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Transtornos Depressivos –

Transtorno Depressivo Maior


Profª. Suziani de Cássia Almeida Lemos
INTRODUÇÃO

 Os transtornos depressivos incluem:


 Transtorno Disruptivo da Desregulação do Humor,
 Transtorno Depressivo Maior,
 Transtorno Depressivo Persistente (distimia),
 Transtorno Disfórico Pré-menstrual,
 Transtorno Depressivo Induzido por Substância/Medicamento,
 Transtorno Depressivo devido a outra condição médica,
 Outro Transtorno Depressivo Especificado e
 Transtorno Depressivo Não Especificado.
INTRODUÇÃO

 Diferentemente do DSM-IV, este capítulo “Transtornos Depressivos” foi


separado do capítulo anterior “Transtornos Bipolares e Transtornos
Relacionados”.
 A característica comum desses transtornos é a presença de humor triste,
vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que
afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo.
 O que difere entre eles são os aspectos de duração, momento ou etiologia
presumida.
DEFINIÇÕES E CRITÉRIOS
DIAGNÓSTICOS
 O transtorno depressivo maior é uma desordem episódica, recorrente,
caracterizada por tristeza persistente e pervasiva (difusa), perda de prazer
nas atividades do dia a dia (anedonia) e irritabilidade. Sintomas como
pensamento negativo, falta de energia, dificuldade de concentração,
distúrbios do apetite e do sono também estão associados.
 Os sintomas, especialmente o humor deprimdo e/ou anedonia, devem estar
presentes na maioria dos dias, em boa parte do dia, por um período
mínimo de duas semanas.
 Alguns sintomas associados devem estar presentes quase todos os dias, na
maior parte do dia, causando sofrimento e prejuízo no desempenho social,
familiar e escolar.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DSM-5
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DSM-5
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DSM-5
ESPECIFICIDADES NA INFÂNCIA E
ADOLESCÊNCIA
 PRÉ-ESCOLARES:
 A grande maioria dos casos cursa com sintomas somáticos e queixas
comportamentais, já que crianças mais jovens ainda não possuem condições
cognitivas de expressar suas emoções em forma de linguagem.
 São comuns sintomas como recusa alimentar, atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor e linguagem, problemas de sono e somatizações, ansiedade,
medos e fobias, irritabilidade, intolerância à frustração, agitação psicomotora e
isolamento.
 Nessa faixa etária as taxas de tentativas de suicídio e sintomas psicóticos são
menores.
ESPECIFICIDADES NA INFÂNCIA E
ADOLESCÊNCIA
 ESCOLARES:
 A criança já consegue falar sobre seus sentimentos de forma mais clara e direta.
 O ambiente escolar pode propiciar o início ou a piora dos sintomas, já que exige
da criança diversas tarefas, como convívio e interação social, execução de
tarefas e rotinas novas.
 Geralmente, os primeiros sintomas nessa faixa etária são observados pelos
professores, uma vez que se manifestam com piora no desempenho escolar e
dificuldade de interação com os pares.
 Além disso, percebe-se alterações de humor, anedonia (dificuldade em se
divertir), avolia (diminuição das brincadeiras, desenhos e interação social), bem
como baixa autoestima e alterações de sono.
ESPECIFICIDADES NA INFÂNCIA E
ADOLESCÊNCIA
 ADOLESCENTES:
 Os sintomas depressivos mais comuns são humor deprimido ou irritável, com
flutuações, descontrole de impulsos, lentificação psicomotora, isolamento
social, aumento do apetite e de necessidade de sono, queda no rendimento ou
abandono escolar, comportamentos como abuso de substâncias, exposição de
risco à atividade sexual, agressividade como familiares e fugas de casa. Nessa
fase há maiores taxas de comportamento suicida.
ETIOLOGIA
 A depressão na IA parece ser o resultado de interações multifatoriais complexas entre vulnerabilidades
biológicas e influências ambientais (fatores psicossociais – relacionamento familiar/social/escolar).
 Dentro dos fatores biológicos, estudos envolvendo a influência genética, apesar de terem sido replicados
ao redor do mundo, reiteram a ideia de que a carga genética não é suficiente para o desenvolvimento da
depressão.
 Já a epigenética (interação da genética com fatores ambientais) parece ter grande impacto na etiologia da
depressão: jovens com determinadas variações genéticas (polimorfismos no gene transportador da
serotonina 5-HTT) que sofrem eventos estressores de vida mostram mais sintomatologia depressiva,
inclusive relacionadas ao suicídio.
 As influências ambientais mais importantes incluem eventos estressantes de vida (como perdas,
negligência e maus-tratos) e disfunções no relacionamento familiar.
 Estilo cognitivo negativo, em relação a si, ao mundo e ao futuro está relacionado ao desenvolvimento da
depressão.
COMORBIDADES

 Os diagnósticos comórbidos mais comuns em jovens deprimidos são:


 Transtornos de ansiedade (especialmente ansiedade de separação em crianças menores)
 Transtorno de conduta
 Transtorno opositor desafiador
 TDAH
 Transtorno por uso de substâncias (com maior incidência na adolescência)
 Transtornos alimentares (com maior incidência na adolescência)

 Com exceção do TUSP, a depressão parece preceder o início de outros transtornos psiquiátricos.
AVALIAÇÃO

 Com crianças menores, podem ser utilizados desenhos, brincadeiras e histórias, onde percebe-se
temas predominantes de tristeza, abandono, solidão, autocrítica e culpa elevada, até morte e
suicídio.
 Busca de informações com o maior número possível de informantes. Integrar informações oriundas
de vários contextos (criança/adolescente, pais, escola).
 Utilização de entrevistas, inventários, questionários direcionados a pais, cuidadores e escolas.
AVALIAÇÃO DE RISCOS – AUTOMUTILAÇÃO
E SUICÍDIO
 49 a 64% dos adolescentes que cometem suicídio apresentam TDM (Transtorno de Depressão
Maior).
 Cerca de 10% dos adolescentes relatam ter comportamentos de automutilação, sendo que em alguns
casos pode haver associação a pensamentos de morte.
 A automutilação é mais comum em adolescentes do sexo feminino. Esses pacientes alegam buscar
alívio do sofrimento, da raiva, tristeza, solidão ou amenizarem o sentimento de vazio.
 A presença de sintomas de depressão, o abuso de substâncias psicoativas e o início da vida sexual
são fatores desencadeantes para comportamentos de mutilação.
 Principais fatores de risco associados ao comportamento suicida e automutilação: tentativa de
suicídio prévia, história de transtorno psiquiátrico (pessoal ou familiar), uso de substâncias
psicoativas, baixo nível socioeconômico e educacional, orientação sexual, eventos de vida
estressantes, perda parental, abuso físico ou sexual, impulsividade, desesperança e baixa autoestima.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

 A depressão na IA é uma doença complexa e debilitante, que frequentemente evolui para um curso
crônico e recorrente ao longo da vida. Portanto, o clínico deve estabelecer uma parceria de longo
prozo com o paciente e sua família para que haja maior reconhecimento e monitoramento da
sintomatologia depressiva, dos riscos e adesão ao tratamento. Assim, pode-se aumentar as chances
de prevenção de recaídas e recorrência.
Referência:

 TISSER, Luciana. Transtornos Psicopatológicos na Infância e na


Adolescência. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2018.

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