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PRINCÍPIOS GERAIS DOS PREPAROS CAVITÁRIOS

Propostos inicialmente por Black. Estabeleceu Todo preparo de cavidade deve ser feito
critérios específicos para que as restaurações preferencialmente, acima da margem gengival,
tivessem resistência e durabilidade. ou no máximo, até o sulco gengival (nunca
ultrapassar 0,5mm). Caso ultrapasse:
Alguns princípios em desuso, como a filosofia de
extensão para prevenção: as margens da ✓ Posteriores: aumento da coroa clínica com
cavidade devem ser sempre (independente do cirurgia periodontal (removendo um
tamanho da lesão) estendidas ao longo do pouquinho de gengiva e osso)
sistema de cicatrículas e fissuras e posicionadas ✓ Anteriores: aumento da coroa com
em região de esmalte liso e de fácil limpeza. tracionamento ortodôntico rápido para que
não haja aumento do espaço biológico.
Obs: se a gengiva estiver inflamada e
hiperplasiada, pode apenas aparentar que há
invasão do espaço biológico.
Pilares dos Princípios Atuais dos Preparos
Cavitários
✓ Máxima conservação de estrutura dental
sadia (incluindo respeito ao periodonto)
✓ Características de adesão e resistência dos
Ele acreditava que as restaurações fortaleciam os materiais restauradores (os materiais
dentes. Entretanto, observou-se a ocorrência de adesivos propiciam maior economia de
lesões de cárie secundárias, levando a crer que o tecido dental sadio)
dente restaurado (principalmente com preparos ✓ Bom senso
extensos) não era tão resistente quanto pensado,
levando a lesões maiores e necessitando de “Cada lesão e cada dente apresentam características
restaurações ainda mais complexas e únicas e devem, portanto, ser tratados de forma
enfraquecendo a estrutura dental. individualizada.” (Baratieri, L.N. et al. 2010)

Atualmente, preconiza-se a odontologia de Princípios Atuais dos Preparos Cavitários: a


mínima intervenção = máxima conservação dos ordem segue certa sequência cronológica, mas
tecidos dentais (esmalte, dentina, polpa e nem sempre.
cemento) sadios. Entretanto, pode ser necessário 1. ACESSO À LESÃO: passo operatório realizado
cortar tecido sadio para acessar a lesão. quando for necessário acessar a lesão
Economia de tecido dental sadio: princípio que cariosa. Deve considerar o menor desgaste
deve nortear os preparos de cavidade. possível de estrutura dental sadia.
✓ Ponta diamant. ou broca esférica pequena
Também deve-se pensar no cuidado com o ✓ Alta rotação
periodonto. Para isso, deve-se respeitar certas
distâncias biológicas: Classe I

❗Ojuncional)
espaço biológico (a partir do epitélio
não pode ser invadido, senão haverá
✓ Acesso sempre na fóssula distal para
facilitar a visualização da instrumentação
da cavidade.
inflamação contínua e constante na região. ✓ Lesão só em esmalte (mancha branca)
não se restaura, se remineraliza. Nesse
caso, o acesso é feito caso seja necessário
facilitar a limpeza em uma cavidade.

O primeiro dente já tem uma cavidade


produzida pela própria lesão.
Classe II: como fazer o acesso cortando o mínimo Classe III
possível de tecido, numa região de reforço do
dente como a crista marginal (muito importante)? ✓ Acesso direto (preferível): lesões pequenas,
acesso por vestibular compromete a estética,
✓ Acesso direto em situações clínicas então põe a borracha de 24h a 48h.
específicas: faz-se. Ex: ausência do dente ✓ Acesso palatino ou vestibular: quando a lesão
adjacente, ou quando o vizinho tem já invadiu palatina ou vestibular, faz-se o
restauração provisória (remove-a acesso de preferência pela palatina,
temporariamente). analisando a melhor forma de desgastar a
menor quantidade de tecido sadio.
Acesso pode ter sido feito pela própria lesão.

✓ Acesso direto pela criação de espaço entre a Classes IV e V

❗Normalmente não necessitam de acesso.


lesão e o dente vizinho mediato (borracha por
24h) ou imediato (afastador de dente:
doloroso, usado como tortura na Dit. Militar,
pode romper o feixe vasculo nervoso
induzindo lesão pulpar).

2. REMOÇÃO DO TECIDO CARIADO


Dentina infectada (remove): sai com cureta
✓ Mais superficial
✓ Amolecida
✓ Úmida
✓ Desorganizada
Dentina afetada (não remove): passível de
remineralização
Acesso à lesão em diferentes tipos de cavidade: ✓ Mais profunda
✓ Slot vertical: oclusão p/ cervical ✓ Rígida
✓ Passível de remineralização
✓ Slot horizontal: lingual p/ vestibular
Graus de dureza da dentina:
✓ Tipo túnel: não pode ter corno pulpar alto. ✓ Amolecida (sorvete descongelando):
instrumentos manuais, curetas dentinárias
sem pressão
✓ Resistente (sorvete congelado): instrumentos
manuais, curetas dentinárias com pressão
✓ Firme (): instrumentos manuais com pressão
ou brocas de baixa rotação
✓ Endurecida: brocas de alta rotação
✓ Acesso convencional com completo
A cor não é critério de remoção da dentina, a
envolvimento da crista marginal: quando
menos por razões estéticas. Inclusive, a dentina
envolve oclusal. Exs: MO, MOD.
escurecida não infectada protege a polpa.
Fisiopatologia da lesão cariosa: pH de
desmineralização do esmalte é 5.5 e da dentina
de 6.2 a 6.7, por isso carboidratos simples podem Sabe-se que a convergência está correta, quando
a desmineralizar, progredindo a lesão. Por isso se vê apenas o ângulo cavo-superficial pela vista
que quando a lesão na dentina não é acessível à oclusal.
limpeza, precisa ser restaurada.
A lesão cariosa progride em padrão cônico.

Cárie oclusal: podem ocorrer lesões ocultas


✓ Esmalte: ápice na oclusal e base na JAD.
✓ Dentina: base na JAD e ápice em direção à
polpa.
✓ Formas de retenção
adicionais: quando
não há paredes para
con- vergências,
confecção de sulcos,
canaletas, orifícios e
pinos.
Cárie proximal ou nas faces livres
✓ Esmalte: base para a superfície e ápice p/ JAD. ❓ Aoclusal
convergência das paredes V e L para a
é uma alternativa para aumentar a
✓ Dentina: igual a oclusal.
retenção de um material não adesivo como o
Técnica de remoção: ao chegar na dentina, usar amálgama?
brocas esféricas lisas (paredes circundantes),
novas, de maior tamanho possível na baixa 4. FORMA DE RESISTÊNCIA
rotação; curtas dentinárias (parede de fundo) Característica dada à cavidade para que as
afiadas de tamanho compatível com a cavidade estruturas remanescentes e a restauração sejam
da lesão. capazes de resistir às forças mastigatórias.
3. FORMA DE RETENÇÃO ✓ Espessura mínima de 1,5 mm: se atentar à
Forma dada à cavidade para torná-la capaz de profundidade dos sulcos; escultura.
reter a restauração, evitando seu deslocamento. ✓ Parede pulpar paralela ao plano oclusal: para
Está relacionada ao tipo do material restaurador. que a espessura seja contínua e constante,
sem grande variação. Oclusal do 1PMI tem
Resina Composta: utiliza sistema adesivo, por
inclinação de 45°
isso não há necessidade de qualquer forma de
✓ O ângulo entre parede circundante e
retenção quando há área para adesão.
superfície externa deve ser mais próximo de
Amálgama: não se adere ao dente, logo, a 90° para evitar fraturas no contato com o
cavidade deve ser retentiva e conferir dente antagonista.
estabilidade à restauração.
✓ Cavidades autorretentivas: precisa ter paredes
paralelas entre si com profundidade ≥ largura.

Obs: Se a profundidade < largura, precisa definir


características geométricas que favoreçam a
retenção ⇒ convergência das paredes V e L.
Não pode dar convergência das paredes M e D. ❓ Aretenção
convergência V/L atende aos princípios da
e resistência!
✓ Curva reversa de Hollenback: resulta em maior 5. FORMA DE CONVENIÊNCIA
volume de material restaurador e melhor apoio Etapa que visa possibilitar a instrumentação
para os prismas de esmalte em Classes II. adequada da cavidade e a inserção do material
Deve ser feita na parede vestibular da caixa restaurador. Conjunto de procedimentos:
proximal para garantir a obtenção de ângulo
de 90° com a superfície externa do dente. ✓ Usar isolamento do campo operatório
✓ Uso de grampo retrator
✓ Uso de fio retrator
✓ Afastamento interdental para acesso direto

6. FORMA DE CONTORNO
Define a área de superfície do dente a ser incluída
no preparo cavitário. Forma da cavidade.
✓ Profundidade e extensão da lesão cariosa
✓ Acesso (slot vert., slot horiz., túnel, etc.)
Além da forma de resistência do material, ✓ Material odontológico utilizado
também deve-se pensar na forma de resistência ✓ Relação com o periodonto
do remanescente dentário para que não ocorra ✓ Retenção e resistência
fratura da cúspide vestibular. ✓ Aspectos biológicos, estéticos e mecânicos
✓ Ângulos internos arredondados: para evitar
7. ACABAMENTO DAS PAREDES E MARGENS
concentrações de tensões em amálgama e RC.
CAVITÁRIAS
Por isso utiliza-se as brocas 329 e 330 (são
Consiste na remoção dos prismas de esmalte
arredondadas)
fragilizados, pelo alisamento das paredes
internas da cavidade e do ângulo cavo-superficial.
Permite melhor adaptação do material
restaurador.
✓ Recortador de margem gengival

✓ Remoção ou apoio prévio com material 8. LIMPEZA DA CAVIDADE


adesivo de estrutura sem suporte dentinário Remoção de partículas remanescentes das
em paredes proximais (caixa oclusal), devem paredes cavitárias possibilitando a colocação do
ficar paralelas ou material restaurador em uma cavidade
divergentes (ligeiramente completamente limpa. Melhora adesão e
expulsivas) para oclusal, adaptação do material.
devido à deposição dos
prismas de esmalte. ✓ Uso de ácidos
O apoio pode ser feito ✓ Jato ar/água
em material resiliente ✓ Solução de digluconato de clorexidina 2%.
(CIV ou RC), amálgama
não suporta pois é friável.

CARACTERÍSTICAS FINAIS DE CAVIDADE CLASSE I PARA AMÁLGAMA

1. Ângulo arredondado: forma de resistência do


remanescente
2. Parede pulpar plana: forma de resistência do
material
3. Profundidade da cavidade: forma de
resistência do material
4. e 7. Inclinação V ou L para oclusal das paredes:
forma de resistência do material
5. Expulsividade da parede M e D: forma de
resistência do remanescente (não deixar
esmalte desapoiado)

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