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CLAREAMENTO DENTAL
DEFINIÇÃO
O clareamento consiste na aplicação de um agente clareador sobre a estrutura dental que, por
um mecanismo de oxidação, fraciona as macromoléculas (pigmentos orgânicos) em moléculas
menores, até serem eliminadas por difusão, resultando em dentes mais claros. Essa técnica
remove pigmentos da dentina deixando o dente mais claro.
Vale ressaltar que devido à espessura do esmalte, o dente ele não clareia de forma homogênea,
ele é mais claro na incisal e vai escurecendo ao longo dos terços.
TIPOS DE CLAREAMENTO
O clareamento em consultório pode ser do tipo interno ou externo, além desse temos o feito com
moldeira, também é chamado de supervisionado.
Vantagens do clareamento supervisionado: baixo custo (não toma tempo de consultório), agentes
clareadores de baixa concentração, é de fácil aplicação, maior longevidade do processo
clareador.
Desvantagens do clareamento interno: a cavidade sempre estará aberta (o dente precisa ter uma
boa estrutura), a troca do curativo leva um tempo considerável e corre o risco de reabsorção
cervical externa (mas usando o perborato de sódio com água, esse problema não acontece).
Para saber se a mancha é superficial ou não, usa-se uma luz na parte lingual/palatina do dente,
se aparecer uma mancha acinzentada, isso significa que é uma mancha mais profunda, caso não
apareça nada, ela é superficial.
O pigmento presente no dente pode ser de origem endógena/interno, como nos casos de
hipoplasia, amelogênese imperfeita, dentinogênese imperita, ou exógena/externo, como nos
casos de medicamentos, nicotina, bactérias cromógenas, traumas. Além disso, tem-se as causas
por dieta (externo), como consumo alto de alimentos pigmentados, iatrogênicas (externo), como
os acessos endodônticos incorretos, medicamentos prescritos de forma incorreta, sangramento
que demorou de ser controlado, limpeza incorreta da cavidade, uso de cimentos que liberam
metal. O mecanismo de impregnação pode ser de origem endógena ou exógena.
A alteração de cor causada pelo flúor é de origem exógena, mas o seu mecanismo de
impregnação é de origem endógena. O mesmo ocorre nos casos de pigmentos oriundos de
medicação, pigmento de origem exógena, já o mecanismo é de origem endógena.
As manchas causadas por tetraciclina possuem faixas vistas de dentro para fora, afetando
dentina, já as causadas por fluorose são mais externas e afetam esmalte.
Algumas manchas, como as pigmentações metálicas por conta da amálgama, não conseguem
ser removidas por clareamento sendo necessário o uso de facetas ou coroas.
AGENTES CLAREADORES
É mais indicado utilizar o agente clareador de uma empresa fabricante e não manipulado, isso
porque os fabricantes já inserem na composição do produto, agentes que vão dar uma maior
estabilidade ao pH, conferindo uma menor chance de reação dolorosa, por isso que em algumas
marcas é indicada a troca do produto durante o procedimento com um aspirador cirúrgico, uma
vez que, após o período dito nas instruções, esse material se torna ácido.
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O perborato de sódio não libera muito oxigênio e então não possui um poder de dissociação
forte, diferentemente do peróxido de hidrogênio, que possui um forte poder de dissociação e caso
este seja utilizado para clareamento interno, pode parar no periodonto, chegando próximo de
osso, esse agente vai desnaturar a fibra colágena e o organismo passar a reconhecer o dente
como um corpo estranho e manda odontoclasto para digerir, causando a reabsorção cervical
externa.
O clareamento interno não é feito com a água oxigenada (peróxido de hidrogênio), esse
procedimento é feito utilizando perborato de sódio com água. Usar o peróxido de hidrogênio na
parte externa vai auxiliar nos resultados do clareamento interno.
Perborato de sódio - esse pó é misturado com água e não com a água oxigenada, devido
ao seu alto poder de dissociação, podendo chegar até o osso, correndo o risco de
desenvolvimento de reabsorção cervical externa.
* Pergunta de prova: Por que eu digo que o que clareia os dentes é a água oxigenada, mas
eu tenho outros agentes clareadores além do peróxido de hidrogênio?
Devido a decomposição dos demais agentes, por ex., o peróxido de carbamida se decompõe em
uréia e água oxigenada, então no final, todos terão a água oxigenada no mecanismo químico de
ação. A diferença vai ser o grau de concentração da água oxigenada pois há diferença em usar o
peróxido de hidrogênio, que é a água oxigenada “pura” e o peróxido de carbamida, que se
decompor em água oxigenada e concentração vai ser cerca de 30% da sua composição.
O peróxido de carbamida pode ser vantajoso devido a elevação do pH que ele proporciona, o
peróxido de hidrogênio consegue trabalhar melhor nesse ambiente e isso também vai reduzir os
sintomas de sensibilidade no paciente, contudo, esse agente clareador possui um tempo de ação
mais demorado assim como a entrega de resultado. O peróxido de sódio também não é tão
agressivo como o peróxido de hidrogênio “puro”, libera a um passo lenta e tem poder de
dissociação baixo, podendo ser empregado nesses casos de maior sensibilidade.
É o principal agente dos cremes e pastas que se dizem clareadores. O carvão ativado é poroso e
tem afinidade com os pigmentos, então os pigmentos vão ficando dentro dele. Então esse agente
não tem capacidade de penetrar no dente, ele é grosseiro e possui um RDA (capacidade de
abrasão da dentina - quanto maior, mais chance de sensibilidade) alto, então o seu mecanismo
de ação de dá através da absorção de pigmentos e desgaste da superfície dentária, mas o
clareamento propriamente dito, de acordo com a definição do procedimento, não ocorre.
Alguns cremes dentais possuem partículas azuis que possuem cálcio e fosfato, agindo na
mineralização da superfície externa do dente e todo dente com a superfície mineralizada vai ter
uma reflexão de luz melhor, vai ter uma maior lisura e sua porosidade vai ser lacrada,
apresentando um aspecto de dente mais claro. Além disso, a presença da cor azul na partícula
reflete a luz branca, reforçando a sensação de dente mais branco.
Ao colocar o ácido clareador na dentina, ele vai se difundir ao longo de todo o dente
independente de onde seja colocado, isso se ao fato da presença dos túbulos dentinários que vai
distender qualquer material que colocado sobre ela, além de que, o peróxido de hidrogênio tem
um baixo peso molecular. Um exemplo disso é o clareamento feito em pessoas que usam os
bracketts ortodônticos.
O pigmento, normalmente, é uma matéria orgânica e possui o anel aromático, o oxigênio dos
agentes clareadores abre o anel aromático e quebra em cadeias mais simples até ela vira uma
substância hidrofílica e quanto menor a molécula, mais incolor é. Além disso, o oxigênio deixa o
esmalte mais poroso e isso dá uma sensação de dente mais claro.
Ponto de saturação: é o ponto no qual após várias sessões utilizando o peróxido de hidrogênio,
ele não vai mais clarear. Ao passar desse ponto de saturação, a água oxigenada não vai ter mais
pigmento para reagir e a partir daí ela vai passar a procurar o colágeno da dentina, a matéria
orgânica do esmalte, já que o imã para a água oxigenada é matéria orgânica, logo ela ataca
essas partes e danifica a estrutura dentária.
O clareamento em consultório é feito de pré a pré, mas na moldeira envolve os molares também,
isso é feito para evitar maior sensibilidade no paciente.
- Peróxido de carbamida
O peróxido de carbamida se quebra em uréia e água oxigenada, esta tem uma decomposição em
água e radicais livres (OH ou O2), a uréia tem amônia e CO2. Esse agente ele eleva o pH e na
moldeira é mais demorado para utilização, na sua composição são 70% de amônia e 30% de
água oxigenada. Esse agente precisa de um tempo de ação de 2h as 4h, mas cada agente pede
um tempo diferente.
A luz ela funciona como um catalisador de reação, fazendo que o peróxido de hidrogênio (água
oxigenada) seja liberado mais rápido, ou seja, a luz acelera o procedimento. Entretanto, os
produtos clareadores mais atuais já possuem o catalisador de reação na sua própria composição,
dispensando o uso da luz para este fim. Logo, hoje a utilização da luz é desnecessária e a
depender da luz pode haver produção de calor, resultando em um trauma a mais para o dente.
É preciso avaliar se o paciente tem dentina exposta ou uma lesão não cariosa, caso tenha,
primeiro deve ser tratada essa sensibilidade com um agente dessensibilizante como o
gluteraldeído ou nitrato de potássio* ou em casos de exposição dentinária, faz-se o selamento do
com adesivo autocondicionante, diminuindo a permeabilidade na região de trinca**, e somente
após a resolução disso, fazer o clareamento dental, nesse caso optar pelo peróxido de
carbamida, que apesar do tempo demorado de entrega de resultado, gera uma menor
sensibilidade no paciente.
A sensibilidade dependerá também da condição pulpar, então caso o paciente relate dor, é
preciso investigar os detalhes e a causa/origem.
* Despolariza a parte interna da membrana neural, ou seja, ele não permite que a membrana
reaja ao estímulo doloroso.
** Isso pode diminuir um pouco a ação clareadora nessa região que foi selada.
Não pode acabar de remover a moldeira e ingerir algo com cor, porque o seu dente está mais
poroso, mas no dia seguinte já está liberado porque a saliva já conseguiu recompor aquela
superfície externa.
É importante ter uma radiografia interproximal dos dois lados, região de molar e pré-molar;
Entender qual é a expectativa do paciente e mostrar que não possível prever com exatidão
a cor final do dente;
Fazer um diagnóstico da possível causa do escurecimento dental;
Saber se o paciente tem histórico de clareamento;
Saber qual o estilo do paciente: É disciplinado? É colaborativa? Quais são os seus hábitos
alimentares?
Tomar cuidado os tecidos moles, uma vez que, água oxigenada desnatura esse tecido;
Explicar ao paciente que os agentes clareadores não atuam em resina, prótese e
pigmentos metálicos;
Dentes tratados endodonticamente podem ter recidiva e voltar a escurecer;
Ao finalizar o processo de clareamento, esperar cerca de 14 dias para o procedimento
restaurador definitivo, isso porque o residual de oxigênio pode não fotoativação a resina,
acarretando em uma adesão ruim.
1. Limpeza e polimento;
2. Registro da cor inicial;
3. Proteção do periodonto - o gel clareador costuma desnaturar proteína;
4. Usar dessensibilizante 10 minutos antes da aplicação do gel clareador;
5. Aplicar o gel clareador - se quiser aplicar uma fonte de luz, pode, mas deve-se ter em
mente que não é necessário. À medida que vai se passando o tempo de aplicação, esse
gel vai formando bolhas na superfície dentária que devem ser estouradas e misturas, a fim
de ter uma cobertura mais uniforme;
6. Remover a barreira gengival;
7. Aplicar flúor tópico;
8. Registro da cor.
Ao final do procedimento é comum que o dente desidrate, podendo aparecer manchas brancas
na margem incisal dos incisivos1, mas com o tempo a saliva vai reidratando e volta ao normal.
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Quanto mais hipoplásico for o esmalte, maior a chance de aparecimento de manchas brancas
na borda incisal dos dentes em casos de perda de umidade da boca.
Fazer uma boa moldagem - levantar o modelo sem bolhas de ar e também deve raspar
cerca de 2 mm da margem gengival no gesso para que quando for fazer plastificação da
moldeira ela fique mais apertada na gengiva. Hoje em dia já existem moldeiras prontas
para o paciente;
Passar com detalhes as instruções de uso do clareador e as informações sobre o produto,
ressaltando ao paciente a importância do uso corretos e os riscos que o procedimento
pode trazer.
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Quando se faz várias sessões em uma mancha e ela não sai isso é um indicativo de que ela
possa estar profunda. E essa é uma técnica que remove, ainda que mínima, uma parte do
esmalte, então se deve ter cuidado quanto a isso.
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A taça de borracha quando utilizada de forma incorreta pode causar um superaquecimento da
polpa, normalmente as borrachas mais novas aquecem menos que as mais velhas e a utilização
de gel durante o polimento diminui o atrito, gerando menos calor.
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Alguns autores indicam o uso do peróxido de carbamida, mas o perborato de sódio é o único
agente clareador no qual não se vê associação com reabsorção cervical externa.
Canal radicular deve estar hermeticamente obturado - deve ter uma barreira na entrada no
canal antes do uso do gel clareador;
Periodonto com características normais ausentes de inflamação;
Ausência de dentina cariada e resíduos na parte interna do dente;
Não ter material obturador dentro da câmara pulpar;
Utilização de perborato de sódio + água, porque o perborato libera porções de peróxido de
hidrogênio pequenas e não vai ter uma dissociação muito forte;
Ter a medida da coroa dentária indo do terço incisal até o ligamento periodontal - isso dará
a posição da barreira cervical1.
O peróxido de hidrogênio não decompõe íons metálicos, então materiais obturadores que
contenham partículas metálicas escurecem a coroa do dente e os agentes clareadores não tem
poder de neutralização desse pigmento, tendo como único tratamento a confecção de coroa.
Não se aplica mais ácido fosfórico dentro de câmara pulpar, nem por fora e também, não se
utiliza mais calor, porque este potencializa a água oxigenada.
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A barreira cervical é o que vai impedir o contato do gel clareador com a guta percha, no caso de
dentes tratados endodonticamente e permitirá os túbulos dentinários sejam acessados, clareando
toda a coroa do dente, do terço cervical até o incisal. A medida de colocação da barreira,
normalmente é de 2 mm abaixo do colo clínico. Diversos materiais podem ser utilizados para a
barreira cervical dentre eles temos resina, civ, fosfato de zinco e cotosol, quanto mais esse
material lacrar, melhor, além disso, o ideal é que essa barreira tenha uma cor diferente do dente
para facilitar a localização e posterior remoção.
Pergunta: Quanto tempo se deve aguardar após o tratamento endodôntico para realização
de um procedimento clareador?
Sensibilidade dentinária;
Alteração do substrato dentário - se for usado em excesso;
Interferência na adesividade dos materiais restauradores;
Pode ter um potencial carcinogênico - não sendo indicado para gestantes e pessoas com
histórico de câncer, mas o tempo desse material na cavidade bucal é pequeno assim como
sua quantidade, deixando esse efeito adverso como uma incógnita;
Reabsorção externa cervical.
A abrasão vai depender de uma série de eventos como o pH presente na boca, a força
empregada na escovação, o tipo de creme dental utilizado e o tipo de cerdas da escova. A
escova dental de cerdas duras machuca o periodonto, então é algo vai levar mais a uma
modificação da margem gengival do que algo que vai desencadear em abrasão. Ao falar de lesão
não cariosa, não é correto falar que a escova causa abrasão, uma série de elementos vão levar a
hipersensibilidade.
Os livros trazem que a lesão cervical não cariosa pode ser causada por atrição, abrasão ou
erosão, mas o que ocorre é que em toda lesão não cariosa existe uma
tensão, desde escovar, apertar dente, hábitos de roer unha, morder
tampa de caneta, quebrar caroço de pipoca com o dente. As tensões
podem levar a uma fratura de terço cervical, levando a uma lesão
cervical não cariosa. Além disso, nessas lesões há uma exposição do
dente em uma área onde o esmalte é mais fino, então ao utilizar
escovas de cerdas duras, está sendo exposto uma área onde o
esmalte é mais delgado, podendo expor área de raiz.
A ocorrência de lesões não cariosas aumenta com a idade, devido a potencial relação com
apertamento dentário, roer das unhas e DTM.