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Informações da Aula:

Unidade 02
Aula 01: Obturação dos canais radiculares.
Data: 24/04/2023.
Referências:

Introdução:
Após realizar o acesso coronário e o preparo químico mecânico, chegamos na fase de obturação. A obturação
nada mais é do que o preenchimento do espaço, anteriormente ocupado pela polpa dentária, por um selamento
com materiais de propriedades físicas e biológicas apropriados com o objetivo de prevenir uma infecção
subsequente no futuro.

Obturar um canal radicular significa preenche-lo em Os materiais utilizados para obturar recebem uma
toda a sua extensão com material inerte ou classificação, e é de suma importância compreender
antisséptico, selando hermeticamente o mesmo, ou os aspectos de cada um deles.
seja, selando totalmente.
De preferência, é ideal que ele estimule o processo de
reparo apical e periapical que deve ocorre após a Além disso, os materiais precisam apresentar as
finalização do tratamento endodôntico. seguintes características ideais:

Em alguns casos, o paciente pode ter associado um ∙ Ser radiopaco.


cisto ou um granuloma, assim o material deve ∙ Não irritar os tecidos periapicais.
estimular o processo de reparo apical ou periapical. ∙ Ser de fácil introdução no canal.
∙ Não sofrer alterações volumétricas, ou seja,
muda de tamanho ao longo do tempo.
∙ Penetrar nos canais acessórios.
∙ Ser bactericida, impermeável, estéril ou
passível de esterilização.
1. Selamento de toda a extensão da cavidade
endodôntica. ∙ Remoção fácil quando necessário.
∙ Não alterar cor do dente.
2. Material obturador deve ocupar todo espaço ∙ Ter bom tempo de presa.
anteriormente ocupado pela polpa dentária.
3. Promover o selamento adequado nos sentidos
apical, lateral e coronário.
4. Impedir a migração de microrganismo do periápice Podem ser classificados em materiais de estado sólido
para canal radicular e vice-versa. e materiais em estado plástico.
5. Evitar penetrações de exsudato do periápice para o 1. Materiais em estado sólido:
canal.
a) Cones de Guta-percha – Possui estabilidade
6. Manter a antissepsia do canal radicular. dimensional, ou seja, não sofre alterações em sua
7. Proporcionar condições para que ocorra processo forma. Produzido por meio do látex e recebe a
de restauração residual. incorporação de outros produtos como: óxido de
zinco, pigmento, ácido esteárico, hidroxilueno, e Guta-percha não consegue ser absorvido, assim
sulfato de bário. gerando um processo inflamatório e posteriormente
uma infecção caso ultrapasse o forame.
b) Cones de prata.
c) Cones de resina.
4. Limite apical ideal:
* Os cones de prata e resina já caíram em desuso, então
a preferência é pelo guta-percha. Distância ideal para o forame corresponde a 0,5 a 1
mm.
Deve ocorrer a eliminação de espaços vazios, assim as
2. Materiais em estado plástico: Correspondem aos chances de recolonização irão diminuir.
cimentos endodônticos, sendo eles:
a) Óxido de zinco e Eugenol.
b) Resinosos.
c) Hidróxido de cálcio. Para se obter sucesso na obturação, é necessário que
as outras etapas tenham sido executadas da maneira
d) MTA.
correta. Todavia, além disso, alguns fatores também
e) Biocerâmico. são determinantes, são eles:
1. Momento da obturação:
Não é indicado obturar em sessão única em casos de
processo infeccioso.
1. Obturação aquém do ápice: Pulpite reversível pode ocorrer em sessão única.
Quando temos uma obturação com mais de 2 mm Ausência de exsudato persistente, ao passar o papel
aquém do ápice as chances de fracasso são maiores, absorvente não podemos ter sangue ou qualquer outra
pois devido ao espaço que não foi preenchido as secreção.
chances de persistência de microrganismos e
recolonização do espaço vazio irão aumentar. Ausência de sintomatologia.
Ausência de odor.

2. Escolha do material obturador:


Cones de guta-percha – Biocompatível, sendo uma
substância vegetal.
a) Cone de guta-percha principal:
Comprimento mínimo de 28 mm.
Os cones padronizados convencionais com conicidade
de 0,02mm.
2. Sobreobturação: Ocorre em função da Diâmetro entre 15 e 140.
Sobreinstrumentação.
Formas específicas de acordo com o sistema de
3. Sobreinstrumentação: Ocorre em função de uma instrumentação.
odontometria errada, nesses casos, o cimento e o cone
extravasam pelo forame, assim ultrapassando o limite.
b) Cone de guta-percha acessório ou secundário:
Normalmente leva as raspas de dentina infectada para
a região externa do dente. Possuem conicidade não padronizada e pontas mais
finas, sendo usados para complementar a obturação.
∙ Compactação vertical.
c) Cimento endodôntico:
Características ideais de um cimento endodôntico: b) Vantagens – Baixo custo, simples e garante ótima
qualidade.
∙ Fácil inserção e remoção do canal.
∙ Bom tempo de trabalho. c) Etapas prévias – Após instrumentar – Antes da
∙ Promove o selamento tridimensionais do obturação: Isolamento absoluto, remoção da
sistema de canais radiculares. restauração provisória, irrigação e aspiração
∙ Bom escoamento e radiopaco. (Remoção da camada residual/Smear Leyar. (EDTA
∙ Não manchar a estrutura dentária, apresentar 17% - 3 minutos, irriga com soro para neutralizar e
adesividade às paredes do canal. seca o canal).
∙ Insolúvel nos fluidos, não manchar o dente. Quando removemos a Smear Layer com EDTA,
∙ Solúvel ou reabsorvido em tecido garantimos um melhor escoamento do cimento
perirradicular. através da desobstrução dos túbulos dentinários.
∙ Impermeável no canal.
∙ Apresentar biocompatibilidade e atividade
antimicrobiana. d) Seleção do espaçador digital:
Se deve escolher o espaçador de maior diâmetro a
penetrar livremente no canal de 1 a 2 mm aquém do
Os cimentos endodônticos são classificados do
seguinte modo: CT, sem transmitir força excessiva nas paredes do
canal.
∙ Base de óxido de zinco-eugenol (OZE).
∙ Cimento que contém hidróxido de cálcio.
∙ Cimentos resinosos.
∙ Cimentos de ionômero de vidro.

3. Técnica de obturação.
4. Restauração coronária

1. Compactação lateral:
a) Etapas: Após realizar as etapas prévias, secagem e escolher o
espaçador de acordo com a lima, iremos selecionar o
∙ Seleciona o cono principal – Deve ser baseado na cone de Guta-Percha.
instrumentação.
Técnica Convencional - DC.
e) Seleção do cone principal de Guta-percha:
Técnica Escalonada - IM.
Escolhido de acordo com o diâmetro do último
instrumento empregado no preparo apical.
∙ Seleção do espaçador conforme a lima. Temos três séries.
∙ Secagem do canal – Devemos observar se o cono
vem bem sequinho.
∙ Preparo o cimento obturador. f) Cones secundário ou acessórios:
∙ Colocação do cono principal.
∙ Condensação lateral. Devemos escolher ele de acordo com a forma final do
canal e com o espaçador previamente escolhido.
Muitas vezes espaços vazios são deixados, assim g) Preparação do cimento obturador:
formando bolhas. Nesses casos, usamos os cones
acessórios com o auxílio dos espaçadores para Primeiro devemos agregar o pó de forma gradual com
preencher esses espaços, e desse modo evitar espaços a parte líquida.
vazios, promovendo uma situação hermeticamente O ponto é ideal é quando forma um fio de 1,5 a 2 cm.
favorável.
Após a mistura leve o cone ou lima junto com o
cimento e insira no canal três vezes, para assim levar
Deve-se sempre desinfectar os cones acessórios com o cimento SCR.
hipoclorito de sódio – 1 minuto.
Relembrando: O calibre do cone irá depender do
último instrumento do batente apical.

E ai, como saber se o cone escolhido é o certo:


Em alguns casos, o cone ao ser retirado do canal vem
com algumas deformações, assim sendo necessário a
troca por outro com diâmetro diferente.
h) Condensação lateral:
Para saber se a seleção foi correta podemos lançar mão
de três meios: Caso tenha espaços vazios, venho com os cones
secundários e preencho, realizo uma radiografia para
1. Inspeção visual: O cone ao ser retirado do canal verificar.
deve sair retinho, sem deformações ou curvas.
Aquece o calcador de Paiva de menor diâmetro e corto
Devemos introduzir o cone com uma pinça, se ocorrer o material fazendo uma pressão lateral.
distorções é necessário observar se alcança o CT ou
não.
2. Critério tátil: Ao colocar o cone no canal ele deve i) Compactação vertical final: Compressão na vertical
apresentar um pequeno travamento devido ao batente do material obturador.
apical. O limite deve ficar abaixo do colo
3. Critério radiográfico: Marcar o cone selecionando
com uma pinça o ponto de referência.
j) Limpeza final: Após realizar as etapas anteriores
O ponto de referência faz menção ao comprimento iremos nos certificar que não tem guta-percha ou
que do cone que será utilizado. cimento endodôntico na coroa, pois sua presença
Em alguns casos ocorre a necessidade de ajustes por escurece o dente.
meio do uso de bisturi. Um algodão deve ser embebido com álcool etílico ou
Necessário avaliar limite apical de trabalho. 70%.

Por fim, realizamos o selamento coronário provisório:

A provisória pode ser feita com CIV ou restaurações


provisórias prontas.
A restauração definitiva deve ser realizada o quanto
antes (24h – 48h), quanto mais demorar, maior o
risco de fratura no dente. Nesses casos postergados, se
deve usar CIV ou resinas fotopolimerizáveis.
Após os ajustes e avaliações, inserimos o cone no canal
radicular e radiografamos.
a) Batente apical irregular
Tampão apical – Colocamos um material obturador
para selar o segmento apical – Podemos usar
hidróxido de cálcio ou MTA – sendo o restante
obturado de forma normal.
Cone invertido - Utiliza-se maior porção do cone para
adapta-lo a região apical.
Cone rolado: União de dois ou três cones calibrosos,
indicado para canais muito amplos.
Além da técnica da condensação lateral, também Aquece e une os cones e com o auxílio de duas placas
temos: cone único, manobras auxiliares e técnica de vidro, rola um contra o outro.
híbrida de Tagger.
Espera esfriar, realiza a desinfecção antes de levar ao
conduto e radiografa.
2. Cone único: Utilizado para a instrumentação feita
com as limas da EASY.
3. Técnica híbrida de Tagger:
Consiste em uma técnica simples, rápida, eficiente.
Além disso, ela se adapta aos sistemas rotatórios Consiste na plastificação por meio da caneta de baixa
específicos. rotação e compactação da guta-percha no canal
radicular mediante a ação mecânica de um
instrumento que rotaciona.
A guta-percha plastifica em função do calor gerado.
Compactação pela forma da parte ativa.
Técnica: Insere os cones, tanto principal como
acessórios no interior do canal.
Insere o condensador Mcspadden na baixa rotação no
sentido horário.
Nessa técnica utilizamos muito cimento endodôntico,
pois diferente da anterior, só é utilizado um único Vantagens: Poucos equipamentos e rápida execução.
cone. Vale ressaltar que essa técnica é indicada para todos
a) Etapas: os casos, exceto em canais de ápice aberto e não
travamento do cone principal.
∙ Seleção do cone a partir do DC.
Importante: Compactação de aço inox ou seja, apenas
∙ Realizar ajuste do cone.
uso em canais retos.
∙ Seguir os critérios tátil, visual e radiográfico.
Sempre usar em sentido horário.
Após a comprovação radiográfica, iremos: A inserção do instrumento deve ser parada e remoção
acionado. Usar de 4-5 mm aquém do CT.
Cortar os excessos, compactar na vertical com
calcador de Paiva, limpar a câmara, selamento Controlar o movimento de retrocesso.
provisório e realiza a radiografia final.
Utilizamos o cone M na técnica da Easy.

3. Manobras auxiliares: 1. O dente poderá ficar sensível por alguns dias.


Em alguns casos o paciente apresenta rizogênese 2. Dor aliviada por analgésicos ou anti-inflamatórios.
incompleta, nesses casos não é possível realizar o
tratamento endodôntico em si. Em função disso, 3. Em casos de edema procurar um endodontista.
lançamos mão de manobras auxiliares. 4. Cuidado ao mastigar sobre o dente com a
restauração provisória.

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