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Fundamentos da

Linguagem Visual
Material Teórico
Criatividade

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Denis Mandarino

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Criatividade

• Introdução;
• Personalidades do Processo Criativo;
• Entraves ao Desenvolvimento da Criatividade.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Oferecer ao aluno condições para que avalie o seu processo de criação e, assim, possa
empregar todo o seu potencial criativo no âmbito profissional.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Criatividade

Introdução
Nesta unidade, estudaremos o componente mais importante do design, que
é a inovação e, mais especificamente, a estrada que nos leva à inovação, que é
a criatividade. Esta pode ser abordada em muitos aspectos: a análise dos casos
bem-sucedidos, o estudo sobre pessoas criativas e a tentativa de dissecar os seus
métodos, as abordagens teóricas, entre outros.

A Infopédia, dicionário que pertence à Editora Porto, define a criatividade como


sendo a capacidade de produção do artista, do descobridor e do inventor que se
manifesta pela originalidade. Em outra definição, afirma ser a faculdade de encon-
trar soluções diferentes e originais em face de novas situações. É exatamente essa
definição de criatividade que esta unidade tem a intenção de ajudá-los a alcançar.

No livro “A Kick in the Sit of the Pants”, traduzido para o português como “Um
Chute na Rotina”, o autor Roger Von Oech define quatro diferentes tipos de perso-
nalidades no processo criativo: o explorador, o artista, o juiz e o guerreiro.

Personalidades do Processo Criativo


Os quatro tipos estudados por Von Oech têm predominantemente as seguin-
tes características:
• O Explorador: Do ponto de vista profissional, é uma pessoa que tem curiosidade
insaciável. Ele deixa a sua área de conforto e busca outros ramos e setores. Pela
natureza do estereótipo, quem explora não tem medo de se perder e está sempre
aberto a novos tipos de informações, não importando se estas vêm das estrelas, de
uma bússola ou de um GPS (Global Positioning System), desde que elas orientem
o seu caminho. Sabemos, historicamente, que um explorador procura tomar pos-
se dos territórios descobertos, portanto, anotar cada nova ideia, em lugar seguro,
é um meio de apresentar uma nova ideia sempre que lhe for solicitada;
• O Artista: Tem, em sua maleta de qualidades, o poder de adaptar uma ideia em
outros contextos e em outros cenários. A partir do inusitado, ele busca inverter, co-
nectar, comparar, eliminar, parodiar; sempre a cargo da sua imaginação sem freios;
• O Juiz: Ele analisa os objetivos, os prós, os contras, as probabilidades, os pra-
zos, os meios etc., em busca de um veredito criador;
• O Guerreiro: É ousado, define estratégias, age, não se permite desmotivar, ca-
pitaliza recursos, prepara-se para a venda, levanta-se com energia redobrada,
sempre que recebe um “não”, saboreia as vitórias e aprende com as derrotas.

Personalidades são máscaras que uma mesma pessoa pode assumir (Figura 1).
Dependendo do projeto em que esteja inserido, um único profissional pode assumir
diferentes papéis essenciais do processo criativo.

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Figura 1 – Máscaras da tragédia e da comédia
Fonte: Wikimedia Commons

Desse modo, seja o explorador quando precisar de novas matérias-primas.

Seja o artista quando precisar de algo inventivo e bem-humorado. A tarefa do


artista é receber o que foi colhido pelo explorador, e inovar.

Seja o juiz quando a fase deixar de ser eminentemente criativa e precisar de me-
todologia para a execução.

Assuma a personalidade guerreira, quando precisar do espírito de superação,


para que as suas boas ideias possam ser levadas adiante.

Entraves ao Desenvolvimento da Criatividade


Neste tópico, veremos as principais práticas, atitudes e crenças que nos impe-
dem de ser mais criativos. Se nos impedem, é porque nos bloqueiam. Veremos,
então, os principais bloqueios à criatividade, e faremos alguns exercícios.

A Resposta Certa
Observe com atenção a figura e me diga o que
você vê.

Eu tirei esse desenho de um projeto pessoal e, sem


outras informações, realmente seria impossível desco-
brir a resposta certa.

Quando comparamos a quantidade de respostas


que os adultos oferecem, em relação à quantidade de Figura 2 – Exercício para a obtenção
de múltiplas respostas
respostas que as crianças ofereceriam, nesse mesmo Fonte: Mandarino, 2011

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espaço de tempo, notamos que, dependendo de como foi o nosso “crescimento”,


ele pode ter sido um entrave à imaginação.

Respostas foram colhidas em cursos de design, engenharia, arquitetura, publi-


cidade, música, artes visuais, entre outros, ao longo de mais três décadas. Dentre
as respostas que as pessoas sugerem, as mais comuns são: uma bola no canto da
sala; uma bola pregada em um dos vértices do cubo; um cano fixado em um cubo
que tem uma bola na extremidade; uma bola caindo que, num dado momento, foi
capturada por um fotógrafo; um cubo que tem um furo cilíndrico em uma de suas
diagonais; uma moeda fixada no vértice do cubo, entre outras.

Nenhuma delas se aproximou da realidade, mas esse não era o objetivo do exer-
cício. A figura 3 mostra a ideia original de um pódio, diferente do tradicional, que
deixaria as medalhas de bronze, prata e ouro em uma formação diferente.

Figura 3 – Exercício para a obtenção de múltiplas respostas


Fonte: Mandarino, 2011

Eu não acho que essa solução seja melhor do que o pódio tradicional. Ela é apenas
diferente para um evento em que os organizadores buscassem itens diferenciados.

Somos bombardeados com essa questão de encontrar a resposta certa desde os


primeiros meses de vida, já que o ser humano é um ser adaptável. Há momentos
em que você deve encontrar uma única resposta certa, mas esse momento não
deve estar presente na fase criativa.

Isso Não Tem Lógica


Imagine um grupo de pessoas que se reúna para que cada um fale a primeira
ideia ou palavra que lhe venha à mente, por mais absurda, estapafúrdia ou desco-
nexa que ela possa ser.

Esse é um dos exercícios da técnica conhecida como Brainstorming, tempestade


mental, tempestade de ideias, cuja origem é desconhecida, mas que foi divulgada
pelo publicitário Alex Faickney Osborn.

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Roger, em “Um ‘Toc’ na Cuca”, sugere que se faça uma lista com termos con-
cretos e difusos para uma melhor abordagem do problema (Figura 4). Ele diz que
o pensamento concreto busca as diferenças entre as coisas, enquanto o difuso
busca similaridades.

Figura 4 – Lista das diferenças entre os pensamentos concreto e difuso


Fonte: OECH, 1988, p. 40

Siga as Normas
Normas são recomendações ou leis que todos devem seguir. No processo de
inovação, elas são como os trilhos que mantêm o trem da criatividade dentro de
rotas específicas, sem possibilidade de mudar o que está previsto no sistema. O que
se afirma, refere-se à fase criativa, porque depois que entrar no desenvolvimento
e finalização, a criatividade, cada vez mais, cede espaço à técnica, à precisão, ao
melhor custo-benefício, aos prazos etc. Há um momento para tudo.

A melhor placa, que eu conheço, para você pode colocar em um centro de cria-
ção, é a seguinte:

“Aqui, todas as normas devem ser desobedecidas, menos esta.”

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Seja Prático
A praticidade tem o seu lado ótimo. O problema é quando ela se torna o único meio
para se fazer algo. O antídoto para aquelas posturas práticas que já estão sedimentadas
e que quase sempre podem ser melhoradas é a pergunta que inicia com “E se...?”
• E se eu apoiasse uma alavanca neste ponto?
• E se eu criasse tipos móveis para um processo mecânico de escrita?
• E se eu pegasse o que ninguém queria e reciclasse?
• E se eu criasse um telefone que não precisasse de fios?
• E se esse telefone pudesse ser um computador de bolso?

O mundo é constituído por gente prática desde sempre, mas o que nos leva ao
progresso é a melhoria dessas práticas.

Evite Ambiguidades
As ambiguidades são poderosas aliadas da criatividade. Porque onde todo mundo
enxerga “algo”, a pessoa criativa pode ver algo a mais. Onde todo mundo é igual, o
criativo pode ver, ouvir, perceber, compreender de modo diferente (Figura 5).

Figura 5 – Ambiguidade feita por Salvador Dalí


Fonte: Salvador Dalí, Rosto de Mae West, guache, grafite e colagem sobre página de revista 1934-35

Frases de duplo sentido, quando bem trabalhadas, podem passar a mensagem


correta, séria e objetiva, e ainda dar um toque de humor ao mesmo tempo. Não
evite, portanto, ambiguidades no processo criativo.

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É Proibido Errar
Quantas vezes você já se cobrou ou foi cobrado por não poder errar? Numa
prova ou num concurso de respostas objetivas, você realmente não deve errar.
O maior erro é levar essa postura para os momentos de criação, que podem ser
descontraídos e admitem uma série ilimitada de tentativas.

Uma coisa é o que existe, o que é sabido, o que pode ser estudado e aprendido,
mas a prática de um profissional criativo é diferente. Essa pessoa poderá tentar
criar algo que não existe, que ninguém conhece, que não foi pesquisado, que não
há fontes de consulta etc.

Como o sistema de ensino é muito baseado na valorização do acerto, profissio-


nais de criação têm de acertar muito, até que adquiram o direito de errar sem medo,
sem punições.

Brincadeira é Falta de Seriedade


Em uma sala de aula em que todos brincam conjuntamente, a brincadeira ajuda
a atingir objetivos. Por outro lado, se nessa mesma sala, grupos começarem a
fazer brincadeiras isoladas, isso levará à dispersão, que poderá ser nociva. Nos
momentos de criação, a brincadeira é bem-vinda. Em momentos como: briefing,
execução, finalização, distribuição, comercialização etc., a brincadeira pode não
ser adequada.

Há profissionais que ligam as câmeras e os gravadores durante esses momentos


de descontração para que depois possam extrair o que de mais interessante foi dito.

Ao contrário do que se diz, brincadeira é coisa séria e, nos momentos adequa-


dos, é uma poderosa ferramenta.

Isso Não é da Minha Área


Esse é, em minha opinião, um dos maiores entraves à criatividade. Porque quan-
to mais ferramentas você tiver à sua disposição, mais possibilidades você terá para
resolver problemas.

Se você acha que a sua formação foi deficiente, faça uma lista das coisas impor-
tantes, que precisará melhorar e, aos poucos, encare suas limitações.

Algumas operações e princípios matemáticos são importantes para quaisquer


profissionais, sendo assim, aprenda a calcular áreas, volumes, fazer um orçamento,
trabalhar com porcentagens, juros, geometria etc.

Se o seu problema são os idiomas, hoje em dia dá pra estudar até pelo smartphone.
Com a internet, todos esses obstáculos podem ser superados.

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Não seja bobo


As pessoas não ousam por medo daquela risadinha, sem propósito, que vem do
fundo da sala e mexe com o orgulho pessoal. Enquanto você viver com os objetivos
de ser aceito e agradar a todos, você terá dificuldade de se expor ou de expor os
seus trabalhos, estando, inclusive, sujeito ao fracasso.

Todo indivíduo inovador poderá ser exposto ao ridículo e, muitas vezes, quem
o ridiculariza é aquela pessoa com pouquíssimas qualidades pessoais, totalmente
submetida às regras do sistema, e sem criatividade.

Em alguns momentos, desligue o detector de tolices e arrisque expor a sua


autenticidade. Pessoas sérias demais, ou que se levam a sério demais, costumam
ser travadas. O físico Niels Bohr dizia que: “Existem coisas tão sérias que você é
obrigado a rir delas.”

Eu Não Sou Criativo


Esta é a crença suprema. Se você acredita que não é criativo, eu confio em você,
e sei que você irá passar pela vida sendo uma pessoa absolutamente sem criativi-
dade. Por outro lado, se você acordar no dia seguinte, e falar que a partir desse dia
você vai tomar todas as medidas para ser uma pessoa mais criativa, como eu con-
tinuo confiando em você, sei que os seus novos objetivos serão alcançados. É uma
questão de programação mental (Figura 6).

Figura 6
Fonte: Imagem do artigo publicado na Revista Época, nº 637, de 2 de agosto 2010

Havia a crença do dom. Se você não recebeu esse dom, você estará fadado a
uma vida sem criatividade. O último e principal conceito desta unidade é o seguin-
te: é possível, sim, desenvolver a criatividade. Estude, tenha uma biblioteca mental,
aprenda a variar, seja ousado, e, quando menos imaginar, as pessoas começarão a
lhe qualificar como alguém criativo.

Há muito se sabe que a criatividade se tornou a qualidade mais desejada no mer-


cado de trabalho, e o atributo imprescindível da inovação.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Super interessante
Tudo sobre criatividade.
http://bit.ly/2KFyLIq

Leitura
7 erros sobre a criatividade. E como potencializá-la.
http://bit.ly/2KIhmyW
O que é Criatividade e TUDO o que você precisa saber para se tornar mais criativo em 11 passos
http://bit.ly/2KN8yI3
Tudo o que você precisa saber para ser mais criativo
http://bit.ly/2KEzd9S

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UNIDADE Criatividade

Referências
KLEON, A. Roube como um artista. Rio de Janeiro: Rocco, 2013.

SITA, M. Ser + Com Criatividade e Inovação. São Paulo: Ser mais, 2011.

VON OECH, R. Um “toc” na cuca: técnicas para quem quer ter mais criatividade
na vida. 13. ed. São Paulo: Cultura, 1997.

________. Um chute na rotina. 6. ed. São Paulo: Cultura Ed. Associados, 2004.

________. Espere o inesperado. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

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