Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
i
Significado dos ícones da apostila
Para facilitar o seu estudo e a compreensão imediata do conteúdo apresentado, ao
longo de toda a apostila, você vai encontrar essas pequenas figuras ao lado do texto.
Elas têm o objetivo de chamar a sua atenção para determinados trechos do conteúdo,
com uma função específica, como apresentamos a seguir.
Texto em destaque
São definições, conceitos ou afirmações importantes às quais você deve
estar atento. Além de informações pertinentes ao texto, para situá-lo
melhor sobre determinado autor, fato ou época.
Indicação de leitura
Se você quiser complementar ou aprofundar o conteúdo apresentado na
apostila, você terá a indicação de links na internet para acessar vídeos,
artigos, sites e outros conteúdos relacionados ao tema.
Você sabia!
São informações relevantes e fatos curiosos, destacadas do texto, com
objetivo de chamar sua atenção.
Vamos refletir!
Ao ver este ícone, você deverá refletir sobre os aspectos apontados,
relacionando-os com a sua prática profissional e cotidiana.
ii
Apresentação
Você sabe o que é ou já ouviu falar de metodologia ativa? Para início de conversa, vamos
pensar um pouco sobre esta fala de Paulo Freire: “Sem a curiosidade que me move, que
me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino” (FREIRE, 1996, p. 85). A
partir dessa fala, podemos nos perguntar:
Qual curiosidade nos move para o processo de ensino-aprendizagem?
O que nos inquieta dentro da sala de aula?
Como nós ensinamos? Como os nossos alunos aprendem?
Paulo Freire escreveu muitos livros, dos quais o principal é Pedagogia do Oprimido. Nele,
ele critica o método de ensino que é focado apenas no professor e que não leva em
consideração o estudante. Com isso, ele chamou a atenção para a utilização da meto-
dologia ativa na sala de aula.
3
rever-se em suas posições; em que procura indo os caminhos de sua curiosidade – ra-
envolver-se com a curiosidade dos alunos e zão por que seu corpo consciente, sensível,
dos diferentes caminhos e veredas, que ela emocionado, se abre às adivinhações dos
os faz percorrer. Alguns desses caminhos e alunos, à sua ingenuidade e à sua criativi-
algumas dessas veredas, que a curiosidade dade – o ensinante que assim atua tem, no
às vezes quase virgem dos alunos percorre, seu ensinar, um momento rico de seu
estão grávidas de sugestões, de perguntas aprender. O ensinante aprende primeiro a
que não foram percebidas antes pelo ensi- ensinar mas aprende a ensinar ao ensinar
nante. Mas agora, ao ensinar, não como algo que é reaprendido por estar sendo en-
um burocrata da mente, mas reconstru- sinado (FREIRE, 2001).
Indicação de leitura
Ficou interessado em saber mais sobre a metodologia de ensino de Paulo
Freire? Acesse a página do Instituto Paulo Freire:
http://www.paulofreire.org
É disso que vamos tratar neste curso. Pretendemos apresentar conceitos e as possibili-
dades práticas de metodologias ativas para o seu contexto de sala de aula. Não temos
pretensão de esgotar o assunto, até porque não seria possível, dada a criatividade e o
dinamismo de cada professor para explorar possibilidades de envolver seus alunos no
contexto de sala de aula e fora dele. Para isso, vamos focar em responder às seguintes
questões:
O que é metodologia ativa?
Quais são os métodos e estratégias que o professor pode usar na sala de aula
visando à aprendizagem ativa?
Que tipo de atividade o professor pode propor objetivando engajar o aluno
como agente do próprio conhecimento?
Esperamos que esses conceitos iniciais sirvam como um estímulo para você se aprofun-
dar mais nessa temática. Isso porque é um assunto envolvente e desafiador para sua
prática docente.
Bons estudos!
4
Conceitos
fundamentais e teorias
Nós, professores, estamos acostumados em sala de aula a ser os detentores do conhe-
cimento. Na maior parte do tempo, nas nossas práticas de ensino, ainda utilizamos me-
todologias comuns ao ensino tradicional, no qual o controle total é do professor, com
as aulas expositivas e a passividade dos estudantes.
Mas, será possível envolver os estudantes em sala de aula, fazendo com que eles sejam
ativos no processo de aprender, ao invés de ficarem apenas ouvindo e fazendo anota-
ções daquilo que o professor fala passivamente?
Definição
A metodologia ativa carrega em si uma concepção educativa pautada no processo de
ação-reflexão-ação, enfaticamente encontrada na obra de Paulo Freire. Para o pesqui-
sador americano Richard Felder, Metodologia Ativa pode ser definida como:
Assim, metodologia ativa no ensino é qualquer outra coisa que não seja simplesmente
os alunos ficarem sentados em suas carteiras ouvindo e escrevendo passivamente o que
o professor fala.
Bastos (2006) também nos apresenta uma conceituação de metodologias ativas como
“processos interativos de conhecimento, análise, estudos, pesquisas e decisões indivi-
duais ou coletivas, com a finalidade de encontrar soluções para um problema”. Ou seja:
metodologias ativas representam uma proposta metodológica diferente de ensinar, fo-
cada no estudante, e não no professor. Isso significa que ele tem que estar aberto a
modificar sua maneira de ensinar, para que o estudante também mude sua maneira de
aprender.
5
expositivas, nas quais ele apresenta o conteúdo, utilizando-se do quadro de giz ou de
algum aparelho visual, com limitada participação dos alunos. Neste processo, um dos
principais objetivos é cumprir o programa da disciplina, apresentando, da melhor forma
possível, os conteúdos programados para aquela aula. Nesse caso, o professor é o pro-
tagonista. A autora Olga Arantes Pereira, em seu artigo Pedagogia de Projetos, faz o
seguinte esclarecimento:
Indicação de leitura
Leia o artigo Pedagogia de projetos, da Professora Olga Arantes Pereira e
entenda como é possível ensinar e envolver os alunos de modo que eles sejam
mais participativos e reflexivos. O artigo está disponível em:
http://unifatea.com.br/seer3/index.php/Janus/article/download/107/97/
6
Indicação de leitura
Para saber mais sobre esse assunto, procure ler o texto Metodologias de
ensino: ontem e hoje, escrito pelo consultor em tecnologia educacional
Carlos Sanches, disponível em: http://www.arede.inf.br/metodologias-de-
ensino-ontem-e-hoje/
Ao estudar com mais profundidade as correntes pedagógicas do final do século XIX, per-
cebemos que há semelhanças com as propostas pedagógicas da atualidade, considera-
das inovadoras. Ao ler o documento Manifesto dos pioneiros da educação nova desta-
camos a seguinte parte:
O que chama a atenção é que, já naquela época, a preocupação dos educadores do ma-
nifesto era com uma educação para despertar o interesse do aluno. Ao mesmo tempo,
eles também se preocupavam com a motivação para a aprendizagem conectados com a
realidade, incentivando o uso de tecnologias da época no processo de ensino-aprendi-
zagem (rádio, cinema, imprensa) que envolvesse o aluno. Portanto, há muitas seme-
lhanças com as propostas atuais. Hoje, o que se estimula é explorar as tecnologias em
sala de aula aliadas a uma metodologia que envolva o aluno.
Indicação de leitura
Para ler o Manifesto dos pioneiros da educação nova, acesse o link:
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/edicoes/22e/doc1_22e.pdf
Você também pode assistir um vídeo sobre o Manifesto, disponível em:
https://youtu.be/zAV1T1H1WCw
7
Mesmo que o professor estabeleça ótimos objetivos, selecione conteúdos
significativos e empregue uma variedade de métodos e técnicas, se não con-
seguir suscitar no aluno o desejo de aprender, nada disso funcionará. O aluno
se empenha quando percebe a necessidade e importância do estudo, quando
sente que está progredindo, quando as tarefas escolares lhe dão satisfação
(LIBÂNEO, 1994, p. 108).
Assim, podemos dizer que a quase ausência de propostas que impliquem atividades de-
safiadoras para os alunos é o que empobrece o trabalho na sala de aula. Portanto, pro-
cesso ativo é aquele no qual o professor envolve os estudantes, fazendo com que eles
participem ativamente, levando-os a desenvolver conceitos e a contextualizar sobre o
que estão aprendendo.
Observe a imagem e reflita sobre a cena apresentada.
Apenas para esclarecer: não estamos pregando um retorno à Escola Nova, do ensino
centrado no aluno. Temos avançado e entendemos, hoje, que o professor não é apenas
um facilitador da aprendizagem. Ele tem um papel central no processo de ensino: é o
maestro da sala de aula. É ele que encaminha o processo de aprendizagem, ou seja,
processo de aquisição do conhecimento.
Fernando Becker (1993), no livro Epistemologia do professor: o cotidiano da escola, es-
clarece as diferenças entre essas pedagogias, ao mesmo tempo em que defende que
uma postura docente democrática é incompatível com a permanência de posturas tra-
dicionais ou escolanovistas.
Indicação de leitura
Para conhecer melhor quem foram os principais integrantes do movimento
Escola Nova, acesse o link:
https://educador.brasilescola.uol.com.br/gestao-educacional/escola-
nova.html
8
A proposta educacional democrática implica a superação de tais modelos. Superação no
sentido de que o conhecimento é uma construção que acontece na interação do orga-
nismo com o meio ambiente, do sujeito com o objeto, do indivíduo com a sociedade.
Essa interação constitui o pressuposto do discurso e da prática de relações democráticas
na escola.
Para melhor entendimento, veja algumas características diferenciadoras das pedagogias
apresentadas por Becker:
O modelo ainda utilizado na maioria das salas de aula, centrado em um professor trans-
mitindo conteúdos para os alunos, numa relação horizontal, foi criado num tempo que
não corresponde à conjuntura atual e, portanto, não atende mais às nossas necessida-
des. Precisamos pensar a escola como um espaço integrado, e não como a soma de salas
de aula. É preciso pensá-la como espaços de compartilhamento do conhecimento, com
professores planejando e trabalhando em conjunto, tendo em vista as muitas possibili-
dades educativas presentes no entorno da escola.
Indicação de leitura
O livro Volta ao mundo em 13 escolas é resultado de um percurso pelos cinco
continentes em busca de novos olhares para a educação contemporânea.
Link de acesso: http://educacaosec21.org.br/wp-
content/uploads/2013/10/131015_Volta_ao_mundo_em_13_escolas.pdf
9
Desafio dos educadores:
Encontrar formas para, de modo efetivo, viabilizar a formação do sujeito
como ser ético, histórico, pensante, humanizado.
Esse desafio se faz presente no discurso educacional, e o (a) professor (a) é
apresentado (a) como o (a) personagem principal.
Isso solicita uma formação docente que promova uma mudança de postura
diante do educando - sujeito em formação. Solicita, também, destacar que o
conhecimento é necessário para que o ser humano exerça a sua autonomia e
sua cidadania, permita conhecer, criticar e transformar a realidade.
10
Bibliografia Consultada
BASTOS, C. C. Metodologias ativas. 2006. Disponível em:
http://educacaoemedicina.blogspot.com.br/2006/02/metodologias-ativas.html.
FREIRE, Paulo. Carta de Paulo Freire aos professores. Estudos avançados, v. 15, n. 42,
p. 259-268, 2001. Disponível em: Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ea/v15n42/v15n42a13.pdf.
GRAVATÁ, A.; PIZA, C.; MAYUMI, C.; SHIMAHARA, E. Volta ao mundo em 13 escolas:
Sinais do futuro no presente. São Paulo: Fundação Telefônica: AG, p. 288, 2013.
Disponível em: http://educacaosec21.org.br/wp-
content/uploads/2013/10/131015_Volta_ao_mundo_em_13_escolas.pdf.
11