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Material Teórico
Introdução ao Estudo da Lógica
Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Introdução ao Estudo da Lógica
• Introdução
• Qual é o Objeto de Estudo da Lógica?
• Origens e Breve História da Lógica
• Divisão da Lógica: Formal e Material; Verdade e Validade
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Introduzir o aluno ao universo da lógica como disciplina da Filosofia
e da ciência;
· Identificar os objetos de estudo da lógica e sua aplicação na vida
cotidiana;
· Informar as origens e o desenvolvimento da lógica na história da
filosofia;
· Aprender a distinguir os conceitos de verdade e validade do raciocínio;
· Aprender noções e conceitos elementares da lógica formal como
instrumento para conhecer as regras do pensamento do ponto de
vista de sua coerência e validade.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Introdução ao Estudo da Lógica
Contextualização
Leia com atenção esta situação (hipotética e anedótica) de sala de aula:
O professor
Cf. THOMAL, Alberto. Pensando Logicamente. Investigação sobre Lógica. 10ª edição ampliada e renovada.
Florianópolis/SC: Sophos, 2006
– Sim. Então o professor mandou Tomás sair da sala e lhe disse para olhar
para cima e ver se ele enxergava o céu.
– É disso que eu estou falando! Tomás não pode ver Deus, porque Deus não
está ali! Podemos concluir então que Deus não existe.
– Sim.
– Vês as árvores?
– Sim.
– Vês o céu?
– Sim.
– Vês o professor?
– Sim.
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Bem, você viu como o professor usou de um raciocínio pretensamente lógico
e coerente para concluir algo que parecia ser autorizado pelas constatações
precedentes. Pedrinho usou da mesma técnica para mostrar quão equivocada era
a conclusão do professor. Concluir uma informação nova a partir de constatações
precedentes é um processo lógico chamado de inferência. Usamos esse recurso
a todo o momento. Só que nem sempre percebemos que certas conclusões não
podem necessariamente ser feitas com base apenas nas constatações anteriores.
Esse é o caso nessa situação.
O fato de não se poder ver uma coisa não decorre necessariamente que ela não
existe. É o que Pedrinho tentou mostrar com muita sabedoria e uma boa dose de
ironia. Mas será que é possível concluir que Deus existe, uma vez que não se pode
provar que ele não existe? Pense um pouco. Do mesmo modo que não se pode
provar formalmente que Deus não existe porque não o vemos, também não se
pode provar que ele existe, se não o vemos. Ou não?
Você vai perceber que o estudo da lógica o(a) ajudará a desconstruir os enganos
e equívocos frequentes dos discursos no mundo da publicidade, da política e do
cotidiano, em que os argumentos são colocados sem maiores rigores do ponto de
vista da análise lógica.
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Introdução
O Uso da Palavra “Lógica” no Cotidiano
“Não pode ser. Essa história não tem lógica”. Que significado tem a palavra
“lógica” em frases como essa? A resposta é simples: essa história não tem coerência;
não tem nexo; há contradições e o todo não “cola”, isto é, não convence.
O uso cotidiano da palavra “lógica” mostra que ela tem um parentesco com
outras, como “certo”, “correto”, “coerente” e “claro”. O contexto é sempre
coerência entre palavra e realidade. É também coesão do discurso, ou seja, sintonia
e harmonia do conjunto da linguagem que se emprega na comunicação. Linguagem
como expressão coerente do pensamento e discurso como representação correta
e convincente do conteúdo que se quer transmitir estão no horizonte da lógica no
entendimento do senso comum.
A lógica como disciplina da filosofia é, pois, o estudo das leis que regem o
pensamento racional. Pode-se definir a lógica como disciplina filosófica, científica
ou ainda como arte. Foram os filósofos os primeiros autores a se dedicarem ao
estudo da lógica. Mais tarde, com o surgimento da ciência moderna, nasceu uma
lógica científica, como instrumento metodológico da pesquisa científica, ligada
principalmente às formas da matemática e da expressão simbólica.
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o próprio ato da razão, isto é, que nos permite chegar com ordem,
facilmente e sem erro, ao próprio ato da razão” (Jacques MARITAIN).
(BASTOS & CLEBER, 1991, p. 13).
Quais informações você pode extrair com total certeza a partir dessas que já foram dadas?
Pense na primeira (A). O que se pode concluir a partir da informação “A rua ficou
molhada”? Que choveu? É possível, mas não há certeza, pois um caminhão pipa
depois de uma feira pode ter lavado a rua e, por isso, ela ficou molhada. A conclusão
“choveu”, a partir da informação que se tem, não procede necessariamente e, no
mínimo, é incerta. Portanto, a conclusão não é válida, embora tenha possibilidade
de ser verdadeira.
Volte sua atenção agora para a segunda afirmação (B): “Você esqueceu o filho
na escola”. É possível afirmar que essa pessoa tem filho (1), que ele estuda numa
escola (2) e quem esqueceu é o pai ou a mãe (3) desse menino (4)? Parece que sim,
a não ser que essa pessoa tenha deixado o filho na escola, mas ele não estuda lá,
mas do contrário todas as quatro afirmações são válidas e estão contidas, isto é,
subentendidas na sentença “B”.
Da sentença “C” decorre que Paulo não come carne, pois esse é o conceito de
vegetariano que identifica Paulo.
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Lógica e Psicologia
A lógica tem como objeto o pensamento. A psicologia também. Porém, o
pensamento é tratado de maneira distinta por ambas. A psicologia é ciência do
pensamento enquanto expressão e revelação dos motivos do comportamento
humano. O objeto da psicologia é o ser humano enquanto indivíduo. As relações
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do sujeito consigo mesmo e o seu ambiente sociocultural constituem o foco da
atenção da psicologia. As operações do pensamento só interessam à psicologia
como possibilidade de compreender a realidade do indivíduo em sua identidade
emocional, comportamental e autocompreensiva. A psicologia visa principalmente
à saúde mental e psicofísica da pessoa. A lógica, por sua vez, é instrumento
da filosofia e, de certa forma, da própria ciência, na medida em que oferece a
compreensão das leis que determinam o funcionamento correto e válido das
operações abstratas e formais do pensamento.
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UNIDADE Introdução ao Estudo da Lógica
dade do ser? Como garantir que o dizer seja coerente com o pensar, e que este seja rep-
resentação correta da realidade, do ser? Como extirpar da linguagem o erro e o engano
em relação à realidade?
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Explor
O que há de errado nesse argumento? A realidade do pensamento parece prevalecer sobre
os dados de realidade? Afinal, Aquiles, ou qualquer um de nós, ganharia a corrida de uma
tartaruga, não é mesmo? Então qual é o fundamento da contradição demonstrada no
argumento de Zenão? Isso significa então que a linguagem pode enganar e dizer o que de
fato não ocorre? Se a linguagem não tivesse essa capacidade, a mentira, o erro e o engano
seriam possíveis?
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Aristóteles e os Princípios Fundamentais do Pensamento Lógico
Entre suas contribuições para o nascimento da lógica, estão os três princípios
fundamentais de todo juízo e raciocínio válido:
1º) Princípio da identidade: uma coisa é sempre idêntica a si mesma uma vez
que seja considerada no mesmo tempo e sob os mesmos aspectos. Numa fórmula
simples o princípio pode assim ser traduzido: A é A; não pode ser outra coisa. Por
exemplo, eu só posso ser eu mesmo e mais ninguém.
2º) Princípio da não contradição: uma coisa não pode ser o que é e ser o
que não é ao mesmo tempo. É a formulação inversa do primeiro princípio e numa
fórmula simples o princípio pode assim ser traduzido: se A é A, não pode ser não
A. Por exemplo, se eu sou eu, não posso ser eu e outra pessoa ao mesmo tempo.
4º) O princípio da tríplice identidade: duas coisas que são idênticas a uma
terceira são idênticas entre si. A representação desse princípio pode ser feita da
seguinte maneira: Se A é o mesmo que B e B é o mesmo que C, então A é o
mesmo que C.
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Divisão da Lógica: Formal e Material;
Verdade e Validade
A lógica como disciplina da filosofia pode ser dividida em duas partes, isto é, em
duas dimensões de abordagem de seu objeto, o pensamento racional. A primeira
diz respeito à matéria da lógica e a segunda à forma. A lógica material é aquela
que cuida da análise do conteúdo dos argumentos. Trata de verificar a coerência
e a verdade das proposições na conformidade com a realidade que os conceitos e
juízos pretendem apontar e representar.
Viu como nesse raciocínio A é fácil perceber que não há verdade no conteúdo,
isto é, na matéria da conclusão do raciocínio? Afinal, sabemos que baianos
não são paulistas, ainda que as duas sentenças que antecedem a conclusão sejam
materialmente verdadeiras, pois o seu conteúdo representa a verdade dos fatos:
“Todos os baianos são brasileiros” e “Todos os paulistas igualmente são brasileiros”.
Logo, o argumento, além de falso, por concluir uma sentença falsa, é também
inválido do ponto de vista de sua forma, ainda que contenha duas sentenças
verdadeiras do ponto de vista material.
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UNIDADE Introdução ao Estudo da Lógica
Raciocínio B
Raciocínio B
• Baianos = A
• Brasileiros = B
• Paulistas = C
Raciocínio B’
• Homens = A
• Mamíferos = B
• Mortais = C
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Viu? A validade nesse caso do raciocínio B’ coincidiu com a verdade das sentenças
e da conclusão. Mas nem sempre é o caso, como se viu na mesma forma válida do
raciocínio B.
Então é isso. A lógica formal, também conhecida como lógica menor, lida com
raciocínios do ponto de vista de sua forma, não de sua matéria ou da verdade de
suas sentenças. A forma, portanto, pode ser válida independentemente da verdade
ou falsidade de suas sentenças. Do mesmo modo, a forma do raciocínio pode ser
inválida e suas sentenças serem verdadeiras, como acabamos de demonstrar.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Importância da Inferência para a Interpretação Textual
Leia a explicação da profa. Mayra Pavan sobre o uso da inferência na interpretação de
textos. Observe como ela trabalha a tirinha da Mafalda, criada pelo cartunista Quino,
para ilustrar o que é uma inferência, conceito fundamental da lógica para compreender
a natureza dos raciocínios válidos.
http://goo.gl/oCti2r
Vídeos
Matemática - Lógica da Argumentação - Vídeo Aula Concurso 2014
Acompanhe com atenção a videoaula do prof. Walmir no Youtube sobre Lógica
Argumentativa. Você irá complementar as informações sobre validade em distinção da
verdade de um argumento através de um exemplo prático exposto em suas partes de
maneira bastante objetiva e didática.
https://goo.gl/4ML7wi
Filmes
Sherlock Holmes
Assista ao filme Sherlock Holmes, 2009, Austrália/EUA/Inglaterra, direção de Guy
Ritchie, com atuação de Robert Downey Jr., Jude Law, Rachel McAdams, Mark Strong
e Kelly Reilly. Trata-se de um ótimo entretenimento e ao mesmo tempo um banho de
lógica baseada em observação rigorosa de indícios, inferências e raciocínios lógicos
muito bem demonstrados pela inteligência fora de série do detetive mais famoso da
literatura policial.
Trailer: https://goo.gl/7tK39f
Leitura
A verdade
Leia a crônica de Luis Fernando Veríssimo “A verdade” e observe que os persona-
gens têm como base simplesmente o critério da confiança e da plausibilidade do dis-
curso. Mas sem o rigor necessário de apuração da coerência lógica do que é alegado
como verdade.
http://goo.gl/SGJuns
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Referências
AGUIAR NETTO. Lógica. 4ª ed. São Paulo: Editora Filo-Juris. S/D. 186p.
COPI, Irving Marmer. Introdução à lógica. Tradução de Álvaro Cabral. 2ª ed. São
Paulo: Mestre Jou, 1978. 488p.
LIARD, Louis. Lógica. Tradução de Godofredo Rangel. 7ª ed. São Paulo: Editora
Nacional, 1968. 214p.
PRADO JR., Caio. Introdução à lógica dialética. 4ª edição. São Paulo: Brasiliense,
1979. 261p.
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