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Material Teórico
História e Tipos de Desenho
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
História e Tipos de Desenho
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Abordaremos conceitos sobre a história e os tipos de desenho, sobre
os materiais gráficos utilizados no decorrer da história, suportes e
meios. Falaremos sobre o desenho como registro e abordaremos
temas como a observação, a memória, o desenho cego e gestual
(criação), construção e desconstrução.
· Entender os aspectos relevantes da representação do desenho, o
desenvolvimento da representação por meio dos materiais utilizados
e a introdução sobre os conhecimentos de modos de fazer, conceitos
necessários para a compreensão deste início de estudo em artes e
principalmente em desenho.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE História e Tipos de Desenho
Contextualização
Avaliando os exemplos apresentados para a compreensão de um percurso com a
teoria e a prática do desenho, considera-se importante o olhar atento aos diferentes
caminhos e processos criativos adotados pelos artistas ao longo do tempo.
Assim, recomenda-se assistir ao documentário All in the Mind - The Secret to Drawing:
Explor
Parte 1: https://youtu.be/9H59cVnnF9Y
Parte 2: https://youtu.be/VEz3JwCMZcQ
Parte 3: https://youtu.be/DY_t2cwJQnw
Parte 4: https://youtu.be/x4X-jWKzaaQ
Nesse documentário, o que nos interessa são os exemplos dados pelos diferentes desenhos
e produções realizadas pelos diversos artistas.
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Introdução: Elementos Básicos e Tipos
de Desenho
Ao iniciarmos um estudo sobre o desenho, podemos refletir sobre nossas próprias
experiências, por meio das quais, de uma forma mais imediata, adquirimos uma
ideia, uma imagem do que essa palavra ou conceito representa para cada um de nós.
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O desenho é uma linguagem a qual usamos para expressar uma ideia, uma
imagem, um signo.
Somos rodeados por desenhos. Eles estão presentes em nossa vida tanto na
percepção de como enxergamos a natureza e o nosso mundo circundante como
também na interferência da ação do homem na natureza já existente, com criações
de formas, ocupando espaços. Observar a linha do horizonte ao longe, por exemplo,
é um bom exercício para percebermos isso. A forma como a enxergamos nos
mostra que, ao longe, na paisagem, existe uma linha no horizonte dividindo dois
elementos de força, duas superfícies constituintes dela: céu e chão (ar e terra), céu
e água (ar e líquido). Quanto maior a distância que temos da cena de uma paisagem
na natureza, mais evidente é a sensação do desenho dessa linha no espaço. Por
outro lado, relacionamo-nos, visualmente, o tempo inteiro, com outros inúmeros
contornos, frutos dos objetos que nos circundam.
Figura 2
Fonte: Wikimedia/Commons
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Figura 4 – Palácio de Cristal em Madri, Espanha
Figura 3 – Desenho arquitetônico do período – forte presença de linhas em contraste com a
de Leonardo Da Vinci, em Milão vegetação e a transparência dos vidros
Fonte: Wikimedia/Commons Fonte: Wikimedia/Commons
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Considerando denominações mais imediatas, tomemos como exemplo as
referências de algumas definições da palavra desenho. Dentre elas, encontramos
esta: o ato, a ação física, motora de representar, por meio de gestos e de materiais,
de símbolos, de formatos diversos, por exemplo, ideias do universo simbólico e
criativo. Sabemos que essa delimitação não determina, definitivamente, o conceito
de desenho, mas busca elucidar e trazer uma gama de elementos que supõem
reconhecer o desenho em seus diferentes aspectos, assim como a definição
exemplifica (não deixemos de lado a ideia de que desenho também é um processo
mental, não apenas mecânico), ou ainda o desenho como projeto (Desígnio), onde
a aplicação do desenho, a intenção com o desenho, determina caminhos para a
realização do processo criativo – o projeto como propósito.
Desenho SM. (lat. designu) 1 Arte de representar objetos por meio de linhas e sombras. 2
Explor
Objeto desenhado. 3 Delineação dos contornos das figuras. 4 Delineamento ou traçado geral
de um quadro. 5 Arquit Plano ou projeto de edifício, etc. 6 Desígnio. 7 Figura de ornatos, em
tecidos, vasos, etc.
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para entretenimento e arte. Aliás, temos o desenho na arte, meio de produções
artísticas em poéticas tão pessoais, comuns a cada artista. Nesses gêneros, o
desenho desempenha seu papel como registro, processo, projeto, síntese e obra
final, pois o desenho não é apenas um instrumento, mas sim uma linguagem
dentre tantas outras possíveis e, provavelmente, constitua-se como essencial em
seu processo, levando em consideração seu caráter germinal.
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Figura 19 – Crayon, aquarelle et endre de Chine sur papier signé Wassily Kandinsky, sans titre
Fonte: Wikimedia/Commons
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Não é raro nos referirmos ao ponto, tão mínimo, como “ponto de partida”, e esse
se inicia com o gesto que desencadeia um processo de linhas e, por consequência,
de imagens. O simples gesto do encontro entre a ponta do lápis, ou qualquer outro
material, e determinada superfície já indica sua existência.
O ponto pode ser “ponto de partida”, mas também pode ser exatamente o
elemento principal ou constituinte de uma ideia inserida em uma obra ou, ainda,
fazer parte do processo criativo de um artista. Com um simples ponto pode-se
obter inúmeras ideias e descobertas, ele pode ser representado por uma infinidade
de materiais e procedimentos artísticos.
A
A
D
C
técnica do mosaico. Busque imagens e textos de história da arte que falem dos mosaicos
bizantinos para compreender a presença do ponto em outras técnicas que vão além do
desenho e da pintura.
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UNIDADE História e Tipos de Desenho
A linha, que é dinâmica nessa relação com o ponto inicial, como vimos no
exemplo da garatuja, constitui-se como um elemento de força no desenvolvimento
do gesto no Desenho. Define-se a linha como o ponto em movimento. Ela
demarca espaços e registra um gesto numa superfície. Traça caminhos, dá lugar à
forma, atribui dinamismo ao desenho de acordo com suas qualidades de espessura,
comprimento (espessa, fina, longa, curta, contínua, interrompida, diagonal, curva,
etc.) e com a intenção no desenho. A linha pode se apresentar de diferentes modos,
expressando o estado de espírito do artista, sofrendo alterações e variações na
intensidade (clara ou escura), na espessura, na medida, além da direção, do ritmo,
da densidade e energia.
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Entretanto, a linha que utilizamos no desenho bidimensional, para marcar
contornos, por exemplo, não existe na natureza, é apenas uma convenção do
homem criada para representar e parar comunicar.
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Importante! Importante!
Nosso mundo aparente é percebido e apreciado por essa relação entre a luz e o
nosso mecanismo visual (o olho juntamente com o cérebro), que nos faz reconhecer
o que é aplicado à visão humana e consegue captar e perceber a diversidade de
formas existentes a partir da incidência de luz (maior, menor, difusa, direta, etc.),
que também é responsável por indicar cores, sombras, aspectos espaciais dos
objetos, texturas, entre outras coisas. Desenhar requer perceber essas nuances.
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Figura 29 – Wassily Kandinsky, Amarelo, Vermelho e Azul, 1925
Fonte: Wikimedia/Commons
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O Carvão
O carvão é um dos materiais mais antigos, é versátil e reflete a menor alteração
de pressão na sua aplicação. Hoje em dia temos uma variedade de carvão
específico para desenho, desde os bastões naturais finos até as barras cilíndricas,
quadradas, em formato de lápis e carvão em pó. É um material muito instável e
pouco aderente ao suporte, isso faz com que tenhamos uma facilidade em apagá-
lo somente ao passarmos os dedos sobre ele ou soprando com força. Para fixá-lo
a uma superfície, após o término do desenho, utilizamos um fixador em spray
específico para desenho ou até mesmo laquê de cabelo no caso de exercícios e
estudos iniciais.
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Grafite
Comparativamente a outros materiais, o grafite é um dos mais populares entre
os estudantes de arte e artistas, pela sua permanência na superfície e pelo seu fácil
manejo. Com ele conseguimos fazer desde um rascunho rápido a um desenho mais
detalhado, por ser um meio imediato, versátil e sensível.
Para aprofundar seus conhecimentos sobre como os materiais são fabricados, consulte o
Explor
livro: SMITH, R. Manual Prático do Artista. Porto: Civilização, 2006. Trata-se de um material
bem completo e detalhado sobre todos os materiais e técnicas artísticas, amplamente
ilustrado e que apresenta as possibilidades estéticas dos materiais.
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O esfuminho é uma espécie de lápis de papel maciço com duas pontas para
friccionar e fundir. Há esfuminhos de diversas espessuras e recomenda-se utilizar
uma extremidade para tons mais escuros e outra para os mais claros, evitando
acidentes no desenho. A fusão dos traços com o esfuminho acentua o efeito
volumétrico da figura, pois ele é um instrumento que facilita o defeito de degradê
suave, fundindo os sombreados, suavizando os traços, eliminando os brancos
existentes entre eles.
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Lápis de cor – aquarela, neon, metálicas
Hoje em dia há uma variedade de lápis de cor disponíveis no mercado. Os mais
conhecidos são os estandartizados, cuja permanência sobre o papel é de longa
duração, como os utilizados nas escolas.
Por fim, temos outros lápis com uma variedade de tonalidades e matizes, com
cores metálicas e neon, permitindo maior possibilidade de resultados para quem se
identifica com a linguagem do desenho.
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Figura 36 – Giz pastel seco em barras retangulares e giz pastel oleoso em barras redondas
Fonte: Acervo do conteudista
Pena e Nanquim
A pena é um instrumento mais antigo que o lápis, o qual utiliza a tinta nanquim
para elaborar trabalhos lineares, com precisão e limpeza. As penas tradicionais são
feitas com penas de ave e de junco, além da variedade de penas para desenho fei-
tas de aparos de aço e das canetas com aparos tubulares que armazenam a tinta e
que possuem diferentes espessuras de linhas, cujas pontas são metálicas. “Trata-se
de uma técnica definitiva em que a oportunidade de dar vida ao desenho à pena é
uma só” (SMITH, 2006, p. 103). As canetas técnicas, comumente utilizadas por
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arquitetos, traçam linhas de espessura uniforme e têm de ser seguradas a um ângu-
lo muito mais alto do que as penas de aço tradicionais. As penas de junco dão uma
linha mais suave, as de desenho produzem uma linha dura e vincada.
Figura 37 – Material tradicional de pintura a nanquim – base em pedra para diluição da tinta nanquim
em barra (com detalhes em dourado) ou a líquida (tubo verde), juntamente com os pincéis
Fonte: Acervo do conteudista
Quais são as suas experiências com esses materiais de desenho? Quais você ainda não
Explor
utilizou? Você já pensou nas formas como você utilizou esses materiais, como pegou, a força
que utilizou, os gestos que fez? Aproveite esse momento para, além de rememorar, voltar
a praticar exercícios de desenho, experimentando esses materiais agora de outras formas,
conhecendo suas possibilidades.
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Figura 42 – Desenho rupestre. Veado com filhote. Pigmento natural sobre parede de caverna.
Sítio arqueológico do Parque Nacional da Serra da Capivara, PI
Fonte: Wikimedia/Commons
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Figura 43 – Lion Twyfelfontein (Namíbia)
Fonte: Wikimedia/Commons
Figura 44 – Pedra do Ingá. Paraíba,PI. Painel vertical e linha de capsulares na Pedra do Ingá
Fonte: Wikimedia/Commons
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UNIDADE História e Tipos de Desenho
Volumes também eram obtidos pela observação de saliências nas próprias su-
perfícies das cavernas onde eram realizados os desenhos, tornando a imagem ain-
da mais sofisticada em sua composição e elementos visuais.
Figura 47 – Reprodução de um dos bisões encolhidos, neste caso fêmea (Breuil, 1902 e 1935)
Fonte: Wikimedia/Commons
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Já entre os sumérios, por volta de
3.000 a.C., encontramos, de maneira mais
acentuada, a escrita, o desenvolvimento de
uma linguagem por meio de signos deno-
minada cuneiforme. Essas representações
foram comumente encontradas sobre a argi-
la, mas também eram produzidas em outros
suportes, como pedras. Eram escritas com
ferramentas que permitiam sua característica
Figura 48 – Tablete com escrita
em formato de cunha e o desenvolvimento
cuneiforme sobre pedra
de uma comunicação escrita como registro. Fonte: Wikimedia/Commons
Figura 49 – Seção do Livro dos Mortos do escriba Nebqed, cerca de 1300 a.C.
Fonte: Wikimedia/Commons
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Na civilização grega, embora expressões artísticas como a escultura e a
arquitetura possuam maior ênfase, são notáveis os desenhos realizados nos vasos
em argila assim como os produzidos em afresco. Nos vasos, quando pintados de
preto, observa-se a retirada da linha que traça o desenho, revelando a cor da
argila – o oposto também ocorre, valendo-se da ideia de positivo e negativo. São
conhecidas como as pinturas negras e pinturas vermelhas.
Além de objetos utilitários, esses desenhos eram produzidos também sobre placas
de madeira preparadas com fundo branco – obtidos a partir de pó de osso – e sobre
pergaminhos, e podiam tomar forma com pontas metálicas, de prata ou chumbo,
com os quais era possível a aprendizagem tanto de técnicas gráficas como pictóricas.
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No período da Idade Média, a pro-
dução de desenho estabeleceu-se como
projeto em suas mais variadas manifes-
tações (arquitetura, pintura, afrescos)
e nos chamados códices e iluminuras,
referenciados na imagem iconoclas-
ta e realizados sobre pergaminho. O
desenho, nesse momento, arraigado
à tradição cristã, ainda se apoiava na
produção de aprendizado coletivo,
em guildas, nas quais quase inexistia
Figura 59 – Iluminura - Tratado sobre a autoria, embora já se encontrassem
a criação do mundo, Séc. XIII esboços, desenhos realizados fora das
Fonte: Wikimedia/Commons guildas e mosteiros.
Essa produção veiculada fora das guildas e representada pelos códices ilustrados
era tida como marginal. Um grande marco encontra-se nos desenhos de Villard
de Honnecourt, arquiteto, que já são desenhos autorais. Seus desenhos lineares
prenunciavam características góticas e foram realizados no século XIII.
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Em meados do século XV e início do século XVI, com o advento do Renascimento,
o desenho passou a assumir status de obra de arte. Esboços, estudos preparatórios,
anatômicos e práticas de cunho científico, desenhos projetavam as ideias dos
grandes mestres do período.
Temos, no Renascimento, uma produção que se estendeu a quatrocentos anos,
e o desenho perpassou fortemente por todo o período. Cada artista assumiu, com
o desenho, o projeto para as experimentações de suas obras e do universo sensível
particular que as envolvia. O artista também era visto dessa forma e ganhou um
status artístico e social.
A efervescência cultural da época, o renascer das ideias greco-romanas, sobretudo
dos estudos filosóficos de Platão e Aristóteles, e um olhar estético voltado para essa
cultura favoreceram as inquietações da produção no período. Nesse ambiente, mui-
tos artistas destacaram-se, influenciaram e foram influenciados pela produção que
acontecia em muitas esferas, como a arquitetura, a escultura, literatura, artes visuais,
entre outras. A compreensão do homem e do mundo reverberava nesse ambiente.
A consciência do grafismo está presente em desenhos e projetos variados. Nos
desenhos de Leonardo, por exemplo, em bico-de-pena ou sanguínea, lápis, ponta
de prata, pincel, vê-se a ideia do sfumato, que segue com maestria em sua pintura,
além de inúmeros projetos que seu desenho trouxe para observações diversas sobre
a projeção de seus desejos e compreensão de mundo – entre eles os desenhos
anatômicos, botânicos, retratos e figuras humanas, etc.
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Figura 71 – Leonardo da Vinci, Estudos de embriões Figura 72 – Leonardo da Vinci, Modelos de máquinas
(1510–1513) nos quais retrata imagens impossíveis voadoras planejados por Leonardo
de se ver na época, mas completamente atuais Fonte: Wikimedia/Commons
Fonte: Wikimedia/Commons
Michelangelo, que, entre tantas manifestações, tem na escultura sua grande mo-
tivação, demonstra, em seus desenhos, um olhar dedicado aos volumes e à elegân-
cia do gesto inacabado. Esteve envolvido em muitos projetos, reconhecidos pelos
inúmeros estudos ligados à arquitetura, escultura, pintura, entre diversos desenhos
e detalhes, em esboços realizados, muitas vezes, sobre um mesmo tema.
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Foi responsável pela execução do teto da Capela Sistina, obra que elevou seu
desenho a outras proporções e dimensões, relacionando-o ao espaço arquitetônico
e estabelecendo outra relação com a percepção do olhar, envolvendo a proporção
e magnitude de uma grande composição pintada com afrescos. Estudos dizem que
os desenhos eram feitos em escala e transpostos para a superfície com argamassa
com carvão em pó que era aplicado através de pequenos furos ao longo das linhas
compositivas (dos contornos das figuras), como uma espécie de estêncil.
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Explor
Visitar site da Capela Sistina on-line: https://goo.gl/R3qX
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Os desenhos de retrato e de paisagem foram temas frequentes do período assim
como os desenhos de nus.
Já Francisco Goya desenvolveu uma expressão gráfica dedicada à gravura e
estendeu-a a uma série de imagens como Os Caprichos, Os Desastres de Guerra e
a Tauromaquia. Dessa forma, observa-se que seus desenhos possuíam um caráter
de estudo, preparação para outros processos com a gravura, nos quais ganhavam
ênfase elementos e valores representativos, como graduações de claro-escuro,
intensidade de linhas, mas que já eram apontados no desenho de estudos, além da
interpretação de seu tempo, sugerida pela dramaticidade de cena.
Figura 80 – Fila superior: Desenhos preparatórios e Caprichos n.º 10.- “O amor e a morte” e n.º 12.- “A caça de dentes”
Figura 80 – Fila inferior: Desenhos preparatórios e Caprichos n.º 17.- “Bem tirada está” e n.º 8.- “Que a levaram!”
Fonte: Wikimedia/Commons
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Van Gogh iniciou seus desenhos de forma mais linear e realista, com experimentos
a carvão e, posteriormente, assumiu traços interrompidos, formando uma textura
nos diferentes planos da imagem.
Figura 86 – Honoré Daumier “Gargantua”. Por causa dessa charge, do Rei da França
como Gargantua, Daumier ficou preso seis meses no Ste Pelagic em 1832. Litografia, 1831
Fonte: Wikimedia/Commons
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No Brasil, a academia do século XIX formou uma geração de ar-
Explor
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UNIDADE História e Tipos de Desenho
Figura 90 – Henri Matisse, Figura 91 – Henri Matisse, Figura 92 – Amedeo Figura 93 – Toulouse
Sem título, 1938 Retrato de Sergei I. Modigliani, Retrato de Lautrec, Desenho, 184-
Fonte: enciclopedia.itaucultural.org.br Shchukin, 1912 Dona Rossa, 1915 Fonte: Wikimedia/Commons
Fonte: metmuseum.org Fonte: Wikimedia/Commons
Figura 94 – Toulouse Lautrec, Figura 95 – Paul Klee, Dama com Figura 96 – Alberto
Yvette Guilbert saúda o Guarda-sol, 1883–1885, grafite Giacometti, Perfil de
público, 1894 sobre papel Yanaihara, 1956
Fonte: Wikimedia/Commons Fonte: Wikimedia/Commons Fonte: fondation-giacometti.fr
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No Brasil, podemos citar, dentre outros, Cândido Portinari, Vicente do Rego
Monteiro e Anita Malfatti que, influenciados por artistas modernos como Picasso e
Matisse, trouxeram ao Brasil as vertentes estéticas que estavam sendo investigadas
por esses artistas em Paris, buscando uma identidade nacional para a arte brasileira.
Figura 99 – Anita Malfatti, O Grupo dos Cinco, 1922 – Coleção de Artes Visuais
do Instituto de Estudos Brasileiros – USP (São Paulo, SP)
Fonte: enciclopedia.itaucultural.org.br
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UNIDADE História e Tipos de Desenho
Site Specific: O termo sítio específico faz menção a obras criadas de acordo com o ambiente
Explor
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Esse desenho sugere a previsão de um projeto, materiais, interferências naturais
e, ao mesmo tempo, ganha outras proporções e dimensões, diferentes de expo-
sições mais tradicionais, em galerias. Relaciona-se diretamente com o acaso em
certos momentos, com a surpresa regida pela relação direta com o espaço, o desa-
fio de domínio da imprevisibilidade de onde está inserido, resistência do material,
enfim, de tantas outras referências que um desenho no campo expandido sugere.
É com esse dinamismo que a arte contemporânea lida o tempo inteiro, já que
tem todo o histórico da arte como antecedente.
Figura 101 – O edifício Reichstag visto do oeste Figura 102 – Desenhos do Reichstag alemão
Fonte: Wikimedia/Commons por Christo e Jeanne Claude
Fonte: christojeanneclaude.net
Figura 103 – Maquete do Reichstag Figura 104 – Reichstag alemão embrulhado por
Fonte: Wikimedia/Commons tecido – Wrapped Reichstag, Berlin, 1971-95
Fonte: christojeanneclaude.net
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UNIDADE História e Tipos de Desenho
Figura 106 – Ilustração de Johann Moritz Rugendas das florestas da América do Sul
Fonte: Wikimedia/Commons
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Figura 107 – Costume des Ministres, Secrétaires d’État — étude, Aquarelle, 15,3 x 21,7cm
Fonte: Wikimedia/Commons
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Qualquer percurso de projeto com o desenho exige uma trajetória. Entender
esse percurso em uma linguagem como o desenho requer uma história perceptiva,
e também de caráter prático, o que torna a experiência significativa em seus
percursos e processos, pois desenvolve-se um conhecimento, que, neste caso, não
se quantifica, mas percebe-se no ato sensível do fazer, produzir e como produzir,
tornando esse aprendizado pessoal e insubstituível.
Para compreender melhor o processo do desenho cego, assista ao vídeo Desenho Cego por
Paulo Von Poser, no Youtube: https://youtu.be/feIYvLPVDJU
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UNIDADE História e Tipos de Desenho
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
19&20
AMBRIZZI, Miguel Luiz. O olhar distante e o próximo - a produção dos artistas-
viajantes. 19&20, Rio de Janeiro, v. VI, n. 1, jan./mar. 2011.
Esse texto apresenta um panorama geral sobre a produção dos artistas-viajantes no
Brasil desde os séculos XVII ao XIX, analisando os gêneros mais comuns: a natureza-
morta e a paisagem, os quais revelam o olhar estrangeiro sobre o Brasil.
https://goo.gl/D1fEPs
19&20
AMBRIZZI, Miguel Luiz. Entre olhares - O romântico, o naturalista. Artistas-viajantes
na Expedição Langsdorff: 1822-1829. 19&20, Rio de Janeiro, v. III, n. 4, out. 2008.
Nesse texto o autor analisa a produção dos artistas-viajantes da Expedição Langsdorff
mostrando as influências dos artistas do neoclassicismo e do romantismo.
https://goo.gl/g0gmeE
The Drawings
Vincent Van Gogh. The Drawings. Motopolitan Museum of art, New York, 2005.
https://goo.gl/Q6vbBW
Enciclopédia Itaú Cultural
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/
Livros
Arte-educação no Brasil: das origens ao modernismo
BARBOSA, Ana Mae. Arte-educação no Brasil: das origens ao modernismo. São
Paulo: Perspectiva, 1978.
Fundamentos do Desenho Artístico
ROIG, Gabriel Martín. Fundamentos do Desenho Artístico. Barcelona:
Parramón, 2007.
Gesto inacabado, processo de criação artística
SALLES, Cecília Almeida. Gesto inacabado, processo de criação artística. São
Paulo: Annablume, 1998.
Técnicas de Desenho e Pintura: um curso completo de técnicas criativas e práticas
HARRISON, Hazel. Técnicas de Desenho e Pintura: um curso completo de técnicas
criativas e práticas. Erechim – RS: Edelbra, 1994.
Disegno. Desenho. Desígnio.
DERDYK, Edith (org). Disegno. Desenho. Desígnio. São Paulo: Editora Senac São
Paulo, 2007.
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Livros
Arte Moderna. Do Iluminismo aos movimentos contemporâneos
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. Do Iluminismo aos movimentos
contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
O Desenho, de Altamira a Picasso
PIGNATTI, Terisio. O Desenho, de Altamira a Picasso. São Paulo: Editora Abril, 1982.
Manual Prático do Artista
SMITH, R. Manual Prático do Artista. Porto: Civilização, 2006.
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Referências
DERDYK, E. Disegno. Desenho. Desígnio. São Paulo: Senac, 2008.
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