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Universidade Federal da Bahia - Escola de Belas Artes

Departamento 1 – História da Arte e Pintura

EBA 181 - HISTÓRIA DA ARTE CONTEMPORÂNEA


Profª. Alejandra Hernández Muñoz

CONCEITOS DE ARTE CONTEMPORÂNEA


In: GARCIA-BERMEJO, José Mª Faerna & CEDILLO, Adolfo Gómez. Conceptos fundamentales de Arte.
Madrid: Alianza Editorial, 2000. trad. Alejandra H. Muñoz.

INFORMALISMO
Termo que abrange uma ampla série de experiências artísticas abstratas desenvolvidas na Europa e América durante
as décadas de 1940, 1950 e 1960, com ramificações posteriores. A palavra deriva do termo francês art informel,
denominação dada pelo crítico Michel Tapié em 1952 para referir-se a um estilo pictórico cultivado por artistas europeus
nos anos quarenta. As criações informalistas, sejam pinturas ou esculturas, caracterizam-se pelo quase
desaparecimento das representações figurativas e a perda de toda referência espacial. Sob clara influência surrealista,
os informalistas convertem a obra de arte em reflexo espontâneo de suas pulsações internas, servindo-se da matéria
pictórica (o pigmento distribuído sobre a tela mediante jorrados, grossos empastes ou diretamente com as mãos) ou de
diferentes materiais alheios à tradição clássica (tais como areia, tecido de juta, tela metálica, resíduos orgânicos, objetos
encontrados) como veículos de expressão. Os termos Tachisme (do francês, traduzível como manchismo, de mancha),
Abstração lírica, Pintura Matérica e Pintura Gestual, às vezes são utilizados como sinônimos de informalismo,
embora tenham significados mais restritos ou específicos. As tendências informalistas alcançaram um especial
desenvolvimento na França (Fautrier, Wools), Espanha (grupos El Paso e Dau al Set), Países Baixos (grupo COBRA) e
Estados Unidos (Pollock, De Kooning). Os percursos informalistas norte-americanos freqüentemente recebem um
tratamento diferenciado por parte de críticos e historiadores, ora agrupados sob a denominação de Expressionismo
Abstrato, ora referidos como Action Painting (pintura de ação) embora, em sentido estrito, esse último termo, adotado
pelo crítico Harold Rosenberg em 1952, se relacione especificamente com a obra de Jackson Pollock, criador da técnica
pictórica de dripping (jorrado ou gotejamento) que consiste em derramar a tinta diretamente sobre a tela.

ARTE NEO-CONCRETA
Embora não se trate de uma denominação consagrada pela historiografia da arte, alguns historiadores e críticos utilizam
o termo arte neo-concreta para agrupar uma série de tendências artísticas abstratas desenvolvidas a partir das décadas
de 1950 e 1960, como reação às premissas subjetivas do informalismo e que se caracterizam pela afirmação da
impessoalidade da obra de arte e seu caráter analítico-científico. Entre elas encontram-se as manifestações abstratas
não-informalistas desenvolvidas nos Estados Unidos na década de sessenta, tais como a Hard Edge Painting, a Optical
Art e a Arte Cinética. Os termos Hard Edge Painting (pintura de contornos marcados, pintura de fronteiras duras ou
pintura dura) e Post-Painterly Abstraction (abstracionismo pós-pictórico) remetem a um tipo de pintura que substitui o
emprego da pincelada expressiva pela composição de áreas cromáticas claramente definidas, sem qualidades de
textura ou de matéria, entre cujos principais representantes encontram-se Morris Louis, Ellsworth Kelly, Kenneth Noland
e Frank Stella. A Optical Art ou Op Art (arte ótica) é uma tendência desenvolvida sobretudo na Europa que insiste em
converter determinados fenômenos perceptivos visuais em tema das obras de arte. Os artistas óticos selecionam um
repertório de signos geométricos e cromáticos, e com eles constroem estruturas repetitivas e sistemas seriais, sempre
de acordo com critérios racionais, com base em códigos científicos da ótica e da matemática. Levam a cabo vários tipos
de combinações (modificação gradativa de diferentes cores, mudança de uma figura por outra, interrupções) e
experimentam efeitos de simetria, rotação, inversão, reflexo etc. Em geral todos esses recursos propõem ao observador
a existência de uma discrepância entre realidade física e seu efeito ótico: as superfícies planas cobram aparência
tridimensional, a persistência retiniana provoca a visão de “pós-imagens” inexistentes, a superposição de franjas produz
o chamado efeito moiré, ou a justaposição de cores provoca contrastes simultâneos. Tradicionalmente são
considerados dois artistas europeus como pioneiros da arte ótica: o alemão Josef Albers e o húngaro Victor Vasarely. A
Arte Cinética, por último, é uma modalidade de arte ótica que introduz o movimento real como elemento plástico
determinante da obra e que se afiança como tendência a partir da exposição “Le Mouvement”, celebrada na galeria
René Denise de Paris em 1955. Apresenta duas modalidades: a propriamente cinética (na qual, por sua vez, cabe
distinguir os móbiles criados por Alexander Calder, relativamente azarosos, e as construções acionadas por forças
eletromagnéticas ou motrizes, mais previsíveis) e a denominada lumínica, na qual a luz é o recurso artístico
fundamental. Muitos dos principais artistas óticos especializaram-se em experiências cinéticas.

ARTE CONCEITUAL
Denominação aplicada a um amplo conjunto de experiências artísticas desenvolvidas a partir da década de 1960-1970,
caracterizadas pela ênfase do conteúdo conceitual da obra de arte frente à materialização da mesma. Os artistas
conceituais exigem a participação mental do expectador para dar sentido a suas criações, buscam novos meios de
expressão (documentos escritos, fotografias, mapas, vídeos) para dar a conhecer seus trabalhos e, embora rejeitem a
idéia da obra de arte como objeto único e valioso e se oponham às instituições artísticas oficiais, freqüentemente
utilizam museus e galerias como centros de difusão de suas experiências. Nesses espaços realizam happenings
(representações mais ou menos espontâneas, nas quais se combinam elementos do teatro e das artes visuais, e que,
amiúde, requerem da participação do público) e performances (similares aos happenings porém mais programadas e,
em geral, sem intervenção do público), e montam instalações (espaços preparados pelo artista com fim de transmitir ao
espectador uma série de estímulos sensoriais – visuais, tácteis, auditivos, cinéticos, olfativos). Na gestação da arte
conceitual exerceu uma influência fundamental a obra de Marcel Duchamp e, já nos anos cinqüenta, a de Jasper Johns
e Robert Rauschenberg (precursores da Pop Art norteamericana), e os europeus Yves Klein e Piero Manzoni. Seu
questionamento do conceito de arte serviu de ponto de partida para o posterior desenvolvimento das diversas vertentes
da nova tendência: alguns artistas se interessaram especialmente pelo happening e suas variações, criando o que se
chamou Action Art (arte de ação, a exemplo de Allan Kaprow, Joseph Beuys e os grupos Fluxus e Gutai); outros
exploraram uma via mais especificamente lingüística (Joseph Kosuth e o grupo Art & Language); outros, a exemplo dos
britânicos Gilbert & George, tornaram objeto artístico seu próprio corpo e expuseram a se mesmos como obras de arte,
sendo os pioneiros da Body Art (arte do corpo); e outros (Richard Long, Robert Smithson) se serviram da paisagem
natural – mais ou menos transformada – como veículo expressivo, desenvolvendo a Land Art (arte da terra). Apesar de
suas características específicas, outras duas importantes tendências artísticas, surgidas nos anos sessenta, podem ser
vinculadas à arte conceitual: a Minimal Art (ou minimalismo norte-americano) caracterizada pela elaboração de
estruturas tridimensionais muito simples, amiúde geométricas e organizadas em séries repetitivas, e a Arte Povera (arte
pobre italiana), movimento batizado pelo crítico Germano Celant em 1967 e concentrado em plasmar em esculturas e
instalações, processos de manipulação de materiais naturais ou industriais em estado bruto.

POP ART (com acréscimos de Alê)


O termo Pop Art foi cunhado pelo crítico britânico Lawrence Alloway no texto de 1958 The Arts and the Mass Media (As
artes e os meios de massa) para referir-se às imagens e aos produtos dos novos meios de comunicação (a publicidade
gráfica, as revistas em cores, os produtos de consumo). Nos anos seguintes, porém, passaram a englobar-se sob essa
denominação todas as manifestações artísticas em suportes e gêneros diversos – sobretudo a pintura, mas também a
escultura, o assemblage, etc. – cujo tema estava centrado nesse tipo de imagens e produtos relacionados com a
sociedade de consumo. As origens da arte pop datam da segunda metade da década de 1950 em Grão Bretanha e
Estados Unidos. Em Londres, um grupo de críticos (Reyner Banham, Tony Del Renzio, o próprio Alloway), arquitetos
(Alison e Peter Smithson) e artistas (Richard Hamilton, Eduardo Paolozzi, John McHale) fundam o Independent Group
em 1952 para refletir sobre os possíveis aportes dos novos meios de comunicação às artes; a esse núcleo inicial
somaram-se outros artistas (Allen Jones, Peter Blake, R.B.Kitaj, Patrick Caulfield, David Hockney) que começam a
incorporar a sua obra técnicas e matérias iconográficos procedentes desse mundo nos últimos anos 50 e primeiros 60.
a
Durante esses mesmos anos, em Nova Iorque, Jasper Johns e Robert Rauschenberg (1 geração pop americana,
oriunda do Black Mountain College, junto com John Cage e Merce Cunningham) desenvolvem um processo parecido
em sua obra pictórica, que ainda tem muitos pontos de conexão com o expressionismo abstrato norte-americano que
imperava na época; mas em inícios dos anos 60 já existe uma nova linguagem e diferente da abstração, baseada na re-
a
interpretação de imagens dos meios de massa e do mundo do consumo. Esse núcleo está formado por cinco artistas (2
geração pop americana: Andy Warhol, Roy Lichstenstein, James Rosenquist, Tom Wesselmann e Claes Oldenburg)
cuja obra serve de referência para fixar o conceito de arte pop em sucessivo; a esses cinco artistas radicados em Nova
Iorque deve-se agregar alguns outros que praticaram estratégias similares em Califórnia pelas mesmas datas (Ed
Ruscha, Mel Ramos, Wayne Thiebaud). Todos eles estão interessados numa nova relação entre o mundo da arte e o
entorno visual da vida cotidiana através da renovação da imagem artística e da recuperação do conceito de
representação que havia desaparecido com o predomínio da arte abstrata nos anos anteriores; para isso incorporam na
sua obra recortes de revistas e panfletos publicitários (Wesselmann), reproduzem imagens de HQs (Lichstenstein,
Warhol) ou refletem sobre as técnicas e os modos de reprodução das imagens dos meios de massa (Rosenquist,
Warhol). Outros artistas, vinculados em alguma medida à arte pop durante a década de 60, são Robert Indiana, Jim
Dine e George Segal; mesmo assim tem-se relacionado com esse movimento a obra de diferentes artistas europeus
interessados em recuperar a imagem e o objeto frente às correntes abstratas, tal como o grupo francês Nouveau
Realisme (novo relaismo). Porém, a arte pop é um fenômeno fundamentalmente norte-americano, e seu
desenvolvimento em Europa resulta muito mais heterogêneo; inclusive a maior parte dos artistas britânicos que
estiveram relacionados com seus primeiros passos seguiram depois trajetórias bastante diferentes das estabelecidas no
pop norte-americano.

ARTE PÓS-MODERNA
O conceito de pós-modernidade começou a circular na década de 1960 em distintas áreas do pensamento com
significados diferentes e em contextos muito variados, e na década de 1970 consagrou-se como uma categoria
plenamente estabelecida. Em geral, pretende definir o estado da cultura ocidental de fins do século XX, cujo traço
mais significativo seria a extensão de uma consciência relativista incompatível com os grandes sistemas de
pensamento com ambição totalizadora do passado. Essa consciência, fruto da acumulação e da aceleração
históricas, tornaria impossível a gestação de novos sistemas globais que substituíssem os antigos, motivo pelo qual a
única estratégia intelectual viável seria um discurso fragmentário, plural e eclético. No relativo à arte, a pós-
modernidade é o resultado da entrada em crise das utopias da vanguarda, que começa a considerar-se um episódio já
superado e que, portanto, deixa de ser a única fonte de legitimidade na hora de julgar se uma obra merece ou não o
qualificativo de moderna. Uma das conseqüências do excesso de consciência histórica é que todos os estilos e
episódios da arte do passado passam a ser alternativas potencialmente válidas para o presente: um repertório a
disposição do artista contemporâneo, que pode entrar a vontade na historia e tomar de suas distintas etapas aquilo que
mais lhe convenha ou lhe interesse. Por outro lado, esse excesso de consciência histórica supõe uma perda definitiva
do olhar inocente, com o qual as citações do passado adquirem, amiúde, um certo caráter irônico ou ar de paródia.
Pode-se falar de arte pós-moderna em dois sentidos diferentes embora não excludentes: por uma parte, se
entendemos a pós-modernidade como um diagnóstico sobre a situação da cultura ocidental a partir de um momento
determinado, arte pós-moderna seria tudo aquilo que se produz nessa época e resulta afetado pelas suas peculiares
condições; por outra parte, se entendemos a pós-modernidade como uma atitude, arte pós-moderna seria todo aquilo
que assume como própria e que aceita como pressuposto de partida um discurso eclético, plural e fragmentário. São
muitas as tendências e manifestações artísticas que, a partir dos anos sessenta, têm sido chamadas de pós-modernas.
No âmbito das artes plásticas podem incluir-se quase todas as correntes pictóricas que, frente ao domínio da arte
conceitual nos anos cinqüenta e sessenta, reivindicam um conceito mais convencional da prática pictórica e, geralmente
dentro da figuração, retomam alguns elementos significativos das tendências modernas anteriores à vanguarda
histórica. Esse é o caso da Transvanguarda italiana, nome com o qual o crítico Achille Bonito Oliva agrupou um certo
número de pintores de características muito heterogêneas (Sandro Chia, Nino Longobardi, Francesco Clemente, Enzo
Cucchi, Mimmo Paladino) que alcançaram grande destaque nos anos oitenta; com critérios semelhantes qualificou-se
de pós-moderna a pintura do Neo-Expressionismo que dominou a cena alemã nos anos setenta e oitenta (Georg
Baselitz, Anselm Kiefer, Jörg Immendorf), ou boa parte da figuração espanhola desses mesmos anos (Luis Gordillo,
Guillermo Pérez Villalta, Juan Antonio Aguirre). Na arquitetura, o termo pós-moderno foi posto em circulação pelo crítico
Charles Jencks em meados da década de 1970, e designa uma tendência que recupera, de diferentes maneiras,
elementos da tradição e a linguagem clássica com finalidade polêmica respeito à ortodoxia do Estilo Internacional. Na
arquitetura norte-americana, a citação classicista tem amiúde um sentido irônico, e se impregna de influência pop e de
sentido figurativo, especialmente na obra de Robert Venturi. Na Europa, a arquitetura pós-moderna ou busca recuperar
o sentido tradicional do monumento (Ricardo Bofill), ou apresenta-se como neo-tradicionalismo abertamente
conservador (Leon e Rob Krier), ou bem tenta formular, em termos modernos, o legado das tipologias arquitetônicas e
urbanas (Aldo Rossi). Num sentido mais amplo, às vezes têm-se considerado como pós-modernas outras tendências
arquitetônicas posteriores que também questionam a tradição racional e funcionalista fundada pelo Movimento
Moderno; o caso mais significativo é o da arquitetura desconstrucionista, denominação adotada por Philip Johnson e
Mark Wigley em 1985 para definir a obra de uma série de arquitetos reunidos por eles numa exposição no Museum of
Modern Art (MoMA) de New York (Zaha Hadid, Peter Eisenman, Frank Gehry, Bernard Tschumi). Essa arquitetura
caracteriza-se pela ruptura com a ortogonalidade e a linguagem racionalista do Movimento Moderno, o uso de planos
inclinados e plantas obtidas a partir do deslocamento e do dinamismo geométrico, e a ênfase expressiva nas tensões
internas do projeto.

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