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Orthodontic Science and Practice. 2012; 5(19):333-345.

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Tratamento da Classe III: cirurgia ou camuflagem?


Class III treatment: surgery or camouflage?
Alexandre de Albuquerque Franco1
Vera Lucia Cosendey2
Marco Antonio de Oliveira Almeida3
Jonas Capelli Junior3

Resumo
O propósito deste estudo é fornecer ferramentas de diagnóstico que viabilizem o plano de trata-
mento para pacientes com má oclusão de Classe III sem crescimento. Foram relatados dois casos
clínicos de má oclusão de Classe III, nos quais a estratégia de tratamento baseou-se na severidade
apresentada pela má oclusão. O primeiro caso foi tratado por camuflagem ortodôntica com exodon-
tia dos primeiros pré-molares inferiores e o segundo caso foi tratado por associação do tratamento
ortodôntico e cirurgia combinada de avanço maxilar e recuo mandibular. Para as más oclusões de
Classe III com envolvimento dentoalveolar severo, o tratamento cirúrgico é a primeira alternativa a
considerar, mas ao considerar outras variáveis, apenas o tratamento ortodôntico por camuflagem
pode ser a melhor escolha.
Descritores: Classe III, camuflagem ortodôntica, orto-cirúrgico.

Abstract
The purpose of this study was to provide diagnostic tools to enable the treatment plan of Angle Class III
malocclusion in patients with no growth. Two Class III malocclusion cases are reported whose treatment
strategy was based on malocclusion severity. The first case was treated by orthodontic camouflage and
two jaw surgical intervention, and the second case was treated by a combination of orthodontic treat-
ment and two jaw surgical intervention for maxillary advancement and mandibular setback. In Class III
malocclusion cases with severe dentoalveolar involvement, surgical treatment is the first alternative to
consider, but when other variables are taken into account, camouflage orthodontic treatment may be
the best choice.
Descriptors: Class III, orthodontic camouflage, ortho-surgical.

Franco AA, Cosendey VL, Almeida MAO, Capelii J. Jr.

1
Doutorando, Deptº de Ortodontia, Faculdade de Odontologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
2
Instrutora Clínica, Departamento de Ortodontia, Faculdade de Odontologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
3
Prof. Deptº de Ortodontia, Faculdade de Odontologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Correspondência com o autor: aafranco@oi.com.br


Recebido para publicação: 22/02/12
Aceito para publicação: 24/07/2012
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Introdução com a fixação rígida, e a maior parte da recidi-


va após a cirurgia ortognática parece ocorrer no
A má oclusão dentária de Classe III de Angle1 é
pós-cirúrgico imediato7.
caracterizada por mesialização do arco inferior em
De acordo com Sinclair26 (1988) , a magnitu-
relação ao superior e, por vezes, associada a um
de da recidiva da cirurgia de recuo mandibular é
overjet17 reduzido ou negativo, com um ou mais
cerca de 20% – 30% das alterações cirúrgicas na
incisivos em mordida cruzada lingual. Esqueletica-
direção anterior, independentemente do tipo de
mente, essa má oclusão pode ser decorrente de
fixação, tanto a curto quanto a longo prazo de
uma maxila normal associada a uma mandíbula
acompanhamento pós-cirúrgico. Eggensperger et
protruída ou as outras diferentes combinações de
al.12 (2005) relataram as mudanças esqueléticas
alterações esqueléticas, tornando difícil isolar uma
de curto e longo prazo após recuo mandibular
morfologia específica para Classe III20.
através da osteotomia bilateral sagital do ramo e
Às vezes, a relação de Classe III é causada por
fixação rígida com parafusos. Durante o primeiro
deslocamento anterior da mandíbula para evitar
ano pós-cirúrgico, houve uma recidiva de 14% do
interferências incisais ou por perda dos dentes
recuo esquelético inicial no ponto B e pogônio.
posteriores20. Alguns autores denominam essa má
Bailey et al.3 (2004) relataram um estudo de
oclusão de pseudo Classe III. A mordida cruzada
estabilidade baseado no banco de dados dento-
anterior com desvio funcional, ou pseudo Clas-
faciais da Universidade da Carolina do Norte que
se III, pode ser considerada como um padrão de
contém mais de 1400 pacientes com pelo menos
reflexos musculares adquiridos, resultado de um
um 1 ano de acompanhamento. De acordo com
contato prematuro, levando a mandíbula a assu-
os autores, a cirurgia de recuo mandibular é um
mir uma posição mais anterior. A relação de mo-
dos três procedimentos que podem ser agrupados
lar em Classe I pode ser alterada para Classe III,
na “categoria problemática”, a qual foi definida
quando a mandíbula se move da posição cêntrica
como uma possibilidade de 40-50% de mudança
para postural.
pós-cirúrgica de 2-4 mm e possibilidade significa-
Tradicionalmente, duas abordagens estão
tiva de alterações maiores do que 4 mm.
disponíveis para o paciente adulto: tratamento
A escolha da melhor conduta para o tratamen-
ortodôntico de camuflagem9,19, conhecido como
to não é tarefa fácil, pois depende da precisão do
compensação dentoalveolar ou tratamento orto-
diagnóstico dos fatores etiológicos envolvidos, da
-cirúrgico21,22, envolvendo correção da desarmo-
severidade das alterações esqueléticas e dentárias,
nia esquelética e da oclusão dentária.
do grau do envolvimento da estética facial e de
Na prática, a escolha entre essas duas aborda-
uma avaliação criteriosa. É proposta deste estudo
gens de tratamento é feita com base em exame
fornecer ferramentas de diagnóstico e soluções
clínico e análise dos dados cefalométricos ou to-
de tratamento para pacientes com má oclusão de
mográficos do paciente15. Muitas vezes, a decisão
Classe III sem crescimento, com discussão de dois
final decorre da experiência clínica do profissional
casos clínicos tratados com diferentes abordagens
e preferência pessoal. Estudos anteriores tenta-
de tratamento.
ram definir critérios objetivos que visam distinguir
entre os dois grupos de tratamento23. A camufla-
gem ortodôntica pode ser realizada em pacientes Apresentação dos casos clínicos
com leves discrepâncias esqueléticas de Classe III Caso 1: Classe III – camuflagem ortodôntica
e nenhum crescimento remanescente, por meio História e diagnóstico
de extrações de pré-molares inferiores, segundos O paciente P.H.A., do gênero masculino, leu-
molares, incisivos, ou mesmo usando ancoragem coderma, aos 18 anos 10 meses de idade, pro-
esquelética, como mini-implantes e miniplacas curou tratamento ortodôntico com a queixa prin-
para a distalização do arco inferior8,13. No entanto, cipal relacionada ao posicionamento dos dentes
em pacientes com grandes discrepâncias esque- anteriores. Aos 13 anos de idade já havia feito
léticas e grande crescimento mandibular é neces- tratamento ortodôntico, sem sucesso.
Relato de caso (Case Report)

sário considerar um protocolo orto-cirúrgico18. A fotografia frontal demonstra simetria facial,


A abordagem orto-cirúrgica parece ser a melhor estética razoável e linha do sorriso baixa. A ava-
opção de tratamento para o prognatismo mandi- liação de perfil denota discreta concavidade nos
bular severo em adultos e a cirurgia de recuo man- tecidos moles, os lábios apresentam-se selados
dibular o procedimento de escolha para a maio- em repouso sem contração do músculo mental,
ria daqueles pacientes7. Os resultados da cirurgia porém projetados, e mandíbula aparentemente
ortognática são frequentemente instáveis, mesmo projetada para anterior (Figura 1).
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Figura 1 - Fotos extra e intraorais iniciais do paciente.

As fotografias intrabucais revelam uma rela- e radicular caracterizaram os dentes ao início do


ção dos primeiros molares de Classe III de Angle, tratamento (Figura 2).
“overjet” negativo de 2 mm e uma relação ante- A cefalometria radiográfica caracterizou um
rior de topo a topo ao nível dos incisivos, quando padrão esquelético de Classe III, com o ANB de
a mandíbula foi manipulada em relação cêntrica, -3º, SNB de 87º, sugerindo uma mandíbula prog-
mordida cruzada dos dentes 34 a 45 e apinha- nata. Os ângulos FMA de 22º e o SN.GoGn de 27º
mento anteroinferior de 3 mm (Figura 1). foram baixos, denotando características mesoce-
A análise da radiografia panorâmica eviden- fálicas. Os ângulos IMPA de 92º e 1.NB de 25º
ciou a presença de todos os dentes permanentes, revelaram que os incisivos inferiores mostravam
inclusive os terceiros molares, estando os inferio- inclinações axiais dentro dos padrões de norma-
res em posição mésio angular. Integridade óssea lidade (Figura 3).
Franco AA, Cosendey VL, Almeida MAO, Capelii J. Jr.

Figura 2 - A radiografia panorâmica inicial do paciente. Figura 3 - Telerradiografia lateral inicial.


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Objetivos do tratamento Retração do 33 e do 43 com arcos segmentados


com molas verticais .018”x.025” aço. Montagem
- Corrigir a relação dos caninos de Classe III;
da aparelhagem superior arco inicial NiTi .016”.
- Corrigir a mordida cruzada anterior;
Colagem de 32 à 42, arco NiTi .014”, prosseguin-
- Promover o alinhamento do arco dentário
do até 020”, reiniciada a distalização dos caninos.
inferior;
Sequência de arcos de alinhamento e nivelamento
- Manter o perfil facial e melhorar a protrusão
superior até o .020”. A distalização do 33 e 43 foi
do lábio inferior.
realizada até a metade do espaço, pois os incisi-
vos estavam com muita interferência. Foi iniciada
Alternativas de tratamento a retração dos incisivos com arco .019”x.026” aço
Este caso poderia ser submetido como possibi- com loop reverso, step down e torque lingual para
lidades de tratamento, ao protocolo orto-cirúrgico incisivos. O step e o torque foram acentuados. Dis-
e à camuflagem ortodôntica. A opção de trata- talização dos caninos. Arco .020” com box loop
mento envolvendo a cirurgia ortognática não foi para verticalizar 33 e 43. Novo arco de retração
escolhida em função da deformidade da face não 019”x.026” com loop reverso distal a 33 e 43 e
ser significativa e pela recusa do paciente frente foi incorporando gable bend, com intenção de re-
aos riscos inerentes ao procedimento. A opção de duzir colapso no arco. O gable foi acentuado an-
camuflagem ortodôntica pela extração de incisivo tes das ativações. Arco TMA .017”x.025”inferior.
inferior não traria melhora funcional satisfatória, Arco de finalização .019”x .026” superior. Arco
em virtude da pequena possibilidade de retração .019”x.026” coordenado. Foi solicitada radiogra-
anterior inferior. Sendo assim, o tratamento envol- fia panorâmica. Foram corrigidos artistics e tor-
vendo a extração de primeiros pré-molares inferio- ques e dobras para finalizar, estabelecendo guias
res foi a opção escolhida, uma vez que favoreceria de desoclusão. Remoção superior, colocação de
a obtenção de relação de Classe I de caninos e de placa de contenção Wraparound. Continuação da
guias funcionais, melhora na relação anterior sem finalização inferior, melhorando posição dos inci-
promover alterações expressivas no arco superior, sivos e caninos. Remoção inferior colagem de arco
o qual já apresentava bom alinhamento. 5 x 5 (.032”).
O tratamento ortodôntico foi realizado com
aparelhagem fixa total .022”x.028”, com atenção Resultados obtidos
especial dada à manutenção da ancoragem infe-
rior e ao controle na retração dos incisivos infe- Seguindo a proposta de camuflagem ortodôn-
riores. tica, os objetivos foram alcançados com a obten-
ção de um bom alinhamento e nivelamento dos
arcos, estabelecimento de uma oclusão funcional,
Plano de tratamento
obtido com a distalização dos caninos inferiores
Montagem de aparelhagem fixa total (obtenção da relação de Classe I), retração dos
(.022”x.028”), iniciando pelo arco inferior. Extra- incisivos, “overjet” e “overbite” normais (Figura
ção de 34 e 44. Ancoragem inferior com arco lin- 4). A avaliação cefalométrica mostra a relação an-
gual. Arcos segmentados com mola vertical para teroposterior entre as bases apicais com angulo
retração das unidades 33 e 43 (.018”x.025”), ANB de -2,5º, prognatismo mandibular (SNB de
retrair caninos até obter espaço para alinha- 87º) e verticalização dos incisivos inferiores (IMPA
mento dos incisivos. Colagem dos incisivos, arco de 80º, 1.NB de 12º - Figura 6).
NiTi .014”, seguido de arcos de aço do .016” ao Avaliando a superposição cefalométrica, po-
.020”. Distalização de 33 e 43. Arco de retração de-se notar que a principal alteração foi decorren-
.019”x.026” aço com step down e torque lingual te da recolocação dos incisivos inferiores, resul-
para incisivos. Arco de finalização .019”x.026” tando em uma melhora sutil no posicionamento
aço coordenado. No superior, arcos de alinhamen- do lábio inferior. É possível notar uma perda de
to e nivelamento .016” NiTi inicial, prosseguin- ancoragem dos primeiros molares permanentes
Relato de caso (Case Report)

do com .018” e .020” aço. Arco de finalização inferiores com a mecânica adotada (Figura 7).
.019”x.026” coordenado. Contenção superior Ao final do tratamento, o paciente apresenta-
com Wraparound e inferior com arco 5 – 5 (.032). va características faciais compatíveis com a defici-
ência de maxila, mas com aspecto estético razoá-
Progresso do tratamento vel e satisfeito com o resultado alcançado.
Montagem de aparelhagem fixa inferior e
arco lingual. Solicitação de extração do 34 e 44.
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Figura 4 - Fotos extra e intraorais finais do paciente.

Figura 5 - A radiografia panorâmica final do paciente. Figura 6 - Telerradiografia lateral final.

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Figura 7 - Superposições dos traçados cefalométricos inicial e final do paciente P.H.A. e medidas cefalométricas.
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Caso 2: Classe III – tratamento orto-cirúrgico de 2,5 mm, transpasse vertical em relação de topo
História e diagnóstico e um bom alinhamento do arco inferior (Figura 8).
A paciente C.R., do gênero feminino, aos 17 A análise radiográfica evidenciou integridade
anos de idade, procurou tratamento ortodôntico óssea e radicular. A cefalometria mostrou um pa-
por achar o seu queixo muito grande. drão esquelético de Classe III, ANB de -6º, Wits
A face, numa visão frontal, apresentava sime- de -11 mm, com deficiência maxilar e protrusão
tria, tendo a região malar ligeiramente achatada, mandibular, aumento do terço inferior da face e
linha do sorriso mostrando pequena faixa de gen- características dolicocefálicas (Figura 9).
giva, arco do sorriso consonante. Perfil côncavo, Os incisivos superiores apresentavam-se bas-
ângulo nasolabial obtuso e mandíbula protruída tante vestibularizados (1.NA = 41º) e protruídos
(Figura 8). (1-NA = 12 mm), enquanto os inferiores apresen-
Apresentava relação dentária de Classe III de tavam satisfatória inclinação vestibular (1.NB =
Angle, transpasse horizontal negativo -0,5 mm, 25º) e suavemente protruídos (1-NB = 6mm - Fi-
desvio de linha média inferior para o lado direito gura 9).

Figura 8 - Fotos extra e intraorais iniciais da paciente.


Relato de caso (Case Report)
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Figura 9 - Telerradiografia de perfil da paciente C.R. ao início do tratamento, radiografias periapicais dos incisivos superiores e inferiores e radiografias interpro-
ximais iniciais dos lados direito e esquerdo.

Objetivos do tratamento ção dos incisivos superiores e favorecerá o avanço


maxilar e recuo mandibular. Foram indicadas as
- Reposicionar lingualmente os incisivos su-
extrações dos terceiros molares superiores e infe-
periores por meio de extração dos primeiros pré-
riores.
-molares superiores;
- Corrigir a desarmonia entre maxila e man-
Plano e progresso do tratamento
díbula;
- Corrigir a relação dos caninos de Classe III e Em função da acentuada discrepância entre as
mordida cruzada anterior; bases ósseas, decorrente do excesso mandibular
- Exodontia dos terceiros molares superiores e anteroposterior associado a uma deficiência da
inferiores; maxila, o preparo para cirurgia ortognática foi a
- Estética facial com a obtenção de um perfil opção de tratamento.
facial reto. Com os incisivos superiores bastante proje-
tados e para promover um aumento do overjet
Alternativas de tratamento negativo no preparo cirúrgico, o tratamento orto-
dôntico foi realizado com extração dos primeiros
Uma alternativa clássica para o tratamento pré-molares superiores.
dessa má oclusão seria a extração dos segundos Foi instalada aparelhagem fixa total .022”x
pré-molares superiores e primeiros pré-molares .028” com bandagem dos primeiros e segundos
inferiores. Esse procedimento corrigiria a relação molares permanentes. Os caninos foram retraídos
dentária de Classe III e posicionaria os segundos com arcos segmentados, possibilitando a posterior
molares permanentes superiores em uma melhor
Franco AA, Cosendey VL, Almeida MAO, Capelii J. Jr.
retração dos incisivos (Figura 10). Os incisivos su-
oclusão. No entanto, o aspecto facial não seria periores foram retraídos com Bull loop de modo a
melhorado, em virtude da retração dos incisivos corrigir a sua protrusão. O arco inferior foi nivelado
superiores e do excesso vertical presente na face com a sequência de fios redondos até chegar ao
da paciente (plano mandibular aumentado). arco de aço .020” e, posteriormente, com o arco
A opção de camuflagem pela extração apenas retangular .019”x.025”, o qual corrigiu os torques,
dos primeiros pré-molares inferiores foi descarta- preparando o arco inferior para a cirurgia.
da por não atender às expectativas da paciente, Com a descompensação dos incisivos supe-
que seria corrigir a face longa e pela impossibilida- riores, houve o cruzamento total da mordida na
de do excesso vertical dessa má oclusão. região anterior, de modo a permitir a futura re-
A alternativa mais viável e proposta à paciente colocação da maxila e mandíbula, cirurgicamente.
foi o preparo ortodôntico para a cirurgia ortog- Foram obtidas fotografias, radiografias e mol-
nática, por meio da extração dos primeiros pré- dagens para checagem da oclusão pré-cirurgia.
-molares superiores, fato que permitirá a recoloca- Spurs foram soldados e a cirurgia foi realizada
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com osteotomia maxilomandibular, incluindo 4 mm no lado esquerdo e 7 mm no lado direito


avanço de 4 mm na maxila e recuo mandibular de por meio de osteotomia vertical do ramo11.

Figura 10 - Fotos extra e intraorais da fase pré-cirúrgica da paciente C.R.

Resultados do tratamento vos superiores apresentaram boa inclinação vesti-


bular ao término do tratamento (1.NA modificou
A análise da documentação ortodôntica final
de 41º para 26º), porém discretamente protruídos
revelou que os objetivos do tratamento foram al- (1-NA passou de 12 mm para 7 mm). O ângulo 1.T
cançados. A análise das fotografias faciais finais com seu valor final de 125º revela uma satisfatória
demonstra a face vista de frente com estética inclinação dos incisivos, o que otimiza a manuten-
agradável, perfil facial bem equilibrado, selamen- ção da correção maxilomandibular.
to labial em repouso e um arco do sorriso extre- Na avaliação da radiografia panorâmica é pos-
mamente harmônico, com exposição adequada sível notar a remoção das unidades 14 e 24, con-
dos incisivos superiores (Figuras 11 e 12). Nas fo- forme plano de tratamento, bem como o parale-
tografias intrabucais de oclusão é possível notar lismo radicular. É possível observar as miniplacas
a correta relação anteroposterior entre os arcos de fixação na maxila. Os terceiros molares foram
dentários, obtendo-se uma oclusão funcional de extraídos por apresentarem posições inadequa-
Classe I de caninos e Classe II de molares. das.
No campo esquelético, é possível notar har- Na radiografia cefalométrica de perfil, obser-
monia das bases ósseas com relação esquelética va-se adequada relação maxilomandibular com
de Classe I. A mandíbula apresentou uma modifi- correção da sobressaliência. Passagem aérea da
cação significativa para posterior, como pode ser nasofaringe e bucofaringe normais.
Relato de caso (Case Report)

constatada pela diminuição de 4º no ângulo SNB Avaliando a superposição cefalométrica, po-


(passou de 86º para 82º) e melhora do ângulo de-se observar o avanço maxilar e o recuo man-
ANB (modificou de -6º para -2,5º). O ângulo da dibular, ocasionando uma melhora no perfil com
convexidade modificou de -11º para -5º, demons- a recolocação mais posterior do mento e lábio
trando que o perfil ósseo ficou harmônico, devido inferior. Além disso, constatou-se uma ligeira ele-
ao avanço na maxila e recuo mandibular. vação da ponta do nariz, fato este que agradou
Quanto ao posicionamento dentário, os incisi- bastante à paciente (Figura 13).
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Figura 11 - Fotos extra e intraorais finais da paciente C.R.

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Figura 12 - Radiografia panorâmica e telerradiografia de perfil final da paciente.


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Figura 13 - Superposições dos traçados cefalométricos inicial e final da paciente C.R. e medidas cefalométricas.

Discussão com exodontia de incisivo inferior, mas esse pro-


cedimento requer a transformação de canino em
O presente estudo relatou dois casos de Clas-
incisivo lateral e do reposicionamento dos primei-
se III esqueléticas considerando abordagens tera-
ros pré-molares inferiores no local dos caninos
pêuticas distintas, camuflagem (tratamento orto-
para obtenção de um relacionamento harmonioso
dôntico) e orto-cirúrgica (tratamento combinado). de tamanho dentário em relação aos dentes supe-
Na prática, a decisão de tratamento baseia-se no riores13. Porém, essa mudança pode causar uma
exame clínico e na análise cefalométrica ou tomo- discrepância de tamanho dentário e comprometer
gráfica de feixe cônico, avaliando a quantidade de a estética. Outra preocupação com extrações de
discrepância sagital e vertical, compensações den- incisivo inferior é que a dentição inferior torna-se
toalveolares e estética facial5,30. A importância da mais posterior em relação à base mandibular e a
estética facial na Classe III no processo de tomada estética facial pode ser comprometida como um
de decisão foi confirmada nos casos relatados no resultado dessa posição retruída15,18.
presente estudo. Quando o tratamento ortodôntico sem a cor-
O caso 1 não foi grave o suficiente para justifi- reção cirúrgica está indicado, o diagnóstico é ba-
car a cirurgia ortognática. A camuflagem da mor- seado na posição pré-tratamento e no desejo final
dida cruzada anterior e Classe III dentária, a partir da posição dos incisivos inferiores, uma vez que o
da extração dos primeiros pré-molares inferiores, controle da ancoragem posterior é crítico e a re-
tornou-se a opção ortodôntica mais viável, diante tração dos dentes anteroinferiores um desafio2,9,20.
da recusa do paciente à cirurgia ortognática. No No caso clínico de camuflagem aqui apresentado,
entanto, as mudanças do perfil facial do paciente em que o paciente foi tratado sem cirurgia ortog-
foram mínimas. nática, foi necessário verticalizar ao máximo os in-
O tratamento ortodôntico corretivo na den- cisivos inferiores sobre o osso basal para corrigir a
tição permanente tem como objetivo obter uma mordida cruzada anterior e a relação de Classe III
oclusão estável, compensando a discrepância es- dos caninos, o que foi possível com a exodontia
quelética. A camuflagem ortodôntica de Classe III dos primeiros pré-molares inferiores. Na maxila,
é indicada após o pico de crescimento esquelético a extração dos pré-molares comprometeria a re-
do paciente, adequado overbite, altura facial infe- lação anteroposterior entre os dentes superiores
rior normal ou levemente reduzida, ângulo ANB e os inferiores, inviabilizando o procedimento de
Relato de caso (Case Report)

não maior do que -3°, relação molar de Classe III e camuflagem5,24.


pequeno apinhamento2,8,9,17,19,20. Na região posterior, os segundos pré-molares
Geralmente, a má oclusão de Classe III mode- superiores obtiveram oclusão com os primeiros
rada pode ser tratada ortodonticamente por ca- molares inferiores e os primeiros molares superio-
muflagem com extração de primeiros pré-molares res ocluíram com os segundos molares inferiores.
inferiores, como o caso descrito nesse estudo9,24. O rígido controle da ancoragem posterior, inicial-
Há relatos na literatura de camuflagem dentária mente com a presença de um arco lingual e con-
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trole de torque, torna-se essencial para a retração lo combinado cirúrgico ortodôntico, sendo 1475
dos caninos e, subsequentemente, dos incisivos disponíveis com acompanhamento de pelo menos
inferiores. Finalmente, os terceiros molares infe- de 1 anos pós-cirúrgico e 507 pacientes com cinco
riores que estavam em posição mésio angular, fo- anos ou mais de acompanhamento no longo pra-
ram verticalizados e mantidos no arco para ocluí- zo23. Apesar de serem estudos bidimensionais ali-
rem com os segundos molares superiores. cerçados em superposições na linha SN da cefalo-
Por vezes, torna-se necessário o ajuste oclusal metria radiográfica, pode ser considerado o maior
na cúspide lingual dos segundos pré-molares su- projeto de pesquisa financiado continuamente na
periores para evitar contatos prematuros durante história do Instituto Nacional de Pesquisa Dental e
os movimentos excursivos da mandíbula18. Craniofacial (DE-05221, agora em seu 30º ano na
A segunda parte do presente trabalho, refere- Universidade da Carolina do Norte) que permitiu
-se ao relato do caso clínico 2 em que a má oclu- estudos cuidadosos dos resultados de diferentes
são de Classe III foi tratada com um protocolo abordagens cirúrgicas e técnicas ortodônticas24.
combinado orto-cirúrgico devido à grande discre- Dentre as pesquisas oriundas da UNC, Pro-
pância maxilomandibular que comprometia a es- ffit et al.24 (2007) conseguiram propor uma hie-
tética facial da paciente. rarquização da estabilidade e a previsibilidade da
Ao longo das últimas décadas, a cirurgia or- cirurgia ortognática, de acordo com a direção do
tognática tornou-se um procedimento coadju- movimento cirúrgico, tipo de fixação e técnica ci-
vante de rotina no tratamento ortodôntico de rúrgica empregada. Segundo esse trabalho, o pro-
discrepância mandibular, maxilar ou maxiloman- cedimento ortognático mais estável foi o reposi-
dibular11,30. Nesse aspecto, a estabilidade da cirur- cionamento superior da maxila, seguido (de perto)
gia ortognática tem se tornado um campo vasto pelo avanço mandibular em pacientes com a altu-
de pesquisa, especialmente oriundo do banco de ra facial anterior normal ou aumentada (se a altu-
dados do Programa Dentofacial da Universidade ra facial for diminuída pela rotação para cima do
da Carolina do Norte (UNC, do inglês University of mento, a estabilidade tende a ser comprometida).
North Carolina), mais especificamente dos esfor- A combinação do movimento superior da maxila
ços somados dos Departamentos de Ortodontia e com o avanço da mandíbula mostrou-se significa-
Cirurgia Oral e Maxilofacial21,22. tivamente mais estável quando a fixação interna
Para ter uma ideia da importância daquelas rígida foi utilizada na mandíbula. De acordo com
pesquisas, até fevereiro de 2007, a UNC apresenta- os autores, recuo mandibular muitas vezes não foi
va registros de 2264 pacientes com deformidades estável e o movimento para baixo da maxila que
de desenvolvimento (sem anomalias craniofaciais criou a rotação da mandíbula também mostrou-se
ou síndromes) que foram submetidos ao protoco- instável (Figura 14).

Franco AA, Cosendey VL, Almeida MAO, Capelii J. Jr.

Figura 14 - Hierarquia de estabilidade estendida para os diferentes procedimentos orto-cirúrgicos, exibindo a


estabilidade relativa ao primeiro ano pós-cirúrgico. Fonte: Proffit et al24, 2007.
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De acordo com Bailey et al.3 (2004), para uma ambos18.


estabilidade aceitável, a fixação interna rígida Após a correção cirúrgica da discrepância es-
(RIF, do inglês rigid internal fixation) não parece quelética, a oclusão é finalizada ortodonticamente
ser necessária para procedimentos nas categorias numa relação molar de Classe I, usando os mes-
altamente estáveis ou estáveis. RIF faz a diferen- mos princípios de finalização do tratamento orto-
ça, no entanto, quando ambos os maxilares são dôntico de pacientes portadores de má oclusão
reposicionados simultaneamente. Três procedi- exclusivamente dentária, nos casos em que não
mentos estão na categoria problemática, definida houve extrações dentárias12,30.
como uma possibilidade de 40-50% de 2-4 mm Muito tem sido discutido sobre a posição con-
de mudança pós-cirúrgica e uma oportunidade dilar decorrente da osteotomia bilateral sagital
significativa de mais de 4 mudança mm: recuo do ramo (BSSO), especialmente na observância
mandibular, movimento descendente da maxila e que em algum período pós-cirúrgico, os côndilos
expansão cirúrgica da maxila. Mesmo com esses tendem a se mover póstero-superiormente, inter-
procedimentos, pelo menos metade dos pacien- ferindo na estabilidade da cirurgia ortognática29.
tes não experimentaram essencialmente nenhuma Patologias como a reabsorção condilar idiopática
mudança pós-cirúrgica. O objetivo do protocolo é uma disfunção do côndilo e pode ocorrer espon-
orto-cirúrgico, obviamente, seria de tomar me- taneamente durante o tratamento ortodôntico ou
didas adicionais para conduzir a estabilidade em após a cirurgia ortognática14. Pacientes com essa
níveis mais previsíveis, quando os movimentos ci- alteração pré-operatória são mais susceptíveis
rúrgicos são necessários. a uma maior reabsorção dos côndilos após a ci-
Nos casos com discrepância esquelética ante- rurgia ortognática. Fatores de risco cirúrgicos tais
roposterior de Classe III moderada ou severa, onde como, mau posicionamento condilar, com ou sem
a discrepância esquelética vertical e/ ou transversal deslocamento do disco e rotação anti-horária dos
é presente no término do crescimento esquelético segmentos distal e proximal da mandíbula podem
e deformidade facial significativa, terão indicação agravar a situação. A reabsorção condilar progres-
de tratamento ortodôntico combinado com cirur- siva é tida como uma complicação irreversível, um
gia ortognática3,12,30. Adicionalmente, a qualquer fator no desenvolvimento de recidiva esquelética
tardia após BSSO e é caracterizada por mudan-
discrepância esquelética e dentária que deve es-
ças morfológicas na configuração condilar, como
tar presente, o ortodontista necessita decidir se o
a redução de volume e diminuição na altura do
paciente tem um problema que requer a cirurgia
ramo14.
de ambos os maxilares, e assim, onde os mesmos
Cumpre ainda ressaltar a importância das mo-
devem ser posicionados para dar ao paciente a
dificações que a cirurgia ortognática impõe aos
melhor oclusão e estética facial possível. É preciso
tecidos moles da face, tendo em vista que infor-
determinar se haverá extrações dentárias e quais
mações sobre possíveis mudanças decorrentes do
dentes serão envolvidos nesse processo.
tratamento necessitam ser esclarecidas ao pacien-
O primeiro passo no diagnóstico é determinar
te, especialmente como uma ferramenta a mais
a quantidade de discrepância intra-arco que está
que auxilie na tomada de decisão25.
presente7,13,19. Os incisivos inferiores necessitam
ser alinhados sobre o osso basal e a curva de Spee
nivelada. Diferentemente da camuflagem orto-
Considerações finais
dôntica, a posição final dos incisivos superiores é O tratamento da má oclusão de Classe III es-
usada para determinar a localização dos maxilares quelética ainda é um desafio para os ortodontis-
no planejamento orto-cirúrgico. tas. A tomada de decisão, por meio de compen-
O tratamento ortodôntico pré-cirúrgico tem sação dentoalveolar, exige do clínico o bom senso
como objetivo alinhar os arcos superior e inferior em avaliar se os benefícios a serem alcançados
para coordená-los em suas respectivas bases es- com a oclusão dentária trarão resultados favorá-
queléticas e eliminar as compensações dentais18. veis à face do paciente. Caso a camuflagem orto-
Relato de caso (Case Report)

O tratamento ortodôntico na fase pré-cirúrgica é dôntica comprometa a estética facial do paciente,


um procedimento muito importante para alcançar é melhor não se ocupar de tratamento ortodônti-
melhores resultados com o mínimo de recidiva. co heroico, no qual um resultado satisfatório não
Alternativas cirúrgicas incluem osteotomia sagital, pode ser predito. Discrepâncias maxilomandibu-
osteotomia em L invertido e osteotomia vertical lares severas exigem o protocolo de tratamento
para o recuo da mandíbula, procedimento de Le- combinado orto-cirúrgico, que produz a correção
Fort I para avanço maxilar ou a combinação de da oclusão dentária e harmonização da face do
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paciente, além de ser um procedimento razoavel- 22. Proffit W.R., Phillips C., Turvey T.R. Stability after surgical-
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