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Nesta webaula, vamos conhecer os princípios da endodontia, inclusive os aspectos ligados a características
anatômicas e diagnóstico.
Princípios da endodontia
O complexo dentina-polpa é uma unidade biológica devido à sua formação embriológica, estrutural e funcional, na
qual uma estrutura depende da outra.
A origem da dentina e da polpa é na papila dental. Estruturalmente, os prolongamentos dos odontoblastos vêm
da polpa. Estes odontoblastos estão dentro dos túbulos dentinários, e eles formam e mantêm a dentina que
protege a polpa.
Com o objetivo de recordar, os túbulos dentinários são compostos pela parede da dentina, cujo interior contém o
fluido dentinário e os prolongamentos dos odontoblastos.
2. Os odontoblastos fazem sinapse com os nervos, porém as terminações odontoblásticas não possuem
vesículas sinápticas.
3. Teoria hidrodinâmica: estímulos na dentina provocam movimentos do fluido dentinário, percebidos pelas
terminações nervosas que estão na polpa.
Tratamento endodôntico
O tratamento endodôntico pode trazer injúrias ao tecido perirradicular – hemorragia, inflamação aguda e
reabsorção óssea. Porém, esse tecido se recupera logo por ter alto poder de reparação.
As consequências são as seguintes: inflamação crônica, bactérias no local, granuloma e cistos (LOPES; SIQUEIRA,
2010).
Processos biológicos: são decorrentes de microrganismos presentes na estrutura dental. Principal causa de
lesão por cáries.
Processos químicos: são causados por seladores temporários, nas lesões profundas em que a polpa não foi
protegida. Materiais restauradores e ataque ácido também podem causar danos. No ligamento periodontal,
as soluções irrigadoras, a medicação intracanal e o obturador podem ser a causa de problemas
endodônticos.
Processos físicos: processos que podem causar danos à polpa por calor vindo de materiais e sua
polimerização, por brocas, falta de irrigação, traumas e pressão.
Inflamação
No ligamento periodontal, a agressão física acontece quando ocorrem a sobreinstrumentação e a sobreobturação.
A inflamação é uma resposta da polpa e do tecido ao redor do dente a uma agressão. Pode ser de dois tipos,
crônica ou aguda, a depender da duração, tipos de células e sua natureza.
Duração
A duração da inflamação aguda é de dois a três dias. A inflamação crônica pode durar dias ou semanas.
Natureza
A natureza da inflamação aguda é exsudativa quando saem líquido e proteínas de dentro dos vasos
sanguíneos para o tecido. A crônica tem caráter proliferativo de células, como linfócitos, plasmócitos,
fibroblastos, macrófagos.
Tipo de células
Características anatômicas
1. Incisivo central superior: câmara pulpar é achatada sentido V-L e alargada M-D. Raiz longa e única; raramente
há duas raízes. Observar o ombro palatino; removido por desgaste compensatório. 21,8 mm.
2. Incisivo central inferior: igual ao seu homólogo, mas com dimensão menor, raiz acentuada, achatamento M-D,
20,8 mm. Uma raiz e um canal, raro ocorrerem dois canais.
3. Incisivo lateral superior: características iguais, proporção menor ao incisivo central superior. Variações: fusão,
dens invaginatus, microdontia, curvas acentuadas = erros. 23,1 mm.
4. Incisivo lateral inferior: câmara pulpar achatada sentido V-L e alargada M-D, raiz achatamento M-D.
Uma raiz e um canal; raro dois canais. 20.8 mm.
6. Canino inferior: câmara ampla e raiz ampla, uma raiz e um canal, pode apresentar duas raízes e dois canais.
25 mm.
7. 1º pré-molar superior: câmara ovoide, uma ou duas raízes com um ou dois canais, vestibular e palatino. 21,5
mm.
8. Pré-molares inferiores: o segundo pré-molar é maior e menos achatado M-D, com um canal, mas podem
apresentar dois canais. 1º pré-molar inferior, 21,9 mm; 2º pré-molar, 22,3 mm.
9. 2º pré-molar superior: câmara pulpar ovoide, uma raiz e um canal, raro dois canais. 21,6 mm.
10. 1º molar superior: câmara pulpar cúbica, três raízes e três canais L, D, M-V, raro quatro canais. 21,3 mm.
11. 1º molar inferior: câmara pulpar cúbica. Duas raízes e dois canais, pode ter três canais. 21,9 mm.
12. 2º molar superior: câmara pulpar achatada no sentido M-D. Canal radicular com três raízes, três canais, raro
haver quatro canais. 21,7 mm.
13. 2º molar inferior: câmara pulpar cúbica, duas raízes e dois canais, podendo ter três raízes e três canais. 22,4
mm.
Diagnóstico em endodontia
Após a anamnese, a coleta das informações pessoais do paciente e exame extraoral, o profissional deve realizar o
exame clínico. Em doenças endodônticas, deve-se fazer o exame de forma minuciosa. Para fazer o diagnóstico,
devemos analisar os dados pessoais, anamnese, exames extraoral e intraoral para verificar possíveis causas
endodônticas. A inspeção bucal, palpação, sondagem e mobilidade, a percussão horizontal e vertical são
importantes para auxiliar no diagnóstico, assim como a fistulograma, que é a identificação da origem da fístula por
meio de cone de guta percha pelo trajeto fistuloso. O teste de sensibilidade será feito pelo frio e pelo calor, o que
indicará a vitalidade pulpar.
Pulpite reversível: lesão cariosa profunda sem exposição, hiperemia. Dor rápida, curta
duração, dor ao frio. Percussão e palpação sem dor, sem problemas perirradiculares.
Radiografia: lesão extensa. Tratamento: remoção da cárie.
Pulpite irreversível: exposição da polpa, pode não ter dor, dor espontânea. Calor – dor
exacerbada, vasodilatação, aumenta a pressão nos tecidos. Frio – alivia com bolsa de gelo,
dor ao deitar-se e exercícios.
Situação-problema
Paciente Maria Teresa, 35 anos, chegou ao consultório odontológico queixando-se de fratura dental no dente 22,
ocorrida ao cair de bicicleta. No momento em que chegou ela usava uma bolsa de gelo, pois afirmou que isso
diminuía a dor. Comentou também que à noite a dor se intensificava. No exame intraoral percebeu-se que a
fratura era extensa e que a polpa estava exposta. A palpação e percussão tiveram resultado negativo, na
radiografia foi possível observar a extensa fratura com comprometimento pulpar.
Indique qual o diagnóstico dessa paciente e explique como chegou a essa conclusão. Para realizar o tratamento
endodôntico será necessário conhecer a área de eleição, a forma de contorno e conveniência. Indique essas áreas,
nas quais o cirurgião dentista deverá trabalhar.
Resolução da Situação-Problema
O diagnóstico dessa paciente é pulpite irreversível. Essa conclusão deve-se ao fato de a paciente apresentar
polpa exposta, mostrando que a fratura foi ampla. Ao fazer os testes de percussão e palpação, verificou-se
que não havia dor, sendo assim, não ocorreu lesão periodontal. Isso foi comprovado com a radiografia, que
mostrou o comprometimento pulpar sem lesão periodontal. A bolsa de gelo é uma aliada nessas condições,
já que o calor intensifica a dor. À noite a dor é mais intensa porque, ao deitar, a pressão interna pulpar
aumenta, propiciando a dor. O tratamento indicado nesse caso é a biopulpectomia.
Para fazer a abertura coronária, o dentista deverá selecionar a parte central da face lingual, usar como forma
de contorno o triângulo e a forma de conveniência será a configuração triangular expulsiva, com a remoção
dos divertículos e ombro palatino.
Esperamos que você tenha compreendido os princípios da endodontia, inclusive os aspectos ligados a
características anatômicas e diagnóstico.