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Transtorno de

Personalidade Borderline

Transtorno de Personalidade Borderline


MD. Gautama C Pires
Introdução

Pauta C ritérios
Diag nósticos
O que
Funcionamento
discutiremos hoje
Tratamento
Precisamos
responder!
01 02 03 04

Como o TPB se Quais são os Quais são os O tratamento


organizou ao critérios do principais
longo da história? DSM 5 mecanismos de farmacológic
defesa e como o
podemos
entender esses
pacientes.
Transtorno de Personalidade
Introdução
Borderline

O T.P.B já foi considerado como


uma condição crônica e refratária
e em sua origem foi relacionada
com a esquizofrenia.

Nas últimas décadas houve um


grande avanço na compreensão
e no tratamento deste
transtorno.
A Verdade saindo
do poço
Jean-Léon
Gérôme
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Possui uma etiologia complexa, que envolve aspectos neurobiológicos que


incluem contribuições genéticas e aspectos intrapsíquicos.

O entendimento dessa complexidade é o que possibilita uma compreensão ampla


e profunda desta condição.

Apesar das dificuldades, os estudos e a prática clínica sugerem um bom prognóstico


na maioria dos casos quando adequadamente tratados.
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Por volta de 1930, tendo ganhado impulso na década seguinte, se iniciaram as


primeiras descrições do que viria a se tornar o T.P.B.

Os psicanalistas da época eram focados no tratamento de pacientes neuróticos.

Aos poucos foram percebendo que haviam pacientes que não tinham uma
desestruturação tão grande a ponto de serem diagnosticados com esquizofrênia,
porém também eram perturbados demais para serem submetidos as técnicas
freudianas
clássicas.
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Borderline

Em 1938 Stern cunhou o termo Borderline em seu


artigo “Terapia e investigação psicanalítica do
grupo
das neuroses borderline”.

O texto descrevia pacientes que despertavam fortes


reações contratransferenciais em seus terapeutas e
que tendiam a uma intensa regrassão na falta de
uma estrutura ambiental e relacional.

O comportamento disfuncional era em parte


da tentativa de evitar a desintegração do Adolph Stern
ego.
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Borderline

Esses pacientes logo chamaram a atenção da psiquiatria por terem uma


estrutura psíquica diferente do neurótico clássico descrito pelo Freud.

Hoch e Polatin acabaram por se referir a tais pacientes como esquizofrênicos


pseudo neuróticos, tal termo vinha da compreensão que os pacientes
aparentavam serem neuróticos, mas no fundo sua estrutura seria psicótica.

Esses pacientes se caracterizaram por terem um padrão neurótico e ansioso


difuso, junto com uma sexualidade confusa e não dirigda.
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Robert Knight prosseguiu os estudos


aprofundando a caracterização desse
grupo maldefinido e difuso.

Estudou os diversos prejuízos no EGO,


que incluiam a incapacidade das
pacientes se estruturarem com defesas
eficazes para
aliviarem os impulsos primitivos.

Robert Knight em 1949


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Grinker caracterizou esses pacientes com 4


aspectos
essenciais:

1) A raiva como o principal ou o único


afeto

2) déficits nas relações


interpessoais

3) ausência de identidade consistente do


self

4) depressão
difusa. Roy R.
Grinker
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Introdução
Borderline

Otto Kernberg é provavelmente o


nome mais influente na estruturação
do T.P.B

Possui profunda influência


psicanalítica, e uniu a Psicologia do
Ego com a Teoria das Relações
Objetivas.

Otto Kernberg
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Introdução
Borderline

Otto Kernbeg cunhou o termo organização borderline da personalidade em que


reunia:

1 -Pacientes com padrões característicos de fragilidade do ego

2 - Operações defensivas primivas

3 - Relações objetais
problemáticas.
Critérios para o transtorno
Transtorno de Personalidade da personalidade borderline
Borderline do DSM- 5

Um padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos


afetos e de impulsividade acentuada que surge no início da vida adulta e está
presente
em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:

1. Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado.

2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado


pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização.
Critérios para o transtorno
Transtorno de Personalidade da personalidade borderline
Borderline do DSM- 5

3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem


ou da percepção de si mesmo.

4.Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (p.


ex., gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão
alimentar).

5. Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de


comportamento automutilante.
Critérios para o transtorno
Transtorno de Personalidade da personalidade borderline
Borderline do DSM- 5

6. Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de


humor.

7. Sentimentos crônicos de vazio.

8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-


la.

9. Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos


intensos.
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Epidemiologia
Borderline

Estudos epidemiológicos nos Estados Unidos e na Noruega sugerem que a


prevalência do TPB se encontra entre 0,7 e 1,8% da população em geral.

Em populações clínicas, contudo, a prevalência fica entre 15 e 25%.

As mulheres são muito mais frequentemente diagnosticadas com TPB, cerca de 70%
da maioria das amostras são compostas por mulheres
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Epidemiologia
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As mulheres tendem mais a terem como comorbidade os transtornos alimentares.

Os homens tendem a apresentar dependência química e transtornos de


personalidade antissocial.

Talvez as comorbidades mais comuns nos homens tendam a confundir o diagnóstico


e polarizar nas mulheres.
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Funcionamento
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As principais teorias psicodinâmicas


envolvem a separação e o
abandono.

Os estudos modernos
confirmaram situações de
negligência e perda precoce na
infância.

O abuso sexual infantil parece um


fator etiológico importante em
O ódio” (1896), Pietro
cerca de 60% dos pacientes Pajetta”
borderline.
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Funcionamento
Borderline

Cerca de 25% dos pacientes borderline apresentam uma história de incesto genitor-
filho.

Apesar de muito citado, o abuso sexual não é causa necessária e nem suficiente para
o desenvolvimento do T.P.B.

Os outros fatores de risco serão: Negligência (mesmo que apenas por 1


genitor), ambientes domésticos caóticos ou inconsistente.
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Funcionamento
Borderline

A Falha em resolver o trauma na infância leva a um retraimento defensivo do


mundo mental da vítima.

Existe uma falha na capacidade mentalizar a relação com as outras pessoas, o


que interdita a resolução de experiências abusivas.

Exemplo: A mãe diz que vai bater na criança e a criança para de refletir sobre a razão
da raiva da mãe, com medo de que se pensar vai apanhar.
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Funcionamento
Borderline

No desenvolvimento normal, a mentalização é uma aquisição psicológica.

A auto-organização é amplamente baseada na capacidade de conceber a si próprio e


os outros como "agentes mentais".

Ao longo do curso do desenvolvimento a criança fica sob grande pressão para de


algum modo desenvolver uma representação de seus estados internos.
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Funcionamento
Borderline

Os pacientes borderline estão totalmente absorvidos no estabelecimento de


relações individuais exclusivas, sem qualquer risco de abandono.

Eles podem exigir dessas relações como se tivessem o direito de fazê-lo, o


que sobrecarrega e aliena os demais.

quando eles se aproximam de outra pessoa, é ativado um conjunto de ansiedades


duplas
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Funcionamento
Borderline

Por um lado, eles começam a se preocupar em serem engolfados pela outra pessoa
e perder a própria identidade nessa fantasia primitiva de fusão.

Por outro, eles experienciam uma ansiedade que beira ao pânico e que está
relacionada à convicção de que estão prestes a ser rejeitados ou abandonados a
qualquer momento.

Para se prevenir de ficarem sozinhos, os pacientes borderline podem recorrer a cortar


os pulsos ou a outros gestos suicidas, esperando ser resgatados pela pessoa a quem
eles estão apegados.
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Funcionamento
Borderline

Essas representação fundamenta a realidade.

As crianças acabam por verem a si próprias através dos olhos da mãe e dos cuidadores.

Quando os pais ou os cuidadores falham, eles acabam por internalizar


"sentimentos" distorcidos para a criança.

Um cuidador que com frequência tem medo a demonstra com frequência para a
criança, com o tempo a criança vai internalizar esses aspectos que vai se tornar parte
da estrutura do self da criança.
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Funcionamento
Borderline

Essas representações hostis e estranhas acabam residindo dentro do self da criança.

Ela então passa a expressar essa estranheza sentindo como se outra mente estivesse
sob controle desse funcionamento, que acabará sendo projetada.

Esse mecanismo será percebido ao longo dos atendimentos através


da contratransferência e da identificação projetiva.
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Funcionamento
Borderline

O funcionamento vulnerável e hiper-reativo deriva das experiências precoces de


trauma e negligência, que acabam por criar um sofrimento interno intenso no
indivíduo que vai perturbar as expressões dos pacientes.

Essas emoções acabam por causar uma desregulação afetiva e cognitiva.

O paciente vai ter grande dificuldade de integrar as visões positivas e negativas de


si próprio e dos outros, que vai criar uma defesa disfuncional (cissão).
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Funcionamento
Borderline

A difusão da identidade é
acompanhada por uma dissociação de
objetos em figuras "cindidas" em
totalmente más
ou boas.

Tudo isso vai acabar sendo projetado


causando idealização.

A tríade no entedimento do
transtorno de personalidade
borderline será: Cissão, Projeção e
Identificação projetiva. The Good and Evil Angels
Struggling for Possession of a
Child William Blake
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Funcionamento
Borderline

Esse objeto mau causa grande ansiedade e terá de ser projetado para aliviar a
angústia.

Isso explica a projeção que os pacientes com T.P.B acabam por realizar desses
objetos nas pessoas a sua volta, inclusive nos médicos/terapeutas e pessoas a sua
volta.

O paciente borderline vai tentar impor uma pressão interpessoal intensa sobre a
outra pessoa para que esta adote características do objeto mau rejeitado.
OBS: Mas não é você quem é o objeto mau aqui, necessidade estar preparado para
atender esse paciente.
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Tratamento
Borderline

Ajudar o paciente a mentalizar, fazemos isso o ensinando a pensar e imaginar


os sentimentos dos outros e indo corrigindo as distorções inerentes ao
transtorno.

Integrar os aspectos positivos e negativos do self, ajudando a paciente a tolerar


a angustia de suas experiências traumáticas.

Fazer com que perceba que grande parte das atitudes hostis que vêem nos outros é
um reflexo do que está dentro dele.
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Tratamento
Borderline

Se o T.P.B é a Cissão, Projeção e a Identificação Projetiva.

>> Nosso tratamento será a Integração dos objetos, a mentalização dos outros e por
fim o amadurecimento dos mecanismos de defesa que vai o permitir parar de
utilizar a identificação projetiva.

A grande pergunta é:
Como possibilitar que isso ocorra?
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Tratamento
Borderline

Seja flexível, isso será um requisito para o bom funcionamento da relação.

Precisaremos de variar entre intervenções interpretativas e suportar a sua angústia,


não ir rápido demais, entender que esse paciente varia entre as consultas.

A flexibilidade citada acima não se refere a horários ou pagamentos, é fundamental


que os pacientes borderline estajam sob regras de funcionamento da relação, os
horários devem ser determinados, os atrasos não devem ser desincentivados e os
pagamentos
cobrados.
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Tratamento
Borderline

Em caso de tentativas de suicidio o terapeuta deve deixar claro que o paciente


deve procurar uma emergência clínica e que este pouco pode fazer algo por
telefone.

Se o paciente faz uso de substâncias deve ficar claro que o paciente deve
cumprir desintoxicação.

O uso das medicações também devem fazer parte da relação, o paciente deve
entender que se não utilizar conforme prescrito ele está violando e atrapalhando o
tratamento.
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Tratamento
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Não reagir a sua transformação em objeto mau. O paciente não é capaz de integrar
as experiências, ele é projetivo por natureza.

Você deve ser capaz de tolerar e conter os ataques de raiva, agressividade e ódio
que esses pacientes são capazes de experessar.

A sua sensação de acuamento nada mais é do que contratransferência! Monitore os


seus sentimentos.
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Tratamento
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Quando o paciente te acusar de ser um mau


médico.

- Não acho adequado você acusar alguém que está tentando te ajudar.

Não se esqueça que por trás do funcionamento agressivo existe muita dor
nestes
pacientes!
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Tratamento
Borderline

A grande dificuldade é a mentalização, os pacientes tendem a ver tudo de uma


forma "fixa" que reflete os seus objetos internos.

O ajudar a pensar exaustivamente vai o fazer construir um mundo interno


mais conectado ao mundo externo.

Esteja sempre o ajudando a se integrar, o paciente vai aprender a tolerar mais


angústia e nós vamos tentando mostrar que coisas boas e ruins podem coexistir.
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Tratamento
Personalidade
Borderline

Ao contrário dos demais transtornos, a APA recomenda o tratamento farmacológico


ao TPB.

Porém devemos ter em mente que nenhum medicamento é capaz de remitir essa
gama de sintomas.

O FDA não considera nenhum fármaco efetivo para o


TPB.
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Borderline

Alguns pacientes apresentam benéficios e outros não.

A comorbidade mais comum com o TPB é o TDM, com estudos demonstrando até 80%
de acometimento ao longo da vida.

Logo, podemos deduzir que existem fatores de risco em comum, assim como existem
sintomas de humor proeminentes no TPB que não existem nos demais transtornos
de
personalidade.
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Tratamento
Personalidade
Borderline

O vínculo será fundamental para que existam condições para você identificar
os sintomas alvo assim como reconhecer o que são de fatos os efeitos
colaterais.

Explicar para o paciente que caso uma medicação seja ineficaz, será tentado
novamente com outra medicação.

Sempre deve ficar claro que o tratamento é predominantemente psicoterápico e


a medicação terá papel suportivo.
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Os ISRS serão indicados em caso de claros sinais de uma depressão comórbida,


assim como na impulsividade e raiva.

Na falha dos ISRS pode-se cogitar o uso da lamotrigina e do topiramato.

O Lítio, apesar de teoricamente eficiente torna-se muitas vezes problemático


nesse perfil de paciente devido ao risco de suicídio com o uso de medicações.
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Tratamento
Personalidade
Borderline

Os antipsicóticos atípicos podem ser úteis no controle dos impulsos e da raiva, porém
o risco de ganho de peso e síndrome metabólica limitam o seu uso.

A medida que o paciente se integra, devemos retirar os antipsicóticos e


possivelmente as demais medicações.

Devemos evitar o uso dos Benzodiazepínicos pois eles podem causar


desinibição comportamental nestes pacientes.
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Tratamento
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Os antipsicóticos atípicos podem ser úteis no controle dos impulsos e da raiva, porém
o risco de ganho de peso e síndrome metabólica limitam o seu uso.

A medida que o paciente se integra, devemos retirar os antipsicóticos e


possivelmente as demais medicações.

Devemos evitar o uso dos Benzodiazepínicos pois eles podem causar


desinibição comportamental nestes pacientes.

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