Controle químico do
biofilme
Motivação e mudança de hábitos: Em
casos de alta prevalência de gengivite e
periodontite está relacionado o não-
controle de placa e à inadequação na
limpeza mecânica dos dentes, por isso
podemos lançar mão do uso
complementar dos enxaguantes
químicos, já que não é adequado a
substituição do controle mecânico por
um controle químico.
Agente ideal do controle químico deve
oferecer:
1-Efetividade
2-Substantividade
3-Especificidade
4-Segurança
5-Não possuir efeitos adversos
6- Estabilidade e sabor agradável.
Lembrando que efetividade é a ação
contra os m.o do biofilme.
Substantividade é a permanência do
químico no local utilizado por tempo
necessário.
Especificidade contra m.os causadores de
doenças como o Porphyromonas
gingivalis, por exemplo.
Segurança, não causando aftas ou
choques anafiláticos.
Efeitos adversos podem ser a coloração
causada por um químico, alteração do
paladar, precipitar a formação de cálculo.
Estabilidade e sabor agradável: o
paciente não vai usar um enxaguante que
de náuseas ou tenha gosto ruim.
Veículos de administração dos agentes
químicos
 Dentifrícios
 Colutórios bucais
 Sprays irrigadores (colocados na bolsa
periodontal)
 Gomas de mascar (sem muita evidência)
 Vernizes
Dentifrício: Melhor custo benefício, além
da praticidade. Maior aceitação do
paciente, relacionado também com o
gosto que o paciente sente depois de
escovar (muitos escovam só por isso) ela
é composta por substâncias abrasivas
detergentes, solventes (consistência)
adoçantes (em alguns casos), umectantes
e flavorizantes (associados ao gosto
agradável)
Existem os antibióticos sistêmicos, alguns
podem ser usados como irrigadores,
como soluções tópicas aplicadas na bolsa
onde ele é introduzido como uma sonda
milimetrada e é irrigado naquela região.
Atualmente não se tem uma substância
irrigadora subgengival que seja
extremamente eficaz, o custo-benefício
não vale a pena pois são caros e não se
tem evidências de que isso cause ganho
de inserção clínica e uma diminuição
relativa de profundidade de sondagem.
Colutórios bucais (clorexidina, plax,
listerine...):
Pela literatura sabe-se que se há
adequada escovação e uso do fio dental
não há necessidade de utilização de um
enxaguante bucal. Sua composição é
menos complexa que os dentifrícios, com
osmesmos critérios de um agente ideal,
sem efeitos colaterais.
Antissépticos comercializados no Brasil:
Digluconato de clorexidina
Agente dicatiônico. Causa como se fosse
uma barreira na gengiva, impede a
agregação da placa, é de amplo espectro,
bactericida e bacteriostático.
Há evidências de diminuição
considerável do isg e ipv.
Há efeitos adversos: neoformação de
cálculo, alteração de paladar e
pigmentação dentária.
Atualmente é o padrão ouro de utilização
(pra controle de placa e gengivite) mas os
efeitos adversos limitam seu uso (não
pode receitar por muito tempo).
Há o manchamento dos dentes, da
mucosa e língua pela pigmentação das
proteínas, alteração do paladar e na
mucosa (com áreas avermelhas).
Em relação a pigmentação dentária se o
paciente realiza a escovação e controle o
biofilme a clorexidina pigmenta menos
que quando não controlado obiofilme,
quem não controla pigmenta duas vezes
mais.
Devido a esses efeitos está fazendo com
que se procurem outras substâncias para
a substituição da clorexidina (com o
mesmo efeito mas sem os efeitos
colaterais).
Existem atualmente no mercado a
clorexidina, com o sistema anti-
manchamento (difícil de encontrar no
brasil), com diferentes compostos
(metabisulfito de sódio e ácido
ascórbico), porém há um menor efeito
anti-placa e menor ação
antimicrobiana, mas, na questão da
inflamação gengival não teve
diferença entre as duas.
Em relação as concentrações não há
diferença para receitar em 0.12 ou
0.2.
Receitar a de 0,12 15 ml de 12/12h ou
0,2 em 10ml de 12 em 12 horas. A
substantificação da clorexidina é de
12 horas, então é obrigatório o
bochecho de 12 em 12 horas. Não
colocar na receita “2X ao dia”
*“pode receitar PerioGard ao invés de
clorexidina?” e pode! O que muda? O
periogard custa mais, a clorexidina é
manipulável e porisso custa menos.
Em pacientes hospitalizados (que
respiram por aparelhos) é
recomendável o uso de clorexidina 4x
ao dia, apresentando melhor custo
benefício, não reduzindo taxa de
mortalidade, mas diminuindo a
necessidade de respiração por tubos.
Indicações da clorexidina:
 Pós-operatório de procedimentos
cirúrgicos (substitui a escovação
no local da cirurgia, (ex: o paciente
não vai escovar o local de uma
extração), processos agudos
dentários.
 Em casos de abscesso periodontal e
gengival, gengivite...
 Como agente substitutivo do
controle da placa (em pacientes
com a gengiva muitíssimo
inflamada, não consegue nem
encostar, sente dor, indicação de
7 dias)
 Impossibilidades psicomotoras
 Como coadjuvantes na escovação
 Casos de processos agudos em um
curto período de tempo.
cloreto de cetilpiridinio
O famoso plax, substantividade varia
de 3 a 5 horas, com pouca atividade
antimicrobiana, com concentrações
variadas (de 0.05 a 0.075).
Efeitos adversos de acordo com a
concentração, como descamação e
queimação da mucosa (mais
relatados).
Existe diminuição de isg (0,15%) e
ipv (de 35%), possui um melhor
efeito anti-placa quando
comparado com o efeito anti-
gengivite, mas é necessário que
funcione na placa e na gengivite
(sendo esse um aspecto negativo do
plax)
Triclosan
Também encontrado associado ao
plax clasic, composto aniônico,
possui substantividade de 5 horas,
amplo espectro de ação, funciona
melhor quando associado aos
copolímeros pvm/ma (mais eficaz)
ou benzoato de sódio.
Óleos essenciais
Exemplo: listerines. São compostos
através de produtos herbais, (mentol,
cortinol, salicilato de metila...)
impedindo a agregação bacteriana,
retardando a multiplicação e a
proliferação microbiana causando a
diminuição na massa do biofilme e na
patogenicidade.
Há redução de placa de 27%
quando comparado com o placebo.
Quando avaliado em relação a
gengivite teve uma redução de
18,2% comparado também ao
placebo. Junto à clorexidina mostra
melhores resultados.
Resumindo…
 Clorexidina é melhor comparado aos
óleos essenciais ao longo do tempo.
 Óleos essenciais sem álcool tem
menor efeito anti-placa
comparado aos com álcool.
 Os óleos sem álcool não têm
diferença com relação ao placebo.
 Óleos sem álcool tem
resultados superiores
comparado ao cloreto de
cetilpiridinio sem álcool
Álcool em mucosa: Não há alterações
significativas no ph do fluxo salivar
estimulado e não estimulado, não há
evidência suficiente que o uso de
álcool nos enxaguantes bucais esteja
relacionado com o maior risco de
câncer bucal.
Existem pesquisas que procuram
encontrar algum agente químico que
diminua os compostos sulfonados
voláteis (os compostos que causam
halitose, substratos dos agentes
químicos na halitose (formada por
compostos sulfonados voláteis) que são
oriundos da degradação bacteriana. Há
uma limitada evidência, mas o que nos
permite lançar mão para alívio da
halitose é clorexidina 0,05%, cpp 0,05, e
lactato de zinco a 0,5 por cento (não são
muito baratos nem muito fáceis de
achar). Além disso tem também o
Noplak, que contém os três químicos
citados anteriormente para halitose.
Agente Herval/natural/fitoterápicos
(Exemplos: Chás de malva, camomila e
essas coisas da Bela Gil...) Área a ser
pesquisada não contendo ainda
comprovação de que auxilie no
controle de placa ou gengivite. No
entanto, são muito aceitos
popularmente, sendo comum os
pacientes perguntarem sore o uso,
sendo ok recomendar, mas nunca
substituindo a escovação ou bochecho
com químico eficaz.
Sumarização dos resultados (mais
comercializados no brasil)
 Clorexidina: Indicado para
sangramento gengival/gengivite.
Melhor ação anti- placa e anti-
gengivite, nesse caso, com
atividade semelhante aos óleos
essenciais quando utilizadas a
longo prazo. Porém há o
manchamento e formação de
cálculo independentemente do
tempo de uso.
 Cloreto de cetilpiridinio: melhor
 ação anti-placa e anti-gengivite. Em
modestos a longo prazo, porém
menos eficaz quando comparado a
clorexidina.
 Triclosan: Só funciona
associado a copolímero, possui
fraca atividade anti- placa e
anti-gengivite
 Óleos essenciais: Demonstram
a curto prazo atividade anti-
placa e anti- gengivite menor
que a clorexidina porem
melhor que Triclosam e
Cloreto de cetilpiridinio e
semelhante à Clorexidina.
“Escala”
complementar com enxaguantesbucais.
É importante ressaltar também que a
clorexidina pode ser usada como
agente substituto a curto prazo (em
casos de processos agudos como já
mencionados) e em casos de pacientes
internados que respiram com ajuda de
aparelhos.
“Em relação aos óleos essenciais, se
não demostrar manchamento nem
alteração do paladar, posso receitar
pra todo mundo?” Não é recomendado
o uso de óleos essenciais para
pacientes que conseguem controlar o
biofilme, o objetivo não é
sobretratamento.

1-Clorexidina Em casos de pacientes em que já se

esgotou todas as alternativas de
2-óleos essenciais químicos ou que estejam em estágios
avançado de doenças pode ser usado
3- cloreto de cetilpiridinio e
apenas os óleos essenciais como
triclosam
medida de uso continuo.

Sempre que prescrever a curto prazo,

deve-se receitar clorexidina, a longo
prazo óleos essenciais.

Relevância clínica para prescrever tais

bochechos
É preciso levar em consideração que
muitos estudos são financiados por
marca e empresas que influenciam nos
resultados dos produtos com certos
vieses. É necessário, antes de receitar
óleos essenciais por exemplo, orientar a
higiene mecânica pois os agentes
químicos são coadjuvantes
complementares da escovação, não
substituindo-a. É preciso observar a
forma de aprendizado do paciente com
o qual se está lidando para usa-la como
método de ensino com o mesmo
(exemplo: demonstração, conversa...)
Todas as formas de orientação
educacional devem ser esgotadas com
o paciente antes de receitar qualquer