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Quando não há sucesso no tratamento e a criança for diagnosticada

como fora de possibilidades terapêuticas de cura, os cuidados paliativos


surgem como a condição básica para resgatar o respeito e a dignidade daquele
que tem doença avançada (Lima, 2017). A aplicação de métodos e
procedimentos auxiliam no preparo dos envolvidos no processo para cada
etapa do processo de aceitação e luto, sendo importante priorizar a visão da
criança em relação ao estado atual e seus próximos passos junto da equipe
multidisciplinar e familiares.
De acordo com pesquisa realizada por Monteiro (2014), a presença vivida
na relação face a face, que ocorre através de um voltar-se intencionalmente da
equipe de enfermagem para a criança e seu familiar na atitude de estarem
próximos e se mostrarem disponíveis para aquelas crianças para promover
uma intercomunicação direta e intersubjetiva. Sendo assim, o contato e a
presença da equipe de enfermagem no decorrer dos cuidados paliativos
prestados à criança e seus familiares promovem sentimentos de segurança em
conforto necessários para o momento vivenciado. Lima (2017), reforça que, ao
cuidar de uma criança em cuidados paliativos, os enfermeiros inserem os
familiares nesse cuidar, através de atitudes como uma conversa, um abraço,
doando amor, colocando-se rio lugar do outro tranquilizando-os,
compreendendo sem problema e sentimentos, possibilitando assim um consolo
para o sofrimento causado pela doença.
Logo, a literatura pesquisada evidencia que, as ações de cuidado não
devem somente se prender a cumprir atribuições técnicas de realização de
procedimentos das práticas paliativas, mas também devem representar um elo,
informando, orientando, dedicando um tempo para a família e para a criança;
deixando-as expressar seus sentimentos, medos, anseios e esperanças;
permitindo assim, que vivenciem e criem condições para o enfrentamento do
processo (Lima, 2017). Essa relação e atenção aos sentimentos e o processo
de enfretamento são evidenciados também em relatos coletados através da
entrevista realizada com acadêmicos de enfermagem sobre o que eles
compreendem sobre o cuidado paliativo e seu contato com a equipe
responsável durante estágios e práticas.
Quando eu penso em cuidado paliativo em oncologia
pediátrica, eu não penso só na criança, mas também na
família. Porque assim como é muito difícil para a criança, a
sustentação e o apoio dela é a família, que também vai encarar
isso de uma forma muito complicada. Então, a família é o foco
do nosso cuidado (A19).

Os cuidados paliativos vêm com o objetivo de aliviar a dor da


criança, dar suporte à família e ao próprio paciente a fim de
possibilitar uma morte mais tranquila, digamos assim.
Amenizando os sinais e sintomas, como a dor, por exemplo
(A20) (Guimarães, 2016).

O suporte a família durante a assistência paliativista é de grande


importância, pois a criança sente e percebe o semblante/reação dos seus entes
próximo no decorrer de todo o processo, desde o diagnostico até o momento
que é comunicado que o tratamento não será suficiente para a promoção da
cura entrando em estado terminal. Nessa assistência paliativista faz-se também
necessário o apoio espiritual, emocional e religioso, e mostra o quando essa
forma de cuidado dá um grande diferencial no processo de tratamento dessas
crianças e de seus familiares, essa forma de apoio traz mais aceitação (Lima,
2017).
O sucesso no controle da dor depende de uma avaliação rigorosa de sua
intensidade e da efetividade dos analgésicos utilizados, escalas para
mensuração da dor podem ser aplicadas de acordo com os protocolos
elaborados pela instituição, mas vale salientar que, durante a leitura dos artigos
elegidos é de comum acordo que a dor da criança durante o processo de
adoecimento e, em especial em cuidados paliativos, é subjetiva. Visto que,
além dos procedimentos realizados para sanar problemas decorrendo do
adoecer, como o uso de cateteres e sondas, a criança compartilha dos
sentimentos dos seus familiares e da necessidade de liberdade para brincar e
ser autônomo.
O tratamento farmacológico da dor inclui drogas analgésicas não
opiáceas, opiáceas e adjuvantes (antidepressivos, anticonvulsivantes,
corticoides). A OMS revisou a escala analgésica de dor para a população
pediátrica em 2012, dando preferência a pequenas doses de opióide fortes ao
invés da utilização de opioides fracos como codeína e tramadol, quando os
analgésicos não opioides forem insuficientes para o alívio da dor. Durante o
processo de coleta de informações foi relatado por profissional de enfermagem
que presta assistência direta a criança:
Controle sempre da dor, do oxigênio, da parte
gastrointestinal, porque conforme ela [a criança] vai
tomando muita medicação, lá [na instituição] entram logo
com opióide, ela [criança] vai ficar com uma constipação
mais acentuada. Você tem que ver a parte da alimentação
também, porque uma vez que ela já está com tudo
alterado, ela não vai sentir fome, então não vai querer se
alimentar. Aí, ou você passa uma sonda nessa criança ou
você vai dar aquilo que ela mais gosta de comer [...],
porque é um paciente oncológico, a criança sente muita
dor, então a gente tenta minimizar essa dor [...] (Rosa)
(Monteiro, 2014).

Dentro das terapias não farmacológicas o brincar facilita o enfrentamento


de situações de difícil controle, tais como: necessidade de internação
hospitalar, o afastamento da família, da escola e dos amigos, procedimentos
invasivos e dolorosos (Monteiro, 2014).
A utilização do brinquedo terapêutico deve ser implementada nos planos
de cuidados da criança, tendo em vista diminuir a ansiedade, promover o
relaxamento, explicar os procedimentos a ser realizado, familiarizar a criança
com os objetos hospitalares. A brinquedoteca é, portanto, um instrumento
recreativo importante, porém não é totalmente inclusiva. Os pacientes em
condições especiais como acamados e/ou em isolamento não conseguem
usufruir de seus benefícios, sendo papel da equipe de saúde trazer o lúdico ao
leito (Sanches, 2021).
Outras formas para amenizar a dor e efeitos colaterais causados pelas
medicações e o adoecer são a aplicação de compressas quentes e frias, e
também monitorização dos sinais vitais das crianças, tornando-se necessário o
conhecimento dos profissionais sobre os parâmetros de sinais vitais da criança
de acordo com sua faixa etária.
Monteiro (2014) valida através de sua pesquisa as informações
comparadas nos demais autores que abordam meios suplementares de alivio
da dor e promoção de conforto através de relatos coletados, onde os
acadêmicos destacaram medidas não farmacológicas com o objetivo de cessar
os sintomas apresentados nesta fase. A literatura aponta que diversas terapias
não-convencionais são usadas atualmente no tratamento de diversos agravos
à saúde, destacando-se aromoterapia, ludoterapia e o toque terapêutico.
A gente pode fazer uso de brinquedos e desenhos para
elas expressarem os sentimentos. Ela precisa ter algo
para desprender essa dor que ela está sentindo nesse
momento (A16).

O enfermeiro diante da terminalidade da criança com câncer, possui o


desafio de fortificar a relação profissional/paciente, deve saber ouvi-la e
dialogar sobre o momento vivido por ela, a sensação de medo por uma morte
próxima, separação dos familiares e objetos queridos e a improbabilidade da
realização de sonhos (Santos, 2019).

Sanches, G. C, Vargas, M.V. P., Diniz, J.C. A ação lúdica na internação


hospitalar infantil sob a perspectiva dos profissionais da saúde. BMS
[Internet]. 25º de setembro de 2021 [citado 5º de novembro de 2021];5(8).
Disponível em: https://bms.ifmsabrazil.org/index.php/bms/article/view/114.
Acessado em 05.11.2021.

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