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Design Contemporâneo

Material Teórico
Contextualização e Período Pós-Industrial

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Christian Petrini

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Contextualização e
Período Pós-Industrial

• Introdução;
• De 1789 a 1820: a Idade Contemporânea até o Design;
• A Revolução Industrial;
• O Impressionismo e o Design;
• Evolução da Imprensa.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conceituar o Design Contemporâneo e estudar a relação e a influência que os movimen-
tos artísticos do início da Idade Contemporânea e a Revolução Industrial tiveram nos
movimentos relacionados ao Design Contemporâneo, bem como para com a função e a
atuação do designer nos dias atuais.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Contextualização e Período Pós-Industrial

Introdução
Seja muito bem-vindo(a) à nossa disciplina de Design Contemporâneo! Espero que
este conteúdo seja muito útil para sua formação e seu desenvolvimento profissional.

Antes de começarmos a falar sobre os movimentos e as características do Design


Contemporâneo e a importância que eles têm para o desenvolvimento da profis-
são, é necessário saber o que é o Design Contemporâneo e em qual momento
da História ele se encaixa.

Para isso, vamos relembrar e/ou reforçar o conceito de Design, que nos ajudará
a responder às duas perguntas acima.

Design é o esforço criativo relacionado à configuração, concepção, elaboração


e definição de algo, como um objeto, uma imagem, entre outros, voltado a uma
determinada função. Uma maneira simples de entender o que é Design é pensar-
mos em tudo o que é visualmente agradável e funcionalmente eficaz, que busca
facilitar a vida das pessoas ou mesmo tornar uma mensagem interpretável de uma
maneira mais eficaz e interessante. Resumindo, o Design tem como característica
principal a junção de tudo o que é funcional de uma maneira eficaz e, ao mesmo
tempo, atende aos critérios estéticos de uma pessoa para resolver um “problema”
ou preencher uma “necessidade” desse indivíduo, portanto, é a solução prévia de
um problema com base em um projeto.

De acordo com o designer e teórico alemão Gui Bonsiepe (1997), o Design


consiste no domínio no qual se estrutura a interação entre usuário e produto, para
facilitar ações efetivas.

A palavra Design vem do latim disegnare, que se traduz como desenhar, assim,
um projeto é um desenho de alguma ideia. Um desenho que pode começar amador
e vazio, mas que num segundo momento, respeita algumas coerências geométricas
para se sustentar. Assim como o nome que deriva do latim, o Design nasceu na
Itália, principalmente relacionado a produtos.

O Design pode ser visto em utensílios, vestimentas, máquinas, ambientes, sites


e interfaces de programas etc. Começa na parte funcional, do conteúdo, da emba-
lagem etc., seguindo até o visual daquele produto, sua representação gráfica.

O conceito do Design foi aplicado em diferentes áreas, sempre pensando no


ponto de vista da funcionalidade versus beleza:
• Design de Produto (Design de Embalagem, Design Automobilístico etc.);
• Design Gráfico (Design Tipográfico, Design Editorial, Design de Jogos, Web
Design etc.);
• Design de Moda (Design de Joias etc.);

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• Design de Ambientes (Design de Interiores, Design de Iluminação etc.);
• Entre outros.

Historicamente, o Design, com esse nome e definição, surgiu após a Revolução


Industrial, nome dado ao período de transição para novos processos de manufatu-
ra que se iniciou em 1760 e foi até, aproximadamente, 1820. Apesar de ser uma
área relativamente nova, o Design sofreu a influência de diversos outros períodos
da História da humanidade e só aconteceu porque o homem passou por outros
movimentos artísticos. Por isso, em concordância e em justificativa com o título da
disciplina, iremos estudar as manifestações do Design na Idade Contemporânea, a
partir de 1820, ou seja, chamamos de Design Contemporâneo aos movimen-
tos exclusivos do Design que surgiram após 1820, século 19.

Trocando ideias... Importante!


Lembramos que o termo “exclusivos do Design” também é uma forma reducionista, já
que veremos que o Design se confunde com a Arte, tanto que alguns artistas relacio-
nados às manifestações do Design também atuaram e são citados na Arte e vice-versa.

Para entender onde o Design Contemporâneo se encaixa na cronologia da His-


tória, é necessário entender alguns termos e períodos:
• Como vimos, a Revolução Industrial tem início em 1760 (século 18) e vai até
aproximadamente 1820 (século 19);
• A Idade Moderna foi um período da História que se encerrou no século 18,
mais precisamente em 1789, com a Revolução Francesa, e antecedeu a Idade
Contemporânea;
• Já a Idade Contemporânea, por sua vez, é o período que vem logo após a
Idade Moderna e, como dissemos, tem início no século 18, em 1789, com a
Revolução Francesa, e se estende até os dias atuais, ou seja, nós estamos vi-
vendo na Idade Contemporânea.

Portanto, cronologicamente, a Revolução Industrial, que se iniciou em 1760,


teve início ainda na Idade Moderna, ultrapassou a transição para a Idade Contem-
porânea, uma vez que esta tem início somente em 1789, com a Revolução France-
sa, e vai até 1820 já na Idade Contemporânea. Com isso, o Design Contemporâ-
neo, como já definimos anteriormente, está totalmente inserido dentro da Idade
Contemporânea, momento da História que estamos vivendo.

Como comentamos há pouco, a Idade Contemporânea teve início em 1789 e


como também já sabemos, o Design, como conhecemos atualmente, teve início
“apenas” a partir de 1820, com a Revolução Industrial. Porém, fica uma pergunta:
Nestes 31 anos, entre 1789 e 1820, já na Idade Contemporânea, não aconteceu
nada de relevante na História e na Arte que influenciou o “surgimento” do Design?
Sim, aconteceu.

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UNIDADE Contextualização e Período Pós-Industrial

Trocando ideias... Importante!


Não confunda Design Contemporâneo com Arte Contemporânea! Ambos os termos es-
tão dentro da Idade Contemporânea, porém, o Design Contemporâneo aborda todos os
movimentos relacionados ao Design após a Revolução Industrial, a partir de 1820, no
século 19, até os dias atuais. Ou seja, o termo “contemporâneo”, aqui, pode ser entendi-
do também como “do mesmo tempo que nós”, portanto, se refere às manifestações do
Design que são do nosso tempo. Arte Contemporânea é um termo usado para Designar
os movimentos artísticos que surgiram a partir da segunda metade do século 20, mais
precisamente 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial. Eventualmente, quando che-
garmos à segunda metade do século 20, inevitavelmente veremos que os movimentos
do Design irão se aproximar muito dos movimentos da Arte.

De 1789 a 1820: a Idade


Contemporânea até o Design
Por estarmos vivendo esse período da História, o mais interessante da Idade
Contemporânea é que em todas as áreas do conhecimento, tudo o que foi desen-
volvido até aqui está cronologicamente muito próximo de nós. Além disso, nós es-
tamos atualmente vivenciando, participando e presenciando acontecimentos desse
período, ou melhor, estamos vivenciando, participando e presenciando a História
ser escrita. Em alguns anos, esse conteúdo que você está lendo nesse exato mo-
mento poderá ser refeito para receber novas informações ou novas manifestações
do Design, e, até mesmo, algum acontecimento futuro possa determinar o fim des-
ta Idade Contemporânea e o início de um novo período da História.

Contudo, até aqui, é importante destacar que, lamentavelmente, os principais


acontecimentos da Idade Contemporânea até hoje, são conflitos e guerras:
• A Revolução Francesa, que vai de 1789 a 1799 e, como vimos, marca o início
da Idade Contemporânea;
• A Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918;
• A Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945;
• A Guerra Fria, de 1947 a 1991.

É por esse motivo que a Idade Contemporânea é também conhecida como a Ida-
de das Guerras. Essa característica, em ser conhecida como a Idade das Guerras,
de certa maneira influenciou o Design, como veremos mais adiante e nas demais
unidades desta disciplina.

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De 1789, início da Idade Contemporânea, até 1820, quando nasce o Design
pós-industrial, tivemos movimentos artísticos que o influenciaram. A Idade Con-
temporânea é marcada pela característica de o homem ser obrigado a reconstruir
as sociedades afetadas pelas revoluções, conflitos e guerras, e nestes 31 anos, mes-
mo não “existindo” o Design, aconteceram movimentos artísticos que o influencia-
ram, após 1820.

Os dois primeiros movimentos artísticos da Idade Contemporânea são o Neo-


classicismo e o Romantismo, duas correntes de pensamento opostas, porém,
simultâneas.

Até o Neoclassicismo e o Romantismo, os movimentos artísticos aconteceram


um após o outro, se conectando, por ruptura ou por influência. Portanto, o “sim-
ples” fato de surgirem duas correntes de pensamento simultâneas, porém, com
ideologias opostas, já demonstra um resultado de uma mente questionadora do
homem, que busca alternativas para a reconstrução das sociedades.

O Romantismo e o Neoclassicismo são correntes de pensamento com ideologias


opostas que acontecem no mesmo momento da História. Os artistas de uma cor-
rente sabem o que os artistas da outra corrente fazem e, muitas vezes, rejeitam a
produção cultural do movimento contrário.

Dentre os dois movimentos, o Neoclassicismo é o que mais se relacionou com o


conceito funcional do Design, pois já impunha uma função social, moral e política
para a Arte da época, além de considerar as escolhas visuais mais agradáveis em
sua composição, uma vez que, como o próprio nome já adianta, se dedicou à volta
aos princípios gregos e romanos antigos e renascentistas. A civilização grega anti-
ga é considerada até hoje a civilização clássica, como também pela qualidade que
impunha em suas representações artísticas. Neo é um prefixo usado para se referir
ao que é “novo”, portanto, o Neoclassicismo é o “novo clássico”.

O Neoclassicismo se desenvolveu durante a Revolução Francesa, trazendo no-


vas formas de produção artística, principalmente durante o governo de Napoleão
Bonaparte, na França, ainda que sem se vincular ao governo.

O Romantismo, por sua vez, enfatizava a experiência individual do artista, ou


seja, os artistas do Romantismo acreditavam que uma obra de Arte deveria expres-
sar o estilo do artista, sem acreditar em uma função para a obra. Até por isso, os
movimentos tinham mentalidades opostas.

Assim como o Neoclassicismo surgiu em meio à um período de revolução, o


Romantismo, no início, se vinculou à Revolução Francesa, tornando-se um movi-
mento imperialista. Mas a decepção quanto ao resultado da Revolução Francesa
fez com que o Romantismo mudasse completamente seu foco, da exaltação para
a crítica.

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A fase final do Romantismo é quando o movimento se aproxima do Neoclassi-


cismo em ideologia, constituindo-se na fase de transição para outra corrente artís-
tica, o Realismo, que denuncia os vícios e males da sociedade, fruto da Revolução
Industrial, em meados de 1820. Mesmo que o faça de forma enfatizada e irônica,
tinha o intuito de apresentar realidades desconhecidas que revelam fragilidades.

Trocando ideias... Importante!


Lembre-se: o Design sempre foi uma ferramenta de reconstrução da sociedade, portanto,
o Romantismo, mesmo não tendo como característica inicial a funcionalidade da obra,
como o Neoclassicismo, pelo fato de ter mudado seu foco de representação, passando
também a criticar a forma de vida da época e dando origem ao Realismo, apresenta uma
forma de questionamento típico do pensamento da época.

O Realismo foi um movimento artístico e literário surgido em reação ao Roman-


tismo, como comentamos. Teve como principal característica o retrato da realidade
e os diversos temas sociais e como principal influên-
cia a industrialização, fruto da Revolução Industrial,
Portanto, mesmo antes do
assim como o Design Contemporâneo que comen- Design “oficial”, o Design
tamos no início. Os integrantes do Realismo repu- pós-industrial, já vemos
diaram o que chamaram de artificialidade, tanto do movimentos da Arte que
Neoclassicismo, quanto do Romantismo. Sentiam a se baseiam na mentalidade
questionadora e de recons-
necessidade de retratar a vida, os problemas e cos- trução que motivou muitos
tumes das classes média e baixa, não inspirados em movimentos do Design.
modelos do passado.

A Revolução Industrial
Como já comentamos anteriormente, para estudar movimentos relacionados
ao Design, devemos falar da Revolução Industrial, uma vez que, historicamente, o
Design começou a partir daí, aproximadamente em 1820.

Também como já mencionamos, a Idade Contemporânea ficou marcada como um


período da História com influência à industrialização, fruto da Revolução Industrial.

A Revolução Industrial não foi necessariamente um conflito momentâneo como


tantos outros. Trata-se de um período de transição nos processos de manufatura
pelo qual o mundo passou, e que aconteceu entre 1760 a 1820, quando acontece
um processo de industrialização da produção. Portanto, foi uma mudança que se
estendeu por muitos anos, sempre tendo impacto na produção de conhecimento
do homem.

Essa transformação incluiu a transição de métodos de produção artesanais para a


produção por máquinas, a fabricação de novos produtos químicos, novos processos

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de produção de ferro, maior eficiência da energia da água, o uso crescente da ener-
gia a vapor e o desenvolvimento das máquinas-ferramentas, além da substituição da
madeira e de outros biocombustíveis pelo carvão. A revolução teve início na Ingla-
terra e em poucas décadas se espalhou para a Europa Ocidental e Estados Unidos.

As principais particularidades dessa revolução foi a substituição do trabalho ar-


tesanal pelo trabalho assalariado e o uso das máquinas. Até o final do século 18,
a maioria da população vivia no campo e produzia o que consumia e, de maneira
artesanal, o produtor dominava todo o processo produtivo.

A Revolução Industrial é um divisor de águas na História e quase todos os as-


pectos da vida cotidiana da época foram influenciados de alguma forma por esse
processo. A população começou a experimentar um crescimento sustentado sem
precedentes históricos, com uma boa renda média. E esse novo estilo de vida se re-
fletiu também nas Artes, nos meios de produzir Arte e no Design que viria a surgir.

É aqui, por exemplo, que temos o advento da máquina fotográfica, como falare-
mos mais adiante. É o que podemos chamar de “Arte na era da máquina”.

Como falamos, o ideal da Revolução Industrial também teve impacto nas Artes.
As expressões artísticas desse período têm como característica retratar a realida-
de e os diversos temas sociais, em um repúdio à artificialidade vista até então. Já
podemos notar essa tendência no Neoclassicismo, no Romantismo e no Realismo
citados anteriormente.

O Impressionismo e o Design
Ainda na Idade Contemporânea, mais precisamente na metade final do século
19, portanto, já após a Revolução Industrial, temos outro movimento de destaque
na Arte, que se relacionou com o Design, o Impressionismo.

Surgido na França, em 1874, o Impressionismo foi um movimento artístico que


passou a explorar, de forma conjunta, a intensidade das cores, a sensibilidade do
artista e a observação da natureza, assim como a Art Nouveau, um movimento
do século 19 muito relacionado ao Design, que teve influência de um dos maiores
nomes impressionistas, o holandês Vincent Van Gogh, como veremos mais adiante
nesta disciplina.

O Impressionismo se baseava na observação minuciosa da luz sobre os objeti-


vos artísticos, suas variações, e como eles poderiam aparecer na tela dos pintores
impressionistas.

Como mencionamos, os impressionistas buscavam retratar em suas obras os


efeitos da luz do sol sobre a natureza, por isso, quase sempre pintavam ao ar livre.
A ênfase, portanto, era dada na capacidade da luz solar em modificar todas as
cores de um ambiente. Assim, a retratação de uma imagem mais de uma vez, em

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horários e luminosidades diferentes, era algo normal. Um exemplo disso é a série


de 18 telas de Claude Monet, para representar a Catedral de Rouen, na França, em
diferentes horas do dia, todas retratando a igreja de um mesmo ângulo.

Além disso, como também veremos numa próxima unidade da disciplina, outra
mostra da proximidade que o Design teve com a Arte é o brasileiro Eliseu Visconti.
Ele foi o principal nome impressionista no Brasil, pois teve contato com as obras
dos impressionistas europeus e soube transformar as características do movimento
conforme a cor e a atmosfera luminosa do nosso país.

Visconti não se vinculou à Art Nouveau, mas transitou pelo movimento, e, dessa
forma podemos dizer que, Eliseu Visconti, além de ter atuado como artista Impres-
sionista, atuou também como Designer, ainda que de maneira involuntária.

Trocando ideias... Importante!


Como citamos por algumas vezes, e citaremos ainda mais no decorrer desta disciplina,
muitos movimentos da Arte influenciaram movimentos do Design, sendo impossível
dissociar esses dois temas, uma vez que são extremamente próximos. Mesmo após a
Revolução Industrial, o Design continuou sendo influenciado pela Arte e por artistas que
são figuras muito importantes para movimentos artísticos.

Evolução da Imprensa
Por falar em temas que são intimamente relacionados ao Design, e ressaltando
os avanços que a Revolução Industrial trouxe para esses movimentos, podemos di-
zer que uma das primeiras áreas que tem relação direta com o Design, e que sofreu
impacto da industrialização, foi a tipografia, mais precisamente a imprensa.

A Revolução Industrial teve impacto direto na imprensa que, até então, usava
os tipos móveis de Johannes Gutenberg, uma invenção de 1450, século 15, ainda
da Idade Média, tratando-se de um processo mecanizado, porém, lento, já que as
folhas de papel eram inseridas na prensa, manualmente, uma a uma.

Como falamos, na Idade Média, em 1450, a prensa tipográfica de Gutenberg


revolucionou e indústria da escrita, ao esculpir cada caractere em um pedaço de
chumbo, o tipo móvel.

Para compor uma página, Gutenberg criava uma matriz, ou seja, coloca-
va cada tipo móvel lado a lado, amarrados, dentro de uma forma de madeira.
Essa matriz composta pelos tipos móveis era colocada na prensa tipográfica, era
passada uma camada de tinta sobre essa composição e o papel era prensado
contra ela, imprimindo a página no papel.

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Gutenberg revolucionou a indústria da escrita na Idade Média, pois, até sua
invenção, as publicações eram feitas com escrita manual e, depois dele, as publica-
ções puderam ser produzidas de forma mecanizada.

Essa tecnologia permitiu a impressão padronizada de mais de uma cópia de um


documento. A invenção de Gutenberg pôde ser usada por todos os meios de comu-
nicação que vieram a seguir, até o século 19, tanto que esse conceito de impressão
do documento de maneira padronizada fez com que Gutenberg fosse considerado
até hoje o pai da imprensa.

Trocando ideias... Importante!


Isso nos diz respeito pois, no Design, a invenção de Gutenberg também teve grande im-
portância, já que nós também usamos a tipografia para a composição de um trabalho,
além de usar conceitos do Design Editorial em nossas produções.

Após a Revolução Industrial, durante o século 19, surgiram alguns importantes


nomes que revolucionaram a imprensa: Lord Charles Stanhope, Friedrich König e
Ottmar Mergenthaler.

O primeiro responsável por revolucionar a imprensa pós-industrial foi Lord Charles


Stanhope, em Londres. Foi ele quem criou a impressora em metal fundido que
imprimia 250 folhas por hora e que também possibilitou a duplicação do tamanho
da folha impressa.

A impressora de Lord Stanhope operava basicamente da mesma maneira que


a prensa tipográfica de Gutenberg, ainda com tipos móveis, porém, tinha uma
operação mais simples e rápida para imprimir a folha no papel. Isso possibilitou o
aumento na quantidade de páginas impressas por hora.

A evolução da imprensa continuou com Friedrich König, na Alemanha, que


desenvolveu uma impressora com dois rolos móveis. A impressão tinha somente 3
etapas e autonomia para imprimir 400 folhas por hora.

Posteriormente, König aprimorou ainda mais sua criação. A impressora cilíndri-


ca de König passou a funcionar com um motor a vapor, o que possibilitou imprimir
1.100 folhas por hora. A última melhoria dessa impressora foi a impressão das
folhas em frente e verso.

Ainda no século 19, as impressoras chegaram a produzir 25 mil cópias por hora,
cerca de 416 por minuto. Contudo, se as impressoras de Lord Stanhope e Friedrich
König passaram a ser automatizadas com relação à impressão da folha, o mesmo
não se pode dizer em relação à tipografia usada nessas impressoras. Essas ainda
eram de certa maneira manuais, ou seja, o processo de composição da página
ainda era letra a letra, como comentamos, muito semelhante ao processo dos tipos
móveis de Gutenberg.

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Um dos responsáveis pela mecanização da tipografia foi Ottmar Mergenthaler,


somente no final do século 19, na Alemanha. Ele foi o criador da Linotype, tam-
bém conhecida como Linotipo. Tem esse nome porque, depois da criação, Ottmar
ouviu a seguinte frase: “Ottmar, você conseguiu! Uma linha de tipos (em inglês,
line o’type).”

Era como uma máquina de escrever gigante, em que todas as letras estavam
dentro da Linotype. As letras eram impressas no papel à medida em que o opera-
dor digitava no teclado.

A Linotype foi extremamente importante, pois conseguia fazer o trabalho de


cerca de 7 ou 8 tipógrafos que precisavam montar as matrizes manualmente com
os tipos móveis.

Com isso, o preço de um jornal que era de cerca de três centavos, despencou
para apenas um centavo, o número de páginas que compunham um exemplar se
multiplicou e a circulação disparou.

Tanto na impressora em si, quanto na tipografia usada para se imprimir uma


folha, isso só foi possível graças aos avanços da Revolução Industrial e à automati-
zação nos processos de produção que ela trouxe.

A evolução, fruto da industrialização, não aconteceu somente na imprensa,


como mencionamos aqui, a Revolução Industrial também impactou diretamente
a fotografia na época. Começaremos nossa próxima unidade falando um pouco
mais sobre esse assunto e sua evolução após a Revolução Industrial!

Não deixe de assistir à videoaula desta unidade para enriquecer ainda mais seus conhecimentos!

Em Síntese Importante!

Como vimos, a Idade Contemporânea começou em 1789, no século 18, com a Revolu-
ção Francesa, e se estende até os dias atuais, século 21. Os movimentos relacionados ao
Design Contemporâneo e a evolução da imprensa que estudamos nesta unidade, têm iní-
cio a partir de 1820, após a Revolução Industrial, na Idade Contemporânea, assim como o
Impressionismo que também citamos.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
A Revolução Industrial
CANEDO, L. B. A Revolução Industrial. 23. Ed. São Paulo: Atual, 1994. Col.
Discutindo a História.
História do Design Gráfico
PURVIS, A. W.; MEGGS, P. B. História do Design Gráfico. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

Filmes
Tempos Modernos
1936, em que o personagem Carlitos, de Charlie Chaplin, interage com o resultado
da Revolução Industrial e mostra o avanço da industrialização.
Linotype
2012, que apresenta os avanços e a revolução que a impressora Linotipo teve para
a imprensa pós-industrial.

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UNIDADE Contextualização e Período Pós-Industrial

Referências
BONSIEPE, G. Design: do material ao digital. Trad. Cláudio Dutra. Florianópolis:
FIESC/IEL, 1997.

GOMBRICH, E. H. A história da arte. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro:


LTC, 2008.

PETRINI, C. D. R. Legenda Cinética: tipografia em movimento e traduções narra-


tivas. São Paulo: Gênio Criador, 2018.

PURVIS, A. W.; MEGGS, P. B. História do Design Gráfico. São Paulo: Cosac


Naify, 2009.

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