Você está na página 1de 3

Nome: Layla M.

Peres de Souza Baldi


Dentística II

Clareamento de dentes não vitais

A maioria dos tipos de clareamento para dentes vitais tem seu marco no ano de 1989, com a técnica
de aplicação caseira, ou noturna, ou também designada de técnica de auto-aplicação, desenvolvida
por Haywood e Heymann.
Do ponto de vista científico não se sabe precisamente o que determina o matiz, croma e valor dos
dentes. A cor natural dos dentes é amarelada e sua tonalidade varia de dente para dente em um
mesmo paciente e, muito mais ainda, de paciente para paciente. Além das tonalidades de amarelo
consideradas normais, alguns matizes se apresentam e passam a ser considerados verdadeiras
alterações anormais ou patológicas de cor dos dentes: excessivamente amareladas, acastanhadas,
azuladas, acinzentadas e até enegrecidas. A cor dos dentes também pode ser alterada por manchas
brancas, próprias da hipoplasia do esmalte e da cárie incipiente, ou por manchas de vários matizes e
tonalidades.
As mudanças de pigmento podem ser:
a. Intrínseca ou endógena: Quando são produzidos pelo próprio organismo como a hemossiderina,
ferro, bilirrubina.
b. Extrínseca ou exógena:
Quando advém do meio ambiente, como o fúor; produtos para fins terapêuticos como a prata,
bismuto e a tetraciclina; ou ainda de outros organismos como os pigmentos das bactérias
cromógenas.
A incorporação dos pigmentos no escurecimento dentário pode ser:
a. Interna: Quando incorporados na estrutura dos tecidos dentários mineralizados como os
decorrentes do tratamento endodôntico, por uso sistêmico de tetraciclina durante a odontogênese.
b. Externa: Quando o pigmento está posicionado nas superfícies dos tecidos dentários
mineralizados, sem fazer parte de sua estrutura, como o alcatrão do tabaco, os pigmentos das
bactérias cromógenas, os pigmentos alimentares na placa dentobacteriana aderida e outros.
Algumas situações clínicas estão diretamente relacionadas ao escurecimento dentário como:
1. A hemorragia pulpar associada a aberturas coronárias inapropriadas no tratamento endodôntico
favorece o escurecimento dos dentes. Os pigmentos de hemossiderina, derivada da hemoglobina nas
hemácias, contém muitos íons ferro.
2. O emprego de certos produtos endodônticos como pastas obturadoras com prata, bismuto e outros
íons metálicos também podem promover o escurecimento das estruturas dentárias com sérios
comprometimentos estéticos.
3. Quando a tetraciclina, o fúor e outros produtos que se comportam como pigmentos estão
presentes no sangue podem se incorporar na matriz adamantina e dentinária durante a sua formação
comprometendo a cor de vários dentes. A bilirrubina e a hemossiderina também podem
excepcionalmente se incorporar nos dentes quando excessivamente presentes no sangue.
4. A metamorfose cálcica da polpa e a necrose pulpar asséptica: muito importantes clinicamente
pois afetam um ou dois dentes isoladamente no arco dentário, especialmente os incisivos em
decorrência de sua maior exposição aos traumatismos dentários.
As técnicas de clareamento é através de duas técnicas principais: o clareamento caseiro e o
clareamento de consultório (Araújo et al., 2015). Existem duas técnicas principais de realizar o
tratamento clareador, sendo elas: o clareamento caseiro, de consultório ou associação de ambas
(Pontarollo-Coppla, 2019). Na forma caseira, a aplicação do gel é feita através de moldeiras
personalizadas na qual o paciente é quem administra a quantidade e tempo de uso sob a orientação
do Cirurgião-Dentista, durando de três a quatro semanas para alcance da mudança na coloração
(Vieira,2019). Já a técnica de consultório é realizada pelo cirurgião-dentista por sessões que
geralmente possuem o intervalo de tempo de uma semana entre uma e outra (Penha et al., 2015). Os
agentes clareadores mais utilizados são o peróxido de hidrogênio e peróxido de carbamida. No
procedimento de consultório geralmente são usadas concentrações de peróxido de hidrogênio e
carbamida de 35% e na técnica caseira o peróxido de carbamida de 10% a 22% ou de hidrogênio de
4% a 10% (Rezende et al., 2016). O mecanismo de ação do agente clareador se dá por oxidação.
São os radicais livres que promovem a quebra da pigmentação dos dentes, tornando-os mais
brancos (Manna, 2021). O peróxido de carbamida se dissolve em peróxido de hidrogênio e ureia. Já
o peróxido de hidrogênio, se decompõe água, ureia e, em seu princípio ativo: o oxigênio. A difusão
das moléculas contendo pigmentos é facilitada pela ação ureia e sua decomposição em amônia,
aumentando a permeabilidade da estrutura dentária (Soares, 2021). A técnica de clareamento A
técnica de clareamento possui algumas restrições, sendo assim, é necessário que o cirurgião-dentista
realize uma boa anamnese e exame clínico antes de realizar o procedimento. Dentre os efeitos
colaterais, o mais comum é a sensibilidade pós-clareamento, variando de leve a severa, com
redução de sua intensidade no período de 2 a 5 dias posterior à aplicação do gel clareador (Silva et
al., 2021, Santos & Alves, 2020). A consequência se dá, principalmente, pela ação do gel clareador,
que elimina os poros do esmalte, facilitando o contato do tecido com o meio externo e tornando-o
mais susceptível à alimentos e variações de temperatura que possam sensibilizar a polpa pelos
túbulos dentários (Araújo, 2015).
No caso do clareamento caseiro, o paciente deve aplicar o gel e utilizar a moldeira da forma, pelo
tempo e frequência prescritos pelo cirurgião-dentista. Uma utilização por tempo menor pode
prejudicar os resultados do tratamento. Já uma utilização prolongada, pode aumentar os riscos de
efeitos colaterais, sendo os mais comuns a sensibilidade dentária e irritação gengival. O Cirurgião
dentista por sua vez, em tratamentos no consultório deverá ficar alerta ao tempo de ação do produto,
e com o uso correto da barreira gengival.
Os principais efeitos adversos associados ao clareamento dental já relatados na literatura são:
hipersensibilidade dental, irritação e inflamação gengival, reabsorção cervical externa, toxicidade
celular, sensibilidade gástrica, alterações do pH dental, desmineralização superficial da estrutura
dentária, dentre outros. O efeito adverso mais comumente relatado é a hipersensibilidade dental, que
pode persistir por até 4 dias após o término do tratamento.
Segundo Vieira et al (2015), vários são os tratamentos no controle da sensibilidade sendo o mais
eficaz o uso de nitrato de potássio a 5%, usado em moldeira, nos dentifrícios ou no próprio gel
clareador. Atrelado a esse tratamento, outros estudos relatam a eficiência do uso fluoreto de sódio
neutro a 2% no gel clareador, outros tratamentos podem ser usados como: aplicação tópica de flúor,
terapia a laser em situações onde a dor é intensa e até mesmo o uso de analgésicos e anti-
inflamatórios que também podem ser usados em casos específicos (SOARES et al., 2008). Durante
o procedimento de clareamento dental restos de peróxido pode ser deixado e o paciente vir a
deglutir após o tratamento. O gel causa irritabilidade da mucosa gastrointestinal e efeitos como
queimação na língua e na garganta, irritações no estômago ou no intestino podem ser relatados.
Além disso, ao nível local, quando a barreira gengival é mal adaptada e ocorre extravasamento de
peróxido, ocorre a queimadura dos tecidos gengivais de origem química podem ocorrer em casos
mais graves ate ulcerações (HENRIQUE et al., 2017). Segundo Conceição et al. (2010), para que
seja possível evitar esses efeitos é precisar estar atento durante todo o procedimento de clareamento
para que o produto clareador não, seja colocado em excesso e que não fique restos após o
procedimento. Outro fator que deve ser levado em consideração é a colocação da barreira gengival
evitando o extravasamento de material e, para isso, deve ser observado sinais como bolhas de ar e
pelo relato do paciente quanto a qualquer desconforto durante o procedimento (LIMA et al., 2019).
Outro efeito adverso observado e relatado é a reabsorção cervical. Segundo Alotaibi (2019), é um
dos afeitos mais indesejados que podem ocorrer durante o clareamento dental. Além disso, o mesmo
autor diz que fraturas de coroas de dentes desvitalizados quando expostas aos produtos clareadores
podem ocorrer por causa da maior fragilidade adquirida durante clareamentos internos.
Referências bibliográficas
REFERÊNCIAS ALOTAIBI, F. L. Adverse effects of tooth bleaching: A review. International
Journal of Oral Care and Research, v. 7, n. 2, p. 53, 2019
ALMEIDA, A. F. et al. Genotoxic potential of 10% and 16% Carbamide Peroxide in dental
bleaching.
Brazilian Oral Research, v. 29, n. 1, p. 1-7, 2015. ALMEIDA, F. S. et al.
Controle da sensibilidade dentária associada ao clareamento dental: relato de caso. Archives of
Health Investigation, v. 10, n. 1, p. 94- 99, 2021.
ALQAHTANI, M. Tooth-bleaching procedures and their controversial effects: A literature review.
The Saudi Dental Journal, v. 26, n. 2, p. 33-46, 2014.
BARBOSA, D. et al. Estudo comparativo entre as técnicas de clareamento dental em consultório e
clareamento dental caseiro supervisionado em dentes vitais: uma revisão de literatura. Revista de
Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo, v. 27, n. 3, p. 244-252, 2017.
Clareamento de dentes vitais e não vitais: Uma visão crítica. link acessado:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3467744/mod_resource/content/1/Clareamento.pdf Data de
acesso: 24/02/2024 às 11h49 min

Você também pode gostar