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Aprenda a diferença entre transtorno bipolar e

transtorno borderline

Sanar Pós Graduação

9 min• 24 de set. de 2021

O transtorno de personalidade borderline é frequentemente confundido


com o transtorno bipolar. Por terem características parecidas, pode ser
difícil para algumas pessoas dizer a diferença entre transtorno bipolar e
transtorno borderline.

O que transtorno bipolar?

Transtorno bipolar é um transtorno caracterizado por dois ou mais


episódios nos quais o humor e o nível de atividade do sujeito estão
profundamente perturbados, sendo que este distúrbio consiste em
algumas ocasiões de uma elevação do humor e aumento da energia e
da atividade (hipomania ou mania) e em outras, de um rebaixamento do
humor e de redução da energia e da atividade (depressão).

O sintoma de transtorno bipolar depende do tipo exato da doença e


costumam variar de pessoa para pessoa. Para alguns, os picos de
depressão são os que causam os maiores problemas. Para outros, a
preocupação é maior durante os picos de mania. Pode acontecer,
também, de sintomas de depressão e hipomania acontecerem ao
mesmo tempo. Confira os principais sinais do transtorno bipolar:

Fase maníaca

 Distrair-se facilmente
 Redução da necessidade de sono
 Capacidade de discernimento diminuída
 Pouco controle do temperamento
 Compulsão alimentar, beber demais e/ou uso excessivo de drogas
 Manter relações sexuais com muitos parceiros
 Gastos excessivos
 Hiperatividade
 Aumento de energia
 Pensamentos acelerados que se atropelam
 Fala em excesso
 Autoestima muito alta (ilusão sobre si mesmo ou habilidades)
 Grande envolvimento em atividades
 Grande agitação ou irritação.

O que transtorno borderline?

O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) tem início,


predominantemente, na adolescência e na vida adulta; no entanto,
segundo literatura mais recente, há manifestações desde a infância. Há
prevalência média de 1,6% a 5,9% na população, com predomínio de
diagnósticos no sexo feminino (o que muito se deve à menor procura
médica do sexo masculino).

Os sintomas são difusos e em várias esferas, dentre eles:

 Distúrbios afetivos marcados pelo constante vazio, medo da


solidão, raiva e terror;
 Humor instável com abruptas e extremas mudanças ao longo do
dia;
 Alterações na cognição, ideias superestimadas, dissociação
(pela perda da percepção da realidade e despersonalização),
comumente associadas a episódios psicóticos (ilusão e
alucinação);
 Impulsividade caracterizada por comportamentos autodestrutivos,
automutilação, abuso de sexo ou drogas, direção imprudente,
explosões verbais;
 Relacionamentos intensos e instáveis marcados pelo extremo
medo do abandono e alternância entre idealização e
desvalorização.
 Quais as semelhanças?

Em comum, eles apresentam manifestações como as mudanças no


humor, carência afetiva excessiva, descontrole emocional, ansiedade,
impulsividade, dificuldades de relacionamento, automutilação, choro,
alterações do sono, comportamentos de risco, culpa, agressividade,
irritabilidade, inquietação, compulsão, falta de moderação, tristeza e
perda de interesse em atividades que antes davam prazer.

Quais as diferenças?

Para começar, o Transtorno Borderline, segundo a Classificação


Internacional de Doenças (CID), está listado em transtornos de
personalidade. Enquanto o Transtorno Bipolar, no CID, entra na
categoria de transtornos afetivos do humor.  

No transtorno bipolar, o humor varia em dias, semanas ou meses,


normalmente seguindo o ciclo circadiano do humor, ou seja, o
indivíduo pode acordar sem energia e triste, mas ir melhorando ao longo
do dia. A bipolaridade se divide entre dois pólos bem definidos, o  polo
depressivo e o polo da mania. Esses polos acontecem dentro de um
período de semanas ou meses. No transtorno de personalidade
borderline, as variações são entre momentos de extrema euforia e de
profunda melancolia e ocorrem repentinamente, em um tempo menor,
de modo irregular, sem avisos

Outra diferença é que a instabilidade emocional do transtorno de


personalidade é mais recorrente, pois, até mesmo a pessoa com
episódio misto do transtorno bipolar, que mescla rapidamente episódios
de depressão profunda e euforia extrema, e o comportamento de risco
pode ocorrer a qualquer momento. Já no Bipolar, é menos inconstante e
o comportamento de risco corre no polo maníaco da doença.
Quanto aos gatilhos, no Borderline, fatores externos são o principal
gatilho, embora combinados com questões psicológicas. Já no
transtorno Bipolar, uma das causas mais impactantes é o desequilíbrio
dos neurotransmissores, também combinados com fatores externos e
psicológicos.

Perguntas Frequentes

1 – Quais as semelhanças?

Em comum as principais manifestações são: mudanças no humor,


carência afetiva excessiva, entre outros.

2 – Qual principal diferença?

O Transtorno Borderline está listado em transtornos de personalidade


enquanto o Transtorno Bipolar entra na categoria de transtornos afetivos
do humor.

3 – O que é transtorno bipolar?

Consiste em algumas ocasiões de uma elevação do humor e aumento


da energia e da atividade (hipomania ou mania) e em outras, de um
rebaixamento do humor e de redução da energia e da atividade
(depressão).

O que é Transtorno de personalidade borderline?

O Transtorno de Personalidade Borderline (CID10 - F60.3)(TPB)


é transtorno de saúde mental que pode causar um padrão de instabilidade
comportamental nas relações interpessoais, na autoimagem e afetos.
É considerado um transtorno de personalidade  fronteiriço ou limítrofe entre
uma modalidade “não normal” da personalidade de se relacionar com o mundo
e um estado que pode ser considerado patológico.
A pessoa com síndrome de Borderline apresenta sintomas como
impulsividade, visão distorcida de si e dos outros, medo de abandono ou de
ficar sozinho e reações agressivas e intensas.
A prevalência média do Transtorno de Personalidade Borderline na população
é estimada em 1,6%, embora possa chegar a 5,9% e costuma ser mais comum
em pessoas do sexo feminino.
Origem do Transtorno de Borderline

O termo "Transtorno de Personalidade Borderline" (TPB) foi usado pela


primeira vez em 1884 e, desde então, passou por diversos conceitos ao longo
dos anos.

Originalmente, o termo "Borderline" se referia a um grupo de pacientes que


vivia no limite da sanidade (daí o termo “limítrofe”), ou seja, na fronteira
(borda, borderline) entre a neurose e a psicose. Alguns autores da época
usavam esse diagnóstico quando havia sintomas neuróticos graves.
Foi apenas na década de 1980 que o diagnóstico da doença se tornou mais
preciso. Até então, muitos médicos acreditavam, equivocadamente, que a
personalidade de uma pessoa era imutável.

Causas

As causas e fatores envolvidos no surgimento de Transtornos de Personalidade


são diversos. Predisposição genética e até experiências emocionais precoces e
fatores ambientais, especialmente na infância, com destaque para as situações
traumáticas e situações de abuso e negligência podem favorecer o borderline.

Fatores genéticos: A genética tem um papel importante no desenvolvimento


do Borderline. Afinal, o transtorno é cinco vezes mais frequente em quem
tem ou teve pais com borderline do que na população em geral.

Instabilidade familiar

O impacto do ambiente familiar no desenvolvimento da criança pode ser um


fator importante.

Muitos desses pacientes passaram por negligência, abusos físicos e


sexuais dentro da família, ou veem o casamento dos pais como algo
conflituoso.
Porém, vale ressaltar que também há pacientes com históricos familiares
absolutamente comuns, sem nada de anormal.

Também há aumento do risco de Borderline quando existe na família o pai e ou


mãe com transtorno por uso de substâncias, transtorno de personalidade
antissocial, depressão ou transtorno bipolar.
Abuso de autoridade pelos pais

O Transtorno de Personalidade Borderline pode ser ainda a consequência de


uma educaçãomuitoautoritária. Com o tempo, as tentativas de autoafirmação
da criança sucumbem aos desejos dos pais e ela se habitua a se submeter,
desenvolvendo dúvidas sobre a própria capacidade e vergonha pelos seus
fracassos.
Aos poucos, a criança para de tentar expressar as suas vontades, podendo levar
a falhas na clarificação psíquica de si e do outro. Sinais: O transtorno de
borderline pode ter início na adolescência ou na idade adulta. Entre as
características do Borderline, destacam-se:

 Instabilidade das relações interpessoais


 Instabilidade da autoimagem
 Instabilidade dos afetos
 Impulsividade
A partir das características do transtorno, uma pessoa com borderline pode
desenvolver sintomas ao longo da vidas como:

 Instabilidade emocional
 Desregulação afetiva excessiva
 Sentimentos intensos e polarizados do tipo “tudo ótimo e tudo péssimo” ou “eu
te adoro e eu te odeio”
 Angústia de abandono
 Percepção de ser invasivo
 Impulsividade
 Autolesão
 Tédio
 Sentimento de vazio
 Pensamentos suicidas
 Estresse
 Raiva
 Impaciência
 Mudanças de humor frequentes
 Reatividade do humor (disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa
com duração geralmente de poucas horas e apenas raramente de mais de alguns
dias)
 Padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela
alternância entre extremos de idealização e desvalorização
 Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem
ou da percepção de si mesmo
 Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos
intensos.
Diagnóstico

Como identificar uma pessoa borderline?

O diagnóstico do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é clínico,


baseado em uma minuciosa avaliação psiquiátrica feita por profissional de
saúde mental qualificado.
Muitos profissionais envolvem o paciente no seu próprio diagnóstico, na
medida em que vão mostrando a ele os critérios diagnósticos e perguntando
quais deles os definem plenamente. Este método ajuda o paciente a aceitar
melhor o diagnóstico.
Entretanto, há profissionais que preferem não dizer ao paciente o diagnóstico
por conta do estigma e também porque, antigamente, o diagnóstico de
Transtorno de Personalidade Borderline era tido como intratável.

De modo geral, falar com o paciente sobre o diagnóstico é a conduta preferível


para a maioria dos especialistas. Questões que precisam ser perguntadas são
sobre ideações suicidas, atos autolesivos e pensamentos sobre machucar os
outros. O diagnóstico é clínico, baseado no relato do paciente e nas
observações do médico.

Cuidado ao diagnosticar

É importante lembrar que, hoje, o diagnóstico é feito pela presença de uma


coleção de traços e não por um critério isolado. Mas nem sempre a resposta é
certeira: é comum a confusão do Transtorno de Personalidade Borderline
com o transtorno bipolar, por exemplo.
Exames recomendados

Exame físico e testes de laboratório são recomendados para eliminar sintomas


possíveis, como problemas de tireoide e abuso de substâncias. Exames de
imagem são usados para afastar outras causas, especialmente neurológicas.
Diagnóstico precoce

Normalmente, o Transtorno de Personalidade Borderline demora a ser


diagnosticado. Pode levar três, cinco, dez ou ainda mais anos até que seja
descoberto. Por isso, é muito importante que o diagnóstico seja feito o mais
precocemente possível e que o tratamento seja logo iniciado.
Buscando ajuda médica

Sempre que o paciente com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB)


apresentar sintomas muito angustiantes e/ou reações que possam afetar ou
machucar a si mesmo ou a outras pessoas, ele deve procurar um médico.

O mesmo ocorre quando há intenção suicida ou mesmo tentativa. Nesses casos,


é muito importante que a família e, principalmente, os terapeutas tenham
conhecimento desses pensamentos, pois eles podem ajudar.

Tratamento

Psicoterapia

O tratamento inicial do transtorno de Borderline é feito com a psicoterapia.


Ela ajudará o paciente a controlar melhor seus impulsos e entender seu
comportamento.

A psicoterapia é uma grande aliada para quem busca a melhora de aspectos


emocionais. Além de oferecer auxílio em momentos de aflição, o
acompanhamento de um psicólogo permite um maior entendimento frente às
questões da vida.

Ter o acompanhamento de um psicólogo no dia a dia pode trazer


transformações significativas em sua existência, independente do motivo que o
motivou a iniciar a psicoterapia.
Outro ponto trazido pelo tratamento com a psicoterapia é o foco,
principalmente, nas questões do suicídio e da automutilação, além do
aprendizado de novas habilidades, como consciência, eficácia interpessoal,
cooperação adaptativa nas decepções e crises e na correta identificação e
regulação de reações emocionais.

Terapia familiar

O tratamento de Borderline pode feito também com a ajuda da terapia familiar,


pois, em geral, a família tende a abandonar o paciente ou a se tornar
superprotetora. Os pais se dizem impotentes e relatam sofrer tanto quanto o
paciente.

Medicamentos

Os remédios usados para tratar os pacientes com Borderline geralmente focam


em sintomas isolados. Entre os medicamentos mais utilizados, estão:

 Antidepressivos: para comorbidades como a depressão


 Estabilizadores de humor: para problemas interpessoais e de raiva
 Antipsicóticos: para impulsividade.

Objetivos do tratamento

No início, o tratamento pode aliviar alguns sintomas, principalmente aqueles


que mais perturbam os pacientes. Porém, ao pensar no desenvolvimento da
personalidade, o tratamento deverá ser de médio a longo prazo.

O objetivo é ir além dos sintomas, buscando o desenvolvimento duradouro das


capacidades psíquicas do paciente.

Os tratamentos, especialmente a psicoterapia, também podem ser breves, com


duração de 20 sessões ou de longo prazo, de dois a três anos. Pesquisas atuais
têm apontado que tratamentos de longo prazo produzem resultados mais
duradouros no decorrer da vida.

Tem cura?

O Transtorno de Personalidade Borderline não tem cura. Entretanto, é possível


conviver com o transtorno de uma forma muito mais amena do que se pensava
no passado.

Os conhecimentos mais recentes mostram que, mesmo com toda a conturbação


e sofrimento que o portador de Borderline e de seus familiares, o curso do
transtorno não é tão negativo como se pensava antes.

Prevenção

Intervenções sociais, como prevenção do abuso infantil, da violência doméstica


e do abuso de substâncias nas famílias, podem ajudar a diminuir a ocorrência
não só de Transtorno de Personalidade Borderline como também de um
número significativo de diferentes problemas de saúde mental.

Em contraste, a prevenção específica do Borderline tende a se concentrar em


reconhecer os traços da doença o mais cedo possível, seguido de tratamento
intensivo.

O transtorno pode levar os pacientes a maiores dificuldades em relações


amorosas, de trabalho ou amizade. Por isso, é importante que a pessoa e a
família aprendam a lidar com o transtorno, evitando assim mais sofrimento e a
chance de novas crises no paciente.

Igualmente, incentivar esses pacientes a buscar profissionais experientes e que


possam entendê-los é da maior importância.

Convivendo (Prognóstico)

Como controlar o borderline?

Várias mudanças no comportamento e estilo de vida precisam ser


implementadas para a minimização das complicações decorrentes do
Transtorno de Personalidade Borderline (TPB). Ter o conhecimento e a
aceitação do diagnóstico é fundamental para que o paciente possa buscar ajuda
médica e psicológica adequadas ao seu problema. Além disso, é importante
fazer contato com o psiquiatra sempre que sentir um excesso de angústia que
possa transbordar a sua capacidade de continência psíquica, senão o paciente
irá buscar alívio através de atos lesivos ao próprio corpo. É preciso também
tratar todas as comorbidade que surgirem e suspender o uso de álcool e
qualquer outra substância ilícita psicoativa sem ordem médica.

EU TENHO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE


Os sintomas do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) melhoram com
o passar do tempo. Por volta dos 30 e 35 anos, os pacientes costumam
apresentar uma melhora significativa.
Estatísticas sugerem que, com o devido tratamento, portadores do transtorno
tendem a sofrer recessão dos sintomas em algum momento da fase adulta.
Dos que procuram ajuda profissional, 75% têm remissão da maior parte dos
sintomas entre os 35 e 40 anos de idade; 15% entre os 40 e 50 anos de idade; e
os 10% restantes podem não apresentar resultados satisfatórios ou cometem
suicídio..
Os sintomas da síndrome tendem a sumir depois dos 40 anos. Mas, quando
tratado adequadamente, o paciente poderá se organizar e melhorar a qualidade
de vida e as suas relações.

Complicações possíveis

O que é ser uma pessoa borderline?

A pessoa com Borderline tende a estar em constante estado de agitação,


entenda melhor as características da pessoa borderline . As complicações
costumam ocorrer quando há separação, abandono percebido ou desaprovação
de outra pessoa.
Os indivíduos com este transtorno exibem impulsividade em áreas
potencialmente prejudiciais para si próprios, tais como nos esportes, nos jogos
de azar, no consumo de tabaco, álcool e drogas, gastos irresponsáveis, comer
em excesso, abusar de medicamentos, praticar sexo inseguro e dirigir de forma
impudente. Portanto, as complicações decorrentes do Transtorno de
Personalidade Borderline são:

 Distúrbios alimentares
 Obesidade mórbida
 Síndrome metabólica
 Promiscuidade
 Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs)
 Gravidez indesejada
 Problemas com a lei
 Dilapidação do patrimônio
 Graves acidentes
 Comportamento automutilante
Há ainda a possibilidade de comorbidade com outros transtornos psiquiátricos
associados ao Transtorno de Personalidade Borderline. Entre outras
complicações mais graves, estão gestos suicidas e o ato de suicídio em si.

Hoje, sabemos que o risco maior de completar o suicídio a quem sofre da


condição é nos 5 a 7 anos do início da manifestação. Depois disto, o risco
diminui. Sendo assim, somente 10% das pessoas com Borderline chegam a
consumar o suicídio.

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