Anestesia local é definido como um bloqueio reversível da condução
nervosa, determinando a perda de sensações sem alteração do nível de consciência. Essa perda de sensação numa determinada área do corpo, é causada pela depressão ou excitação de terminações nervosas ou a inibição do processo de condução dos nervos periféricos. Após o efeito do anestésico há uma recuperação total da função nervosa sem causar nenhum tipo de dano celular ou lesão das fibras nervosas. As anestesias locais são substâncias que pretendem evitar que o impulso nociceptivo chegue ao cérebro do paciente, bloqueando, portanto a condução nervosa. Estas soluções devem apresentar baixa toxicidade sistémica e elevada biocompatibilidade. O objetivo da anestesia é obter efeito num curto intervalo de tempo. A duração de ação do anestésico deverá ser suficiente para a realização do tratamento dentário com segurança. Estes fármacos exercem uma ação farmacológica nos vasos sanguíneos da área onde são injetados e produzem diferentes graus de vasodilatação. A vasodilatação facilita a velocidade de absorção, aumenta a sua toxicidade e diminui a duração do anestésico local. A duração do efeito anestésico está diretamente relacionada com o tempo em que a solução permanece em contacto com as fibras nervosas. A toxicidade geral do anestésico depende do equilíbrio entre a velocidade de absorção para a corrente sanguínea no local onde é aplicado e a velocidade em que esta substância é removida do sangue (absorção tecidual e metabolismo). A natureza química dos anestésicos locais permite classificá-los em ésteres ou amidas. Os anestésicos do tipo ésteres, como a cocaína, a procaína e a benzocaína foram os primeiros a serem utilizados. Este grupo de anestésicos tem como desvantagem a sua elevada toxicidade. Os anestésicos do tipo amidas são mais estáveis quando comparados aos do tipo ésteres pois podem ser autoclavados sem alterar as suas propriedades. Este tipo de anestesia apresenta uma maior duração de ação por serem metabolizadas hepaticamente. Uma das vantagens da utilização deste tipo de AL é a escassa e esporádica reação de hipersensibilidade. Na prática clínica as amidas mais utilizadas, pela sua baixa toxicidade e menor potencial alergénico quando comparados aos anestésicos do tipo ésteres, são a lidocaína, prilocaína, mepivacaína, bupivacaína e articaína. A lidocaína é o anestésico mais utilizado na prática odontológica. As características desta substância são consideradas “padrão” e servem como base de comparação relativamente a outros AL. Esta substância é metabolizada pelo fígado e os metabólitos são excretados pelos rins. Este AL tem um início de ação num intervalo de tempo entre 2-3 minutos e tem eficácia numa concentração de 2%. A dose máxima recomendada é de 7,0 mg/Kg em adultos e não deve ser superior a 500mg ou 13 tubetes. Apresenta-se comercialmente com ou sem vasoconstritor em concentrações de 1-2% e também pode ser encontrado em soluções para aplicação tópica com uma concentração de aproximadamente 5% (Paiva e Cavalcanti, 2005; Malamed, 2013). A mepivacaína é um anestésico muito utilizado na prática odontológica. Caracteriza-se como sendo um anestésico de duração intermédia e apresenta uma toxicidade duas vezes maior quando comparada à lidocaína. Tem um início de ação entre 1 ½-2 minutos e a dose máxima aconselhada é de 6,6 mg/Kg, não devendo ultrapassar os 400 mg ou 11 tubetes. A eficácia clínica desta solução obriga a uma concentração de 2% com VC e de 3% sem VC. A mepivacaína apresenta uma vantagem significativa relativamente a outras substâncias equivalentes, devido à sua capacidade de obtenção de um maior tempo de efeito da solução sem o uso do VC. A articaína é diferente dos demais pois contém um anel tiofénico que lhe confere grande capacidade de penetração e difusão tecidual aumentando a sua lipossolubilidade, tornando-se então a única amida com um grupo éster presente. Assim, imediatamente após a sua administração, inicia-se a sua biotransformação no fígado, nos tecidos e no plasma. Esta solução apresenta baixa toxicidade, mas é contraindicada em pacientes com meta- hemoglobinemia idiopática ou congénita, anemia ou insuficiência cardiorrespiratória. A dose máxima recomendada é de 6,6 mg/kg sem que ultrapasse as 500 mg ou 6 tubetes. A articaína é mais eficaz quando comparada à lidocaína após o bloqueio do nervo alveolar inferior em dentes com pulpite irreversível. A prilocaína é semelhante à lidocaína apesar de causar menor vasodilatação, o que lhe confere uma maior duração de ação mesmo na ausência de vasoconstritor. Este AL é aproximadamente duas vezes mais tóxico e mais potente que a solução anestésica padrão (lidocaína) e apresenta um início de ação mais lento compreendido entre 2 e 4 minutos. Esta solução apresenta melhor desempenho quando administrada pela técnica de bloqueio do nervo alveolar inferior em relação à técnica anestésica do tipo infiltrativa. A prilocaína apresenta-se com uma concentração de 3 ou 4% e normalmente o VC associado é a felipressina. A bupivacaína apresenta uma potência cerca de quatro vezes superior em relação à lidocaína e uma toxicidade quatro vezes menor. A sua ação tem efeito cerca de 6 a 10 minutos após administração e a sua analgesia pode durar entre 5 a 9 horas. A dose máxima recomendada desta solução e de 1,3 mg/kg não devendo exceder as 90 mg ou 10 tubetes. Os anestésicos locais sem vasoconstritores apresentam maior poder de toxicidade, produzem uma anestesia pulpar de curta duração o que impossibilita o controle profundo e adequado da dor na grande maioria dos procedimentos odontológicos, requerendo um suplemento anestésico durante o procedimento e provocando estresse no paciente. O uso de vasoconstritor permite prolongar o tempo de duração do efeito da anestesia, melhorar a sua qualidade, reduzir a concentração mínima necessária de AL para um bloqueio nervoso, diminuir a toxicidade sistémica e reduzir a perda de sangue durante os procedimentos cirúrgicos. Pode-se distinguir em dois tipos: as aminas simpaticomiméticas (adrenégicos) e a felipressina. As aminas simpaticomiméticas são a adrenalina (ou epinefrina), noradrenalina (ou norepinefrina), levonordefrina e fenilefrina. A fenilefrina está exclusivamente associada à lidocaína e apresenta menos potência que a adrenalina, no entanto é uma substância que exibe uma grande estabilidade e uma duração mais prolongada. Os VC adrenégicos são os mais semelhantes na sua atuação com a adrenalina endógena do ser humano produzida nas glândulas suprarrenais quando o sistema nervoso central é ativado. A felipressina está associada apenas a soluções em que a base anestésica é a prilocaína. Ela apresenta uma grande vantagem relativamente por não apresentar repercussões ao nível do sistema cardiovascular, não induz a alterações da pressão arterial, nem na circulação coronária, assim como não confere nenhum tipo de alterações no pulso e no volume cardíaco.
FORRAMENTO DE CAVIDADES
Os materiais protetores dentino-pulpar são classificação quanto à espessura
e a viscosidade, e o critério de escolha do material é a profundidade da cavidade e a quantidade de dentina remanescente. Agentes de selamento: vernizes cavitários e sistemas adesivos. Agentes de forramento: hidróxido de cálcio/ MTA, indicados para cavidades com muita profundas, 0,2 a 1 mm de remanescente dentinário. Agentes para base cavitária: utilizados em cavidade médias e profundas, ionômeros de vidro/óxido de zinco e eugenol. Os Cimentos de hidróxido de cálcio possuem apresentação comercial em forma de pasta, pó e cimento. A Forma pura (pró-análise P.A) pó ou pasta quanto misturada ao soro fisiológico; Forma pura ou em pasta apresenta alta solubilidade, cor branca e ph alto. É indicado quando se tem exposição pulpar ou suspeita, é colocado em cima da exposição. Cimentos de hidróxido de cálcio também são comercializados em duas pastas (pasta base e pasta catalisadora) que possuem reação de presa química. Também é comercializado em pasta única, que são fotoativados ou fotosensíveis. Manipulação: PA ou pasta são aplicados diretamente sobre local de exposição pulpar sem contaminação. A pasta ( presa química) devem ser manipulados em partes iguais com auxílio de placa de vidro. Apresentam uma cor uniforme da mistura, sua espatulação é realizada em 10 segundos e é inserida na cavidade com auxílio do instrumental porta DYCAL. O Tempo de trabalho 2 a 3 min; a umidade e aumento de temperaturas dentro da cavidade bucal levam redução tempo de trabalho, pois aceleram a presa. A Cavidade deve estar bem seca, com jato de ar da seringa tríplice ou bolinha de algodão estéril. Sua presa final é em torno de 7 minutos, apresentando resistência suficiente para condensação de materiais restauradores. Deve-se utilizar a menor espessura possível devido a alta solubilidade e baixa resistência mecânica); Hidróxido de cálcio de pasta única (fotoativados/fotosensíveis), utiliza-se polimerização por 20 segundos ou de acordo com o fabricante. Propriedades: Liberação de íons cálcio e OH responsáveis pela cicatrização pulpar, redução de microrganismos viáveis próximos à polpa (componentes antibactericidas como o glicol salicilato). Alto ph propicia efeito antimicrobiano. Devido alta solubilidade, deve- se evitar uso desses materiais em margens cavitárias e devem ser protegidos por material para base cavitária como o cimento ionômero de vidro. Cavidades superficiais, rasas e de média profundidade: Apenas hibridização pelo sistema adesivo. Cavidades de média profundidade: cimento ionômero de vidro e sistema adesivo. Cavidades Profundas (até aproximadamente 0,5mm de dentina remanescente): Cimento de hidróxido de cálcio + cimento ionomérico + sistema adesivo. (dentina sem esclerose) Cavidades Bastante Profundas (com 0,5mm ou menos de dentina remanescente): Cimento de hidróxido de cálcio + cimento de ionômero de vidro + sistema adesivo. Cavidades com Exposição Pulpar: lavar com soro fisiológico e solução de hidróxido de cálcio + pó de hidróxido de cálcio + cimento de hidróxido de cálcio + cimento de ionômero de vidro + sistema adesivo. TÉCNICAS DE RASPAGEM CORONÁRIAS
A raspagem subgengival e alisamento radicular são os primeiros estágios no
tratamento da periodontite e são executados com instrumentos manuais. Visam remover os depósitos moles e duros das superfícies dentárias. A instrumentação subgengival visa resolver a inflamação subgengival e interromper a destruição progressiva do periodonto de inserção por meio da remoção do biofilme da bolsa gengival. Para a remoção de cálculo são utilizadas curetas ou foices e após a remoção realiza-se o alisamento da região com taças de borracha, pedra pomes e pastas de polimento com grãos mais finos. O tratamento periodontal não cirúrgico pode ser realizado com o uso de vários tipos de instrumentos, por exemplo, os instrumentos manuais, sônicos e ultrassônicos e os dispositivos a laser ablativo. Os instrumentos manuais mais utilizados são as curetas de Gracey e mccall: Curetas Gracey 5-6: Indicadas para raspagem de todos os dentes anteriores. Curetas Gracey 7-6: Indicadas para raspagem das faces livres dos dentes posteriores. Curetas Gracey 11-12: Indicadas para raspagem da face mesial dos dentes posteriores. Curetas Gracey 13-14: Indicadas para raspagem da face distal dos dentes posteriores. Curetas mccall 13-14: Indicadas para raspagem de todas as faces dos dentes anteriores. Curetas mccall 17-18: Indicadas para raspagem de todas as faces dos dentes posteriores. O uso de instrumentos manuais permite boa sensação tátil, mas tende a ser mais demorado que outros métodos e requer a afiação correta e frequente do instrumento. Dependendo do modelo da lâmina, os instrumentos manuais são categorizados como curetas, foices, enxadas ou limas. Um instrumento manual é composto por três partes: a parte de trabalho (a lâmina), a haste e o cabo. A instrumentação subgengival deve preferivelmente ser realizada sob anestesia local. A superfície radicular no local doente é explorada com uma sonda para identificar a profundidade à sondagem, a anatomia da superfície radicular (irregularidades, sulcos na raiz, furcas abertas), e a localização dos depósitos calcificados. O instrumento manual é segurado como uma caneta, mas de modo modificado, e a lâmina, inserida na bolsa periodontal com a face da lâmina paralela e em leve contato com a raiz. O raspador é posicionado na bolsa com o bisel em um ângulo entre 45 e 90°. É importante que toda a instrumentação da superfície radicular seja realizada com apoio do dedo apropriado. Isso implica que um dedo – o terceiro ou o quarto – precisa agir como fulcro para o movimento da lâmina do instrumento. Um apoio do dedo apropriado serve para fornecer um fulcro estável, permitir melhor angulação da lâmina e possibilitar o uso de movimento punho–antebraço. O apoio do dedo precisa ser o mais perto possível do local da instrumentação para facilitar o uso controlado do instrumento. Depois de a base da bolsa periodontal ter sido identificada com a borda inferior da lâmina, o instrumento é virado em uma posição de trabalho adequada: haste paralela ao eixo longo do dente. A empunhadura do instrumento é firme, a pressão entre a borda cortante e a superfície radicular é aumentada e a lâmina é movimentada na direção coronal. Os movimentos precisam ser verticais, horizontais e oblíquos, em diferentes direções para cobrir todas as faces da superfície radicular (transversalmente e para frente e para trás), mas, os movimentos devem sempre começar da posição apical e ser orientados na direção coronal. A sonda é inserida na bolsa mais uma vez, e a superfície da raiz, avaliada novamente à procura de cálculo (tártaro). DIAGNOSTICO EM DENTÍSTICA
Antes do quadro clínico de lesão cariosa, o profissional já tem condições de
atuar diretamente para conter e reverter a doença quando há o diagnóstico precoce de atividade da doença, como na presença de sítios de desmineralização do esmalte dental em áreas de acúmulo de biofilme, apresentadas clinicamente como uma mancha branca sem brilho superficial. Nesse estágio é possível reverter o quadro e remineralizar a lesão. O início do desenvolvimento de cárie acontece em estágios subclínicos, evoluindo, em seguida, para lesões em esmalte e dentina, quando torna-se possível o seu diagnóstico visual e tátil. Tais lesões podem ser representadas por manchas brancas, as chamadas lesões não cavitadas (LNC), ou por cavitações nos dentes, que são conhecidas como lesões cavitadas (LC). Podem, ainda, estar ativas ou inativas, sendo fundamental que o cirurgião- dentista as diferencie, pois a conduta de tratamento varia conforme a atividade e o tipo da lesão. O processo carioso é responsável pela remoção de minerais da superfície do dente, modificando sua estrutura tecidual. Quando no esmalte, a perda desses minerais cria, na estrutura dentária superficial, poros intercristalinos, causando a redução da translucidez do dente e consequente aumento de opacidade. O nível mais alto de opacidade, por sua vez, permite a visualização da lesão de cárie, que geralmente se apresenta sob a forma de uma lesão de mancha branca, ou LNC. Nas superfícies lisas livres, com os dentes limpos, secos e bem iluminados, a inspeção visual é o método de escolha para a detecção de lesões cariosas. Depois dessa identificação, o diagnóstico da atividade da lesão deve ser realizado considerando-se sua localização, aparência (coloração) e consistência. As lesões de mancha branca localizam-se na superfície de esmalte do dente e podem estar ativas (LNCA) ou inativas (LNCI). Elas se apresentam clinicamente em locais de difícil remoção do biofilme, como as superfícies vestibular, proximal e cervical dos dentes. A diferença observável entre uma lesão de mancha branca (ou não cavitada) ativa e uma inativa é que aquela com atividade de cárie geralmente tem a aparência opaca e rugosa, enquanto uma sem atividade de cárie pode apresentar-se pigmentada ou com coloração clara, estando a superfície do esmalte lisa e brilhante. De maneira semelhante, as lesões cavitadas, que são uma consequência da progressão da lesão de mancha branca, também poderão estar ativas (LCA) ou inativas (LCI). Na cavidade ativa, o tecido desmineralizado é mais claro e amolecido, além de exibir uma mancha branca ativa nos seus bordos, por sua vez, a cavidade inativa apresenta uma coloração mais escurecida, com tecido endurecido à sondagem e sem a presença do halo de mancha branca ativa nos bordos. O diagnóstico precoce de lesões oclusais é problemático em função das características anatômicas dessa superfície. Nas cicatrículas e fissuras, o processo carioso se inicia com a formação de lesões de mancha branca bilaterais nas paredes laterais da fissura, e isso não é facilmente visualizado. Nos estágios iniciais da doença, o processo de desmineralização ocorre na subsuperfície do esmalte, permanecendo muitas vezes despercebido até que a lesão evolua, desmoronando o esmalte superficial e formando uma cavidade. O uso da sonda exploradora no diagnóstico de lesões cariosas pode induzir a erros, pois o instrumento pode se prender em uma fissura, mesmo que esta esteja livre de cárie. E uma fissura onde a sonda não se prende pode apresentar sinais histológicos da formação inicial de uma lesão. Assim, a sonda pode ser empregada para detectar a consistência do tecido no fundo da cavidade, mas o diagnóstico precoce deve basear-se mais no exame visual do que na exploração tátil com esse instrumento. Na inspeção visual, a presença de mancha branca opaca ao redor da fissura sugere a presença de cárie ativa. Por outro lado, a pigmentação da fissura pode ou não ser indicativa de lesão cariosa, uma vez que em pacientes de baixo risco à cárie a pigmentação nessa área pode resultar da mineralização progressiva da placa bacteriana nessa região (selamento biológico). Por isso a importância da radiografia interproximal como recurso auxiliar de diagnóstico, a fim de confirmar a presença de cárie oclusal com envolvimento dentinário. Os métodos de digitalização radiográfica têm se mostrado eficazes também para a superfície oclusal, pois permitem melhor estimação da profundidade da lesão e armazenamento das imagens sem perda de qualidade. Apesar do surgimento de novos métodos de diagnóstico da cárie, a inspeção visual continua como primeira opção, sendo auxiliada pelos demais métodos para a obtenção de um diagnóstico mais seguro. O exame radiográfico é utilizado como método auxiliar no diagnóstico de cárie. A radiografia é um método não invasivo, principalmente quando comparada à sondagem, que pode causar cavitação no esmalte desmineralizado. No caso de lesões questionáveis, existem duas alternativas: o monitoramento da superfície que respeita os preceitos da Odontologia minimamente invasiva; ou a invasão das fissuras para a confirmação do diagnóstico, o que inevitavelmente resulta em procedimento restaurador e, portanto, deve ser evitado. DIAGNÓSTICO EM ENDODONTIA
A técnica de diagnóstico exige uma abordagem sistemática do paciente,
incluindo a anamnese (exame subjetivo), o exame físico (exame objetivo) e os exames complementares. A interpretação e o cruzamento das informações colhidas em cada uma das três etapas possibilitarão o fechamento do diagnóstico com a consequente elaboração do plano de tratamento. A polpa normal está livre de sinais e sintomas e responderá positivamente aos testes pulpares térmicos e elétrico, reagindo aos estímulos com resposta dolorosa de intensidade compatível com a excitação provocada. Embora se admita que essa polpa possa não estar histologicamente normal, a polpa clinicamente normal responde de forma suave ou transitória ao teste térmico pelo frio, demorando não mais do que um a dois segundos para alívio, após a remoção desse estímulo. É importante comparar o dente analisado com seus vizinhos, sendo preferível testar o dente sadio primeiro, no intuito de familiarizar o paciente com uma resposta normal ao frio. As manobras de palpação apical e percussão de um dente com polpa normal resultam em resposta negativa. A pulpite reversível apresenta uma sintomatologia provocada de resposta um pouco mais intensa que na polpa normal. Os resultados objetivos e subjetivos devem levar o profissional a acreditar que a inflamação pulpar regredirá, após ter sido instituída a terapêutica apropriada. O desconforto pulpar é experimentado quando um estímulo, como frio ou doce, é aplicado, havendo o aparecimento de uma dor brusca, que tenderá a desaparecer poucos segundos após a sua remoção. Assim, a dor nesses casos é sempre provocada e nunca espontânea. Situações frequentes em que a pulpite reversível ocorre são a dentina exposta (sensibilidade dentinária), a cárie ou as restaurações profundas. A radiografia periapical assemelha-se à de um dente com polpa normal. Sem necessidade de medicação analgésica para o desconforto. A remoção de tecido cariado e restauração apropriada leva à completa remissão dos sintomas evidenciados. A Pulpite irreversível sintomática, trata-se de um diagnóstico com base em achados de que a polpa inflamada vital é incapaz de se recuperar após a remoção dos fatores que levaram a essa condição inflamatória, sendo indicado o tratamento endodôntico não conservador: pulpectomia ou, quando indicada, a pulpotomia. As características dessa entidade patológica podem incluir dor aguda após estímulo térmico (demorando a cessar após a remoção do estímulo, geralmente 30 segundos ou mais), dor espontânea (dor não provocada) em decúbito ou ao se curvar, e dor irradiada (também chamada dor referida ou dor reflexa). Em algumas situações, o paciente pode relatar aumento da dor com aplicação de frio e seu alívio quando entra em contato com uma substância quente, ou o contrário. A resposta à palpação apical e à percussão vertical pode ser negativa ou positiva, e o aspecto radiográfico pode se apresentar normal ou com ligeiro espessamento do espaço periodontal. Sendo assim os testes térmicos assumem fundamental importância para o diagnóstico. O uso de analgésicos e/ou anti-inflamatórios costuma não surtir o efeito desejado. Geralmente causado por cáries profundas, restaurações extensas ou, ainda, fraturas com exposição pulpar. A Pulpite irreversível assintomática, trata-se de um diagnóstico clínico que se baseia fundamentalmente em respostas aos exames subjetivo e objetivo, que indicam que a polpa está inflamada e incapaz de retornar à sua condição de normalidade. Contudo, muitas vezes não há, nesse caso, uma queixa clínica dolorosa importante descrita pelo paciente. Ao contrário, elementos portadores de pulpite irreversível assintomática costumam responder normalmente ou de forma bastante moderada aos testes térmicos, podendo ter sofrido agressão ou cárie profunda, cuja remoção frequentemente leva à exposição da polpa. Quando existente, a dor costuma ser intermitente (não contínua), sobretudo por compressão. O pólipo pulpar é um exemplo bastante elucidativo e rotineiro de pulpite irreversível assintomática, que guarda relação clínica direta com o quadro histológico da pulpite crônica hiperplásica. Embora estas duas entidades patológicas estejam fortemente correlacionadas, é necessário enfatizar ser mais adequado ao cirurgião-dentista empregar o termo pólipo pulpar em seu diagnóstico clínico, uma vez que a hiperplasia (aumento do número de células) é manifestação somente observável ao exame microscópico desse achado histopatológico. O paciente pode apresentar como queixa principal “uma gengiva crescendo dentro do dente”. O pólipo pulpar tem grande prevalência as crianças e pacientes jovens, mas também é possível encontrar essa condição em pacientes adultos jovens. A Necrose pulpar trata-se de um diagnóstico clínico que indica a necrose da polpa dental, quadro em que será necessário o tratamento endodôntico radical. A necrose do tecido pulpar está associada à presença de microrganismos, mesmo nos casos em que a causa da necrose teve origem em fatores não microbianos, como o traumatismo dental. Em resposta à agressão e à necrose da polpa dental, o organismo desencadeia processos inflamatórios agudos ou crônicos de defesa na região perirradicular, podendo resultar na formação de cistos e granulomas perirradiculares e, eventualmente, no surgimento de coleções purulentas (abscessos). O aspecto radiográfico de dentes com necrose pulpar variará desde situações em que ainda existirão os padrões de normalidade, passando pelos quadros de espessamento do espaço do ligamento periodontal, podendo ser identificadas as chamadas lesões perirradiculares. Alguns dentes podem não responder aos testes pulpares, em decorrência de o canal estar calcificado, haver sofrido lesão traumática recente, ou simplesmente não ter uma resposta positiva. Os Tecidos apicais normais não apresentam resposta dolorosa ao teste da percussão e palpação e radiograficamente a lâmina encontra-se intacta, e o espaço periodontal uniforme. O exame de palpação e percussão deve ser comparativo, iniciando por dentes sadios. As periodontites apicais (ou lesões perirradiculares) são processos inflamatórios reversíveis, que podem ocorrer tanto em dentes portadores de polpa viva inflamada quanto em elementos dentários com polpa necrosada, tendo várias e distintas causas. A Periodontite apical (lesão perirradicular) sintomática, refere-se à inflamação do periodonto apical, em que ocorrem sintomas clínicos de dor à mordida e/ou percussão e palpação apical. Poderá estar ou não acompanhada de alteração radiográfica, pois, dependendo do estágio da doença, haverá ou não espessamento do espaço periodontal ou radiolucidez perirradicular apical. Uma resposta gravemente dolorosa à percussão/ palpação é altamente indicativa de processo degenerativo pulpar e o tratamento de canal faz-se necessário. Quando acompanhada de necrose pulpar, as respostas aos testes pelo frio, quente e elétrico são negativas; a dor à percussão vertical, à palpação apical e à percussão resulta em um dente muito sensível. A radiografia pode apresentar um discreto espessamento do espaço periodontal e a tentativa de aliviar o problema doloroso com medicação sistêmica pode não surtir efeito. A dor é descrita como latejante e martelante , sensação de dente crescido. Há casos em que ocorrem periodontites apicais sintomáticas em dentes portadores de polpa viva. Restaurações com sobrecontornos oclusais, pontos de contato oclusais prematuros, maloclusões e forças ortodônticas excessivas podem desencadear o seu aparecimento, mesmo com a vitalidade e higidez pulpar. A remoção dos fatores desencadeadores nesses casos levará à remissão total do quadro. A periodontite apical assintomática consiste na inflamação e na destruição do periodonto apical de origem pulpar, e, nesses casos, não há dor ou ela é muito discreta. Como esse quadro está relacionado com dentes portadores de necrose pulpar, os testes pulpares apresentam resposta negativa, bem como não há desconforto importante como resposta à palpação e à percussão. No exame radiográfico, manifesta-se a radiolucidez apical. Abscessos são cavidades circundadas por paredes de tecido fibrótico ou de granulação, que contêm pus em seu interior. Podem ocorrer na região apical, como consequência da morte das células de defesa no combate à infecção perirradicular preexistente. Podem ser abscessos apicais crônicos ou agudos. Abscesso apical (perirradicular) crônico, caracteriza-se por processo inflamatório em que a formação de pus se dá lentamente, sem desconforto importante para o paciente. A presença de fístula é típica dessa entidade patológica. O trajeto da fístula pode ser rastreado radiograficamente com cone de guta percha. Abscesso apical (perirradicular) agudo, são bastante sensíveis às manobras de percussão, palpação e pressão e estão associados à presença de polpa necrótica e infectada, na qual o dente não responde mais a quaisquer testes térmicos pulpares. O quadro costuma ser doloroso, pela pressão do pus e tumefação dos tecidos moles, frequentemente acompanhadas de manifestações sistêmicas, como prostração, febre, infartamento ganglionar, podendo haver trismo. O inchaço existente pode ser intra e/ou extrabucal e a infecção poderá progredir para a cortical ou espaços medulares do osso – o que caracteriza a osteomielite – ou se difundir pelos tecidos moles como uma celulite, sendo notadamente grave a angina de Ludwig, um tipo de celulite de tecidos moles com risco de morte envolvendo três compartimentos no assoalho da boca, incluindo os espaços submentuais, sublinguais e submandibulares bilateralmente. A osteíte condensante, também chamada osteomielite esclerosante focal, osteomielite crônica esclerosante focal ou osteíte esclerosante, é o crescimento patológico dos ossos maxilomandibulares acompanhado de sintomas clínicos discretos. A osteíte condensante é uma resposta dos tecidos ósseos perirradiculares a uma agressão de baixo estímulo inflamatório, ou microbiano, ambos com origem na polpa dental, caracterizada por crescimento ósseo periódico. Clinicamente, as áreas de esclerose óssea aparecem associadas a ápices de dentes com pulpite e grandes lesões cariosas, restaurações coronárias profundas, em dentes portadores de necrose pulpar e em casos de tratamento endodôntico inapropriado. É comum em crianças e adultos jovens, podendo acometer também pessoas idosas, e envolve com mais frequência pré-molares e molares inferiores inflamados ou necrosados. O aspecto radiográfico da osteíte condensante tem sido descrito como massa densa e uniforme e vaga transição para o osso circunjacente, combinada com perda apical da lâmina dura e ampliação do espaço do ligamento periodontal, ou, como uma lesão difusa apical radiopaca. A lesão da osteíte condensante não apresenta margem radiolúcida, como se costuma observar na displasia cemento-óssea focal, e também não se verifica uma radiopacidade separada do ápice, como no caso da esclerose óssea idiopática, ambas sem etiologia endodôntica. O desaparecimento da imagem característica de osteíte condensante perirradicular já foi objeto de estudo radiográfico, podendo haver sua completa remissão após tratamento endodôntico.
BIOSSEGURANÇA EM ODONTOLOGIA
Entende-se como biossegurança um conjunto de normas e procedimentos
adequados para à manutenção da saúde em atividades de risco de doenças. um dos meios causais de doenças, é pela infecção cruzada, que é a passagem de micro-organismos de uma pessoa a outra. Na odontologia, ela pode ocorrer do paciente para o cirurgião-dentista e equipe; do cirurgião-dentista e equipe para o paciente; de paciente para paciente, via cirurgião-dentista e equipe; e de paciente para paciente, via fômites. Os fatores de risco de contágio mais importantes (principalmente AIDS e hepatite C) são sangue, agulhas e instrumentos perfurocortantes. Com isso, os materiais usados pelo cirurgião-dentista podem ser classificados em críticos, semicríticos e não críticos. Artigos críticos são aqueles que penetram nos tecidos, no sistema vascular e órgãos. Eles devem estar esterilizados ao serem utilizados. Exemplos: agulhas para anestesia e sutura, instrumentos para cirurgia, para raspagem, para endodontia, limas, fios de sutura, curetas para dentina, sonda exploradora e milimetrada, brocas, porta- agulha, matrizes de aço, e etc. Artigos semicríticos entram em contato apenas com mucosa integra. Devem estar esterilizados, e desinfetados, ao serem utilizados. Exemplos: são pinça clínica, espelho bucal, condensadores de amálgama, espátulas, pedras e pontas montadas, cânulas de sucção, taças de borracha, etc. Artigos não críticos são aqueles que entram em contato apenas com a pele íntegra e os que não entram em contato direto com o paciente. Devem estar desinfetados ao serem usados. Exemplos: placa de vidro, Dappen, porta-dique plástico ou metálico, etc. Para ter contato com o paciente é necessário saber e executar uma série de normas, como: proteção individual, conduta no atendimento, desinfecção e barreiras físicas a cada paciente, procedimentos de esterilização, descarte de resíduos sólidos e conduta nos acidentes com instrumentos perfurocortantes.
Na proteção individual, o profissional tem que estar com as vacinas de
imunização regularizadas com todas as doses. O uso de EPI também faz parte, sendo eles avental/jaleco, luvas, gorro, mascara, óculos e face shield.
Na desinfecção e barreiras físicas é preciso seguir etapas.
Degermação: lavar as mãos com água e sabão antes de calçar as luvas, devendo obedecer aos seguintes passos: palmas, dorso, espaços interdigitais, polegar, unhas e extremidades dos dedos, punhos. Após lavar, friccionar as mãos com álcool gel a 70% e usar toalha de papel para enxugar as mãos. Desinfecção: Equipo e elementos complementares, friccionar gaze com ácido peracético (PAA) a 1% ou álcool a 70%; Bancadas: friccionar álcool a 70%; Pontas ativas: esterilizar ou desinfetar friccionando PAA a 1%; Unidade auxiliar (cuspideira): PAA a 1% ou hipoclorito a 1%; Piso: hipoclorito a 1% ou PAA a 1%, escovando da área menos contaminada para a mais contaminada. Barreiras físicas: recobrimento de pontas ativas, tubulação da sucção, superfície de armário clínico, apoio de cabeça e costas, alça do refletor, botões do equipamento, puxadores, filmes de raio X; sobreluvas para revelar raio X e para pegar bisnaga e frascos, para o telefone, maçanetas, etc. Para realizar os procedimentos de esterilização é preciso saber que a presença de sangue, soro e saliva sobre o instrumento dificulta a esterilização. Fases da esterilização: 1. Pré‐lavagem: mergulhar os instrumentais em detergente enzimático por 5 minutos; em seguida, mergulhar em PAA a 2% por 30 minutos; 2. Lavagem (paramentação e luvas): escovação na vertical para remover toda a sujeita; 3. Secagem (jatos de ar nos instrumentos em posição vertical ou compressa de gaze); 4. Embalagem em seladora ou papel‐grau cirúrgico; 5. Esterilização: em autoclave ou estufa; 6. Acondicionamento do instrumental em armário ou gavetas, sem dobrar. Os meios físicos de esterilização mais utilizados é calor úmido (autoclave) e calor seco (estufa), sendo o primeiro o método mais eficaz. Na autoclave é permitido esterilizar luvas, panos de campo, gaze e plástico resistente ao calor. Exige empacotamento prévio com papel grau cirúrgico, e o recipiente que contém o instrumental/material deve apresentar perfurações. ciclos de esterilização: 121 °C, 1 atm (15 PSI), 30 min; 132 °C, 1 atm (15 PSI), 15 min; 132 °C, alto vácuo, 4 min. O calor seco (estufa) apresenta alta eficiência na esterilização , porém é contraindicação para luvas, panos de campo, gaze, moldeiras, e pode alterar o corte de instrumentos. Seu uso é 160 °C durante 2 horas ou 170 °C por 1 hora. O descarte de resíduos sólidos tem que ser feitos da forma adequada. O lixo comum é descartado em um saco plástico preto, o lixo contaminado em saco branco leitoso com inscrição “contaminado”, os perfurocortantes em caixa de papelão (Descarpack ou similar), os resíduos mercuriais em recipientes com água ou descarte da embalagem em coleta de lixo hospitalar. Em casos de acidentes com instrumentos Perfurocortantes, o profissional deve seguir uma conduta. Lavar a área acidentada com água, sabão ou solução antisséptica (PVP ou CLX 2%). Informar ao paciente sobre a necessidade da realização do teste rápido anti-HIV, preencher o relatório de ocorrência do acidente e solicitar ao paciente a assinatura do Termo de Consentimento para a realização deste exame, em conformidade com o protocolo es- tabelecido pela Secretaria de Saúde do município (este exame só pode ser realizado com livre consentimento do paciente). Encaminhar-se juntamente com o paciente ao estabelecimento determinado para a realização de exames. Mediante o resultado do teste, o profissional e o paciente seguirão ou não os procedimentos profiláticos com esquema antirretroviral. Se o resultado for positivo, o profissional iniciará imediatamente o esquema antirretroviral durante 30 dias. Se for cirurgiã-dentista, deve-se certificar primeiro de que não está gestando antes de iniciar a medicação. O paciente deverá ser encaminhado ao médico para avaliação do estágio atual da doença, para receber os cuidados necessários. Se o resultado for negativo, o profissional deve realizar a proservação médica por seis meses; se for positivo, por 18 meses. Este protocolo deve ser cumprido o mais precocemente possível e dentro de um período máximo de 72 horas após o acidente, para que se obtenha eficácia profilática adequada.
PREPAROS CAVITÁRIOS / TIPOS DE CAVIDADES
As finalidades do preparo cavitário são eliminar todos os vestígios do tecido
patológico (adoecido/infectado), criar uma cavidade com formas que permitam ao dente receber e segurar o material da restauração, além de garantir que as margens vão até os locais “imunes” a cárie e preservar a vitalidade da pulpar. O preparo de uma cavidade deverá ser realizado de acordo com normas bem estabelecidas no que diz respeito à forma de contorno, resistência, retenção e adequado tratamento do ângulo cavo-superficial. As principais regras do preparo é remoção total do tecido cariado infectado; deixar as paredes da cavidade suportadas por dentina sadia ou material com igual função; conservar a maior quantidade possível de tecido dental sadio; deixar as paredes cavitárias planas e lisas; Forma de contorno: remoção do esmalte friável sem apoio dentinário, margens do preparo localizadas em área de relativa imunidade à cárie e que possibilitem o correto acabamento das margens da restauração; A forma de contorno irá depender se a cárie está localizada em superfícies de cicatrículas e fissuras ou superfícies lisas; Envolver as áreas que estejam cariadas, desmineralizadas e apresentem defeitos estruturais acentuados. Remoção da dentina cariada: É o tempo operatório que consiste na remoção de toda a dentina desmineralizada e infectada (irreversível); Preservação da parede pulpar, realizar bom vedamento e remoção das paredes laterais; no esmalte utilizar pontas diamantadas em alta rotação; na dentina utilizar baixa rotação ou curetas. Forma de resistência: características dadas à cavidade para que a estrutura dental e a restauração possam resistir aos esforços mastigatórios, a variações volumétricas dos materiais restauradores, a diferença entre coeficiente de expansão térmica dos dentes e materiais restauradores; Forma de retenção: Características dadas à cavidade para impedir o deslocamento do material restaurador; Forma de conveniência: Procedimentos empregados para facilitar o acesso, proporcionar adequada instrumentação do preparo e inserção do material restaurador; isolamento, controle de fluidos, retração gengial, afastamento dental com matriz e tiras de aço. Acabamento das paredes do preparo: Consiste em regularizar as paredes de esmalte e o ângulo cavo-superficial. Remove o esmalte fragilizado, melhora a adaptação do material restaurador às paredes cavitarias, melhora o vedamento marginal e diminui a infiltração marginal; Limpeza da cavidade: consiste em remover os resíduos do preparo cavitário antes da inserção do material protetor e/ou restaurador; utiliza-se clorexidina, água oxigenada 2%, tergentol, água de hidróxido de cálcio, ácidos (fosfórico 35% ou 37%, edta 10%, poliacrílico 25%) Os tipos de cavidades de acordo com Classificação de Black: Classe I: cavidades produzidas em regiões de cicatrículas e fissuras. São comuns em vestibular de MI, lingual de MS, oclusal de PM e M, e lingual dos anteriores (sulco delimitado pelo cíngulo) em áreas com má coalescência do esmalte. Classe II: cavidades que envolvem as faces proximais de dentes posteriores. Classe III: cavidades que envolvem proximais de dentes anteriores, sem comprometimento do ângulo incisal. Classe IV: cavidades que envolvem proximais de dentes anteriores, com envolvimento do ângulo incisal. Classe V: cavidades no terço cervical nas faces vestibulares/ linguais de qualquer dente.
ASSEPSIA E ANTISSEPSIA EM ODONTOLOGIA
A antissepsia é a destruição de micro-organismos existentes nas camadas
superficiais ou profundas da pele, mediante a aplicação de um agente germicida de baixa causticidade, hipoalergênico e passível de ser aplicado em tecido vivo. Essa descontaminação depende da coordenação de dois processos: degermação e antissepsia. A degermação é a remoção de detritos e impurezas depositados sobre a pele. Sabões e detergentes sintéticos, graças a sua propriedade de umidificação, penetração, emulsificação e dispersão, removem mecanicamente a maior parte da flora microbiana existente nas camadas superficiais da pele, também chamada flora transitória, mas não conseguem remover aquela que coloniza as camadas mais profundas ou flora residente. Um antisséptico adequado deve exercer a atividade gemicida sobre a flora cutâneo-mucosa em presença de sangue, soro, muco ou pus, sem irritar a pele ou as mucosas. Os agentes que melhor satisfazem as exigências para aplicação em tecidos vivos são os iodos, a clorexidina, o álcool e o hexaclorofeno. Para a desinfecção das mãos temos soluções antissépticas com detergentes (degermantes) e se destinam à degermação da pele, removendo detritos e impurezas e realizando antissepsia parcial. Como exemplos citam: solução detergente de PVPI a 10% (1% de iodo ativo), solução detergente de clorexidina a 4 %, com 4% de álcool etílico, solução de álcool iodado a 0,5 ou 1 % (álcool etílico a 70%, com ou sem 2 % de glicerina). A desinfecção refere-se ao processo pelo qual microrganismos patogénicos e não patogénicos são eliminados, diminuindo o risco de infecção, mas não de forma absoluta. - Níveis de desinfecção Desinfeção de baixo nível: este procedimento elimina alguns tipos de bactérias e fungos nas suas formas vegetativas. No entanto, é ineficaz para o extermínio de vírus, esporos resistentes e outros tipos de bactérias. Geralmente é utilizada em material não crítico. Pode ser efetuada através da aplicação de álcool 70º, compostos fenólicos ou soluções de hipoclorito de sódio a 10%. Desinfecção de nível intermédio: elimina vírus, bactérias e fungos, mas não esporos resistentes. É realizada por alguns tipos de álcoois, como o etílico ou isopropil. Desinfecção de alto nível: é o processo mais completo através do qual bactérias, vírus, fungos e alguns esporos resistentes são eliminados. Para isso, pode ser utilizado glutaraldeído 2%. Em relação ao uso de agentes químicos foi estabelecido três níveis de biocidas: - Biocida de nível alto: PAA a 2% (20 g/l) as aplicações do PAA referem-se à limpeza e à desinfecção (a 1%): equipos – parte externa: estofamento da cadeira clínica (apoio de cabeça, encosto, assento e base), unidade suctora, refletor (alça e proteção da lâmpada, tubulação e braço), caixa de conexão, superfícies de armários, comando de pé, piso das dependências e periféricos. Parte interna: sugadores, mangueiras de alta e baixa rotação, cuspideira de porcelana. - Biocida de nível médio: álcool a 70%, cloro e iodo. - Biocida de nível baixo: clorexidina a 1%, amônia quaternária. Procedimentos para serem realizados entre um paciente e outro: retirar e descartar as luvas, lavar as mãos, colocar as luvas de limpeza, retirar as coberturas descartáveis, colocar o motor de alta rotação em movimento por 15 segundos, desinfetar as pontas, retirar o saquinho de lixo do porta-detritos, remover os instrumentos cortantes e colocá-los em recipiente próprio, limpar e desinfetar a cuspideira, retirar o sugador e colocar substância desinfetante no sistema de sucção, desinfetar as superfícies – lavar e secar os instrumentos e colocá-los para esterilizar, retirar as luvas de limpeza, lavar as mãos e colocar um novo par de luvas, colocar novas coberturas (pvc, papel-alumínio, filme plástico). Processo de esterilização indicado para materiais e instrumentos odontológicos: brocas (autoclave ou estufa), instrumental de endodontia (autoclave ou estufa), moldeiras resistentes ao calor (autoclave ou estufa), moldeiras não resistentes ao calor (agentes químicos), instrumental (autoclave ou estufa), bandejas ou caixas (autoclave ou estufa), discos e brocas de polimento (autoclave ou agentes químicos), placas e potes de vidro (autoclave ou agentes químicos), matrizes de aço (autoclave). Armazenamento do instrumental estéril: caixas metálicas fechadas de cirurgia, periodontia, endodontia, dentística, ortodontia, prótese; validade da esterilização 7 dias. TÉCNICAS ANESTÉSICAS EM ODONTOLOGIA
Existem diversas técnicas para obtenção do controle da dor com anestésicos
locais. O local do depósito do fármaco em relação à área de intervenção operatória determina o tipo de injeção administrada. Podem-se diferenciar três principais tipos de injeção de anestésico local: a infiltração local, o bloqueio de campo e o bloqueio de nervo. Infiltração local: As pequenas terminações nervosas na área do tratamento odontológico são inundadas com a solução anestésica. Em seguida, faz-se a incisão (ou a realização do tratamento) na mesma área em que o anestésico local foi depositado. Um exemplo de infiltração local é a administração de anestésico na papila interproximal antes do alisamento radicular. O termo infiltração é de uso comum em odontologia para definir a injeção utilizada para fazer o depósito da solução anestésica acima ou no ápice do dente a ser tratado. Embora, tecnicamente, este termo seja incorreto, essa técnica é o bloqueio de campo. Bloqueio de campo: O anestésico local é depositado perto dos ramos nervosos terminais maiores, de modo que a área anestesiada ficará circunscrita, impedindo a passagem de impulsos do dente para o sistema nervoso central. A seguir, faz-se uma incisão em uma área longe do local da injeção do anestésico. As injeções maxilares administradas acima do ápice do dente a ser tratado são, apropriadamente, denominadas bloqueios de campo (ainda que o uso comum as identifique como infiltração). Bloqueio nervoso: O anestésico local é depositado próximo ao tronco nervoso principal, geralmente distante do local da intervenção. As injeções no nervo alveolar superior posterior, alveolar inferior e nasopalatino são exemplos de bloqueios nervosos maxilares. Nervo Alveolar superior posterior, ponto de punção é na prega muco-jugal, em cima do 2º molar. Dentes anestesiados por essa técnica são os molares superiores, com exceção da raiz mesio-vestibular do 1º molar. A técnica consiste na inserção da agulha com inclinação de 45º em relação ao plano oclusal. Nervo Alveolar superior médio (bloqueio loco-regional do nervo alveolar superior médio), o ponto de punção é no fundo do vestíbulo ao nível do 2º pré- molar maxilar. Os dentes anestesiados é a Raiz mesio-palatina do 1º molar; 1º e 2º pré-molares superior. A técnica é inserção da agulha o mais próximo do ápice do 2º pre-molar. Nervo Alveolar superior anterior (bloqueio loco-regional do nervo alveolar superior anterior), ponto de punção é o fundo do vestíbulo para distal do canino. Dentes anestesiados é o canino até o incisivo central superior. A técnica é a inserção da agulha o mais próximo do ápice possível. Nervo Nasopalatino (bloqueio loco-regional do nervo nasopalatino), ponto de punção é na papila incisiva superior, a estrutura anestesiada é o tecido palatino da pré-maxila. A técnica é inserção da agulha paralela ao longo do eixo dos incisivos centrais com o bisel voltado para o forame palatino. Nervo Alveolar inferior (bloqueio loco-regional do nervo alveolar inferior), ponto de punção é o trígono retromolar, fica 1cm acima do plano oclusal. Os dentes anestesiados vão desde o 3º molar até à linha média. A técnica direta é inserir a agulha até tocar no osso, recuar 1 mm e depositar a solução anestésica. A técnica Indireta é inserir a agulha 5mm até atingir o nervo bucal, e depositar anestésico; introduzir mais 5 mm e injetar anestésico, bloqueio do nervo lingual e por fim após tocar no osso, recua-se 1 mm e gira-se até à área de pré-molares. Técnica intraligamentar, o ponto de punção é o sulco gengival no ponto mesial do dente, inserindo a agulha o mais longe possível do ápice. Técnica Intraóssea, o ponto de punção é o osso esponjoso ao redor dos dentes, nessa técnica a agulha deve passar pelos tecidos epiteliais, conjuntivo, periósseo e cortical óssea. Técnica Intrapulpar, o ponto de punção é na polpa dentária. A técnica é inserir a agulha até ao canal radicular. Técnica Infiltrativa o ponto de inserção é fundo do vestíbulo (palatino e vestibular), onde a técnica é inserir a agulha ao nível do ápice com o bisel voltado para o mesmo.
REFERÊNCIAS
NARESSI, W.G.; ORENHA, E.S.; NARESSI, S.C.M. Ergonomia e
Biossegurança em Odontologia. Grupo A, 2013. 9788536701806. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536701806/. Acesso em: 24 May 2022
LOPES, Hélio P. Endodontia - Biologia e Técnica . [Digite o Local da Editora]:
LANG, N.P.; LINDHE, J. Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia
Oral, 6ª edição. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2018. 9788527733052. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527733052/. Acesso em: 24 May 2022 PEREIRA, J.C.; NETTO, C.A.; GONÇALVES, A. Dentística. [Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2014. 9788536702247. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536702247/. Acesso em: 25 May 2022
MESQUITA, João Pedro da Silva Maia. Anestesia em Endodontia. 2014.