordem de aceleração das diferentes estruturas morfológicas durante a adolescência

 O crescimento diferencial acontece ao longo de todo o


processo de crescimento e faz com que a disposição
relativa das diferentes partes do corpo e dos órgãos se vá
alterando.

 no início da primeira infância a pequena dimensão da


bacia de um bebé faz com que a bexiga se situe no
abdómen. Logo que a bacia aumente de dimensão a bexiga
descai e passa a ocupar a sua localização final. Para além
disso, o crescimento de uma parte do corpo (seja ela
segmento corporal, órgão ou sistema) pode ser controlado por uma outra ainda em desenvolvimento e o grau de
controlo da primeira depende do estádio de desenvolvimento alcançado pela segunda

 Durante o salto pubertário, apesar de todas as estruturas do corpo apresentarem alterações de crescimento, os
picos máximos de velocidade de cada uma acontecem em momentos temporariamente diferentes e não são
uniformes, o que significa que algumas dimensões aumentam mais do que outras, embora obedeçam a uma
ordem regular e sequencial de aceleração. Do mesmo modo, e porque o crescimento das diferentes estruturas não
se processa ao mesmo tempo, surgem desproporções sobretudo ao nível dos membros inferiores e do tronco.

 As primeiras dimensões a aumentar o seu ritmo de crescimento são a mão e o pé, ou seja, o crescimento nesta fase
faz-se das zonas distais para as proximais. O comprimento do pé é, provavelmente, a primeira de todas as dimensões,
exceptuando a cabeça, a atingir o seu tamanho adulto. O pico de velocidade encontrado para o comprimento do pé e
da mão processa- se, pelo menos, um ano antes do pico de velocidade estatural. A aceleração do comprimento da
perna e do antebraço dá-se ligeiramente antes (4 a 6 meses) da coxa e do braço e, alguns meses, depois ocorrem os
picos de velocidade para o membro inferior e membro superior. Assim, o "timing" de aceleração das diferentes
dimensões do membro superior e inferior é semelhante e o pico de velocidade para o comprimento do membro
superior e inferior faz-se num momento intermédio considerando a aceleração de crescimento dos segmentos
superiores (braço e coxa) e inferiores (antebraço e perna) dos membros

Maturação
 Desenvolvimento da capacidade funcional dos órgãos, dos sistemas fisiológicos e do indivíduo no seu todo
processo de aquisição de um estado funcional, ou estrutural, adulto.
 processo contínuo e os seus diferentes estádios assumirem características semelhantes em todas as crianças ou
adolescentes, pode, no entanto, apresentar variações interindividuais significativas.
 A diferença entre a idade cronológica e a idade maturacional aumenta à medida que a criança se vai
desenvolvendo
 A primeira fase da adolescência assume a forma de um catch-up de crescimento  caracteriza-se por uma rápida
aceleração (ou desaceleração) da velocidade de crescimento, seguida por uma desaceleração progressiva até que
se atinja a curva de crescimento potencial.
! dois indivíduos morfologicamente semelhantes podem ter idades cronológicas diferentes ou, ao contrário, dois
indivíduos com a mesma idade podem estar em fases de crescimento diferentes.

Normalidade

 Na maior parte dos casos o desenvolvimento motor de uma criança decorre espontaneamente e resulta da relação
entre o seu nível maturacional e a qualidade e a quantidade de experiências com que é confrontada diariamente.
 uma criança pode ter dimensões ou comportamentos próximos daquilo que é esperado para a sua idade, ou
então apresentar valores que saem fora dos limites ditos normais.
 A normalidade é um conceito que surge por conveniência prática, originária da necessidade de utilizar escalas
normativas que permitam comparar as características de determinada criança com aquelas que são observadas
num determinado escalão etário.
 Deve ser avaliada em termos de frequência de ocorrência de um determinado acontecimento na população de
referência e não no sentido de montante ideal a atingir.

- Quando a distribuição dos valores de referência se faz simetricamente em torno da média, podemos considerar como
limites da normalidade o intervalo compreendido entre a média e mais ou menos um desvio padrão (média  1DP)
ou entre a média e mais ou menos dois desvios-padrão (média  2DP)  tipo Gaussiano ou normal

 No primeiro caso, cerca de 70% da população de referência tem os valores das suas variáveis incluídos entre
aqueles limites e dos 30% restantes, 15% são classificados como atrasados e os restantes 15% como adiantados
maturacionalmente.
No segundo caso, 95% da população tem os seus valores incluídos entre os limites ditos de normalidade e somente
2.5% dos individuos podem ser considerados avançados ou atrasados maturacionalmente.

Espaço matural vs distância entre fenómenos maturacionais


 O espaço de tempo entre dois fenómenos maturacionais é idêntico entre rapazes e raparigas e muito semelhante
entre grupos distintos de indivíduos. Contudo, o momento em que se atinge a fertilidade constitui uma excepção
 as raparigas atingem a fertilidade e a maturidade reprodutiva mais tarde que os rapazes.
 Cerca de 50% dos individuos demora cerca de 3 anos a completar a adolescência e praticamente todos completam
em 5 anos.

 Na idade biológica medida através da idade óssea, ou através da distância temporal a que se encontra da sua
estatura final adulta, verificamos que o espaço de tempo entre dois fenómenos maturacionais é idêntico entre
rapazes e raparigas e muito semelhante entre grupos distintos de indivíduos.
 A velocidade de crescimento estatural é muitas vezes utilizada para demonstrar a semelhança temporal entre
fenómenos maturacionais. É conveniente distinguir durante a adolescência três momentos fundamentais: o seu
início, , o momento em que a velocidade de crescimento é mínima (VMA); o pico de velocidade, quando a
velocidade é máxima (PVA) e o fim do crescimento,
 Em ambos os sexos, a VMA e a PVA atingem-se à mesma distância relativa da altura adulta final, assim através
desta, podemos conhecer o estádio de desenvolvimento da criança.

Idade de ocorrência do salto de crescimento da adolescência e sua intensidade


 Os individuos que apresentam os picos de crescimento mais acentuados durante a adolescência são também os
que podemos considerar maturacionalmente mais adiantados.
- as alterações de velocidade que marcam o início do salto de crescimento da adolescência ou a idade do take-off
ocorrem, em ambos os sexos relativamente cedo, ou seja, na transição entre a infância para a adolescência;

- existe um dimorfismo sexual na idade de início do salto de crescimento e do PVA, sendo as raparigas avançadas, em
média, 2 anos em relação aos rapazes;

- o dimorfismo sexual relativo à intensidade do salto de crescimento da adolescência é menor do que o encontrado
para as idades do take-off e do PVA;

Metodologia de estudo da Maturação


 A maturação é normalmente avaliada pela identificação de indicadores maturacionais que são acontecimentos ou
estádios discretos que ocorrem sequencialmente em qualquer parte, ou partes do corpo e que são característicos
da sua progressão desde um estado de imaturidade até à maturidade.
 A sequência de aparecimento dos estádios deve estar presente em todas as crianças normais de ambos os géneros.
 Os indicadores biológicos mais utilizados são:

Idade Gestacional
 No 1º Trimestre utilizam-se as medidas do saco gestacional, da distância crânio-caudal, do diâmetro biparietal e
do perímetro do tronco;
 No 2º e 3º Trimestres utilizam-se as medidas do diâmetro biparietal, do comprimento do fémur e combinadas.

- Durante o período intra-uterino a avaliação do crescimento e da maturação é feita através da medição das funções
fisiológicas e das dimensões fetais obtidas por ecografia. Assim podem visualizar-se, por exemplo, os batimentos
cardíacos fetais, os movimentos respiratórios, os movimentos dos membros e do corpo na sua totalidade, o tamanho
da bexiga e a sua relação com a quantidade de urina produzida, o padrão de movimento dos olhos e a sua relação
com os movimentos respiratórios e os padrões de sono

Idade Morfológica (maturação somática)


 Implica a obtenção de dados antropométricos individuais ao longo de um período de tempo mais ou menos longo
 Os indicadores de maturação somática mais utilizados são a idade em que se atinge o PVA, a percentagem da
altura adulta atingida num determinado momento e a idade morfológica que obtemos ao justapor a altura
alcançada pela criança ou adolescente, num determinado momento, com as curvas de crescimento de uma
população de referência.

 é a idade média observada na população de referência para a estatura da criança no momento de avaliação -
corresponde ao percentil 50 para a estatura da criança que estamos a estudar

- Se a correspondência (entre idade e estatura) se situar abaixo do percentil 50, dir-se-á que está maturacionalmente
retardada, se estiver acima do percentil 50 estará avançada.

Idade Dentária
Baseia-se nos seguintes princípios:
1. a erupção dentária processa-se de uma forma homogénea em todas as crianças
2. a formação dos dentes ocorre numa sequência invariável sendo a ordem da erupção da 1ª dentição igual em
todas as populações
3. o incisivo central do maxilar inferior emerge primeiro que o do maxilar superior sendo por isso admissível a
existência de um avanço maturacional do maxilar inferior relativamente ao maxilar superior
4. não existe diferenças entre o lado direito e o lado esquerdo do maxilar
5. a formação dos dentes ocorre numa relação muito próxima com o desenvolvimento ósseo.

-A erupção da 1a dentição ocorre entre os 6 e os 30m de idade pós-natal, enquanto a definitiva tem lugar entre os 6 e
os 12 anos. A primeira dentição surge primeiro no sexo masculino. Na determinação da idade maturacional, não se
deve utilizar a erupção/queda de apenas um dente , mas de um grupo destes.

- Este método apresenta limitações pois existe uma grande variabilidade interindividual; verifica-se nos períodos de
transição da 1a dentição para a 2a uma ausência significativa de dentes; a queda da dentição pode ocorrer por motivos
não naturais.

Idade óssea (Maturação esquelética)


 Existe uma ordem invariável de acontecimentos relativamente ao desenvolvimento ósseo, que todos os ossos
maturam no sentido próximo-distal
 As alterações de um determinado osso são semelhantes em todas as pessoas, mas a idade ou o momento em que
essas alterações ocorrem é muito variável e depende do desenvolvimento do esqueleto.
 A determinação do nível maturacional de cada osso é feita pela análise do aspeto inicial que os centros de
ossificação apresentam na película de raio-x, que indica a substituição inicial do tecido cartilagíneo por tecido
ósseo; das modificações da forma dos ossos; da união ou fusão das epífises e das diáfises nos ossos do metacarpo,
das falanges, do rádio e do cúbito e da aquisição dos contornos e da forma adulta nos ossos do metacarpo.

 Método de Greulich e Pyle: Construíram um atlas com base em crianças e adolescentes, que contém para o género
masculino e feminino uma série de radiografias padronizadas de mãos e punhos de crianças, para diferentes
idades cronológicas desde o nascimento até aos 18.

- Pode ser utilizado de duas formas: ou comparando o raio-X da criança com os do atlas, ou avaliando a maturação
óssea de cada osso. No primeiro caso, a idade óssea da criança é a idade que se refere à imagem do atlas que mais se
aproxima da imagem radiográfica da criança. No segundo, determina-se a idade maturacional, ou a idade óssea de
casa osso do raio-X da criança e a idade óssea será a mediana das idades ósseas de cada osso.

Idade de aparecimento das caracteristicas sexuais secundárias - CSS (Maturação sexual)


 O processo de maturação sexual inicia-se no período fetal com a diferenciação das gonadas e posteriormente na
adolescência onde atinge a maturação final
 As caracteristicas sexuais secundárias mais utilizadas como indicadores maturacionais são: o desenvolvimento da
pilosidade púbica e da pilosidade axilar, em ambos os géneros; o desenvolvimento da mama e o aparecimento da
primeira menstruação ou menarca, nas raparigas; o desenvolvimento dos órgãos genitais e as alterações da voz
(mudança de voz) nos rapazes.
 Cada caracteristica sexual secundária pode apresentar 5 estádios de desenvolvimento: o estádio 1 - infantil; os
estádios 2, 3 e 4 - adolescência e são estádios de maturação das CSS e o estádio 5 - fase adulta e em que se atinge a
maturação final. No desenvolvimento da pilosidade púbica pode ainda distinguir-se um estádio 6.

Sequência de desenvolvimento das CSS no género masculino


 Órgãos genitais Masculinos – As primeiras manifestações da adolescência são o aumento dos níveis séricos da
hormona luteinizante e o aumento do volume testicular. O aumento do pénis e o PVA ocorrem normalment um ano
depois.
 Pilosidade púbica, axilar e facial – Apesar do desenvolvimento da pilosidade púbica ocorrer normalmente
alguns meses após o desenvolvimento dos órgãos genitais, em alguns rapazes o seu aparecimento antecede o aumento
dos testículos e do pénis.
 Mudança de voz- ação da testosterona alarga as cordas vocais

Sequência de desenvolvimento das CSS no género feminino


 Órgãos genitais Femininos – Aumento dos ovários (1a manifestações)
 Aumento do volume mamário – Ação dos estrogénios que leva ao deposito de gordura e à proliferação do
estroma dos ductos mamários.
 Desenvolvimento da pilosidade púbica e axilar – A mama e a pilosidade púbica podem iniciar o seu
desenvolvimento em idades diferentes, contudo no estádio 5 de desenvolvimento mamário, a pilosidade púbica é
sempre visível. A pilosidade axilar aparece normalmente quando a mama está no estádio 3 ou 4.
Inter-relação entre indicadores maturacionais
Idade de ocorrência do PVA e das características sexuais.

 O salto de crescimento em altura nos rapazes ocorre relativamente mais tarde quando comparado com o salto de
crescimento das raparigas que acontece cerca de dois anos mais cedo.
 Os rapazes começam a acelerar a velocidade de crecimento estatural quando estão no estádio G3 ( relativo aos
orgãos genitais - espemarca), têm o PVA durante o estádio G4 e desaceleram a velocidade de crescimento
enquanto evoluem para G5.
 Nas raparigas o PVA surge, em média, 1 ano após o início do desenvolvimento da mama. A pilosidade axilar
aparece nas raparigas depois do PVA mas antes da menarca enquanto nos rapazes aparece logo a seguir ao PVA.

Composição corporal
 A quantidade relativa de gordura corporal (% de massa gorda) é a medida de composição corporal que mais
vezes é avaliada, pois a gordura e a densidade são inversamente proporcionais.
 O tecido adiposo apresenta funções importantes para o funcionamento orgânico:

1. Energética: reservas sob a forma de lípidos


2. Estrutural: membranas celulares são lipoproteínas
3. Reguladora: lípidos são precursores de hormonas (semelhantes aos esteróides)
4. Transporte: vitaminas lipossolúveis transportadas através de partículas lipídicas contidas no sangue
5. Armazenamento: vitaminas armazenadas nos lípidos
6. Controlo do apetite: refeições ricas em gordura atrasam o esvaziamento do estomago mantendo a
sensação de saciedade
7. Amortecimento de choques
8. Isolamento térmico: pessoas mais gordas resistem melhor ao frio

 Massa gorda: inclui lípidos  Massa livre de gordura: totalidade de resíduos


extraíveis do TA e dos outros tecidos químicos e tecido isentos de gordura

 O homem de referência é mais alto (10,2 cm) , tem um esqueleto mais pesado, possui uma quantidade superior de
massa muscular, e uma quantidade de gordura menor e menor massa gorda do que a mulher de referência.
 massa corporal = somatório do peso da massa gorda
 O depósito de gordura essencial compreende a gordura existente na medula, coração, pulmões, fígado, baço, rins,
intestinos, músculos e tecidos do sistema nervoso ricos em lípidos, sendo por isso, essencial p/ o funcionamento
fisiológico.

- Nas mulheres a gordura essencial inclui um depósito de gordura adicional nas glândulas mamárias e a região
pélvica.
- O depósito de gordura armazenada consiste na gordura que se acumula no tecido adiposo

Modificações de adipócito
 No indivíduo em crescimento e durante certos períodos críticos o aumento de gordura está especialmente
relacionado com o aumento do número de adipócitos - a variação da gordura corporal pode acontecer devido a
variações na quantidade de substâncias gordas armazenadas no interior do adipócito e como resultado de
alterações do número de células adiposas.
 Ao longo do crescimento as modificações do adipócito parecem estar dependentes da quantidade de gordura
corporal que as crianças e os adolescentes apresentam.

Em crianças com quantidade de gordura normal:


−> As células adiposas iniciam a sua formação no 4o mês de gestação (mantendo-se até ao nascimento).
- >Na 1ª infância existem formas mais arredondas consequentes da acumulação de gordura.
− >No primeiro ano de vida, o nr destas células triplica
−> Durante a 2ª infância, a criança é mais linear. Entre o 1o e o 6o ano esta é consequente de um aumento de volume
das células adiposas que triplicam de tamanho.
−> Na adolescência, a massa corporal aumenta como resultado do incremento do tecido adiposo e do tecido muscular
(há hipertrofia e a hiperplasia do adipócito).

 Crianças obesas podem alcançar um tamanho adipócito próximo dos adultos aos 2 anos, já as crianças magras não
apresentam alterações significativas do nr de adipócitos entre os 2-10 anos, sendo que a partir dai há uma grande
proliferação hipertrófica e hiperplásica destas células.
 A partir dos 14-16 anos atinge-se o plateau na hiperplasia dos adipócitos.
 É mais fácil ganhar massa do que perder, pois a célula adiposa tem maior facilidade em aumentar do que diminuir
de tamanho. Sendo que a manutenção da mesma depende do nr destas células.

Normalidade: comparar os valores individuais com os valores médios da população.


 Um indivíduo possui uma quantidade de gordura normal se a sua percentagem de gordura ficar compreendida
entre mais ou menos um desvio padrão em relação ao valor médio apresentado pela população de referência.

! Subnutrição: deficiência de nutrientes essenciais no organismo, que pode resultar de uma dieta pobre, de uma má
absorção intestinal ou de um consumo ou perde excessiva de nutrientes. Está associada à diminuição da velocidade de
crescimento.
Obesidade: acumulação exagerada de gordura, ou seja, o desequilíbrio entre o número de calorias ingeridas e o
número de calorias despendidas que corresponde a qualquer valor percentual de gordura que exceda a média em
mais de 5%.

- É diferente de excesso de massa = quando os valores de massa corporal são elevados e se situam entre os valores de
massa corporal considerados normais. Em situações de obesidade a quantidade de gordura excede a massa corporal.
Como diferenciar? índice cintura/glúteo e o somatório de pregas adiposas. Um indivíduo adulto pode classificar-se
como obeso se apresentar um índice de massa corporal superior a 30 ou maior do que o percentil 95.
- O desenvolvimento deste problema envolve componentes genéticas e ambientais.

Distribuição da Gordura Corporal:


 têm origem em fatores como a idade, o dimorfismo sexual, o tipo morfológico e a idade de desenvolvimento da
obesidade e podem resumir-se da seguinte forma:

 Depois do nascimento é semelhante a quantidade de gordura subcutânea localizada no tronco e nos membros
(T/M=1)
 Ao longo da primeira infância e até aproximadamente aos 5 anos de idade, assiste-se à diminuição da gordura do
tronco e ao aumento da gordura das extremidades (T/M diminui gradualmente até atingir o valor mais baixo aos
5)
 Dos 5 aos 13, quantidade de gordura do tronco começa de novo a aumentar, aumentando igualmente o T/M.
(Começam a observar-se diferenças entre rapazes e raparigas)
 Da adolescência até à idade adulta, no sexo masculino os ganhos de gordura corporal são superiores na região do
tronco (T/M aumenta), no sexo feminino os ganhos são semelhantes nas regiões do tronco e dos membros (T/M
não apresenta alterações significativas).

- O dimorfismo relativo as diferenças regionais de gordura subcutânea resultam da ação dos recetores e/ou
metabolismo dos adipócitos, assim como da atividade da enzima lipoproteína lípase (LPL), no sexo feminino a
atividade desta é maior na região glúteo-femoral, no sexo masculino é na região abdominal.

Alterações da composição corporal ao longo do crescimento:


 A contribuição da gordura interna e da gordura subcutânea para o estabelecimento da quantidade de gordura
corporal varia com o sexo, com a idade e com a própria gordura corporal do indivíduo.

 Até cerca de metade do tempo de gestação o feto praticamente não contém gordura, verificando-se durante o
último trimestre um desenvolvimento rápido do tecido adiposo
 Ao nascimento: A % de gordura varia entre 11-16%
 No 1o ano de vida: a massa gorda aumenta cerca de 8/9%, atingindo valores de 22% a 24% da MC total
 Aos 5 anos: observa-se o dimorfismo sexual, aumenta de 3.0 p/ 3.06% de massa livre de gordura nos rapazes,
mantendo-se constante nas raparigas
- A curva de crescimento da gordura corporal total aumenta lenta e progressivamente sendo, a partir dos 5-6 anos,
sempre superior nas raparigas. Assim, a quantidade relativa de gordura é, em média, de 14.6% nos rapazes e de 16.7%
nas raparigas.
 Entre os 10 e os 18 anos, se verificavam incrementos anuais na percentagem de massa gorda e na massa livre de
gordura, sendo que durante a adolescência, a percentagem de massa gorda nas raparigas se situa entre os 20% e
os 25%.
 Entre os 10 e os 20 anos, a percentagem de gordura mantém-se mais ou menos constante no sexo feminino,
enquanto no sexo masculino se verifica uma diminuição do valor percentual de gordura (cerca de 2% a 3%)
devido ao aumento acentuado da massa livre de gordura. Entre a adolescência e a idade adulta, as alterações no
conteúdo de massa livre de gordura ocorrem essencialmente devido à diminuição da quantidade de água e ao
aumento da quantidade de mineral ósseo, sendo isto que leva ao aumento da densidade da massa livre.
- Com o aumento da idade, se verifica um aumento da percentagem de massa gorda e da massa corporal total e,
simultaneamente, a diminuição da massa livre de gordura, do conteúdo mineral ósseo e da água corporal

Avaliação da composição corporal


Modelos de avaliação da composição corporal

Há um modelo de fracionamento da massa em 5 níveis:


1- Atómico: compreende elementos como oxigénio, hidrogénio, sódio, etc.
2- Molecular: divide os compostos químicos do organismo em lípidos, água, proteínas, glicogénio e minerais
3- Celular: divide o corpo em massa celular total (Mcel), fluidos extracelulares (FEC) e sólidos extracelulares
4- Tecidos, órgãos e sistemas: considera o tecido conjuntivo, onde estão incluídos o tecido adiposo (TA) e ósseo (TO), o
tecido epitelial, o tecido muscular (TM) e o tecido nervoso
5- Corpo: analisado de acordo com as suas características morfológicas com medidas de forma, tamanho e proporção a
quatro níveis cabeça, tronco, membros superiores e membros inferiores

Cálculo da percentagem de massa gorda a partir da densidade corporal


Modelo dos 2 compartimentos: divide a massa corporal em massa gorda e massa livre de gordura (MLG)

 Assim, as transformações dos valores de densidade corporal em percentagem de massa gorda acarretam alguns
problemas quando se avaliam, por exemplo:

* Atletas, tem músculos e ossos mais densos provocando uma subestimativa da % de massa gorda
* Idosos, tem valores de densidade óssea baixos, implicando uma sobreavaliação
* Crianças, que também têm a % gordura sobrestimada
* Etnias, os indivíduos negros têm elevadas % de minerais ósseos tendo um valor superior a referência

Métodos de avaliação: podem ser agrupados em 3 níveis:


 Nível I – Método Direto, que se baseiam na separação e pesagem dos diferentes constituintes corporais através da
dissecação de cadáveres
 Nível II - Métodos Indiretos, em que a determinação dos componentes corporais não é feita por manipulação
direta, mas, indiretamente, com base em princípios físicos ou químicos que permitem a sua quantificação
 Nível III – Métodos Duplamente Indiretos, que se baseiam em equações de regressão que tomam como padrão de
referência os métodos indiretos, ou seja, são validados a partir de um método indireto, normalmente a
densitometria

- Os métodos indiretos, apesar de serem mais precisos, requerem equipamentos laboratoriais sofisticados e implicam
exames morosos e de alto custo, sendo preferencialmente utilizados na validação de outras técnicas ou em estudos de
investigação que requeiram grande precisão.

Técnicas de avaliação da composição corporal: Baseiam-se no modelo dos 2 compartimentos


Métodos indiretos:
 Densitometria (pesagem hidrostática)

- Medição da densidade corporal através da água e baseia-se no princípio de Arquimedes - "qualquer corpo
mergulhado num líquido recebe, da parte deste, uma impulsão vertical de baixo para cima, cuja intensidade é igual à
massa de líquido deslocada".
− 1a fase: Determinação do volume e posterior cálculo da densidade (Dc= Massa/Volume)
− Para determinar o volume, primeiramente, pesa-se a pessoa fora de água, obtendo-se a massa real (MC1), depois,
determina-se a massa deste dentro de água (MC2)
− A impulsão é calculada através de I= MC1-MC2
− Técnica: prendemos uma pessoa numa cadeira (com uma balança), descemos a cadeira até dentro de água e
subimos; regista-se o peso subtraindo o volume da água residual.

 Pletismografia: medição da densidade corporal através do deslocamento de ar.


 Densitometria radiológica de dupla energia: Mede a densidade da mineral óssea
- Princípio: o osso e os tecidos moles do corpo podem ser atravessados por feixes de raio-X com energias diferentes,
emitidas, alternadamente, sendo a predição da composição corporal feita através da quantificação da atenuação que
os feixes de raio-X sofrem ao atravessar aquelas superfícies
- Técnica: emissão de dois feixes de raio X de fraca intensidade que atravessam toda a área a ser avaliada. Em
cada segmento vai dizer-nos a quantidade que há de osso, músculo, gordura

Métodos duplamente indiretos:


 Bio impedância (BIA): avalia essencialmente a quantidade de água total do organismo, através da aplicação de
uma corrente elétrica, e baseia-se no princípio de que só as substâncias ionizáveis têm capacidade de conduzir a
corrente elétrica.
- Técnica: coloca-se dois elétrodos, um recetor e um emissor, a corrente atravessa o corpo-> se se perdeu muita
corrente há pouca água no corpo
 Interactância por infravermelhos: baseia-se no princípio da absorção e reflexão luminosa e na espectroscopia de
infravermelhos que mede a quantidade de gordura.
- Princípio: A composição química de um tecido determina as suas propriedades de absorção e reflexão luminosa. A
gordura retém feixes de infravermelhos
- Técnica: fazemos incidir um espectro de radiação de infravermelhos sobre o bicípite e depois vamos ver a diferença
dos feixes luminosos absorvidos, e os que são refratados, e daí vamos contabilizar a quantidade – se absorver muito é
porque há muita gordura
 Técnicas Antropométricas: mede a quantidade de gordura
- Princípios:
− Compressibilidade da pele e tecido adiposo
− Espessura das pregas não varia
− Distribuição relativa da gordura
− Proporção fixa entre gordura interna e externa
− Relação linear entre a gordura corporal e o valor das pregas adiposas
− Relação inversa entre a gordura subcutânea e a densidade corporal

Tipologia Morfológica:
 Existem diversos tipos constitucionais- conjunto de traços ou características morfológicas passiveis de integrar um
individuo em determinada categoria – morfotipo
 Biótipo: retende abarcar de igual modo, para além das características morfológicas, o domínio das características
psicológicas e elaborar uma classificação em conformidade.

 As características morfológicas apresentadas por um individuo resultam da combinação de 3 tipos morfológicos


fundamentais:

1. Endomorfo: Predominância de formas arredondadas


 Têm um aspeto volumoso, resultante numa capacidade de acumulação de gordura e um elevado volume dos
órgãos digestivos (que têm origem no folheto germinativo endodérmico).
 Não se observam relevos musculares nem saliências ósseas sendo evidente a flacidez muscular.
 Cabeça: grande e esférica, a face é larga e com grandes bochechas. Os dentes são pequenos, o queixo é duplo e o
pescoço curto. Os cabelos são lisos e com pouco volume
 Tronco: predominante em relação aos membros, ombros são elevados e arredondadas. O tórax é curto embora
apresente os diâmetros tóraco-transverso e tóraco-sagital muito grandes. O abdómen é predominante em relação
ao tórax, muito volumoso e revestido por tecido adiposo. O pênis é curto.
 Membros: curtos comparativamente com o tronco. As zonas proximais predominam em relação às distais,
apresentando mãos e pés pequenos.
 Crescimento e Maturação: Em consequência da sua maturação precoce terminam o processo de crescimento
muito cedo.
2. Mesomorfo: Predominância da robustez física
 Têm um predomínio dos ossos, músculos, TC e vasos que se desenvolvem a partir do folheto germinativo
mesodérmico. Os ossos são largos e pesados, os músculos bem desenvolvidos e proeminentes. Os relevos
musculares e as projeções ósseas são visíveis, não apresentando concentrações de massa na região central.
 Cabeça: A região da face mais larga que a do crânio e mandíbulas quadrangulares. As dimensões transversas são
superiores às sagitais devido ao desenvolvimento do trapézio e os cabelos são geralmente encaracolados.
 Tronco: é comprido sendo a região torácica predominante em relação à abdominal. Os ombros são largos e as
clavículas robustas, embora os diâmetros transversos são semelhantes aos Endomorfo, já os sagitais do
mesomorfo são reduzidos. A linha de bacia é baixa, os músculos abdominais bem desenvolvidos e os glúteos
musculados. A coluna apresenta uma cifose localizada e uma lordose prolongada.
 Membros: são musculados. Os segmentos proximais e distais são proporcionais, sendo a largura do braço
semelhante à do antebraço. Os diâmetros do joelho e tornozelo são grandes.
 Crescimento e Maturação: A sua maturação é variável, sendo a resposta androgénica no início do salto pubertário
muito intensa fundamentalmente nos rapazes.
3. Ectomorfo: Predominância da linearidade, têm uma superfície corporal grande em comparação com a massa
total.
 É mínimo o desenvolvimento muscular e a acumulação de gordura corporal, são bem visíveis as saliências ósseas.
 A pele e o SN são predominantes, tendo origem no folheto germinativo mesodérmico
 Cabeça: A face tem uma forma triangular sendo o queixo o vértice, sendo esta mais estreita que a do crânio. O
pescoço é longo e projetado p/a frente. O cabelo é fino e com grande velocidade de crescimento.
 Tronco: é curto comparativamente com os membros. Os ombros apresentam-se enrolados p/ a frente por falta de
suporte muscular e as omoplatas são aladas. O tórax predomina em relação ao abdómen é estreito e metido p/
dentro. A coluna tem um formato em “S” em resultado da cifose e da lordose localizada.
 Membros: Os membros superiores e inferiores são compridos em relação ao tronco, sendo as partes distais destes
segmentos mais compridas. As coxas e as pernas mantêm-se afastadas
 Crescimento e Maturação: é atrasado, têm algum potencial de crescimento em altura após o PVA.

- Qualquer destes 3 tipos existe misturado num individuo, sendo raro encontrarem-se tipos puros.

Somatótipo: classificação baseada na configuração externa do corpo em que cada componente pode apresentar valores
que oscilam entre 1 e 7. Os tipos extremos correspondem: 7-1-1 é um Endomorfo puro; 1-7.1- é um mesomorfo puro; 1-
1-7 é um Ectomorfo puro

Variabilidade do somatótipo
 É na adolescência que ocorrem as maiores alterações somatotipológicas
 No sexo masculino e no período entre os 2 e os 6 anos, os valores dos somatótipos médios se deslocam de endo-
mesomorfismo p/ mesomorfismo equilibrado. Após este período e até a adolescência, os rapazes diminuem os
seus valores de mesomorfismo e aumentam os de ectomorfismo. Na adolescência, devido à diminuição dos
valores de endomorfismo e ao simultâneo aumento dos valores de ectomorfismo, os somatótipos deslocam-se
para a categoria de meso-ectomorfismo
 No sexo feminino, verifica-se que entre os 2 e os 6 anos, os valores dos somatótipos médios mudam da categoria
de endo-mesomorfismo para a categoria de tipo central. Após esta idade, apesar de em geral se verificar que as
raparigas apresentam um aumento do valor de endomorfismo e uma diminuição do valor de mesomorfismo, que
conduz à deslocação dos somatótipos médios para as categorias de endo-mesomorfismo e Endomorfo-mesomorfo
 No adulto a variabilidade do somatótipo persiste, de fatores genéticos, à alteração dos hábitos alimentares e da
actividade física diária e ainda a diferenças relacionadas com outros factores socioculturais e do envolvimento.

Tendência Secular: modificações de crescimento a longo prazo.


 Expressa-se numa maior estatura, peso e maturação precoce dos indivíduos. A abordagem ao estudo da tendência
secular de crescimento deve ter em conta alguns problemas metodológicos, ou seja, não nos podemos esquecer
que estamos em presença:
1- de populações geneticamente diferentes; 2- de técnicas de medição distintas 3- de modificações seculares, nos
adultos, compostas igualmente pelas diminuições estaturais devido à compressão dos discos intervertebrais
4- de categorias etárias distintas; 5- Dados seculares compostos igualmente por variações maturacionais poucas vezes
conhecidas.
 é responsável pelo aumento estatural médio de 1 cm/década na idade adulta, havendo, contudo, flutuações deste
quantitativo durante as diferentes fases de crescimento sendo esta variação especialmente importante na
adolescência

Tendência secular e estratificação social


 A variável estratificação social é complexa porque encerra em si um grupo muito variado de variáveis que
funcionam de forma conjunta. Esta pode ser dividida em três grandes grupos ou níveis: espaço geográfico, espaço
temporário e espaço familiar, cada um deles resultado da ação de variáveis bem definidas. A importância de cada
um destes níveis estabelecidos está dependente da maior ou menor importância do nível anterior.

 Esta variável é construída c/ base no estilo de vida dos países desenvolvidos. O aumento secular estatural é
semelhante nos diferentes países estudados (Japão, Inglaterra, Escócia, Jugoslávia, China, Portugal e Itália). O seu
quantitativo está entre 1 e 1.5 cm /década.

Proporcionalidade e alterações seculares


 As novas gerações são mais lineares e apresentam membros inferiores proporcionalmente mais compridos
 A linearidade relativa é marcada não só pela diminuição do peso em relação à estatura como também pela
magreza relativa do tórax
Alterações seculares de peso, corpulência e adiposidade
 apresentam uma grande variação pois estão dependentes de práticas alimentares e do estilo de vida das
populações. Assim, embora estejam descritas, para a maior parte dos países estudados, diminuições seculares
do peso conhecem-se igualmente resultados que comprovam o contrário.
 As crianças hoje maturam invariavelmente mais cedo, isto é mais evidente nas raparigas que nos rapazes.
 A menopausa feminina atinge-se em idades mais avançadas consequente de uma aceleração do crescimento.
Hereditariedade - Diremos que, se por um lado, o isolamento genético, que se deve a razões puramente geográficas e a
razões socioculturais levam a que a que os habitantes de uma mesma localidade possam ser separados em pequenos
grupos de maior homozigótica. Já o aumento estatural que ocorreu na Europa deve-se à rutura de isolamento

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