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UNIP- Universidade Paulista

Campus Osasco
Curso: Artes Visuais

A ARTE EXPRESSIVA E CONTESTADORA DO GRAFITE

TC- Trabalho de Conclusão


Artes Visuais – Profª Janaína Santiago
Fábio Medrado de Andrade – RA 0589022

Osasco
2022
Fábio Medrado de Andrade

A ARTE EXPRESSIVA E CONTESTADORA DO GRAFITE

Trabalho Monográfico – Curso


de Artes Visuais, apresentado à
comissão julgadora da UNIP-
Osasco, sob a orientação da
Professora Janaína Santiago.

Osasco
2022
Fábio Medrado de Andrade

[Ficha de identificação da obra. Elemento obrigatório.]

[Insira neste espaço a ficha de identificação da obra.]

[A ficha é elaborada pelo(a) autor(a) no seguinte link:


http://portalbu.ufsc.br/ficha]
A ARTE EXPRESSIVA E CONTESTADORA DO GRAFITE

Universidade Paulista UNIPOSASCO


2022 Trabalho de Conclusão de Curso
para obtenção de título de Graduação
em Artes Visuais apresentado à
Universidade Paulista - UNIP.

Aprovado em:

Banca Examinadora

___________________________________________/____/_______

Prof. Nome do Professor

Universidade Paulista - UNIP

___________________________________________/____/_______

Prof. Nome do Professor

Universidade Paulista - UNIP

___________________________________________/____/_______

Prof. Nome do Professor

Universidade Paulista - UNIP


Osasco
2022

Agradecimentos

Agradeço à Universidade Paulista por fornecer um curso maravilhoso, aos


meus tutores e professores pelo exemplo e grandes ensinamentos e orientações
preciosas ao longo deste curso. Em especial, a professora Janaína Santiago por
ter me orientado e por sua dedicação.

Em particular agradeço a Deus em primeiro lugar e ao enorme cuidado que


minha família teve por mim. A minha noiva e futura esposa Letícia pelo incentivo e
apoio. Obrigado a todos, sem vocês este trabalho não se realizaria!
SUMÁRIO

Resumo......................................................................................................7
Introdução...................................................................................................8
Capítulo I: O Grafite e o seu início .............................................................9
1.1 Grafite ou Graffiti, a origem do termo...................................................9

1.2 Muralismo............................................................................................10

1.3 O Grafite de Nova Iorque.....................................................................11

Capítulo II: O Grafite brasileiro..................................................................12


2.1 Década de 70: “Abaixo a Ditadura” .....................................................12

2.2 Alex Vallauri.........................................................................................13

2.3 Os Gêmeos..........................................................................................13
2.4 Binho Ribeiro........................................................................................15

2.5 Eduardo Kobra.....................................................................................15

Capítulo III: Argumentação e discussão....................................................16


Considerações finais..................................................................................17
Referências bibliográficas..........................................................................18
Anexos........................................................................................................
7

RESUMO

Este trabalho consiste em uma investigação sobre o Grafite nas relações


artísticas e influências na arte contemporânea brasileira. Estudo sobre os principais
artistas do grafite brasileiro e suas abordagens de trabalho. São apresentadas as
principais características que fundamentam o Grafite como arte e o seu fazer
social. Para tanto, autores e artistas como Camila Narduchi, Anita Rink, Eduardo
Kobra, “Os Gêmeos” e Binho Ribeiro são apresentados no texto, por serem os
grandes precursores deste movimento artístico. São apresentadas algumas de
suas principais ou icônicas obras e suas interpretações técnicas, compreendendo,
assim, que esta relação de movimento artístico contemporâneo favorece a
promoção de debates e reflexões sobre assuntos que permeiam as grandes
metrópoles, como também possibilitam a criação de grandes galerias ao ar livre
ampliando o acesso à arte.

PALAVRAS-CHAVE: Arte, Arte Contemporânea, Grafite, Educação, Sociedade.

ABSTRACT

This work consists of an investigation about Graffiti in artistic relations and


influences in Brazilian contemporary art. It studies the main Brazilian graffiti artists
and their work approaches. The main characteristics that form the basis of Graffiti
as art and its social action are presented. To this end, authors and artists such as
Camila Narduchi, Anita Rink, Eduardo Kobra, "Os Gêmeos" and Binho Ribeiro are
presented in the text, for being the great precursors of this artistic movement. Some
of their main or iconic works and their technical interpretations are presented, thus
understanding that this relationship of contemporary artistic movement favors the
promotion of debates and reflections on issues that permeate large metropolises,
as well as enabling the creation of large open-air galleries expanding access to art.

KEYWORDS: Art, Contemporary Art, Graffiti, Education, Society.


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INTRODUÇÃO

A história da humanidade revela que o homem já expressava e narrava por


meio de pinturas em paredes as situações, acontecimentos e costumes da cultura
no qual estava inserido. Segundo Gitahy (2017), a arte rupestre é um dos primeiros
vestígios que evidenciam a origem do Grafite. O homem foi evoluindo em seu modo
de pensar, se expressar e na forma de civilizar, junto com as evoluções surgem
novas técnicas e materiais, também surgem diversos meios e vertentes que
possibilitam ao homem formas variadas de se expressar seus sentimentos através
de manifestações artísticas. É importante para o homem narrar e documentar fatos
históricos, acontecimentos que contribuíram e contribuem para o seu
desenvolvimento na sociedade através de manifestações artísticas, a arte é
comunicativa e didática, promove reflexões atraindo os olhares da civilização,
através das suas manifestações também questiona injustiças sociais e promove
debate.
O Grafite esteve presente em diversos períodos da civilização, existem
diversas evidências que comprovam as manifestações artísticas realizadas por
esse movimento, Roma Antiga eram feitos escritos e desenhos em paredes para
protestar, contestar as atitudes de governantes, os autores tinham como objetivo
expressar seus sentimentos de indignação e revolta perante as injustiças sofridas
na civilização que estavam inseridos, por meio dos escritos em paredes
expressavam o sentimento de descontentamento em relação às atitudes dos
governantes que prejudicavam a população em geral, é importante notar a
presença desse movimento artístico em diversos movimentos de revolução que
tinham como objetivo lutar pela liberdade do povo, pela democracia e pela
igualdade das minorias. Por meio de cores, formas e uma grande variação de
gêneros, o Grafite ganha espaço além dos muros, é uma arte pública, espontânea
em sua forma de expressão, nas grandes metrópoles são inúmeras as obras que
dividem espaço entre edificações e anúncios publicitários ao redor das cidades. Na
atualidade, tais expressões ocorrem de forma sucessiva e espontânea nas grandes
metrópoles fazendo parte do cotidiano da sociedade, dividindo espaços entre
anúncios de publicidade.
9

No Brasil, o Grafite faz de São Paulo uma das maiores galerias de arte á
céu aberto do mundo, sendo referência para estudiosos de arte, contribuindo para
o turismo e a cultura local, são inúmeros os artistas renomados na metrópole
paulista, artistas renomados e conhecidos mundialmente: Alex Vallauri, Os
Gêmeos, Eduardo Kobra e Binho Ribeiro. Antes uma arte marginalizada, o Grafite
atualmente tem seu espaço nas grandes galerias de arte, mas sempre presente
nos murais das cidades sem perder sua característica democrática e acessível a
todos. O objetivo desse trabalho é demonstrar fatos que comprovam o porquê o
Grafite pode ser considerado arte e não vandalismo, seus principais artistas e a
trajetória de cada um nesse ramo artístico que se populariza à cada década que
passa, pela sua forma de expressão muitas vezes provocativa, ainda pode ser
considerada uma arte marginalizada sendo por muitas vezes confundido com a
pichação, infelizmente para muitos essas manifestações são atos de vandalismo e
depredação do patrimônio público, as obras produzidas pelos artistas têm como
objetivo gerar impacto, promover debates em relação as causas sociais e até
ambientais, existem inúmeras obras espalhadas ao redor das metrópoles que
abordam temáticas atuais e do passado, muitos dos grafiteiros usam movimentos
artísticos do passado como referência para a produção de suas obras.
Atualmente, é possível encontrar a influência do Grafite presente em
materiais publicitários, na confecção de roupas, no cinema com a produção de
conteúdos cenográficos, no design e principalmente em ilustrações, abrindo portas
para diversas áreas de atuação, deixando de ser apenas uma arte urbana, assim
como nos demais movimentos artísticos é importante que o artista busque estudos
e aperfeiçoamento de técnicas de pintura.

1. O GRAFITE E O SEU ÍNICIO

1.1 Grafite ou Graffiti, a origem do termo

O Grafite é o ato de escrever em paredes, elaborar pinturas como forma de


manifestação de situações, fatos ou acontecimentos com o intuito de narrar,
contestar injustiças, registrar fatos e expressar sentimentos vividos pelo homem,
10

como aponta Gitahy (2017) o homem pré-histórico deixou seus primeiros registros
artísticos nas paredes das cavernas com o uso de materiais coletados da natureza,
sendo assim é a linguagem artística mais antiga da humanidade. Na Roma antiga,
o Grafite era utilizado para atos de manifestação em forma de protesto em locais
públicos com diversos escritos e desenhos, é nesse período que surge o termo
Grafite, na Itália Graffito, no plural Graffiti, ato de escrever com carvão em paredes.
Na Idade média surgem obras semelhantes ao Grafite, a pintura de afrescos
no período do Renascimento tinha também a parede como suporte para a
exposição das artes dos pintores, porém, a didática desse movimento tinha apenas
o objetivo de transmitir conteúdo religioso narrando histórias bíblicas nas grandes
capelas.

1.2 Muralismo

Ao redor do mundo surgem diversas formas de expressão artística


semelhantes ao Grafite como o Muralismo que surge no México em meados do
século XX através da Revolução de 1910, assim como no Grafite, o Muralismo
também aborda questões sociais e políticas, promove protesto e debate sobre a
realidade da população mais pobre, promovendo a valorização da identidade do
povo, segundo Zuin (2018, p. 33):

Os textos realizados nos muros e nas paredes mexicanos tinham


um caráter social e político, por preconizar o momento histórico do país na
tentativa de resgate da identidade. Davam materialmente expressão à
cultura das ruas e da sociedade. Essas manifestações tornaram-se quase
“eternizadas”, pois foram divulgadas pelo mundo como sendo a
manifestação de liberdade dos seus realizadores.

São os pioneiros dessa arte: Diego Rivera, José Clemente Orozco e David
Alfaro Siqueiros, todos esses artistas acreditavam que a arte tinha um forte poder
revolucionário e democrático na luta de melhores condições de vida para a sua
nação. Assim como no Grafite, segundo Zuin (2018), o muralismo aproxima a arte
com a população, tornando-a acessível para todos através das pinturas realizadas
nas paredes dos subúrbios.
11

No Brasil alguns artistas são adeptos dessa forma de arte: Di Cavalcanti,


Cândido Portinari e atualmente o grafiteiro Eduardo Kobra.

1.3 O Grafite de Nova Iorque

Em Nova Iorque e também nas ruas do Bronx no final dos anos 60 surgem
as primeiras manifestações do Grafite através da cultura Hip Hop, são quatro
elementos que complementam esse movimento artístico urbano: Grafite, DJs, MCs
e B-Boys. Esse movimento cultural ganhou grandes proporções nas metrópoles
dos Estados Unidos, com dança, músicas acompanhadas de poesia faziam parte
do cotidiano dos jovens dos centros periféricos, com o Grafite buscavam adquirir
reconhecimento e fama, conforme cita Nurchi (2021, p.23):
“O grafite passa a colocar os vagões de trens e metrôs da cidade como tela nas
mãos de jovens que escreviam seus nomes de rua – um tipo de assinatura – a fim
de obter notoriedade e popularidade.” O Grafite nos Estados Unidos surge também
como forma de protesto contra as injustiças sociais sofridas pelos grupos étnicos,
através das pinturas em muros e vagões esses jovens atraiam os olhares da
sociedade para os subúrbios menos favorecidos, tais manifestações tomam
grandes proporções, crescem de forma significativa e passam não só a ocupar as
ruas do Bronx e Nova Iorque, mas também em outras metrópoles ao redor do país
atraindo a atenção das autoridades sobre a prática crescente daquilo que para
muitos se denominava como um crime, conforme menciona Zuin (2018, p.38):

Os traços coloridos nos muros iam aparecendo aos poucos e se


espalhavam no metrô e nos ônibus. Essa forma de manifestação foi
tomando corpo e, com dinamismo, alastrou-se por muitos lugares no país,
o que não demorou muito para ser perseguida e controlada pelos órgãos
governamentais.

Com uso de aerossol a produção das obras de Grafite proporciona mais


agilidade e rapidez, os tags, assinatura feita em espaços públicos, principalmente e
estações de trem, jovens e adolescentes na busca por fama e notoriedade
12

assinavam seu pseudônimo seguido com o número da rua onde residiam, esse ato
tem como percussores nomes conhecidos da arte urbana como: Taki183, Lady
Pink, Zephyr, Barbara62 e Eva62, nomes esses que acabam exercendo forte
influência nos jovens e adolescentes dos subúrbios e periferias dos Estados
Unidos. Com o decorrer do tempo essas manifestações adquirem formas e cores,
desenhos também passam a ser atribuídos às manifestações artísticas
proporcionando uma linguagem mais expressiva e didática, as obras de Grafite vão
se tornando mais visíveis para a sociedade que os cerca e se espalha em grandes
proporções ao redor do mundo, conquistando espaços e se tornando uma arte
cada vez mais expressiva, gerando novas formas e cores, conforme menciona Zuin
(2018, p.38):

O movimento do grafite norte-americano deu início aos novos


estilos de grafite que começariam a surgir nos demais espaços urbanos
das metrópoles de todo o mundo. A pintura nos muros de Nova York
dos anos 80 foi conhecida de “Guerrilha Visual”. As formas das letras do
grafite Hip-Hop norte-americano influenciaram as produções dos textos do
grafite.

É nos Estados Unidos que o Grafite ganha mais notoriedade e visibilidade,


se tornando inspiração para o surgimento de novos artistas adeptos dessa prática,
sendo influência principalmente no Brasil na década de 80.

2. O GRAFITE BRASILEIRO

2.1 Década de 70: “Abaixo a Ditadura”

No Brasil, na década de 70 durante a Ditadura Militar surgem as primeiras


manifestações de protesto contra a repressão e a censura da liberdade de
expressão, muros das grandes metrópoles eram pichados por jovens estudantes
com o uso de tinta spray, pois proporcionava mais rapidez e agilidade diminuindo o
risco de serem presos pelos militares, diante da proibição de expressar qualquer
opinião, a pichação foi uma forte ferramenta de comunicação que tinha o objetivo
de protestar e expressar a indignação da população brasileira diante da injustiça e
13

violência praticadas pelo governo militar, sendo uma forma alternativa de


comunicar e expressar o sentimento popular, segundo Rink (2015, p.43):

A pichação foi amplamente utilizada como um dos poucos


recursos possíveis no momento em que havia restrições à liberdade de
expressão no Brasil. Muitos jovens, principalmente do movimento
estudantil, registravam sua insatisfação e suas ideias nos muros das
cidades, produzindo frases de impacto, aversão, desprezo e indignação
contra o regime militar. A pichação foi o melhor recurso disponível naquele
momento, pois eram rapidamente feitas e, por isso, difíceis de
serem reprimidas ou denunciadas.

2.2 Alex Vallauri

No período da Ditadura Militar em São Paulo surgem os primeiros grafites


nas paredes da cidade, surge Alex Vallauri, reconhecido como percussor do Grafite
no Brasil, Alex era da Etiópia e de nacionalidade italiana e passou a residir em São
Paulo na década de 60 e era formado em comunicação visual o que contribuiu na
sua imersão na arte, em 1978 começou a grafitar nas ruas de São Paulo, suas
obras eram retratadas com o desenho de uma bota de cano longo, Alex foi
aperfeiçoando os seus trabalhos e foi aderindo ao uso de novas técnicas e formas
de expressão, suas obras possuíam um teor de humor e também crítico a política
estabelecida pela ditadura militar, exemplos como a xilogravura com o desenho de
uma boca fechada com um alfinete fazendo menção e crítica ao período de
censura que era vivido no Brasil. O artista fazia o uso da técnica stencil na maioria
dos seus trabalhos, além de ser um dos primeiros grafiteiros no Brasil, foi também
um dos principais artistas da Pop Art, o que é possível notar em suas obras, fazia o
uso de desenhos que lembram personagens de histórias em quadrinhos.
Alex Vallauri, conforme dito anteriormente, é o percussor do Grafite no
Brasil, foi destaque não apenas na metrópole paulistana, mas também ao redor do
mundo expondo seus trabalhos em museus e galerias sempre com um teor de
crítica e humor. O Grafite brasileiro é celebrado no dia 27 de março, em
homenagem ao artista Alex Vallauri, data da sua morte.
14

2.3 Os Gêmeos

Os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo nasceram na cidade de São Paulo no


bairro do Cambuci e no final dos anos 80 tiveram o primeiro contato com o Grafite
através do surgimento do Movimento Hip Hop no Brasil, Os Gêmeos, como são
conhecidos até os dias atuais, deram seus primeiros passos nesse movimento
artístico praticando Breaking Dance na Estação São Bento, que por muito tempo foi
local de encontro de diversos jovens e adolescentes daquele período, conforme
menciona Gitahy (2017, p. 30):

No Brasil, esse estilo só não invadiu o metrô. O DJ Hum, Thaíde e


outros precursores do rap, antenados com esse movimento, costumavam
encontrar-se na estação São Bento do metrô. Ali, dançavam e curtiam
som. Renato Del Kid e os Gêmeos são, entre outros, dessa fase.

Desde a infância têm contato com arte, sempre atuando juntos, Os Gêmeos
trabalham com criatividade e imaginação nas produções de seus grafites, suas
obras estão expostas nos muros ao redor da metrópole paulistana, possuem
também diversos trabalhos ao redor do mundo. São formados em desenho de
comunicação, se dedicaram em desenvolver técnicas de pintura e aperfeiçoamento
no uso de materiais diversos para a produção de suas obras, fazem o uso não
apenas da lata de spray, mas também de tinta látex, praticam e aprimoram técnicas
de contorno e pintura, sempre explorando o uso de outros materiais e suportes
diferenciados para a exposição de suas obras, seus grafites abordam variados
temas como: o Hip Hop e temas sociais, porém suas obras sempre são trabalhadas
a partir do imaginário e da fantasia. Apesar de suas obras terem forte influência do
Grafite americano, Os Gêmeos possuem uma linguagem única, seus personagens
e letras sempre são pintados em tons de amarelo, característica essa que marca a
identidade visual dos artistas, seus trabalhos possuem em sua maioria, grandes
proporções, além de grafites em muros, desenvolvem também esculturas de
pequeno e grande porte. Possuem extenso currículo artístico participando de
exposições em museus e galerias de arte em parceria com outros artistas ou
individual. Se tornaram referência no Grafite brasileiro e principalmente ao redor do
mundo, são denominados como a “velha escola” da arte urbana, sendo inspiração
15

para o surgimento de novos artistas, atraindo a atenção de estudiosos e


admiradores de arte contemporânea.

2.4 Binho Ribeiro

Binho Ribeiro é um dos precursores do Grafite no Brasil e em São Paulo,


nascido na capital paulistana, assim como Os Gêmeos faz parte da “velha escola”
do Grafite, também teve seu primeiro contato com o grafite na década de 80,
influenciado pelo movimento Hip Hop de Nova Iorque e Skate. Binho foi
aperfeiçoando suas técnicas de pintura, não demorando muito para se tornar
referência não apenas no Brasil, mas também na América do Sul, desenvolve
letras e personagens de criação própria, aborda temas como o movimento Hip Hop
e esportes radicais.
O artista Binho Ribeiro possui extenso currículo artístico, já desenvolveu
diversos trabalhos junto com a Prefeitura de São Paulo com pinturas ao redor da
cidade, promovendo eventos, bienais e exposições de arte nas maiores galerias e
museus de arte da capital paulista e do Brasil, já atuou como jornalista e redator da
Revista Graffiti, revista essa que apresentava entrevistas e trabalhos dos mais
variados artistas do Grafite Brasileiro. Também desenvolveu diversos trabalhos
junto a grandes marcas publicitárias, é um dos curadores do primeiro Museu Aberto
de Arte Urbana que fica localizado na Zona Norte de São Paulo, Binho é conhecido
em diversos países ao redor do mundo como no: Chile, Japão, Estados Unidos,
Argentina, França e muitos outros países. Atualmente, Binho é proprietário da loja
de Grafite 3º Mundo que fica localizada na Vila Madalena no “Beco do Batman”,
local famoso pela grande exposição de Grafites, na sua loja comercializa materiais
para customização de Grafite, produtos com customizados pelo próprio artista,
ministra oficinas de Grafite para admiradores e novos adeptos da arte urbana,
Binho é ainda hoje um dos maiores grafiteiros e mais bem sucedidos do Brasil e da
América Latina.
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2.5 Eduardo Kobra

Eduardo Kobra é Grafiteiro e muralista, nascido na zona sul da cidade de


São Paulo, antes de iniciar na carreira artística, teve seu primeiro contato com
spray na adolescência realizando pichações nos muros da escola onde estudava,
lhe causando problemas com a lei e a direção da escola, começou a realizar obras
não autorizadas durante esse período reforçando o seu lado criativo como artista
durante a sua juventude.
Kobra passou a receber convites para a realização de trabalhos artísticos
como pinturas de cenários de parques de diversão, foi se desenvolvendo e
aprimorando cada vez mais as suas técnicas de pintura, se tornando referência em
pinturas realistas produzidas em grandes proporções. Kobra possui diversos
trabalhos realizados para grandes campanhas publicitárias, realizou diversos
projetos e trabalhos temáticos que lhe deram grande visibilidade e um currículo
artístico de sucesso, se tornando referência na Arte Contemporânea e também na
Arte Urbana, ficou conhecido pela primeira vez na mídia, quando realizou diversas
pinturas ao redor da capital paulistana, onde retratava imagens de fotografias
antigas com memórias do cotidiano da cidade.
Kobra recebe diversos convites para realizar suas pinturas em diversos
locais ao redor do mundo, participa de diversas exposições de arte em museus e
galerias, é um dos artistas mais renomados da atualidade, sempre abordando
temas de direitos humanos e que expressam os sentimentos vividos pela
humanidade provocando reflexão e admiração pela sua agilidade em expressar
suas obras com riqueza de detalhes, além de muita sensibilidade, são as principais
características de Eduardo Kobra.

3. ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO

Conforme mencionado, o Grafite é um movimento artístico que está


presente no mundo desde dos primórdios da civilização, são inúmeras as obras
espalhadas nas grandes metrópoles que torna a arte acessível para todos, esse
movimento artístico evolui juntamente com a humanidade, o homem foi adquirindo
17

novas formas de pensar e se expressar de diversos métodos, não se sabe a data


exata da origem dessa arte, mas é possível realizar uma comparação das
expressões de cada época, o homem sempre procurou demonstrar os seus
sentimentos, seus afetos, seu cotidiano e a sua cultura através de expressões
artísticas seja para narrar fatos ou apenas para expressar sentimentos.
É possível encontrar em uma obra de Grafite influências de outros
movimentos artísticos como Realismo, Impressionismo, Cubismo e tantos outros, o
Grafite é uma arte multicultural se encontra e se une com outras culturas e se aplica
com facilidade aos costumes de cada região, é também universal, pois está
presente ao redor do mundo em diferentes localidades e possui diversas
características adequadas por cada autor ou artista praticante dessa arte.
No Brasil, o Grafite tem grande relevância mundial pela tamanha criatividade
dos artistas brasileiros no uso de técnicas, no trabalho das cores e na forma como
abordam os temas característicos da cultura brasileira, esse movimento artístico
aproxima o povo para um contato mais próximo com a arte, visto que nos tempos
antigos o acesso a arte era apenas destinado à burguesia.
Grafite é uma arte contemporânea, é a arte das massas, pois caminha
juntamente com o povo, sem distinção social, podendo estar exposto em murais ao
redor das cidades ou monumentos, facilita o contato para aqueles que desejam
estudar e ingressar em tantos outros ramos que envolvam arte, existem diversos
artistas, assim como os mencionados nesse trabalho, que construíram uma
carreira artística notável e hoje realizam diversos trabalhos seja para a televisão,
agências de publicidade, design e cinema.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este Trabalho de Conclusão de Curso abrangeu um tema atual com


objetivo de valorizar o Grafite e seu movimento artístico. Para isto, os estudos das
diversas formas de como o Grafite se apresenta nas metrópoles e quais poderiam
ser as possibilidades de seu fazer social de arte acessível, não foi fácil, mas não
impossível.
A partir dos conceitos e autores que fundamentam a Arte Urbana e
Arte Contemporânea, relatos históricos deste movimento entendeu-se como o
18

grafite chegou a ser considerado parte da arte saindo da marginalidade para as


verdadeiras galerias a céu aberto. Permeando suas apresentações em
determinadas épocas, atendendo a objetivos específicos inclusive de suas
localidades.

Assim, compreendemos como o Grafite no Brasil contribuiu e


contribui para a valorização deste movimento. O Grafite brasileiro foi o mais
comentado neste trabalho, pois sua forma de acontecer dentro da Arte encaixa-se
perfeitamente com o tema descrito. A aplicação das técnicas utilizadas pelos
artistas brasileiros do Grafite apresentados neste trabalho resultará em uma
amplitude de possibilidades de expressões deste movimento artístico e o contato
multicultural em suas expressões.
Para a realização de obras de Grafite, consideramos todos os
aspectos que envolvem na formação do artista. O Grafite assim é compreendido
para além de apenas uma expressão artística, mas sim com a função democrática
e podendo ser apresentada qualquer espaço urbano, e como vimos nada melhor
que as grandes metrópoles para isso. Pois, esta abrirá o espaço necessário para
as práticas sociais e cidadãs, valorizando a todos os envolvidos.
Partindo destes princípios conclui-se que o Grafite e sua aplicação
artística, revelam-se como uma ferramenta que pode favorecer o diálogo entre
comunidade e artista.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GITAHY, Celso. O que é Graffiti. 1. Ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 2017.

NARDUCHI, Camila. O Espectro do Caos: nos passos da arte urbana paulistana


entre 1970 e 1990. 1. Ed. São Paulo: Editora Dialética, 2021.

ZUIN, Aparecida Luzia Alzira. Semiótica e arte: os grafites da Vila Madalena


Uma abordagem sociossemiótica. 1. Ed. Curitiba: Appris, 2018.

RINK, Anita. Graffiti: Intervenção Urbana e arte, Apropriação dos espaços


urbanos com arte e sensibilidade. 1. Ed. Curitiba: Appris, 2015.
19

RIBEIRO, Thiago. Grafite: manifestação artística muitas vezes considerada


vandalismo. Mundo Escola, Disponível em:
<http://mundoeducacao.uol.com.br/artes/grafite.html>. Acesso em: 05 de Set. de
2022.

AFONSO, Lucas. "Grafite"; Brasil Escola. Disponível em:


<https://brasilescola.uol.com.br/artes/grafite.htm>. Acesso em 08 de outubro de
2022.

BRASIL, Tv Brasil. A arte de rua: Grafite ajuda a contar a história da periferia.


2021. Disponível em: <https://tvbrasil.ebc.com.br/reporter-sao-paulo/2021/09/arte-
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MURALISMO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São


Paulo: Itaú Cultural, 2022. Disponível em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3190/muralismo>. Acesso em: 10 de
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BIENAL, Bienal de São Paulo. Alex Vallauri ao alcance de todos. 2013. Disponível
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ALEX Vallauri. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São
Paulo: Itaú Cultural, 2022. Disponível
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POLITINTAS, Politintas. Graffiti ganha cada vez mais espaço na arte


contemporânea. Espírito Santo. 2014. Disponível em:
<https://www.politintas.com.br/dicas-de-pintura/graffiti-ganha-mais-espaco-na-
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GIOVANNETTI, Bruno Pedro Neto. Graffiti: do subversivo ao consagrado. São


Paulo. 2011.
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