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Relatório de aula de Má Oclusão de Classe III

Mariana Caneri - 4° Ano Integral

❏ Diagnóstico e Tratamento das Alterações Sagitais - Classe III/Padrão III

- Segundo Angle (1899), a má oclusão de Classe III é classificada como mesioclusão, ou


seja, o sulco mesiovestibular (MV) do 1° molar inferior oclui por mesial da cúspide MV
do 1° molar superior.
- Padrão III: leva em consideração as características faciais para classificar a maloclusão,
enquanto Angle considerou apenas o padrão dentário.
- Classificação de Angle não leva em consideração as discrepâncias verticais e o padrão
facial de crescimento. Assim sendo, uma má oclusão de Classe III de Angle não
necessariamente implica em deformidade esquelética.
- Mordida cruzada anterior está muito associada a Classe III de Angle, porém não é
característico.
- O tratamento da má oclusão de Classe III em pacientes portadores de deformidade
esquelética é um dos maiores desafios na ortodontia, devido à imprevisibilidade e a
natureza potencialmente desfavorável deste padrão de crescimento, tornando o
prognóstico ruim.

➢ Prevalência:
- Levantamento Epidemiológico Bauru (2000), com crianças pré-escolares, na faixa etária
de 3 a 6 anos, detectaram a prevalência de 4% de má oclusão Classe III na dentadura
decídua.
- Dentadura mista: 3% de prevalência.

➢ Etiologia: Multifatorial

1. Classe III Dentária:

- Inclinação anormal dos incisivos superiores (lingualizados), caracterizando uma


alteração no processo alveolar;
- Não afeta tamanho e forma do osso basal;
- Isso pode ocorrer devido:
➔ Desvios do trajeto de erupção decorrentes do apinhamento intra-ósseo ou
trauma;
➔ Supranumerário em região anterior de maxila;
➔ Comprimento inadequado do arco dentário maxilar;
➔ Falta de contato lingual na região palatina dos incisivos devido a um problema
de deglutição ou postura alterada de língua.

- Características:
➔ Lábio superior retraído devido a lingualização dos incisivos superiores (ângulo
nasolabial aberto), o que caracteriza um perfil côncavo;
➔ Boa relação canino-molar;
➔ ⅓ médio da face equilibrado;
➔ Tamanho e postura mandibular adequado.

2. Classe III Funcional ou Neuromuscular (Pseudoclasse III):

- Resultado da automatização de um padrão reflexo neuromuscular, aprendido frente a


uma interferência oclusal que impede o fechamento em RC da mandíbula;
- Devido ao contato prematuro, a mandíbula fica em posição instável e a musculatura
desencadeia um arco reflexo que leva a mandíbula deslizar anteriormente para
acomodar em MIH;
- Os incisivos superiores se encontram com suas inclinações normais;
- Dependendo do deslize, pode ocorrer a mordida cruzada lateral com desvio da linha
média, e também a mordida cruzada posterior com assimetria facial.

- Características:
➔ Perfil côncavo devido à postura mandibular para anterior (pseudoprognatismo);
➔ Inclinações dentárias adequadas;
➔ Para o diagnóstico se faz necessário manipular a mandíbula em RC. Observa-se
contato prematuro e mordida topo a topo.

3. Classe III Esquelética (Padrão III):

- Cefalometria - ANB negativo;


- Devido ao crescimento desproporcional da mandíbula, maxila ou combinação;
- Na maioria das vezes o fator hereditário está envolvido;
- Mordida cruzada anterior esquelética pode ter origem funcional, dentária e ambiental,
sendo mais frequente de cunho genético;
- Pode acontecer o laterognatismo devido ao crescimento assimétrico da mandíbula, que
pode ser diagnosticado quando o paciente abrir a boca e o desvio ficar mais acentuado.

- Características:
➔ As diferenças entre retrusão maxilar e prognatismo mandibular nem sempre são
claras;
➔ Perfil côncavo ou reto;
➔ Aumento do ⅓ inferior da face nos casos de prognatismo mandibular;
➔ Ausência do sulco nasogeniano nos casos de protrusão mandibular;
➔ Projeção zigomática pouco deficiente ou deficiente;
➔ Depressão infra-orbitária presente em maxila boa com projeção zigomática
normal;
➔ Ângulo nasolabial depende da posição dos incisivos;
➔ Relação labial boa na maioria dos casos devido à compressão dentária;
➔ Aparência desagradável da relação do lábio superior e incisivos superiores no
sorriso;
➔ Lábio inferior verticalizado e frequentemente à frente do superior;
➔ Sulco mentolabial ausente ou muito leve;
➔ Linha queixo-pescoço boa ou longa.

- Características:
➔ Pode ser Classe I e raramente Classe II;
➔ Alterações nos arcos dentários explicam a variação;
➔ Sobremordida geralmente diminuída;
➔ Trespasse horizontal diminuído;
➔ Pseudo atresia do arco dentário superior;
➔ Atresia e retrusão do arco dentário inferior;
➔ Arco superior protruído ou normal;
➔ Caninos inferiores com angulação zero ou negativa;
➔ Frequente apinhamento no arco superior (caninos).

➢ Diagnóstico:

- Para diferenciar o tipo de mordida cruzada anterior (Classe III) é necessário conhecer
as características peculiares de cada tipo de má oclusão;
- Estabelecer diagnóstico preciso para um planejamento correto, e consequentemente a
definição do aparelho que proporcione o maior efeito corretivo.

➢ Previsão de crescimento na Classe III:

- Dietrich (1970): relatou que as discrepâncias esqueléticas de Classe III pioravam com a
idade;
- A porcentagem de crianças com deficiência maxilar aumentou de 26% na dentição
decídua para 44% na dentição mista, e 37% na dentição permanente;
- A porcentagem de crianças com protrusão mandibular aumentou de 23% na dentição
decídua para 30% na mista, e para 34% na permanente;
- Esses resultados indicam que as características esqueléticas podem se tornar mais
pronunciadas com o tempo.

➢ Tratamento Precoce:

- Objetivo de criar um ambiente mais favorável para o desenvolvimento dentofacial;


- Impedir as mudanças progressivas e irreversíveis do tecido mole e esquelético;
- Melhorar as discrepâncias esqueléticas e fornecer ambiente mais favorável para o
crescimento;
- Melhorar função oclusal;
- Simplificar a segunda fase do tratamento, e minimizar a necessidade da realização de
cirurgia ortognática;
- Fornecer estética facial mais agradável, melhorando o desenvolvimento psicossocial da
criança;
- Turpin (1981): menciona os fatores positivos e negativos para ajudar na decisão de
quando se deve interceptar uma má oclusão de Classe III:

Fatores Positivos Fatores Negativos

1. Boa estética facial 1. Estética facial comprometida

2. Discrepância esquelética suave 2. Discrepância esquelética grave

3. Ausência de prognatismo familiar 3. Padrão familiar de Classe III

4. Desvio funcional anteroposterior 4. Tipo facial divergente


(pseudo Classe III)

5. Tipo facial convergente 5. Crescimento assimétrico

6. Crescimento condilar simétrico 6. Pacientes com crescimento finalizado

7. Paciente em fase de crescimento

8. Boa cooperação

- Silva e Filho (2003): o tratamento precoce é efetivo do ponto de vista ortopédico, pois as
discrepâncias a serem corrigidas são essencialmente basais.

➢ Tratamento:

- O sucesso depende do tipo de má oclusão (dentária, funcional ou esquelética); da


gravidade (severa, moderada ou suave); e do desequilíbrio facial (aceitável,
desagradável e agradável);
- Deve haver seletividade para a utilização dos aparelhos conforme o tipo de má olcusão.

1. Má Oclusão Dentária e Funcional:

● Plano Inclinado -
● Placa de Hawley com mola digital ou torno expansor -

● Quadrihélix com extensão anterior -

● Placa progênico -

● Aparelho ortopédico funcional -


● Aparelho ortopédico fixo:
- Inclinação para vestibular dos incisivos superiores;
- Inclinação para lingual dos incisivos inferiores;
- Elásticos de Classe III.

2. Má Oclusão Esquelética (Padrão III):

● Aparelho extrabucal de ação póstero-anterior (tração reversa da maxila): utilizados


quando o paciente ainda têm potencial de crescimento:

➔ Máscara facial -

➔ Sky Hook -

➔ Perfil metálico (Petit) -


● Aparelho extrabucal de ação anterior-posterior (mentoneira)

- Utilizados quando o paciente não está mais em fase de crescimento:


● Compensações: inclinação para vestibular dos incisivos superiores; inclinação para
lingual dos incisivos inferiores.
● Orto-cirurgico.

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