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Tratamentos conservadores da polpa

O que pode levar à agressão ao complexo


dentino-pulpar:
Tipos de reação frente à uma agressão ao
• Lesões por cárie (mais comum) complexo dentino-pulpar.
• Preparocavitário (acidental), em caso de • Esclerose dentinária: Vedamento dos
lesão profunda, é importante a túbulos dentinários (podendo ficar uma
realização de exame radiográfico, para coloração escurecida). É um tipo de
se ter melhor noção da extensão da proteção pois quando é esclerose é
dentina até a polpa, evitando o máximo mais mineralizada, portanto mais
possível causar uma exposição pulpar resistente à lesão de cárie profunda,
não-intencional. formando uma camada de esclerose e
protegendo o tecido pulpar.
• Lesão cervical não cariosa
• Dentina terciária: Forma uma camada
• Traumatismo: o trauma pode gerar uma de dentina que protege a polpa. A
exposição pulpar e consequente melhor coisa para proteger a polpa é o
contaminação, não sendo possível próprio dente.
realizar um tratamento conservador. É
necessário avaliar. • Inflamação pulpar: ocorre em maior ou
menor grau dependendo do tipo de
• erosão, abrasão e abfração agressão que ocorre no tecido.
• Dentinogênese terciária forma dentina
Em uma lesão de cárie profunda é importante reacional ou reparativa.
avaliar as condições da polpa e necessidade de
• Dentina reacional: Formada quando
tratamento conservador. Essas técnicas são
ocorre uma lesão menor, quando não
indicadas para casos que apresentem sinais
ocorre morte dos odontoblastos na
clínicos e radiográficos de vitalidade pulpar e o
periferia da polpa. Induz o
sucesso depende do correto diagnóstico.
odontoblasto a produzir dentina
Objetivo: realizar a mínima intervenção e terciária e consequentemente proteger
preservar ao máximo a estrutura dental. Os a polpa.
tratamentos conservadores da polpa contam
• Dentina reparativa: Formada quando
com a resposta pulpar, seja formando dentina
ocorre uma lesão mais extensa, ou que
terciária ou vedando/selando adequadamente
leve a morte dos odontoblastos na
a cavidade de uma lesão de cárie
periferia da polpa, pode induzir células
Relembrando: a dentina é mineralizada e a tronco a se diferenciar em
polpa é tecido conjuntivo frouxo, a partir do odontoblastos (ou células
momento que há lesão em dentina já há odontoblastoides) e essas células é que
resposta pulpar. vão formar dentina. Ou seja, ascélulas
se diferenciam!!! (Essa é a principal
4 principais funções da polpa: diferença)
Formativa (formar dentina) • Dentina cariada: A camada externa
Nutritiva (nutrir o elemento dental) é a dentina infectada e a camada
Sensorial (responder com dor) interna é a dentinacontaminada ou
Defensiva afetada.
Camada externa: Mais contaminada,
A primeira função (formar dentina) é a que amolecida, fácil remoção. Consistência de
se espera com os tratamentos mousse. Precisa ser totalmente removida.
conservadores da polpa.
Camada interna: Nível de contaminação
menor, mais endurecida e mais resistente à
remoção manual. (Remoção seletiva).
Consistência de chocolate. Pode ser mantida
no fundo da cavidade. Remoção do tecido cariado
Macete: a reparaTiva tem um “T” que parece Tipos de remoção de tecido cariado:
uma cruz, ou seja, tá morto. A reacional não
• Remoção seletiva: Em cavidades
tem o T então ta vivo.
profundas ou muito profundas (terço
interno). Não é pra expor a polpa!!
Deixa uma camada de tecido cariado
Como tratar as lesões profundas de cárie: próximo à polpa.
Deve ser considerada: • Remoção completa: Remoção do terço
• A profundidade da lesão: Radiografia é externo ou médio de dentina. Pode
que vai nos dar isso, sendo possível remover todo otecido cariado sem medo
visualizar a extensão da lesão. A de expor a polpa.
interproximal dá uma ideia da extensão da Em casos de lesões profundas de cárie sempre
lesão, mas a periapical mostra as optar pela remoção seletiva do tecido cariado!
condições do periápice. Ou seja, realizar Na remoção seletiva é preciso deixar uma
primeiro uma interproximal e se a lesão espessa camada de dentina sobre a polpa,
for bem extensa realizar uma periapical sendo possível colocar um capeador pulpar e
para melhor observar a condição restaurar normal. NUNCA, JAMAIS, NEVER
periapical e avaliar o comprometimento fazer uma remoção completa em lesão
periapical. profunda!!
• A condição pulpar: Um dos pontos mais O tratamento expectorante é uma remoção
críticos a ser considerado nesse completa. Na primeira sessão se faz a remoção
tratamento porquese a polpa não estiver seletiva e na segunda (4 ou 5 dias depois) se
viva não se pode fazer nada, nesse caso faz a remoção completa. Acontecia muito
esse tratamento só pioraria a condição. nessa segunda intervenção a exposição
pulpar. Portanto hoje em dia é mais indicada,
apenas a remoção seletiva. “Na remoção
É preciso então fazer os seguintes testes: seletiva, é preciso utilizar tratamento
• Térmico (com endoice), se o paciente expectorante ou material forrador?” Não
sentir dor ainda tem salvação para este precisa! (antigamente achavam que sim, mas
dente, se nãosentir a polpa não está mais não é mais necessário. Estudos comprovam
viva. que nesses casos não há influência sobre a
polpa o uso de material forrador. Não tem
• O paciente não pode apresentar dor necessidade.
espontânea, pois se houver é um
indicativo de que deve ser realizado o Remoção completa em uma sessão ocorre em
tratamento endodôntico. terço externo de dentina. Remoção parcial ou
seletiva ocorre no terço interno de dentina.
• Sensibilidade negativa à percussão
vertical e horizontal. (importante
sempre testar em outros dentes Material a ser colocado: Existem dois tipos de
antes). materiais que podem ser usados:

• Não pode haver lesão periapical ou • Forrador: Cavidades puco profundas. Mais
abcesso, pois nesse caso é também usados: Hidróxido de cálcio e MTA.
indicado o tratamento endodôntico.
• Bases: Usa-se um material de base antes
Ou seja, o diagnóstico precisa ser no
da restauração. Mais usado: CIV e óxido
máximo uma inflamação pulpar
de zinco eeugenol.
reversível, porque se for irreversível
não há o que ser salvo.
Lesão profunda: Base

Lesão muito profunda: Forrador


O uso do material forrador, não é relevante Técnica/protocolo:
desde que tenha um selamento adequado pra
1. Anestesia e isolamento
evitar infiltração do microrganismo no
substrato. Isso quando se fala de remoção 2. Usar material totalmente estéril
seletiva, pois o próprio tecido cariado deixado (por exemplo, não utilizar a mesma
na cavidade induz a formação de dentina broca que foi usada no preparo),
terciária, protegendo o tecido pulpar, não pois qualquer contaminação pulpar
havendo necessidade capeamento pulpar. pode levar ao insucesso do
Porém apenas quando NÃO HOUVE tratamento
EXPOSIÇÃO PULPAR!!! Se houver exposição
pulpar (por trauma por exemplo) precisa usar 3. Limpar a cavidade (com soro
capeador pulpar, não tem como usar um fisiológico ou clorexidina a 2%)
sistema adesivo direto senão o dente vai 4. Às vezes é necessário ampliar a
necrosar! Em caso de exposição pulpar, usa-se exposição pra regularizar a margem
mais comumente o MTA.
5. Nova limpeza
Material ideal de proteção pulpar:
6. Material capeador (hidróxido de
cálcio ou MTA), colocar diretamente
Baixa solubilidade
sobre a polpa. Estar atento sempre
Biocompatível à coloração, realizar a hemostasia
Proteger contra choques (não adianta colocar nenhum
termoelétricos material sem controlar o
Bactericida
sangramento)
Evitar alguma coisa na polpa (não dá
pra entender no áudio, vou me 7. Restauração provisória (com CIV por
informar e aviso) exemplo). Geralmente se faz um
Aderir e liberar selamento temporáriopois caso doa
Estimular a formação de dentina ou dê algo errado é mais fácil de abrir
terciária (o mais importante) depois.
Prevenir descoloração
8. Espera umas 2 semanas, remove
Melhorar o vedamento
ou só rebaixa a restauração
Adequada resistência mecânica
provisória e restaura o dente com
resina composta. (Esse não é um
tratamento expectorante).
Exposição Pulpar Estudos mostram que MTA é o melhor
A exposição pulpar ocorre durante o preparo material de escolha para capeamento pulpar
ou por trauma e a polpa está sadia. direto com melhor taxa de sucesso a longo
prazo.
Caso ocorra exposição pulpar será realizado
um dos 3 seguintes tratamentos: OBS: Os tratamentos conservadores são
apenas uma tentativa de salvar a polpa do
• Capeamento pulpar direto dente. É necessário anteriormente explicar
• Curetagem pulpar ao paciente que é uma lesão profunda de
cárie, que ocorreu exposição pulpar e que
• Pulpotomia haverá uma tentativa de salvar a polpa para
que não seja preciso o tratamento
endodôntico, deixa-lo ciente de que pode
Capeamento Pulpar Direto não dar certo e que se sentir dor deve
avisar.
Sangramento: Se ocorrer sangramento ele
deve ser um vermelho vivo, observar também
a consistência, não podendo estar purulento,
pois este é um indicativo de polpa
comprometida(Endo).
Curetagem pulpar 5. Controlar a hemostasia (podendo usar
um corticosteroide por 10/15 min)
“O que fazer se houver contaminação
superficial da polpa coronária?” 6. Utilizar material de proteção direta.
Por exemplo, MTA
Nesse caso se faz a curetagem pulpar. Ela é
indicada após um trauma quando o 7. Restaurar provisoriamente e
remanescente pulpar entra em contato posteriormente com resina.
com o meio bucal por poucas horas (não
pode ser por muito tempo) e haverá a
remoção superficial da polpa coronária Pulpotomia
contaminada.
Na pulpotomia toda a polpa coronária é
Técnica/Protocolo removida
1. Anestesia e isolamento Técnica/Protocolo
2. Expor uma das porções da polpa 1. Anestesia e isolamento.
com uma broca estéril (brocas
Carbide 330 ou 328) e remover 2. Remover o tecido cariado (se
1,5 a 2mm da polpa exposta houver) e o teto da câmara
buscando extirpar toda a porção pulpar, nesse caso também é
contaminada que está inflamada importante usar uma cureta
irreversivelmente. bem afiada e estéril, cortar
0,5mm a baixo da entrada dos
3. Curetar com uma cureta diferente à canais.
usada anteriormente, afiada e usa-
la para tirar a polpa coronária que 3. Limpa a cavidade
foi exposta, é necessário fazer com 4. Controlar hemostasia (pode usar
cuidado. corticosteroide também)
4. Depois de cortar é preciso limpar a 5. Uso de material capeador.
cavidade novamente
6. Restauração provisória e
posteriormente restauração com
resina. Do que depende o sucesso destes
tratamentos?
Essa técnica é muito utilizada em dente
decíduo, porque no dente decíduo há mais • Remoção total dos resíduos
capacidade de reparo comparada a uma célula • Limpeza da cavidade
“velha” de um dente adulto. Portanto, esse
tipo de tratamento costuma ter mais sucesso • Nenhum nível de contaminação da polpa
em crianças. A pulpotomia é indicada quando
• Hemostasia pulpar
a lesão inflamatória se restringe a polpa
coronária apenas, em caso de pulpite • Procedimento restaurador bem feito
reversível em dentes jovens. para selar e evitar qualquer infiltração
de microrganismo na polpa. Orientar o
OBS: O capeamento pulpar direto e a
paciente para que caso caia a
pulpotomia, são indicados para manter a
restauração ligue para odentista e seja
vitalidade pulpar, mas tem uma controvérsia
realizada o mais rápido possível nova
bem grande quanto ao prognóstico desse
restauração, não pode esperar muito
tratamento. Alguns estudos mostram uma
tempo.
taxa de sucesso muito baixa e outros muito
alta. Isso depende muito da polpa do dente • Proservar (inicialmente após 2 semanas e
(vital ou não). Então se conclui que tem sim posteriormente de 6 em 6 meses.
sucesso, mas é necessário correto diagnostico
e correta intervenção (com material estéril e
com o mínimo de contaminação possível).

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