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DA LÍNGUA PORTUGUESA
1. INTRODUÇÃO
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais
importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um
Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você
mesmo faça o seu esquema deconceitos-chave ou até mesmo o seu
mapa mental. Esse exercícioé uma forma de você construir o seu
conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas
próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre
os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na
ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de
ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que,
por meio da organização das ideias e dos princípios em esquemas e
mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimento de
maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos
significativos no seu processo de ensino e aprendizagem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem
escolar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na
ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que
estabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim,
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem
pontos de ancoragem.
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa,
apenas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é
preciso, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se
configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é
importante considerar as entradas de conhecimento e organizar
bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os
novos conceitos devem ser potencialmente significativos para o
aluno, uma vezque, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes
estruturas cognitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é vocêo
principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio
de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e
externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar
significativa a sua aprendizagem, transformando o seu
conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja,
estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de
conhecer como que já fazia parte do seu conhecimento de mundo
(adaptado do site disponível em:
<http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2011).
Como poderá observar, esse Esquema oferecerá a você,como
dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais
importantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitarentre
os principais conceitos e descobrir o caminho para construiro seu
processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, é importante
saber que a perspectiva sociointeracional de linguagem tem o
discurso e o texto como dois aspectos distintos. Nessa ótica, a
produção de sentidos do texto (discurso) é construída na interação
locutor/interlocutor; texto/sujeitos e não algo que preexista a essa
interação, portanto, depende dos aspectos sócio-históricos do mo-
mento da enunciação.
Dessa maneira, é possível depreender que a leitura é uma
atividade interativa complexa de produção de sentidos, que se
realiza com base nos elementos linguísticos presentes na superfície
textual e na sua forma de organização (tipologia textual), mas que
requer a mobilização de vasto conjunto de saberes do interlocutor
(leitor, ouvinte) no interior do evento comunicativo, que, por
natureza, é dialógico.
Figura 1 - Esquema dos Conceitos-chave do módulo de Fundamentose Métodos do Ensino
da Língua Portuguesa.
Capítulo I
Práticas de Leitura
e de Escrita
"O que queres que eu te leia, querido?
‘As fadas’?
Perguntei, incrédulo:‘As fadas estão aí dentro?"
(SARTRE, 2005, p. 33).
1. OBJETIVOS
• Compreender e identificar os fatores que interferem no ato
de ler.
• Discutir sobre a leitura como prática social e objeto de
aprendizagem.
• Empregar metodologia adequada para o ensino da leituraem
sala de aula.
• Identificar quais os pressupostos que estão por trás das
atividades e situações que o professor propõe aos alunos.
• Identificar a diversidade de gêneros discursivos que circulam
socialmente como objetos de análise, e o texto comounidade
de ensino da leitura e da escrita.
• Distinguir e compreender os suportes textuais, gêneros
textuais e textos.
2. CONTEÚDOS
• Ato de ler.
• Construindo a competência leitora por meio de estratégias.
• Texto como unidade de ensino.
• Suportes de textos e gêneros textuais.
• Construindo a competência escritora por meio da análisede
gêneros.
3. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Você saberia apontar tudo o que leu hoje desde que se
levantou até agora? Lembra-se da marca do café que coou logo de
manhã? E donome da margarina que passou no pão? Com certeza
ficou impressionado com a manchete do jornal de hoje! E aquelas
tantas propagandas das ofertas dos supermercados que lhe
chegaram debaixo da porta? Havia contas a pagar também? Luz,
água, telefone? IPVA? IPTU?
Realmente, não nos damos conta de todos os atos de leitura
de que participamos durante o dia. Se você já é professor, tomou
seu plano de aula e reviu rapidamente sua rotina de trabalho do dia
com as crianças na sala de aula; se ainda não é professor, com
certeza tomou um dos livros recomendados para o concurso de
ingresso ao magistério para preparar-se para ele.
Na rua, a caminho do trabalho, com certeza leu dois ou três
outdoors que argumentavam com palavras, formas e cores que de-
veria comprar todos aqueles produtos!
Talvez, na escola, tenha lido o manual de instrução sobre
como ligar o vídeo para projetar um filme para os alunos; na hora
do intervalo, deve ter lido a Revista Escola e, com certeza, leu um
conto de fadas ou uma notícia para seus alunos na Roda de leitura.
Agora, está lendo este material que trata justamente do ato de
ler e dos aspectos que envolvem a leitura.
Em todas as situações em que você leu durante o seu dia, foi
movido por um objetivo, mesmo que tenha sido por mera
curiosidade.
Convidamos você, agora, a ler para discutir conosco sobre os
fatores que interferem na leitura, tanto na vida, como na sala de aula.
Antes disso, vamos ler um trecho do poema de Carlos
Drummond de Andrade (1988) Poesia e prosa, no qual ele diz o que
pensa sobre as palavras:
4. ATO DE LER
Neste tópico, pensaremos no ato de ler como uma prática
social a que estamos acostumados e, ao mesmo tempo, como um
processo de construção de significados.
Desafios da leitura
Desafio da escola
Eu não sabia ainda ler, mas já era bastante esnobe para exigir os
meus livros...Peguei os dois volumezinhos, cheirei-os, apalpei-os,
abri-os negligentemente na "página certa", fazendo-os estalar. De-
balde: eu não tinha a sensação de possuí-los. Tentei sem maior êxito
tratá-los como bonecas, acalentá-los, beijá-los, surrá-los. Quaseem
lágrimas, acabei por depô-los sobre os joelhos de minha mãe.Ela
levantou os olhos de seu trabalho: "O que queres que eu te leia,
querido? ‘As fadas’?". Perguntei, incrédulo: "As fadas estão aí
dentro?" (SARTRE, 2005, p. 33)
Seleção
Ao lermos um texto qualquer, nossa mente seleciona o que lhe interessa. Nem tudo
o que está escrito é igualmente útil. Escolhemos alguns aspectos relevantes e
ignoramos outros, os irrelevantes, para o entendimento do texto.
Assim, quando estamos lendo um livro e "pulamos" certos trechos que nos
desinteressam, estamos fazendo uma seleção. Prestamos atenção apenas aos
aspectos que nos interessam, ou seja, àquelessem os quais não seríamos capazes de
compreender o texto.
Predições
São hipóteses que o leitor faz, antecipando informações, com base
nas "pistas" que vai percebendo durante a leitura.
Um exemplo disso é quando na leitura de um romance policial, antecipamos quem
será o herói e quem será o vilão, fazemos uma predição. Durante a leitura, vamos
perceber se esta predição estava certa ou errada.
Inferências
Os complementos que o leitor fornece ao texto, a partir de seus conhecimentos
prévios. É tão frequente o uso dessa estratégia queé comum não nos lembrarmos se
um determinado aspecto estavaexplícito ou implícito no texto.
Autocontrole
É a atitude permanente do leitor, que consiste em fazer a ponte entre o que ele
supõe (seleção, predição, inferência) e as respostas que vai obtendo por meio do
texto. Trata-se de avaliar as prediçõese inferências, confirmando-as ou refutando-as,
com a finalidade de garantir a compreensão.
Autocorreção
Quando as expectativas levantadas pelas estratégias de predição não são
confirmadas, há um momento de dúvida. Então, o leitor repensa a hipótese
anteriormente levantada, constrói outras e retoma as partes anteriores do texto para
fazer as devidas correções.Exemplificando, é o caso do leitor que "volta" para corrigir
a palavraque leu errado.
O ENSINO DA LEITURA
Leitor
ANTES DURANTE
Texto
Contexto
DEPOIS
O Ensino da leitura
Antes da leitura
Ao ler literatura, mobilizamos nossas experiências para desfrutarmos o texto e
apreciarmos os recursos estilísticos selecionados pelo autor.
Observando um livro, em uma rápida leitura "inspecional", podemos antecipar
algumas das informações que iremos encontrar nele.
Durante a leitura
• Os objetivos que o leitor tem com a leitura mobilizam diferentes estratégias de
abordagem do texto.
• Algumas "dicas" de um leitor mais experiente podem ser valiosas paraajudar um
leitor iniciante a construir os sentidos do texto.
Durante a leitura: passo a passo
• Estimular a compreensão global do texto em contextos de leitura autônoma ou
compartilhada, com base na observação de indicadores como o léxico, a
situação enunciativa, as conexões entre os enuncia- dos, as relações
intertextuais etc.
• Identificar a organização composicional do gênero a que pertence o texto.
Depois da leitura
• Pode-se ou não se emocionar com um texto; gostar dele; concordar ou não com
o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto ou por suas leituras.
Ainda é possível registrar que há textos que podem ser li- dos
apenas por partes, buscando a informação necessária; outros
precisam ser lidos exaustivamente e várias vezes. Há textos que se
pode ler rapidamente e outros que devem ser lidos devagar. Há
leituras em que é necessário controlar atentamente a compreensão,
voltando para certificar-se do entendimento; e há outras em que se
segue adiante sem dificuldade, entregue apenas ao prazerde ler. Há,
ainda, leituras que requerem um enorme esforço intelectual e, a
despeito disso, deseja-se ler sem parar; já em outras, o esforço é
mínimo e, mesmo assim, o desejo é deixá-las para depois (SOLÉ, 2004).
Para que nossos alunos sejam leitores competentes e amantes
da leitura, são necessárias propostas didáticas orientadas
especificamente no sentido de formar leitores: leitura diária; leitura
colaborativa (o professor lê um texto e, durante a leitura, questiona
os alunos sobre as pistas linguísticas que possibilitam a atribuição de
determinados sentidos); projetos de leitura; atividades sequenciadas
de leitura (planejadas em uma sequência encadeada: o que vem a
seguir depende do que já foi realizado anterior- mente); atividades
permanentes de leitura (acontecem ao longo de um determinado
período de tempo, com certa regularidade e voltadas para a
formação de atitudes ou hábitos); leitura feita pelo professor.
Após a leitura, a conversa sobre o que se leu, o
compartilhamento das impressões sobre a leitura com os colegas e o
professor, a apreciação dos recursos expressivos mobilizados pelo
autor, o debate sobre os temas mais polêmicos permitem uma
melhor compreensão da obra por todos.
Diferentemente dos projetos, que convergem para um pro-
duto, as sequências didáticas, por exemplo, permitem que os alunos
leiam textos relacionados a um mesmo tema, ou textos de ummesmo
autor, ou textos que pertençam a um mesmo gênero (PRO- POSTA
CURRICULAR PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: 1ºgrau. 4.
ed. São Paulo: SE/CENP, 1991).
A seguir, apresentamos uma sequência didática de atividades
para a leitura de dois contos que estabelecem intertextualidade.
Trata-se do conto A verdadeira história dos Três Porquinhos! do
autor Jon Scieszka, traduzido por Pedro Maia, da editora Companhia
das Letrinhas, que estabelece uma "conversa" com a tradicional
história de "Os três porquinhos", um clássico da literatura universal.
Na Figura 2, apresentamos a você a capa do referido livro.
Observe bem os detalhes da imagem e tudo o que pode ser lido:
Figura 2 Capa do livro A verdadeira história dos três porquinhos.
Nesta sequência didática, as crianças lerão o conto A verdadeira história dos três
porquinhos! que tem a mesma temática de outro (Os três porquinhos), mas que
apresenta um ponto de vista muito diferente, o ponto de vista do lobo. A
intertextualidade permite a discussão sobre os valores sob cada ponto de vista.
Antes da leitura
Quanto ao portador de texto
Quanto ao autor
Jon Scieszka tem também outros livros com nomes estranhos, como:
Monstromática, O patinho realmente feio e outras histórias malucas, O sapo que
virou príncipe, Sapos não andam de skate entre outros.
Verifique se há no acervo da biblioteca da escola esses outros livros do autor.
Quanto ao gênero
Faça um levantamento do conhecimento prévio dos alunos a respeito do gê- nero
"conto" − narrativa curta, com poucos episódios. Discuta a especificidade do "conto
maravilhoso", enfatizando seu papel nas diferentes culturas de várias épocas e
lugares.
Saiba que, no conto maravilhoso, as temáticas evidenciam os questionamentos
econômicos e sociais, isto é, os problemas da sobrevivência em nível
socioeconômico ou ligados à vida prática, concreta, cotidiana. Essas narrativas
sema presença de fadas – ainda que delas não se excluam elementos mágicos,
maravilhosos – enfatizam aspectos materiais, sensoriais, éticos do ser humano: suas
necessidades básicas (estômago, sexo e vontade de poder), suas paixões eróticas
(COELHO, 1991).
1. Pergunte aos alunos quais contos a família de cada um já contou a eles; de quais
ainda se lembram para recontar aos colegas.
2. Os avós sabem de muitas coisas; eles guardam a infância na memória. Comente
que quando um avô morre, esse mundo antigo morre com ele, por isso é bom
pedir para que contem histórias.
Durante a leitura
A partir da leitura da primeira página:
Em todo o mundo, as pessoas conhecem a história dos Três Porquinhos. Ou, Pelo
menos, acham que conhecem. Mas eu vou contar um segredo. Ninguém conhece a
história verdadeira, porque ninguém jamais escutou o meu lado da história
(SCIESZKA, 2005, p. 3):
1. Pergunte de que ponto de vista será contada a história.
2. Por que será que ele põe em dúvida a veracidade da outra história, a de Os três
porquinhos? O lobo começa se apresentando com nome degente e sobrenome
de Lobo e diz não saber como começar... Diz nãoser sua culpa, compara sua
alimentação com os cheeseburgers que os humanos comem e usa um
argumento para dizer que tem razão. Qual é?
3. Por que será que ele escreve Mau com maiúsculas no trecho "todos iam achar
que você é Mau". Quem seria esse "você"?
4. Do ponto de vista do lobo, qual é a verdadeira história?
5. O que ele quis dizer com "No tempo do Era uma vez..."?
6. O Lobo se refere a sua avó dizendo "querida e amada vovozinha...".Você já
viu vovozinha do lobo em alguma história?
7. Será que lobo gosta de bolo?
8. Repare na ilustração. O que há na tigela em que o Lobo faz o bolo?
9. Será que o Lobo é educado assim: bate na porta da casinha de palha e chama o
porquinho: "Porquinho, Porquinho, você está aí?". Por que será que a porta
"caiu"?
10. Como é que percebemos que o Lobo mente? (Já estava "a ponto de voltar para
casa" sem o açúcar; bolo de aniversário da vovozinha; o nariz começou a coçar).
11. Por que ele sempre faz comparações do porquinho, que chama de"presunto"
com o cheeseburger que as pessoas comem?
12. Você acha que o Lobo é irônico?
13. Que expressões o Lobo usa para ironizar? ("mortinho da silva", "você não vai
acreditar", "seria desperdício deixar um presunto em excelente estado" etc.).
14. O Lobo sempre faz um juízo de valor quando vê a construção das casinhas dos
porquinhos. O que ele diz do primeiro, do segundo e do terceiro?
15. Por que o Lobo diz "E venham me acusar de grosseria!"?
16. Quando o Terceiro Porquinho disse que a vovozinha do Lobo podia "iràs favas"
ele se irritou, mas disse que era "um cara geralmente calmo. Mas quando
alguém fala desse jeito da minha vovozinha, eu perco acabeça". Você já ouviu
alguém falando assim?
17. Na penúltima ilustração, vemos o Lobo soprando a casa do porquinhoe outros
animais chegando. Quem eram eles? O que faziam?
18. A última ilustração é uma página de jornal. Qual é o nome do Jornal? Qual a
manchete? De que ponto de vista fala?
19. Na última página, onde o Lobo está? Como sabemos? Como o Lobo
justifica seu nome de Lobo Mau?
Depois da leitura
1. Você conhece pessoas parecidas com esse Lobo Mau? Por quê?
2. Você acha que sempre há pontos de vista diferentes sobre algum fato?
3. De qual história você gostou mais? Conhece outras histórias com oponto de
vista diferente da história que todos conhecem?
Na última página, o Lobo coloca sua avaliação sobre a imprensa. O que pensa
dela? Você concorda ou discorda? Por quê?
Que título será mais adequado para já situar o leitor acerca da tese defendida e
despertar o interesse dele?
Por fim, peça a cada aluno que escreva um artigo, procurando seguir o planeja-
mento feito. Anuncie que o processo de escrita pode levá-los a repensar o
planejamento. Nesse caso, devem estar atentos para a repercussão que as
alterações terão sobre os outros elementos do texto, ou seja, se resolverem mudar a
tese no meio do caminho, será preciso verificar se a nova opinião também é
compatível com a polêmica. E muito provavelmente será preciso estabelecer outros
argumentos e partir de novos dados.
Terminada essa fase, peça aos alunos que releiam o que escreveram – agora como
possíveis leitores do artigo. Caso haja tempo, sugira que troquem os textosentre si,
fazendo comentários e sugestões. Só depois da releitura ou da leitura de um colega
é que o aluno deverá rever o texto para escrever a versão final. Explique-lhes que
esse texto permitirá a você fazer uma avaliação inicial do nívelde compreensão dos
alunos, bem como daquilo que ainda necessitam aprendersobre artigo de opinião.
Primeira escrita
A produção inicial indica o que os alunos já sabem sobre o gênero e dá pistas para
que o professor possa intervir adequadamente no processo de aprendizagem.
Esse primeiro texto também é importante para que os alunos avaliem a própria
escrita. Com sua ajuda, eles serão capazes de perceber o que é preciso melhorar e
poderão envolver-se mais nas atividades das oficinas. Além disso, será possível
comparar essa produção com o texto final e identificar os avanços, realizando-se um
processo de avaliação continuada.
Ao ler esses primeiros textos dos alunos, avalie se:
• há erros de ortografia, de gramática, ou outras dificuldades;
• tratam efetivamente de uma questão polêmica;
• localizam adequadamente o leitor em relação a essa questão;
• deixam clara a posição assumida;
• trazem argumentos coerentes e convincentes;
• apresentam e discutem ou rebatem o pensamento de opositores
• sobre o assunto (PONTOS DE VISTA, 2011).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Dessa maneira, a sequência de atividades propostas no
documento do Programa Escrevendo o futuro Olimpíadas de Língua
Portuguesa de 2010, em número de 13, vão orientando os
professores ora a analisarem textos com os alunos em busca de
elementos característicos de sua estrutura composicional, ora a
proporem a escrita de um artigo de opinião em que coloquem seus
argumentos e opinem sobre a comunidade onde vivem, já que a
temática do concurso é "O lugar onde vivo".
Após a primeira escrita do texto dos alunos, o professor já
poderá avaliar quais traços de um artigo de opinião eles já
demonstram conhecer ou dominar, para poder continuar
orientando-os quanto à sustentação da tese, quanto aos tipos de
argumentos, quanto às formas de articulação das orações, enfim,
quanto ao estilo.
O momento da revisão do texto também é uma etapa
importante na sequência de atividades de escrita de qualquer gênero
ao cuidar da coerência entre os argumentos e a tese, da pontuação,
da colocação de pronomes, da ortografia e outros aspectos
importantes para o sentido do texto.
Os aspectos da revisão de textos e dos critérios de avaliaçãodos
gêneros mais conhecidos serão retomados na última unidade deste
material.
12. CONSIDERAÇÕES
13. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 O processo da leitura. Disponível em: <http://pnld.edunet.sp.gov.br/2005/
experiencia/videoconferencias.asp.>. Acesso em: 6 mar. 2010.
Figura 2 Capa do livro A verdadeira história dos três porquinhos. Disponível em: <http://
www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=40015>. Acesso em: 20 jun. 2010.
Sites pesquisados
COMPANHIA DAS LETRAS. A verdadeira história dos três porquinhos. Disponível em:
<http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=40015>. Acesso em: 02
jan. 2011.
NÓBREGA M. J. Orientações didáticas: 3ª Videoconferência Tecendo Leituras. Apresentação
da Palestra: Tecendo Leituras - 3 - Estrutura das Orientações Didáticas. Disponível em:
<http://pnld.edunet.sp.gov.br/2005/experiencia/videoconferencias. asp.>. Acesso em: 27
dez. 2010.
PONTOS DE VISTA. Caderno do professor: escrevendo o futuro. Coleção Olimpíadas de
Língua Portuguesa. São Paulo: Cenpec, 2010. Disponível em: <http://www.scribd.com/
doc/27525069/Pontos-de-Vista.>. Acesso em: 10 jan. 2011.
PORTAL DO PROFESSOR. A importância da noção de Suporte no trabalho com gêneros.
Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.
html?aula=10677>. Acesso em: 3 jul. 2011.
ROJO, R. Letramento e capacidades de leitura. Disponível em: <http://web.me.com/
rrojo/Roxane_Rojo/Espa%C3%A7o_Blog/Entr%C3%A9es/2009/2/24_Letramento_e_
capacidades_de_leitura_para_a_cidadania_files/Rojo_2004_CapacidLeitura_1.pdf>.
Acesso em: 10 jun. 2010.
1. OBJETIVOS
• Ampliar conhecimentos a respeito de gêneros do discurso.
• Estabelecer discussões e comparações sobre os aspectos
tipológicos do discurso escrito.
• Salientar o condicionamento da leitura e da escrita dos
diferentes gêneros discursivos à sua função social.
• Proceder a atividades de análise de alguns gêneros dis-cursivos.
• Reconhecer e compreender os aspectos que caracterizam
o gênero: tema, estilo e forma composicional.
2. CONTEÚDOS
• Gêneros do discurso.
• Aspectos tipológicos do discurso escrito.
• Gêneros textuais: contexto de produção, tema, estilo.
• Gêneros da ordem do narrar, do relatar, do argumentar,do
expor, do descrever.
3. INTRODUÇÃO À UNIDADE
4. GÊNEROS DO DISCURSO
1) pequeno diálogo;
2) carta;
3) bilhete;
4) relato familiar;
5) ordem;
6) declarações públicas;
7) conversa telefônica.
Gêneros secundários
Os gêneros secundários são os gêneros mais complexos que
aparecem em situações de comunicação culturalmente mais
complexas e mais evoluídas, especialmente escritas (artística,
científica, sociopolítica).
Entretanto, isso não significa que os gêneros primários sejam
somente orais e os secundários sejam estritamente escritos. Eles
podem absorver e modificar os gêneros primários. Um romance
pode absorver em seu discurso tanto uma carta como um bilhete ou
qualquer outro gênero simples, quando uma personagem escreve
uma carta, dentro da narrativa, por exemplo.
Quando inserimos qualquer um dos gêneros simples em um
romance, esses se desvinculam da realidade comunicativa imediata e
podem ser interpretados somente diante do conteúdo total do
romance. Podemos citar como gêneros complexos:
1) romance;
2) peça teatral;
3) discurso científico;
4) discurso ideológico.
É importante observarmos que há uma inter-relação entre os
gêneros primários e os secundários, além de haver todo um histórico
na formação dos gêneros secundários. Isso porque os gêneros
arranjam os conhecimentos dos falantes da língua de um
determinado modo, conforme os interesses e os propósitos das
pessoas em uma certa esfera de atuação.
É sabido que grupos sociais diferentes têm interesses e valores
diferentes e vivenciam situações sociais de modos diversos. Um
esportista, com certeza, lançará mão de temáticas e de formas de
dizer diferentes das de um jurista ou das de um professor, poistodos
eles, embora convivam socialmente, cultivam os interesses de sua
esfera profissional e necessitam interagir por meio de gê- neros
diferentes.
Vimos que é função da escola apresentar e trabalhar com o
maior número de gêneros possível que circula na sociedade para que
os alunos desenvolvam as competências leitora e escritora. Mas é
importante saber que não encontraremos no cotidiano, circulando,
as formas tradicionais que se aprende na escola (ou seja, narração,
descrição, dissertação), e sim notícias, artigos de opinião, receitas,
currículo, entrevistas, artigos científicos, letras de músicas entre
outros gêneros. Por isso, o Tópico 6 tratará das diferenças entre
gêneros e tipos textuais.
a. Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de construção teórica
definida pela natureza linguística de suacomposição {aspectos lexicais, sintáticos,
tempos verbais, relações lógicas}. Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de
meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição,
descrição, injunção.
b. Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para
referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que
apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos,
propriedades funcionais, estilo e composição característica. Se os tipos textuais são
apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Algunsexemplos de gêneros textuais
seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete,
reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística,
horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de
restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de
concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo
porcomputador, aulas virtuais e assim por diante.
Seminário Conferência
Artigo ou verbete deenciclopédia
Entrevista de especialistaTomada
de notas
Transmissão e Resumo de textos "expositivos"ou
construção desaberes explicativos
Expor Relatório científico
Apresentação textual de Relato de experiência científica
diferentes formas desaberes
DOMÍNIOS SOCIAISDE CAPACIDADES
EXEMPLOS
DE DE GÊNEROS ORAIS EESCRITOS
COMUNICAÇÃO LINGUAGEM DOMINANTES
Instruções de montagemReceita
Regulamento Regras de jogo
Instruções eprescrições Descrever ações Instruções de uso
Regulação mútua de Instruções
comportamentos
Você disse: "Dá para chorar", quando ouviu a Música do Menino Maluquinho
na Central do Brasil, na inauguração do trem da Supervia, que serve aos
subúrbios do Rio de Janeiro, adesivado em homenagem à série Um Menino
Muito Maluquinho, da TVE Brasil. Fale sobre essa emoção…
Ziraldo - É claro que isso é emocionante, mas essa é a minha vida. Eu já estou
há tanto tempo nesse tipo de existência, desenhando, escrevendo, em contato
com o público... Chegar em um colégio e ter trezentos meninos gritando é a minha
vida. Eu gosto muito porque isso me desobrigou de fazer análise, porque eu tenho
uma carência afetiva danada que eu mesmo reconheço. Eu gosto muito de
carinho, eu sou o neto mais velho, dentre trinta e tantos netos, então eu fiqueimal
acostumado, isso me dá uma sensação de calor
Como foi a criação do personagem?
Ziraldo - Eu só faço coisas que eu acredito. Escrevo, desenho, produzo, e sem-
pre com muito zelo. Eu acho que o Menino Maluquinho foi uma dessas sortes que
você dá na vida. Você tem que se preparar para viver e poder viver do trabalho
que você gosta de fazer não é esforço nenhum para mim, não é batalha e sim um
privilégio.
O Menino Maluquinho fala ao coração das pessoas, pois elas se identificam como
personagem. Num paralelo com as histórias de quadrinhos americanas, tem uma
tirinha de um menino americano chamado "Calvin" que é muito diferente do
Menino Maluquinho brasileiro. 0s pais do "Calvin" o reprimem, não deixamo
menino ter sentimento. Aí, um desses meninos sobe em cima do terraço e
metralha duzentas pessoas no colégio. O Menino Maluquinho é um menino mais
afetuoso. Pai americano não chama o filho de "filhão", não conta vantagem do filho
no escritório, não interrompe uma reunião para atender telefonema de filho.
O que te seduz mais no Menino Maluquinho?
Ziraldo - Se a gente fosse um país justo, a gente não teria violência nenhuma,
pois o brasileiro é muito afetuoso. O Menino Maluquinho é um personagem que
trabalha muito com o afeto. Se você for analisar bem, é a única coisa importantena
vida. Quando você fica velho, você descobre que nada é mais importante que o
afeto, gostar e precisar do próximo e admitir que precisa do amor dele
O que representou o Trem da TVE Brasil, adesivado para a Série Um Menino
Muito Maluquinho, da TVE Brasil, exibida aos domingos, às 18:30?
Ziraldo - O trem foi uma das formas absolutamente fantásticas de o personagem
ser reconhecido como uma criação importante da literatura infantil brasileira, da
arte brasileira. Ele já virou filme, ópera, cantata, e agora virou um trem. Ele está
cumprindo o destino dele.
Como foi ser abordado, de repente, pelo pai de um menino que era seu fã, ao
sair da Central do Brasil, depois da volta no trem da TVE Brasil, com os
estudantes da escola Municipal General Mitre?
Ziraldo - O pai do menino que me abordou é um homem do povo, com aquela
cara simples, boa e até severa. Se todos os pais do Brasil fossem iguais a ele, a
gente estava salvo. Ele disse: "Rapaz, meu filho é seu fã, dá um autógrafo para o
meu filho!". Uma bela figura. Essa coisa é maior do que tudo. Ele pegando um trem
da central para ir para casa e levando um autógrafo para o filho. E depois vai levar
o filho dele no trem da TVE Brasil, como eu expliquei para ele, basta sóacertar a
hora.
Menino Maluquinho é um menino feliz, um menino que tem direito a
felicidade. Você se coloca ou não no personagem?
Ziraldo - Não há nada que você escreva que não tenha a ver com sua vida. Eu
tinha 48 anos quando escrevi o Menino Maluquinho, ou seja, já era um senhor, já
tinha visto causa e consequência. O que acontece é que eu já tinha perdido um
bocado de amigos, já tinha percebido o que ia acontecer com cada um dos me-
ninos da minha turma, como eles eram e que destino que eles tiveram. O Menino
Maluquinho diz o seguinte: Se você tem uma infância onde, principalmente, vocêé
amado, a chance de você ser uma pessoa melhor é infinita. Eu não conheço
nenhum canalha que tenha sido um menino feliz. Ele provavelmente está se
vingando dos azares que ele deu na infância. O menino Maluquinho quer disser
isso: Se você tiver um presente bom, você vai ter um futuro bom, pois o futuroé
feito de vários presentes. O que você pode fazer para o seu filho é prepará-lo para
o hoje. O futuro é inexorável.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Açúcar
Fermento
Farinha de
Trigo em pó
Chocolate
em pó
Margarina
Leite
8. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Castelo Assombrado. Disponível em: <http://www.sobrenatural.org/materia/
detalhar/8850/doze_castelos_assombrados_da_escocia/>. Acesso em: 10 jan. 2011.
Figura 2 Ziraldo. Disponível em:
<www.radio.usp.br/programa.
php?id=2&edicao=060320>. Acesso em: 24 fev. 2009.
Figura 3 Menino Maluquinho. Disponível em: <http://www.planetaeducacao.com.br/
portal/artigo.asp?artigo=4>. Acesso em: 24 fev. 2009.
Figura 5 Bolo de chocolate. Disponível em: <http://allannacarvalho.wordpress.com/
category/bolo/page/3/>. Acesso em: 10 jan. 2011.
Sites pesquisados
CENPEC. A ocasião faz o escritor. Disponível em: <http://escrevendo.cenpec.org.br/ecf/
index.php?option=com_content&task=view&id=18008>. Acesso em: 17 jun. 2010.
NOTÍCIAS DO PORTAL TVE BRASIL. Entrevista com Ziraldo para o site do programa
Um menino muito maluquinho. Disponível em: <http://www.tvebrasil.com.br/
noticias/060504_mmm_entrevziraldo.asp>. Acesso em: 2 mar. 2009.
YAMADA, L. A. Spectrum. Disponível em: <http://www.spectrumgothic.com.br/gothic/
materias/maneira_diferente.htm>. Acesso em: 5 jun. 2010.
KLEE, M. M. Fantasmas da paisagem gótica feminina: a tradição dialoga em Changing
Heaven, de Jane Urquhart. Disponível em: <http://www.ppgletras.furg.br/disserta/
marciaklee.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2011.
SPECTRUM. Literatura gótica e sobrenatural. Disponível em: <http://spectrumgothic.
com.br/literatura/literatura_gotica.htm>. Acesso em: 1 jan. 2011.
TVCLIP.BIZ. Entrevista, em vídeo, com o cartunista Ziraldo. Disponível em: <http://www.
tvclip.biz/video/dPOwdsu4K_o/entrevista-com-ziraldo.html>. Acesso em: 10 jan. 2011.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. In. Estética da criação verbal. Tradução de Maria
Ermantina Galvão Gomes Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros curriculares nacionais de
Língua Portuguesa – 1º e 2º ciclos. 3. ed. Brasília: A Secretaria, 2001.
. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros
curriculares nacionais deLíngua Portuguesa – 3º e 4º ciclos. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BENASSI, M. V. B. O gênero notícia: uma proposta de análise e intervenção. In: CELLI –
Colóquio de estudos linguísticos e literários 3, 2007, Maringá. Anais. Maringá, 2009.
CENPEC. A ocasião faz o escritor. Caderno do professor: escrevendo o futuro. Coleção
Olimpíadas de Língua Portuguesa. São Paulo: Cenpec, 2010.
LAJOLO, M. Literatura: leitores e leitura. São Paulo: Moderna, 2005.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.;
MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Org.). Gêneros textuais e ensino. 2. ed. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2003.
ROJO, R. H. Modos de transposição dos PCNs às práticas de sala de aula: progressão
curricular e projetos. In: (Org.). A prática de linguagem em sala de aula: praticando os
PCNs. São Paulo: EDUC, 2000.
SCHENEUWLY, B; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução de Roxane
Rojo e de Gláis Sales Cordeiro. Campinas: Mercado das Letras, 2004.
Capítulo III
Que gramática é essa?
"Abuso das palavras. Só uso as que conheço,as desconhecidas são
perigosas e potencialmente traiçoeiras.
Exijo submissão.
Maltrato-as, sem dúvida.
E jamais me deixo dominar por elas" (VERÍSSIMO, 1994, p. 32).
1. OBJETIVOS
• Possibilitar a relação do aluno com o texto escrito, ajudando o a
investigar e a descobrir algumas propriedades do texto.
• Compreender e descobrir que para escrever um texto o
autor faz escolhas sobre o que e como escrever.
• Desenvolver nos alunos a capacidade de elaborar textos bem
escritos.
• Demonstrar como intervir gradativamente nos textos dos
alunos para aproximá-los da escrita convencional.
2. CONTEÚDOS
• As questões ortográficas: deve-se ou não as corrigir?
• Gramática: sim ou não?
• Reescrevendo textos.
3. INTRODUÇÃO À UNIDADE
1) disafiar
2) inigma
3) tisoura
4) Disafie
5) Istacionado
6) Si
7) Si
8) Disistir
9) Amarri
10) Dipois
11) levi
12) istiver
13) Sabi
14) Impuxo
15) Discobriu
16) Empurrado
Esopo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A gansa dos ovos de ouro
Certa manhã, um ambicioso fazendeiro descobriu que sua gansa tinha posto um
ovo de ouro. Apanhou o ovo, correu para casa, mostrou-o à mulher, dizendo:
— Veja! Estamos ricos!
Levou o ovo ao mercado e vendeu-o por um bom preço.
Na manhã seguinte, a gansa tinha posto outro ovo de ouro, que o fazendeiro
vendeu ao melhor preço.
E assim aconteceu durante muitos dias.
Mas, quanto mais rico ficava o fazendeiro, mais dinheiro queria.
E pensou:
"Se esta gansa põe ovos de ouro, dentro dela deve haver um tesouro!" Matou a
gansa e, por dentro, a gansa era igual a qualquer outra.
Quem tudo quer tudo perde.
A gansa dos ovos de ouro
Tinha certo casal
A sorte de ter uma gansa que botava ovos de ouro.Ainda com toda sorte
Achavam que enriqueciam pouco.
— Essa gansa deve ser por dentro de ouro! dizia a mulher.
O marido, não menos ganancioso,Matou a dourada gansa.
Tarde demais...
descobriram que era uma gansa comum.Gastaram o pouco que tinham
E hoje não têm nenhum.
Não tente forçar demais a sorte (in NASPOLINI, 1996, p. 57)
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Produção de texto 1
Produção de texto 2
A moral dessa história e de muitas outras, geralmente, são
provérbios ou ditados populares que todos conhecem. Procure
outro ditado interessante para criar a sua fábula. Escolha o modo
como você quer construir seu texto: em prosa ou em versos.
Veja alguns ditados que você poderá utilizar:
1) "Quem ri por último ri melhor".
2) "Quem ri por último não entendeu a piada".
3) "Casa de ferreiro espeto de pau".
4) "Quem desdenha quer comprar".
Produção de texto 3
Faça uma paráfrase da fábula A gansa dos ovos de ouro.
Paráfrase é uma palavra difícil que indica uma coisa fácil de entender
e de fazer... Às vezes. É um texto que repete outro texto de modo
parecido. Você pode fazer a paráfrase de um desenho que o imita,
parecido. Pode fazer uma outra fábula parecida com essa. A
paráfrase diz quase a mesma coisa dita pelo texto com algumas
modificações, com outras palavras. É como quando contamos uma
piada:repetimos, mas muda um pouco, por isso dizemos que "quem
conta um conto, aumenta um ponto".
Produção de texto 4
Se você fosse contar a fábula A gansa dos ovos de ouro a um
amigo, como seria? Registre o relato da sua história em um
rascunho. Faça uma leitura cuidadosa de sua produção e veja se
colocouo que gostaria.
Peça ao professor para ler e apontar o que deve ser
modificado. Compare o que você fez com as modificações indicadas
peloprofessor.
Depois disso, reescreva seu texto fazendo as correções
necessárias. Lembre-se de usar o travessão para indicar as falas das
personagens.
Escolha um amigo e leia para ele a história que você criou.
Além das atividades propostas anteriormente, o jogo é outro
recurso didático muito apreciado pelas crianças; podemos dizer que
quase toda atividade para crianças representa um jogo. Quando
isso é caracterizado, a situação de ensino e aprendizagem fica
explícita pelo aspecto lúdico e prazeroso, sendo o erro aceito
naturalmente e a interação com o outro natural. Por meio dele, a
criança experimenta ultrapassar seus próprios limites, adquirindo
autonomia na aprendizagem.
Jogos divertidos
Os jogos propiciam o desenvolvimento social, intelectual e
emocional nas crianças. Juntamente com as brincadeiras de faz-de-conta
e os desenhos, são meios facilitadores na descoberta da leitura e da
escrita. Ao utilizar jogos para desenvolver habilidades de leitura e
de escrita, é indispensável que o professor considere as situações
em que o ler e o escrever tenham significado para o aluno.
Vamos conhecer alguns desses jogos.
Jogo 1
O texto a seguir é uma piada. Há diálogos nela. Pontue-a e
dê boas risadas:
Piada –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A bisavó chama atenção de
seu neto Pedrinho por que acertou a cabeça do seu primo com meu ovo de ouro
e ele responde irritado
sabia ele me beliscou e a bisavó indignada pergunta mas por que você não me
chamou até pareceque a senhora ia acertar ele
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Jogo 2
Responda ao desafio: sua avó chegou da fazenda e lhe deu de
presente um galo e uma galinha, no dia seguinte, qual não foi oseu
espanto, no lugar de um ovo a galinha havia botado um enorme
diamante. O que você faria?
Caça-palavras:
Neste caça-palavras, há 15 palavras terminadas por ANÇA
ou ANSA, emaranhadas.
Parte II
Depois de feita a revisão ortográfica da lista de palavras, leia-as com bastante
atenção.
Agora, vamos ao jogo! Conheça as regras a seguir:
1) Todos devem ficar de pé, espalhados por um espaço livre; de preferência, no
pátio da escola.
2) A professora vai falar em voz alta uma das palavras da lista.
3) Caso a palavra seja escrita com Ç todos devem morrer, ou seja, devemse
agachar.
4) Caso seja escrita com S, todos devem ficar vivos, isto é, em pé.
5) Quem errar a letra que deve completar a palavra é eliminado da brincadeira.
6) O jogo termina quando sobrar apenas um participante do jogo. Esse éo
sobrevivente.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Os textos que circulam na sala de aula, na escola ou na
comunidade devem ser objetos de revisão e de edição final; um
trabalho que cuide tanto do conteúdo, como da correção
ortográfica e também da apresentação: formato, limpeza,
distribuição do texto e de eventuais ilustrações etc.
Esse respeito com o leitor e a preocupação de contentá-lo ao
enviar uma mensagem clara, limpa, correta, desvia a atenção do
aluno do medo de errar.
Reescrever os textos produzidos em sala de aula é uma das
mais significativas atividades do trabalho com a língua. É por meio
dela que os alunos se colocarão no lugar de seu leitor e poderão ser
orientados a "enxergar" as expressões adequadas ou não ao
contexto do texto, e também os desvios ortográficos.
Por isso, no Tópico 7, trataremos desse tema.
Figura 1 Fantasma.
Certo dia numa fazenda tão distante da cidade. eu estava lá nessa maldita
fa- zenda. eu achava ela assonbrada ingraçado por que só eu via as coisas
assonbrosas.
Num dia eu fui jogar um lixo fora chegando perto do mato derrepente olho
pro chão uma cabeça de um bicho de chifre eu joguei a lata no chão – fui correndo
pra dentro de casa avisar meu padrinho e foi lá não viu nada no chão fiquei num
medo
Figura 2 Menino com medo.
Mas eu não voltei naquele lugar nunca mais era tarde eu fui rançar umas
minho-cas par nos irmos pesca derrepente aparece um tatu eu fui correr atráz dele
ele sumiu derrepente eu já estava comedo.
Nu outo dia dimanhã eu quis vir enbora por tudo mais eu vim com muito
medo. chegou na cidade eu não guiz voltar naquela fazenda mas nunca até hoje.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O professor, ao fazer sua análise do texto, observou que Car-
los Eduardo garantia a estrutura narrativa do "causo".
Portanto, os aspectos da pontuação e da ortografia devem
ser abordados um de cada vez. Neste texto, priorizaremos o
enfoque na pontuação. Para isso, o professor deve "limpar" o texto,
ouseja, corrigi-lo, antes de apresentá-lo à classe, para deixar saltar
aos olhos a falta da pontuação.
Vamos observar como podemos fazer para trabalhar os erros
com as crianças.
1) Objetivo: perceber se a estrutura narrativa foi construída.
a) Caracteriza as personagens? (João é medroso, responsável;
o padrinho é atencioso).
b) Constrói o enredo? Situação (Certo dia eu estava lá na
fazenda); conflito (Olho para o chão uma cabeça de um
bicho de chifre).
c) Resolve o conflito? (Fui para dentro de casa avisar meu
padrinho; no outro dia de manhã eu quis vir em- bora);
desfecho (Eu não quis voltar naquela fazenda nunca mais).
d) Faz marcação de tempo? (Certo dia, num dia, no outro dia).
e) Faz marcação de lugar? (Numa fazenda, perto do mato,
naquele lugar, na cidade).
f) Usa vocabulário adequado? (Fazenda distante e
assombrada; naquele lugar; coisas assombrosas, mato,
cabeça de chifre, medo, era tarde, sumiu, muito medo, com
medo, nunca mais).
g) Paragrafa adequadamente? Tem "noção" de parágrafo.
h) Pontua adequadamente? Não.
i) Ortografa? Nem sempre corretamente.
2) Ao interagir com a classe, o professor pode iniciar fazendo
perguntas que levem os alunos a perceber se Carlos
estruturou bem o texto, tais como:
a) Do que fala o texto?
b) O que vocês acham do texto do Carlos Eduardo?
c) Ele contou uma história interessante?
d) Ele conseguiu estabelecer um suspense na sua história de
assombração?
e) Qual foi o momento mais assustador?
f) Carlos conseguiu dar um final para a história?
1) Revisamos a pontuação.
2) Invertemos a ordem de algumas palavras.
3) Indicamos o uso da letra maiúscula no início da oração.
4) Procedemos à organização do parágrafo.
5) Eliminamos palavras.
Para trabalhar pontuação, o texto de suspense é excelente,
pois exige do escritor que use quase todos os sinais.
Se o aspecto a ser trabalhado é a pontuação, não deixe de
sistematizar no final: buscar na gramática e comparar.
É preciso que fique bem claro para os alunos que nem sempre o
texto dá conta de responder a todas as questões, daí a necessidade
de reescrita.
A pontuação
Nem sempre a pontuação dos textos foi como é hoje.
Antigamente, lia-se em voz alta e o texto era pontuado pelo leitor,
que dava a ele a entonação desejada. Contemporaneamente, em
que lemos somente com os olhos, foi necessário incorporar formas
gráficas aos textos para indicarem as unidades de processamento
da leitura ao leitor.
Ao contrário do que há muito tempo se pensou, a função da
pontuação não é indicar pausas para respirar, embora o locutor
possa usar a pontuação para isso.
Por não ser uma somatória de frases, mas sim um fluxo
contínuo, o texto precisa ser dividido em partes (frases, parágrafos)
que se agrupam para dar sentido global ao texto. Fica claro que a
função da pontuação é atribuir sentido ao texto.
Dessa forma, a pontuação aparece para marcar fronteiras
sintático-semânticas e separar fluxos de informações. Pontuar é
uma atividade que o aluno pode aprender se ele tiver a
preocupação de partir e reagrupar o fluxo do texto para indicar ao
seu leitorquais os sentidos que ele gostaria de lhe propor. Assim, ele
estará,também, em busca de efeitos estilísticos.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRA-
SIL, 1997, p 90):
A única regra obrigatória da pontuação é a que diz onde não se
pode pontuar: entre o sujeito e o verbo e entre o verbo e seu
complemento. Tudo o mais são possibilidades. Por isso – ao
contrárioda ortografia – na pontuação a fronteira entre o certo e
o erradonem sempre é bem definida. Há, quase sempre, mais de
uma possibilidade de pontuar um texto [...].
Podemos concluir, com as orientações dos PCN, que aprender
a pontuar não significa decorar um conjunto de regras a seguir,mas
aprender um procedimento que influi diretamente na textualidade.
Esse procedimento, porém, é possível aprender somente fazendo
juntamente com quem sabe:
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
9. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Fantasma. Disponível em: <http://www.possibilidades.com.br/intelig_emocional/
img/fantasma.gif>. Acesso em: 12 jul. 2007.
Figura 2 Menino com medo. Disponível em: <http://sitededicas.uol.com.br/ct05b.htm>.
Acesso em: 12 jul. 2007.
Sites pesquisados
FALCÃO, A. In: ALONSO, P. V. Sobre a fala do analista. Disponível em: <http://www.
symbolon.com.br/artigos/sobreafala.htm>. Acesso em: 20 jul. 2010.
MORAIS, A. G. Ortografia. Disponível em: <http://www.sme.pmmc.com.br/arquivos/
matrizes/matrizes_portugues/anexos/texto-14.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2011.
NOVAESCOLA. Diagnóstico inicial. Língua Portuguesa. Disponível em: <http://
revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/diagnostico- inicial-
427729.shtml>. Acesso em: 10 dez. 2010.
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAGNO, M. Preconceito linguístico. O que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Língua
Portuguesa/ Secretaria de Educação Fundamental. (1ª à 4ª). Brasília: Mistério daEducação,
1997.
CARVALHO, C. S. et al. Construindo a escrita: textos, gramática, ortografia: Livro do
professor. São Paulo: Ática, 2003.
CENPEC. Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Social. Ensinar e
Aprender: construindo uma proposta – Língua Portuguesa – Impulso Inicial. São Paulo:
CENPEC, 1998.
CIPRO NETO, P. Gramática da língua portuguesa. São Paulo: Scipione, 1999.
CÓCCO, M. F; HAILER, M. A. Didática da alfabetização: decifrar o mundo – Alfabetização e
socioconstrutivismo. São Paulo: FTD, 1995.
FALCÃO, A. Palavras. In: . O doido da garrafa. São Paulo:
Planeta, 2001.
NASPOLINI, A. T. Didática de português: tijolo por tijolo: leitura e produção escrita. São
Paulo: FTD, 1996.
MORAIS, A. G. Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo: Ática, 2001.
VERÍSSIMO, L. F. Comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1994.