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SÍNDROME DE BORDERLINE
  De que forma o Borderline influencia a vida dos adolescentes?
Marcela Rocha Pellegrini Bremenkamp | 9º ano Ensino Fundamental II

Centro Internacional de Educação Integrada

Tutor: Carlos Alberto de Marques Souza 

1970 palavras

Rio de Janeiro - RJ

2022

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer ao meu tutor Carlos Marques, por me auxiliar


nesse trabalho da melhor forma possível, se mostrando sempre disponível para me
auxiliar. Agradeço a minha família, especialmente a minha mãe, por todo suporte e
incentivo durante o projeto. Deixo também minha gratidão ao 9º ano por todo o
companheirismo e a todos os professores pelo apoio. Agradeço também ao Sr.
Carlitos e a Dona Cláudia Stadelmann por essa oportunidade incrível.

 
 

SUMÁRIO

1.        Introdução

2.        Diferenciar o Borderline da Bipolaridade ………………………..

2.1      Neurobiologia do Borderline………………………………………..

3      Ajudar a família a identificar e lidar com o Borderline………….

4.        Ação………………………………………………………....................

5.        Conclusão

6.        Referências


 

1. Introdução

Existem descrições de transtornos de personalidade similares desde o século


XIX, porém as primeiras descrições do Transtorno de Personalidade Borderline são do
final da década de 1830, sendo introduzido no DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais) na década de 1980.
Portanto, consideramos que o Borderline evoluiu de um termo psicanalítico,
atribuído a um grupo de neuroses refratárias ao tratamento, para um quadro
psicopatológico validado, estudado e com abordagem de tratamentos específicos e
efetivos.
O presente estudo tem como objetivo mostrar e conscientizar os adolescentes
e seus responsáveis sobre como identificar, entender e lidar com pessoas que
apresentem sintomas de Borderline. 
A pergunta de investigação que guiou o projeto foi “De que forma o Borderline
influencia a vida dos adolescentes?” e está inserida no contexto global de Identidade e
Relações.
Inicialmente, o entendimento dos sintomas que acometem o Borderline e na
mesma medida, os que são manifestos no Bipolar é de grande importância para evitar
equívocos no diagnóstico, quando se conhece as diferenças de tais transtornos.
Ao longo do projeto serão apresentados os dados coletados através de pesquisa
qualitativa, com estudos conduzidos por instituições oficiais da área de neurobiologia
e neurociência que forneçam informações que possam esclarecer o funcionamento da
Neurobiologia do Borderline.
Complementando o projeto sobre Borderline, é necessário mostrar aos
familiares e amigos muita informação para não se ignorar ou naturalizar sintomas,
como também oferecer instrumentos para lidar com pessoas que, silenciosamente,
possam estar sendo acometidas por este transtorno.

2. Diferenciar o Borderline da Bipolaridade

O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) pode ser facilmente


confundido com o transtorno bipolar, devido às suas características similares.
Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID) o Transtorno Borderline está
listado em transtornos de personalidade, enquanto o Transtorno Bipolar entra na
categoria de transtornos afetivos do humor. 
Entretanto, quando estudados individualmente e com maior atenção, são
perceptíveis diferenças que podem ajudar na formação de um futuro diagnóstico com
maior assertividade e proporcionar o tratamento adequado aos pacientes
desinformados, que não entendem suas condições.
O Borderline é apresentado com sintomas diferenciados como a impulsividade,
constante medo de ser abandonado, raiva, terror, visão distorcida fragilmente
significativa de si mesmo e das outras pessoas, e para além disso é:  

[...] uma personalidade marcada por fragilidades nas vinculações


individuação afetivas, uso de defesas primitivas, dificuldades
acentuadas no processo de,  difusão de identidade defensiva(falta de
integração do conceito de self e de outros significativos) e nível de
operações das primitivas (centradas no mecanismo de clivagem e
identificação projetiva) (JORDÃO, RAMIRES, 2010)

Outro dado importante é a predominância no gênero feminino, sendo mais


frequente em adolescentes e adultos jovens, o que gera alteração na cognição,
sentimentos crônicos de vazio, intolerância às ansiedades e frustrações, associando-
se a condutas autodestrutivas na esfera depressiva. 
 Segundo (Souza-2005) o bipolar é um transtorno crônico e complexo
caracterizado por episódios de depressão, mania ou hipomania de forma isolada ou
mista com grande morbidade e mortalidade. 
Além disso, outros sintomas estão atrelados às pessoas que desenvolvem este
transtorno como: distrair-se facilmente, capacidade de discernimento diminuída,
pensamentos acelerados que muitas vezes se atropelam, redução da necessidade do
sono, um ou mais episódio de humor, dentre outros. 
Dentro dessa perspectiva, é importante levar em consideração o Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) o qual diz que: "Os
Transtornos da personalidade, como o transtorno da personalidade borderline, podem
ter sobreposição sintomática substancial com transtornos bipolares, uma vez que
labilidade do humor e impulsividade são comuns nas duas condições.” Sendo assim
fica claro que existe uma grande dificuldade em  diferenciar esses dois transtornos em
questão, pois, muitas das vezes existe uma similaridade entre suas características.

2.1 Neurobiologia do Borderline

O fator biológico em alguns casos pode ser determinante na conformação dos


transtornos de personalidade pois a família exerce grande influência nesse
diagnóstico.
A DBT considera o diagnóstico de TPB em indivíduos que apresentam
disfunção em quatro domínio centrais : 1) desregulação emocional; 2)
desregulação interpessoal; 3) desregulação comportamental; 4)
desregulação cognitiva. Como parte do tratamento para essas disfunções, a
DBT sugere além da terapia individual, um treino de habilidades para
abordar os déficits de capacidade associados a esses domínios. Por isso, os
módulos de habilidades comportamentais correspondentes são,
respectivamente: Regulação emocional, Efetividade interpessoal, Tolerância
ao mal-estar, e Consciência Plena ( RATHUS; LINEHAN; MILLER, 2007)

Como exemplo, alguns estudos relatam que esse diagnóstico é mais comum
em famílias onde é reportado casos de pais agressivos, ansiosos, depressivos ou com
doenças mentais. 
Em outros casos pode ser devido a fatores ambientais como a ocorrência de
eventos traumáticos ao longo do desenvolvimento do indivíduo, é importante pontuar
que a exposição a riscos ambientais não é suficiente para o surgimento do transtorno,
é realmente necessário que ocorra outras combinações.
Como já foi mencionado anteriormente não há uma causa específica para a
síndrome de borderline, as crises geralmente se manifestam após conflitos
emocionais difíceis ao longo da vida, que podem ser experiências como perda,
separação, abandono ou abuso físico/sexual. Tendo sido observado, por exemplo, em
até 25% dos pacientes que passaram por abuso sexual na infância, os quais tem
alterações na amigdala e no volume do hipocampo.
[...] abuso sexual e físico, história de prolongadas situações precoces e 
perdas parentais (como divórcio, doenças, viagens), exposição a atitudes
parentais dominadoras, frias afetivamente e sádicas, marcadas por
negligência emocional, superproteção e controle excessivo.”
(JORDÃO;RAMIRES, 2010, p. 424-425).
Indivíduos com a personalidade Borderline apresentam dificuldades na parte
cognitiva o que afeta a capacidade de processar e superar experiências traumáticas.
Portanto um ambiente seguro, controlado e com qualidade de vida auxilia no
tratamento e dificulta o surgimento de transtornos de personalidade.
Dentre suas principais características estão os episódios de humor, geralmente
de curta duração, esses episódios são caracterizados por instabilidade emocional e
falta de controle de impulsos, o que pode levar à automutilação. Esse quadro está
ligado a desregulação de diversos sistemas neurotransmissores dos circuitos
neuronais. A desregularização desses sistemas explica o uso de medicamentos
farmacológicos no tratamento de sintomas do Borderline.
Os medicamentos nunca vão substituir a psicoterapia, mas podem colaborar
durante esse processo terapêutico, sendo deveras importante quando em colaboração
a terapia.

3. Ajudar a família a identificar e lidar com o Borderline 

Cada família traz a sua história e é marcada por ela, é possível dizer que
costumes e tradições que hoje fazem parte de uma família certamente atravessaram
gerações. Quando uma criança começa a ter a noção de pertencimento a família, ela
tem a tendência de começar a se portar de acordo com os padrões dos seus
ascendentes. Sendo assim fica claro que uma criança no processo de construção de
sua identidade sofre uma influência direta dos seus cuidadores.
Mas quando pertencemos a um grupo social sofremos influências, mas também
influenciamos parte desse grupo. Dentro dessa visão pacientes Borderline também
influenciam as pessoas ao seu redor, portanto os familiares desses pacientes sofrem
diversos impactos psicológicos como o desenvolvimento de transtornos de
impulsividade, de personalidade anti social e o abuso de substâncias, devido a
convivência com os mesmos, esses parentes têm que viver com as constantes
cobranças por atenção e os sentimentos de medo, culpa e obrigação, sempre
preocupados com o comportamento auto mutilante e o risco de suicídio. De acordo
com o teórico Barlow:
A maior preocupação é a grande incidência  de  comportamentos
suicidas, de aproximadamente 75% em pacientes que cumprem os
critérios, tendo uma média de 3,4 tentativas por indivíduos. Não só as
ameaças de suicídio são constantes, mas naqueles em que não têm
comportamento suicida, existe o comportamento da autolesão não
suicida. (BARLOW, 2016)
Com base nos dados postos acima é importante pontuar que a personalidade
Borderline não tem cura, por isso os familiares têm que estar atentos aos sinais e
manter um tratamento constante. Conviver com pessoas com esse tipo de transtorno
exige paciência e saber que sozinho não é possível tratar a pessoa com essa
personalidade, é preciso contar com auxílio de uma equipe multidisciplinar que
envolva principalmente um psiquiatra e um psicólogo.
Outro ponto de atenção para a família é quando o adolescente se isola e rompe
seus relacionamentos, a reboque dessas atitudes vem o sentimento de abandono, por
isso é fundamental a manutenção da rotina familiar, mantendo contatos com amigos e
familiares, buscando assim diminuir esse sentimento de rejeição.

4.  Ação

Para auxiliar na pesquisa e busca da resposta para a pergunta de investigação


proposta, uma ação foi planejada com intuito de dar visibilidade ao Transtorno de
Personalidade Borderline (TPB). Foi realizada uma palestra sobre o tema pela
psicoterapeuta Soraia Gonçalves, no dia 8/11, terça-feira, a plateia foi composta por
alunos do oitavo e nono ano.

5. Conclusão 
Com a extensa pesquisa executada com o objetivo de responder a pergunta de
investigação que norteou o trabalho “De que forma o Borderline influencia a vida dos
adolescentes?”, podemos concluir que os adolescentes são diretamente afetados por
esse transtorno, assim como as pessoas ao seu redor.
Portanto é preciso que as pessoas conheçam essa doença para que consigam
identificar possíveis sintomas e saber como prestar serviço de forma correta a quem
sofre com esse transtorno e não normalizar certos comportamentos.
É importante que as pessoas acometidas pelo TPB tenham o acompanhamento
de um psicólogo junto de medicamentos, e quando necessário um psiquiatra, pois é
uma doença que não possui cura, mas pode ser controlada e com o tratamento certo
o paciente pode ter uma vida mais perto do normal possível.

6. Bibliografia
CARNEIRO, Lígia Lorandi Ferreira. Borderline: no limite entre a loucura e a
razão. Ciências e Cognição, v.3, p. 66-68, 2004. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
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DSM-V-TRTM - Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. trad.


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FERREIRA, Berta et al. Doença Bipolar e Perturbação Borderline da Personalidade -


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https://estacio.periodicoscientificos.com.br/index.php/cienciaincenabahia/article/view/
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https://comportese.com/2018/01/27/neurobiologia-do-transtorno-de-personalidade-
borderline-uma-ponte-para-analise-comportamental/

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