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Projetos

Interdisciplinares
em Design
Material Teórico
Etapas de um Projeto

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Renata Guimarães Puig

Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Etapas de um Projeto

• Etapas de um Projeto.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Estudar as etapas de um projeto de interiores e entender sua aplicação profissional.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Etapas de um Projeto

Contextualização
Para exercer a profissão, o Designer de Interiores qualifica-se em cursos
Técnicos, Tecnológicos ou Bacharelados, ministrados por instituições de
ensino reconhecidas pelo MEC – Ministério da Educação, ou Secretarias
de Educação, e ainda pode formar-se em Arquitetura, tendo cursado a
disciplina de Arquitetura de Interiores. (Site ABD)

O profissional de Design de Interiores, o designer, projetará os espaços internos


residenciais, comerciais, institucionais, cenográficos e artísticos, de acordo com os
desejos e necessidades do cliente, em parcerias com diversos profissionais, com
o foco na estética e funcionalidade do espaço, usando elementos de composição,
ergonomia, entre outros. Um projeto de interiores deve considerar, além do edifício
em que a proposta será inserida, a localização, o contexto social e legal de uso, e
ainda a harmonia entre seus elementos.

Você pode ter mais informações sobre a profissão e atribuições do Designer, acessando o site
da ABD – Associação Brasileira de Designers de Interiores.
Disponível em: https://bit.ly/2GOEnyd.

A disciplina Projetos Interdisciplinares em Design pretende abordar as etapas do


projeto, da entrevista inicial até o seu detalhamento.
Design não desenho, mas o desenho faz parte do design. O design rela-
cionado a artes, podemos dizer, é um processo criativo que utiliza espa-
ço, forma, linhas, texturas, padronagens, bem como cor para solucionar
problemas e atingir metas específicas. (GURGEL, 2017, p. 27)

A unidade 1 nos mostra as etapas do projeto de design de interiores. Como


começar um projeto? Quais são as etapas envolvidas neste processo?

Segundo a autora e arquiteta Miriam Gurgel (2017), para que haja um projeto é
necessário um cliente, além de um espaço, seja ele existente ou a ser construído.

Cada escritório padroniza a maneira de apresentar e gerenciar seus projetos,


porém existem algumas etapas que nunca podem faltar. Conheça quais são elas e
a importâncias de cada uma.

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Etapas de um Projeto
Primeira Etapa – Estudos Preliminares
1. Estudo Preliminar

1.1. Reunião preliminar; Visita técnica – Levantamento de medidas da constru-


ção etc.;

1.2. Briefing – perfil do cliente e programa de necessidades (entrevista);

1.3. Proposta de trabalho e aprovação por parte do cliente;

1.4. Apresentação do conceito do projeto – Painel conceitual;

1.5. Entrega do layout do estudo preliminar – Planta baixa;

1.6. Apresentação e discussão das soluções propostas – painel conceitual, planta


baixa e amostras de materiais e revestimentos;

1.7. Desenvolvimento do layout ou estudo de uma nova possibilidade que atenda


aos objetivos e que se condicione à viabilidade técnico econômica;

1.8. Apresentação das imagens 3D, é opcional contratar ou não nesta etapa.

Após a primeira entrevista com o cliente serão absorvidas informações neces-


sárias para a elaboração do estudo preliminar. O prazo para a entrega desta etapa
pode variar, mas a média é de dez dias úteis, após levantamento de dados no local.

Assim, detalhando a fase, descrita acima: Quantas pessoas vão ocupar o es-
paço? Quais são as coisas que você pretende fazer com o espaço? Você gosta de
cozinhar? Quais são as idades das pessoas que usam o espaço?

Responder a essas perguntas ajudará o designer a ter uma melhor ideia sobre
cada cômodo e as necessidades pessoais de cada usuário do espaço. Se o seu clien-
te é um artista, por exemplo, seu estúdio deveria ser posicionado em uma sala que
recebesse luz natural através de uma grande janela. Uma vez que conversa com o
cliente e conhece todas essas informações, é hora de passar para o próximo estágio.

De posse das plantas, levantamento de dados conferidos in loco e imagens do


espaço, iniciamos o projeto.

Importante! Importante!

Entender as necessidades do cliente, seus sonhos e gostos, torna-se fundamental para


realizar um projeto personalizado e bem sucedido.

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UNIDADE Etapas de um Projeto

Visita Técnica é a etapa em que o profissional irá ao local da obra para conhe-
cer o espaço e poder ter ideias diferenciadas para sugerir aos possíveis clientes.
Dimensões (Figura 1), materiais existentes, posição solar, ventilação, pontos de luz
e de elétrica, pontos de água e esgoto, entre outros, são aspectos fundamentais
para a realização do projeto. Para o cliente é um momento importante de conhecer
e perceber como o profissional trabalha e decidir se irá contratá-lo ou não. Estes
elementos podem ser registrados por fotos, anotações e esboços.

Figura 1 – Levantamento de dados


Fonte: Getty Images

Assinada a Proposta/Contrato, é feito o Briefing, que nada mais é do que a


relação das necessidades e desejos dos clientes para o espaço a ser projetado, de
acordo com o que foi conversado na primeira reunião e visita técnica.

Esta etapa envolve a compreensão dos requisitos espaciais de cada cômodo,


através de um esboço. O designer de interiores deverá explicar as diferentes eta-
pas envolvidas na concepção do projeto (que podem aparecer no contrato). Saber
como o trabalho deve progredir permite ao cliente desfrutar do processo de estar
envolvido na compra de um tapete ou uma pintura, bem como amostras de tinta e
todos os outros detalhes.

Após a primeira reunião, o designer de interiores elabora um relatório com o


perfil do cliente e a análise do programa solicitado.

Análise do perfil e programa:


• Perfil do cliente;
• Edificação – tema, localização, dimensão;
• Programa – projeto para um ambiente específico, com observações de restrições do cliente;
• Acabamentos existentes;
• Áreas a serem trabalhada – ambientes, com observações. (GIBBS, 2009)

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Antes de contratar um serviço, é importante saber o que ele contempla e quais
etapas ele terá, no caso de projetos. Isso traz sem dúvida mais segurança e diminui
a ansiedade do contratante.

Essa fase do projeto se encerra com a apresentação do estudo preliminar por


perspectivas digitais, manuais, ou também por desenhos técnicos humanizados
como elevações, planta baixa, além do painel conceitual, painel semântico ou
mood board, que apresentará referências de espaços, estilo adotado, mobiliário,
revestimentos e paleta de cores (Figura 2).

Após aprovação do estudo preliminar é onde o projeto começa a criar forma e,


se for possível, já se inicia a estimativa de custos.

Figura 2 – Painel conceitual


Fonte: Reprodução

Segunda etapa – conceito


2. Anteprojeto

2.1. Processo criativo – realizado através do conceito apresentado no estudo


preliminar, levantamento do local e diagnóstico;

2.2. Apresentação dos levantamentos dos ambientes propostos – conceito;

2.3. Apresentação e discussão das soluções propostas, através de plantas com


escala adequada;

2.4. Desenvolvimento do layout ou estudo de uma nova possibilidade que atenda


aos objetivos e que se condicione à viabilidade técnico econômica para apresenta-
ção ao cliente.

O designer agora tem a visão dos sonhos do cliente. Agora que ele sabe o que
quer e gosta, começará a elaborar o projeto de design de interiores para o espaço,
além de escolher o mobiliário etc. (Figura 3).

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UNIDADE Etapas de um Projeto

Figura 3 – Anteprojeto – processo criativo


Fonte: Getty Images

À medida que o designer e o cliente analisarem os planos juntos, podem fazer


mudanças até que esteja completamente satisfeito. Simultaneamente, ele receberá
amostras de acabamentos interiores, materiais e revestimentos, tratamentos de ja-
nelas, acessórios e escolhas de tecidos para incorporar no projeto. O designer pode
traçar os requisitos finais e fazer pedidos para todos os itens que são necessários.
Representações digitais ou desenhos serão utilizados (Figura 4).

Figura 4 – Escolha de acabamentos, cores – anteprojeto


Fonte: Getty Images

O anteprojeto (Figuras 5 e 6) é considerado um pré-projeto executivo, nele é


determinado tudo o que foi projetado para o espaço, baseado no estudo preliminar
aprovado – o processo criativo passará da mente para o papel (GURGEL, 2017).
Essa fase de projeto é a diretriz para o projeto definitivo e a sua aprovação pelo
cliente é o que dá andamento ao projeto.

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“Lembre-se de que o projeto não será utilizado por você, mas por outra(s) pessoa(s), com características
físicas, gostos, desejos e sonhos diferentes dos seus, e que esse fato deverá ser levado em consideração
no momento da escolha dos meteriais.” (GURGEL, 2017, p. 23)

Figura 5 – Anteprojeto em planta baixa para apresentar ao cliente


Fonte: Reprodução

Figura 6 – Anteprojeto em 3D para apresentar ao cliente


Fonte: Barbara Borges Projetos

Terceira etapa – detalhamento


3. Projeto Executivo

3.1. Desenho definitivo da planta baixa (Figura 7);

3.2. Desenho detalhado das modificações de alvenaria, se houver;

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UNIDADE Etapas de um Projeto

3.3. Projetos complementares: paginação piso/parede, elétrica, luminotécnica,


hidráulica;

3.4. Memorial descritivo de acabamentos – tabela com custos para cotação do


orçamento definitivo;

3.5. Desenho detalhado de marcenaria especial, como: divisórias, estantes,


­armários e eventualmente de móveis exclusivos;

3.6. Pesquisa e seleção dos objetos e móveis complementares;

3.7. Solicitação de licenças e aprovações em órgãos públicos responsáveis,


se necessário;

3.8. Seleção de construtores/contratos.

Figura 7 – Projeto executivo – detalhamento


Fonte: Wikimedia Commons

Esta fase envolve o processo inteiro para o quadro de planejamento. São pran-
chas que mostrarão os layouts detalhados e os projetos complemetares: projeto
e acessórios elétricos (Figuras 8 e 9), planta de paginação de piso (Figura 10),
projetos de hidráulica (abaixo) etc. Podem ser representados ambientes inteiros ou
detalhamentos de suas peças de mobiliários, por exemplo, como estudaremos nas
próximas unidades (Figura 11).

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Figura 8 – Projeto executivo – planta pontos de elétrica
Fonte: Natalia Noleto

Figura 9 – Projeto executivo – planta de luminotécnica


Fonte: Reprodução

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UNIDADE Etapas de um Projeto

Figura 10 – Projeto executivo – planta paginação de piso


Fonte: Reprodução

Projeto executivo – esquema de hidráulica em banheiro: http://bit.ly/2X8q6me.

Figura 11 – Projeto executivo – detalhamento mobiliário cozinha


Fonte: Reprodução

As especificações de um projeto de interiores evitam possíveis confusões


em relação ao que é solicitado ao pintor, por exemplo, garantindo tam-
bém a qualidade dos acabamentos. (GIBBS, 2009, p. 157)

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Especificações de interiores:
• Cliente;
• Ambiente;
• Piso, parede, teto, rodapé, janelas portas etc.
• Observações gerais sobre o ambiente. (GIBBS, 2009)

Esta é uma parte muito crítica do projeto. Uma vez que o designer tenha tudo
documentado, a equipe de construção precisará ver este documento para saber o
que se espera dele na obra.

Em uma reforma, por exemplo, a fiação pode ter que ser reencaminhada pelo
chão para pontos elétricos adicionais para um sistema de cinema em casa ou para
iluminação embutida.

O projeto executivo é a fase mais demorada e esperada, pois é nela que apare-
cerão todos os detalhes, como: demolição, acabamentos de construção, elétrica,
hidráulica, gesso, iluminação e mobiliários, entre outros. Costuma-se pedir pelo
menos 15 dias úteis para a entrega desse documento.

Esta etapa também compreende as licenças e as aprovações do projeto em


órgãos públicos responsáveis, portanto, a parceria com arquitetos e engenheiros
é fundamental. “O designer de interiores precisa conhecer a documentação exi-
gida e apresentá-la corretamente, além de acompanhar e atender as solicitações
realizadas” (GIBBS, 2009, p. 158).

Quarta etapa – obra


Com o projeto executivo em mãos, é o momento de fazer o cronograma de
obra, orçamentos concretos para compras, acompanhamento da obra, se necessá-
rio, instalação do mobiliário e adereços, se necessário, para que tudo que esteja no
papel seja realizado para a entrega.

Se o cliente está construindo uma casa a partir do zero ou reformando uma


casa existente, você e a equipe de construção trabalharão juntos. O designer de
interiores está envolvido na construção e supervisiona/gerencia tudo, se for acor-
dado em contrato.

Garante que o trabalho esteja indo de acordo com o cronograma e que to-
dos os acessórios e elementos tenham sido entregues e instalados corretamente.
O designer fará uma verificação de qualidade e assegurará que nenhum dos itens
esteja danificado.

A programação da execução da obra estabelece as diferentes fases de trabalho a


serem desenvolvidas, desde as demolições, as novas estruturas, as instalações elé-
tricas e de iluminação e a colocação dos acabamentos específicos, até a arrumação
do mobiliário e adereços.

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UNIDADE Etapas de um Projeto

Programação da obra:
• Demolição;
• Estrutura;
• Iluminação;
• Elétrica;
• Revestimento de paredes;
• Acabamentos;
• Piso;
• Mobiliário. (GIBBS, 2009)

A conclusão do processo é a verificação de todos os aspectos da construção, pois


tudo deve estar de acordo com o projeto. Nesta etapa final, o cliente e o d ­ esigner
de interiores trabalham juntos para verificar e garantir que todos os resultados de-
sejados foram obtidos, assim como ainda fazer algumas correções necessárias no
projeto, como pintura danificada etc. (Figura 12).

Figura 12 – Obra – Conferência do detalhamento para construção


Fonte: Getty Images

Uma das vantagens de realizar a entrega formal da obra é que o designer de


interiores poderá impressionar o cliente. Muitos designers reservam certa quantia
de dinheiro para criar uma atmosfera especial para celebrar a chegada do cliente,
por exemplo, usando flores, entre outros (Figura 13).

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Figura 13 – Projetos finalizados com adereços
Fonte: Reprodução

No período após o término da obra acontece a entrega das últimas faturas e


garantias ao cliente, além da possibilidade do profissional solucionar os últimos
problemas, que pode durar de duas semanas até seis meses após a entrega, depen-
dendo do tipo de trabalho realizado.

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UNIDADE Etapas de um Projeto

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

  Sites
Associação Brasileira de Designers de Interiores
Acesse o site da ABD, Associação Brasileira de Designers de Interiores e entenda
sobre o universo da profissão.
https://bit.ly/2DFh0q8

 Livros
Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas residenciais
GURGEL, Mirian. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas
residenciais. 7. ed. São Paulo: SENAC São Paulo, 2013. 304 p.

 Vídeos
Como criar um painel de inspiração (moodboard) – 4 passos
Este vídeo ensina como montar um painel conceitua/ semântico ou mood board.
https://youtu.be/UL8RgdPVf7g
4 Etapas Básicas para Executar Projeto de Interiores
Assita este vídeo e entenda as etapas para a execução de um projeto de interiores.
https://youtu.be/dHiIl5lzwPc

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Referências
CAMBIAGHI, S. Desenho universal: métodos e técnicas para arquitetos e
urbanistas. São Paulo: Senac, 2011.

CHING, F. D. K. Arquitetura, forma, espaço e ordem. 3. ed. São Paulo. Martins


Fontes, 2012.

GIBBS, Jenny. Design de interiores: guia útil para estudantes e profissionais: guia
útil para estudantes e profissionais. 2. ed. Londres 2009.

GURGEL, Mirian. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para


áreas residenciais. 7. ed. São Paulo: SENAC São Paulo, 2013. 304 p.

LAWSON, B. Como arquitetos e designers pensam. São Paulo. Oficina de


Textos, 2011.

LEE, V. 10 princípios do bom design de interiores. São Paulo. Germakoff, 2012.

MANCUSO, C. Guia prático do design de interiores. Porto Alegre: Sulina, 2005.

NEUFERT, P. Casa, apartamento e jardim. São Paulo: GG Brasil, 2008.

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Projetos Interdisciplinares
em Design
Material Teórico
Mobiliário Residencial

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Renata Guimarães Puig

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
Mobiliário Residencial

• Introdução;
• Conceito;
• Exemplos de Aplicação;
• Desenho Técnico de Móvel.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Estudar e conhecer o mobiliário residencial aplicado ao projeto e seu desenho.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Mobiliário Residencial

Introdução
Nas unidades anteriores nos trouxemos o ambiente interno residencial e o mobi-
liário residencial, consequentemente, e sua utilização no espaço. Segundo a autora
Miriam Gurgel (2007, p. 18):
A casa é onde dormimos, comemos, guardamos coisas que são impor-
tantes para nós, recebemos amigos, ou seja, onde vivemos e nos senti-
mos protegidos. O planejamento adequado dos diferentes ambientes de
uma casa deve propiciar o acontecimento de todas essas atividades às
quais a casa se destina. A casa não deve ser estática, pois nossa vida não
o é. Somos seres em movimento e em constante evolução.

Portanto, o design de interiores deve criar ambientes onde a forma e a função se


encontrem e resultem num projeto em que cada indivíduo seja refletido.

O ambiente residencial pode ser dividido em três áreas, setores ou zonas: social,
íntima e serviço, além das circulações. Sendo assim, para cada uma dessas zonas
temos conceitos diferentes, bem como seus mobiliários (Fig. 1). Faremos um pas-
seio pela casa e seus ambientes nesta unidade de estudo.

Figura 1 – Setorização de residência


Fonte: Hantei Engenharia, 2006

A área social é composta pelas salas de estar, jantar, jogos, TV e lavabos. Ainda
dentro da sala de estar, por exemplo, podemos ter ambientes variados, como espaço
para leitura.

Na zona íntima/privada, encontramos dormitórios, salas íntimas e banheiros.


Os dormitórios têm os espaços de dormir, vestir, brincar.

A área de serviços/trabalho compreende a cozinha, copa, lavanderia e escritório.


A cozinha pode conter a despensa etc.

Cada ambiente é composto por uma série de elementos que têm sua função
distinta e devem contribuir para o bem estar de que o utiliza, através da sua

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composição com a iluminação, cores e texturas dos materiais. O mobiliário está
entre esses elementos.

A Ergonomia ou Ergonometria também é um elemento fundamental para a


organização do leiaute, circulações e projeto dos mobiliários em ambientes inter-
nos. “[...] trataremos como ergonometria as medidas mínimas para que as pessoas
possam executar suas atividades sem comprometimento com o espaço ao redor.”
(GURGEL, 2007, p. 137).

Ao projetarmos portas e corredores, devemos pensar no que passa por eles,


portanto as medidas mínimas (1,0m) devem ser levadas em conta para uma circu-
lação fluir (GURGEL, 2007) (Fig. 2).

Distâncias mínimas, alturas padrão, revestimentos, tamanho e formato de uma


mesa devem ser levados em consideração num projeto, como estudaremos a seguir.

40cm 60cm 90cm 95cm 115cm

Figura 2 – Dimensões mínimas recomendadas para corpo humano em movimento


Fonte: Adaptado de GURGEL, 2013

Importante! Importante!

As características físicas do homem (altura, alcance etc.) são importantes para atividades
do dia-a-dia e podem variar de acordo com a sua nacionalidade. Tais medidas irão deter-
minar o desenho dos móveis que farão parte dos ambientes projetados.

Conceito
“Sem mobiliário, não há interior.” (BOOTH E PLUNKETT, 2015, p. 6). Inicia-
mos refletindo sobre a frase acima. Num interior, os usuários do espaço mantém
contato físico e visual direto com os móveis e vivenciam sua eficácia prática e lin-
guagem estética, portanto têm um papel fundamental na ocupação dos ambientes
– estimular a estética/forma e atender às funções necessárias, cadeiras para sentar,
mesas para apoiar etc.

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UNIDADE Mobiliário Residencial

“As dimensões serão determinadas pelas limitações do corpo humano, e os materiais


pelos diferentes graus de uso e abuso a que estiverem sujeitos.” (BOOTH e PLUNKETT,
2015, p. 6).

O mobiliário se desenvolveu ao longo dos tempos, mudando sua forma e maté-


rias, de acordo com as novas tecnologias que surgiam – da madeira aos plásticos,
por exemplo. O sucesso de um móvel dependerá de sua capacidade de atender e
estimular a experiência de cada usuário, através da sua textura, entre outros.

Assim, nos ambientes domésticos os móveis valorizam um projeto, através de


pequenos recintos, criando delimitações entre os espaços e organizando para um
melhor uso de seus usuários (Fig. 3).

Figura 3 – Móveis configuram o espaço


Fonte: Martins, 2015

Os ambientes domésticos possuem mobiliário que serve para diversas ativida-


des: “desde as interações sociais dos hóspedes mais exuberantes até a inércia de
um indivíduo que está dormindo, sempre respeitando as preferências do cliente.”
(BOOTH e PLUNKETT, 2015, p. 80).

Sendo assim, o papel dos designers é fundamental, conciliando expectativas dos


clientes com as funções de uma casa. A distribuição dos móveis pode ser deter-
minada por elementos existentes, como portas e janelas, entre outros. Assim, um
projeto com layout bem trabalhado pode transformar um espaço, como o exemplo
da figura acima.

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Neste universo residencial, temos os móveis planejados, desenhados exclusiva-
mente sob medida, os de valor afetivo, os de pronta entrega, os que têm um design
especial, enfim, uma infinidade de possibilidades, até as lojas que vendem o móvel
pré-montando para a pronta entrega.

Exemplos de Aplicação
Existem os móveis para sentar, apoiar, armazenar, deitar etc. (Fig. 4). Os mate-
riais também são variados e surgiram ao longo dos anos. No início dos tempos, a
pedra era usada como móvel para armazenar e sentar; logo a madeira se tornou o
principal material utilizado; o estofamento, com os tecidos, surgiu pela necessidade
de conforto ao sentar. As chapas e os laminados à base de madeira apareceram.
Os metais na Idade Média trouxeram a flexibilidade do dobrar do móvel.

E no século XX, os plásticos e seus derivados. No século XXI, os móveis, além


de funcionais, podem ser conceituais com materiais, fixações e ferragens variados
e inusitados, como a produção dos designers brasileiros Irmãos Campana (Fig. 5).

Figura 4 – Móvel para deitar Figura 5 – Cadeira Favela


Fonte: Wikimedia Commmons Fonte: Campana, 1991

A cadeira favela, desenvolvida pelos designers Fernando e Humberto Campana (anos 2000),
Explor

mais conhecidos como Irmãos Campana, foi inspirada na favela da Rocinha no Rio de Janeiro,
e construída a partir da reutilização de sarrafos de madeira descartados por outras pessoas.
Com um visual rústico e diferente da maioria das peças de outros designers famosos, a ca-
deira favela chama atenção por si só, independente do local onde for disposta ou do tipo de
decoração presente no ambiente. É importante ressaltar que a peça é inteiramente fabricada
com madeira pinus, para áreas internas e em madeira teca para uso em áreas externas, e que
o item não possui estrutura interna e é inteiramente pregada e colada.

Vamos percorrer os ambientes de uma residência e entender a aplicação do mo-


biliário. Em seguida entenderemos como pode ser feito o desenho do móvel.

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UNIDADE Mobiliário Residencial

Importante! Importante!

Quando falamos em acessibilidade, significa o ato de facilitar o acesso e locomoção às pes-


soas portadoras de deficiência e também a todas as pessoas, como por exemplo, optar por
maçanetas de alavanca, local para depósito de guarda-chuvas molhados. (GURGEL, 2017)
Conheça a Norma Técnica NBR 9050/04 da ABNT, que controla as dimensões de sanitá-
rios, rampas, sinalizações para pessoas com deficiência, entre outros.

O hall de entrada é o primeiro contato com a casa, ditará o seu estilo e faz parte
da zona social. Pode ser composto por um aparador para as chaves ou correspon-
dências ou ainda guarda-chuvas e casacos (Fig.6).

Figura 6 – Hall de entrada - aparador


Fonte: Adaptado de Getty Images

A sala de estar é um local para conversas, música ou assistir TV e para cada


conformação teremos novas possibilidades de móveis, criando centros de interesse.
A variação de sofás é enorme e a escolha vai depender do cliente. Poltronas também
podem ajudar a compor o espaço como apoio, bem como os pufes. Mesas de centro
podem ser usadas quando a sala é grande, do contrário, aposte nas laterais.
Os racks para TV são uma opção para o mobiliário (Fig. 7).

Figura 7 – Sala de estar


Fonte: Beauparlant Design, 2011

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Sala de TV ou Home Theater (Fig. 8) pode aparecer separado da sala de estar,
como móveis e materiais e revestimentos mais específicos para os equipamentos
usados e as distâncias adotadas. Sofá confortável e local para estoque de objetos
devem ser pensados.

Figura 8 – Sala de TV
Fonte: Getty Images

Sala de jantar, para muitas famílias, é um ambiente somente usado em ocasiões


especiais, para outras, é usado no dia-a-dia. A mesa deve levar em consideração a
circulação dos usuários (mínimo 60 cm). Cadeiras de braço ocupam mais espaço,
por exemplo. Cristaleiras, aparadores ou buffets com portas e/ou gavetas são op-
ções de móveis para armazenamento ou apoio (Fig. 9).

Figura 9 – Sala de jantar


Fonte: Getty Images

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UNIDADE Mobiliário Residencial

O próximo ambiente no percurso da casa é a cozinha, que pode ser ligada à sala
de jantar e faz parte da zona de serviço ou trabalho. É um dos locais mais comple-
xos da casa, pois armazena e preserva alimentos. O mobiliário da cozinha deve ser
feito sob medida, pois assim, serão aproveitadas todas as possibilidades de espaço.
As maiores podem ser gourmet, abertas (Fig. 10) ou fechadas. A regra básica é dei-
xar a área de trabalho em uma distribuição triangular ou linear (fogão cozimento,
pia preparo, geladeira armazenamento).

Figura 10 – Cozinha aberta


Fonte: Getty Images

A lavanderia é um ambiente em que a tecnologia está presente nas máquinas


de lavar/secar juntas. Suas atividades são preparar, lavar, secar e passar as roupas.
Além de armazenar mantimentos e equipamentos de serviço (Fig. 11).

Figura 11 – Lavanderia
Fonte: Getty Images

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A zona íntima tem os dormitórios como principais ambientes – lugar para dor-
mir, relaxar, armazenar. O dormitório de casal (Fig. 12) é composto pela cama,
criados-mudos, cômoda e armários para roupas, quando não há closet. Existem
variações como os dormitórios de hóspedes/escritórios, com escrivaninhas; com
duas camas, de solteiro ou de bebê, com berço.

Figura 12 – Dormitório casal


Fonte: Getty Images

Os armários (Fig. 13) e closets (Fig. 14) são móveis para armazenar e podem
ser modulares, embutidos; devem ser de fácil manutenção e funcionalidade para
o cliente. O modelo a ser escolhido dependerá das necessidades do cliente e dis-
ponibilidade de espaço – distribuição interna para roupas em gavetas, dobradas
(prateleiras), penduradas (cabideiros), sapatos, malas. E as portas que podem ser de
correr, abrir ou ainda sem elas.

Figura 13 – Armário
Fonte: Getty Images

15
15
UNIDADE Mobiliário Residencial

Figura 14 – Closet
Fonte: Getty Images

Os banheiros (Fig. 15) estão localizados nas áreas íntimas – dormitórios (suítes)
e de serviço com chuveiro e na área social sem, como lavabo. Os armários, gabi-
netes serão locais de armazenamento. Os mais antigos e em residências abastadas
eram conhecidos como salas de banho, com mesas e sofás, o que hoje ainda
temos em spas.

Figura 15 – Armário banheiro


Fonte: Getty Images

16
O último ambiente a ser analisado é o escritório ou home office (Fig. 16). É um
projeto complexo de mobiliário, pois dependendo do perfil do cliente será necessá-
rio certo número de equipamentos e espaços para armazenar livros, materiais de
escritório. Uma opção é ter um dormitório de hóspedes.

Figura 16 – Home office


Fonte: Getty Images

O termo design de mobiliário é uma vertente do design de produto que lida com a concepção
Explor

de móveis. Design de mobiliário inclui vários tipos de objetos mobiliários e de Decoração de


Interiores. A intenção de um designer de móveis está na concepção e realização do mobiliá-
rio de acordo com aspectos funcionais, estéticos e compatíveis com o usuário (Fig. 17). 

Figura 17 – Mobiliário Thonet, séc. XIX


Fonte: Wikimedia Commons

17
17
UNIDADE Mobiliário Residencial

Desenho Técnico de Móvel


As projeções ortogonais da geometria descritiva são usadas no desenho técnico
de móveis. Um objeto pode ficar claramente representado por uma só vista ou pro-
jeção (outros ficarão bem mais representados por meio de 3 projeções ou vistas).
Haverá casas ou objetos que somente serão definidos com o uso de maior número de
vistas, mas usamos mais em projetos três – superior, frontal e lateral (Figs. 18 e 19).
Seguimos as normas técnicas de desenho, aplicando as espessuras de linhas pa-
drão etc.

A NBR 6492 - Representação de Projetos de Arquitetura fixa às condições exigíveis para re-
Explor

presentação gráfica de projetos de arquitetura, visando a sua boa compreensão.


Já a NBR 10068 - Folha de desenho - Leiaute e dimensões - Padronização, ajuda na aplicação
da norma anterior.

VISTA LATERAL
(FACHADA)

VISTA FRONTAL
(FACHADA)

VISTA SUPERIOR
(PLANTA DE ABERTURA)

Figura 18 – Projeções ortogonais - esquema


Fonte: Acervo do Conteudista

VISTA INFERIOR
(RARAMENTE USADA)

FACHADA DIREITA FACHADA FRONTAL FACHADA ESQUERDA VISTA POSTERIOR

COBERTURA

Figura 19 – Projeções ortogonais - vistas


Fonte: Acervo do Conteudista

18
Estudamos na unidade anterior, que a terceira etapa de um projeto de interiores
destina-se ao detalhamento do mesmo para sua execução. Esta fase envolve o
processo inteiro para o quadro de planejamento. São pranchas que mostrarão os
layouts detalhados e os projetos complementares: projeto e acessórios elétricos,
planta de paginação de piso, projetos de hidráulica, além do detalhamento e especi-
ficação dos móveis. Podem ser representados ambientes inteiros ou detalhamentos
de suas peças de mobiliários, por exemplo.

O projeto completo deve ser acompanhado de detalhes construtivos (portas,


janelas, balcões, armários, e outros) e de especificações de materiais (piso, parede,
forros, peças sanitárias, coberturas, ferragens etc.). Com estes dados preparam-se
o orçamento de materiais e os projetos complementares como: projetos estrutural,
elétrico, telefônico, hidrossanitário, prevenção contra incêndio e outros.

Os desenhos correspondentes à fase executiva envolvem um processo de desenvol-


vimento, planejamento e detalhamento de todos os elementos propostos, como mos-
tram as pranchas com detalhamento de diversos mobiliários residenciais (Figs. 20 e 21).

Figura 20 – Detalhamento de mobiliário - cadeira


Fonte: Acervo do Conteudista

19
19
UNIDADE Mobiliário Residencial

Figura 21 – Prancha com detalhamento de mobiliário banheiro/gabinete


Fonte: Acervo do Conteudista
Explor

Detalhamento de mesa – desenhos e especificações: https://bit.ly/30kDJ4a.

O ideal para o profissional de Design é desenhar as vistas do móvel, externas e


internas, com cortes, fazer perspectiva isométrica, além da explodida (que mostrará
as partes e os encaixes do móvel), não se esquecendo das especificações de mate-
rial base, acabamentos, metais, ferragens, entre outros.

Ao longo desse processo do projeto, o cliente pode rejeitar a compra de móveis


novos, sejam eles planejados, prontos ou de marcenaria, mas aceitará as sugestões
de reaproveitamento dos móveis preexistentes.

Assim, “Um interior bem-sucedido e os móveis que o completam emergem de


um entendimento das necessidades do cliente e das realidades de uma edificação
preexistente.” (BOOTH e PLUNKETT, 2015, p. 168).

20
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Associação Brasileira de Designers de Interiores
http://bit.ly/2vWPjov
NBR 6492
NBR 6492 - Representação de Projetos de Arquitetura
http://bit.ly/2vYyj16

Livros
NBR 9050/04
Leia um pouco da NBR 9050/04, da ABNT, e fique por dentro das normas de
acessibilidade.
Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas residenciais
GURGEL, Mirian. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas
residenciais. 7.ed. São Paulo: SENAC São Paulo, 2013. 304 p.

21
21
UNIDADE Mobiliário Residencial

Referências
BOOTH, Sam, PLUNKETT, Drew. Mobiliário para o design de interiores. São
Paulo: Gustavo Gili, 2015.

GIBBS, Jenny. Design de interiores: guia útil para estudantes e profissionais. 2 ed.
Londres 2009.

GURGEL, Mirian. Projetando espaços: design de interiores. 6.ed. São Paulo:


Editora SENAC São Paulo, 2017.

GURGEL, Mirian. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas


residenciais. 7.ed. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2013. 304 p.

MANCUSO, C. Guia prático do design de interiores. Porto Alegre: Sulina, 2005.

NEUFERT, P. Casa, apartamento e jardim. São Paulo: GG Brasil, 2008.

22
Projetos Interdisciplinares
em Design
Material Teórico
Mobiliário Comercial

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Renata Guimarães Puig

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Mobiliário Comercial

• Conceito;
• Exemplos de Aplicação;
• Desenho Técnico de Móvel.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Estudar e conhecer o mobiliário comercial aplicado ao projeto e seu desenho.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Mobiliário Comercial

Conceito
Ao longo da história, do século XIX até o século XX, a arquitetura de interiores
praticamente não existia. Os ambientes comerciais, como as lojas, eram decorados
por seus proprietários.

Por volta dos anos 1970, segundo a arquiteta Clarice Mancuso (2014), com o sur-
gimento dos shoppings, o ambiente comercial gerou uma demanda de profissionais
especializados trabalhando em seus interiores, pois cada espaço projetado geraria
um retorno ao proprietário do empreendimento.

A definição da iluminação, a cor, os materiais podem modificar o olhar do con-


sumidor. Ainda comenta a autora (MANCUSO, 2014): “Uma mercadoria bem ilumi-
nada e com sinalização estratégica posicionada muda todo o ambiente!”.

A luz em excesso, por exemplo, pode ser prejudicial nos provadores de roupas,
já a iluminação de uma boate precisa de muita “penumbra”.

Sendo assim, perceberemos que é extensa a tipologia dos ambientes comerciais.

Tipologia: a ciência que estuda tipos, diferença intuitiva e conceitual de formas de modelos
Explor

básicas. É usada para definir diferentes categorias. Na arquitetura, consiste no estudo de


tipos elementares que podem formar uma norma pertencente à linguagem arquitetônica.

Exemplos de Aplicação
“Entende-se por ambiente comercial, no caso, tudo que não seja residencial: lojas,
hotéis, restaurantes, consultórios, escolas, clubes etc. São inúmeros tipos, mas pos-
suem alguns pontos em comum.” (MANCUSO, 2014, p. 99.)

Nesta Unidade, incluiremos nos ambientes comerciais as lojas (Figura 1), pois na
próxima unidade 4, estudaremos os ambientes institucionais através dos escritórios,
consultórios, bem como restaurantes, bares e lanchonetes, por possuírem áreas
para funcionários.

O ambiente comercial é aquele utilizado para gerar trabalho, e cada tipo de pos-
sibilidades desse ambiente (loja de móveis, de roupas etc.) vai gerar um programa de
necessidades diferente. E, consequentemente, a necessidade de mobiliários especí-
ficos surge.

8
Figura 1 – Loja com mobiliário sob medida
Fonte: Getty Images

A lotação desse ambiente comercial é determinada pelo Código de Obras da ci-


dade e estabelece a metragem quadrada por pessoa em relação à área útil utilizada
para a atividade proposta, como em São Paulo, por exemplo: comércio e serviços
– setores de acesso ao público – 5,00; sem acesso ao público – 7,00; circulação ho-
rizontal em centros comerciais – 5,00 (GURGEL, 2005).

Importante! Importante!

Acesse o Código de Obras e Edificações de sua cidade!!!

Iniciamos o nosso percurso pelo projeto comercial – lojas: pela entrada, recep-
ção, que é um forte atrativo nesse tipo de projeto. É o primeiro contato do cliente
com os interiores e produtos, portanto deve ser convidativa, sejam lojas com acesso
diretamente nas vias externas (Figura 2) ou em shoppings (Figura 3). Iluminação
agradável e materiais antiderrapantes podem ser uma boa escolha para esse es-
paço, que será o cartão de visitas da marca. Algumas lojas possuem uma entrada
central ou lateral com destaque para a vitrine, outras não a possuem, mas o cliente
deve se sentir à vontade e convidado a entrar no espaço.

Figura 2 – Loja com acesso pela rua Figura 3 - Loja de shopping


Fonte: Getty Images Fonte: Getty Images

9
9
UNIDADE Mobiliário Comercial

Importante! Importante!

Não se esqueça da acessibilidade em qualquer um dos casos de localização do comércio,


desde a entrada até o interior do espaço. Para isso, a NBR 9050 – Acessibilidade a Edifi-
cações pode ajudar você!

“Um dos maiores concorrentes que alguns empresários enfrentam hoje em dia
é a internet. Com a possibilidade de compra on-line, não só no Brasil como em
qualquer parte do mundo, a competição tornou-se muito mais acirrada.” (GURGEL,
2005, p. 176,) Esse fato mudou o comportamento da população, que se acomodou
em casa, sem filas e incômodos.

Ainda de acordo com Miriam Gurgel (2005), o papel dos designers passou a ter
mais responsabilidade, pois este profissional deve representar através do projeto
a filosofia da empresa, com ambientes que atraiam o público. Assim, o resultado
visual pode interferir na entrada ou não do cliente na loja.

O projeto da loja tem que seguir os conceitos e necessidades solicitados pelo


cliente, usando matérias e iluminação adequadas ao produto que nela será vendido.
A atração começa pela vitrine ou fachada (Figura 4), que pode apresentar diversas
propostas, como já foi mencionado.

Figura 4 – Vitrine e seus componentes


Fonte: Wikimedia Commons

10
A tecnologia deve estar presente: computadores para consulta (Figura 5), telas com produtos, ilumina-
ção e som. Aplicados com criatividade, esses itens realçam o projeto.

Figura 5 – Computadores para consulta de produtos em loja - mesas


Fonte: Amaro/Divulgação

Os provadores (Figura 6), dependendo do tema da loja, devem prever iluminação e


circulação adequadas e confortáveis. Atenção também deve ser dada ao piso (carpete
ou madeira).

Figura 6 – Provador - Cabideiro e Banco


Fonte: Getty Images

11
11
UNIDADE Mobiliário Comercial

A área de atendimento (Figura 7) pode aparecer com estações de trabalho ou ser


independente, com mesas de apoio (Figura 8), armários baixos, isso vai depender
das necessidades da loja e proposta de projeto para a marca. O balcão como barrei-
ra entre vendedor e cliente distanciava a comunicação e, assim, outros expositores
aparecem com os produtos (com vidro).

Os móveis expositores em qualquer área de uma loja devem ser estáveis, uma
arara não deve empenar com o peso, por exemplo (BOOTH e PLUKETT, 2015).

Figura 7 – Área de Atendimento Figura 8 – Área de Atendimento – Mesas


Fonte: Getty Images Fonte: Reprodução

Área de café, chá ou água (Figura 9) podem aparecer em algum aparador ou


pequeno armário, bem como próxima da área de espera, equipada com sofá, pol-
tronas, cadeiras ou bancos (que estimulam as vendas).

Finalmente o caixa (Figura 10), que deve estar em um local de fácil acesso - estra-
tégico - e sinalizado de alguma maneira. Um balcão é sempre utilizado e pode trans-
mitir a identidade da marca. Se localizado na entrada, garante um melhor controle.

Figura 9 – Área de Café - Aparador Figura 10 – Caixa Balcão


Fonte: Getty Images Fonte: Getty Images

O estoque (Figura 11), mesmo que pequeno, é um setor importante, para arma-
zenamento de mercadorias (estantes e/ou prateleiras são utilizadas). Área adminis-
trativa é facultativa, dependendo da loja.

12
Figura 11 − Estoque
Fonte: Getty Images

O controle de circulação de clientes é importante para a venda, para que os objetos


fiquem visíveis.

Importante! Importante!

A marcenaria, consequentemente o desenho do mobiliário, será fundamental para os


projetos desses ambientes comerciais.

Devemos perceber no nosso percurso pelas áreas de uma loja que não estão pre-
vistas instalações de sanitários nas lojas em shoppings.

O estabelecimento de normas tem como objetivo apresentar o maior número de


informações técnicas necessárias para que os projetos possam ser elaborados na
mais completa normalidade nesses locais. A não observância por parte do lojista de
qualquer norma fixada implicará a sua total responsabilidade pelas contravenções
previstas no contrato de locação.

Na elaboração dos projetos de arquitetura/design de interiores, os profissionais


contratados pelos lojistas poderão conduzir-se com a maior liberdade criativa,
definindo o partido e a funcionalidade, coerentes com o ramo de negócio de
cada loja, especificando os materiais de acabamento, cuja seleção deverá buscar
a harmonia e a beleza do conjunto.

Na elaboração dos projetos para instalações técnicas (estruturais, hidráulicas, de


telefones, de ar-condicionado etc.), os profissionais contratados peIos lojistas deve-
rão obedecer às normas da ABNT, especificando os materiais compatíveis com os
projetos do shopping.

Os lojistas deverão apresentar todos os projetos de instalações comerciais (ela-


borados por profissionais capazes e idôneos), obedecendo às normas adotadas pela
gerência. Eles deverão conter, no mínimo, o seguinte:

13
13
UNIDADE Mobiliário Comercial

Arquitetura/Design de Interiores
• Planta(s);
• Cortes longitudinal e transversal;
• Fachada;
• Perspectiva interna;
• Detalhamento;
• Memorial descritivo.

Sendo assim, o profissional contratado deve pesquisar e selecionar o mobiliário,


materiais e revestimentos - piso, parede, forro, divisórias, mesas, cadeiras, armários,
luminárias, objetos decorativos etc., definindo cores e acabamentos.

As etapas do projeto comercial compreendem:


• Contato com o cliente: proprietário do local – perfil e programa de necessidades;
• Levantamento métrico: mobiliário e equipamentos;
• Proposta e contrato: para assegurar o profissional de que o projeto será execu-
tado no local acertado, por exemplo;
• Leitura das diretrizes para Projeto de Loja;
• Início do projeto: estudos – setorização, circulação e layout;
• Projeto: anteprojeto, projeto, detalhamento (mobiliário), execução.

Importante! Importante!

Franquia é uma loja que usa uma matriz de projeto e ramifica suas atividades em diversas
lojas. Difere da filial na medida em que as lojas franqueadas pertencem a proprietários
diferentes, que pagam por explorar a operação.

Desenho Técnico de Móvel


Cada decoração tem suas características. Quando se quer seriedade, a opção
é por madeiras mais escuras nos móveis. Ao contrário, móveis de linhas claras
tornam-se leves.

“Em geral, acredita-se que a mobília em estabelecimento comercial, seja para expor os pro-
dutos, seja para proporcionar maior conforto ao cliente, deva ser um complemento modesto
à mercadoria em oferta.” (BOOTH, PLUKETT, 2015, p. 20.)

14
Devemos levar em conta no projeto dos móveis comerciais o tema da loja; mui-
tos designers optam pelo ambiente minimalista ou neutro, para dar destaque aos
produtos, já outros escolhem expositores complexos, que atraem, mas podem ser
de difícil acesso aos clientes (manutenção).

A vida útil do mobiliário em ambientes comerciais é curta, pois esses locais


necessitam sempre de renovação. As lojas de luxo investem mais nos seus interiores.

“O interior de uma loja deve marcar sua presença, mas o mobiliário tem de ficar em segundo
plano em relação à mercadoria.” (BOOTH, PLUKETT, 2015, p. 21.)

O desenho do mobiliário comercial segue os mesmos passos do residencial.


O profissional de Design deve desenhar as vistas do móvel, externas e internas,
com cortes, fazer perspectiva isométrica, além da explodida (que mostrará as par-
tes e os encaixes do móvel), não se esquecendo das especificações de materiais
básicos, acabamentos, metais, ferragens, entre outros. As projeções ortogonais da
geometria descritiva são usadas no desenho técnico de móveis (Figura 12).
3
90 40 20

60

90
5 4
19
120
2
3
50
19
100 85 3 100 100 34 30
19
45
3
20 55 120 30
19
150
10
225

1
Vista 1 Vista 2 V. Superior

5 5 5 5
20 20 20
3 3 3 20 225
13 13 20 75
29 2 2 28.5
55
14 85 100 100 200
2 1 60
75 45 75
29 28.5
10 5
2 2 2
10 10 10 10

Vista 3 Vista 4 85
100

DETALHE – BALCÃO
ESC 1:20 10

Perspectiva
125

1 1.5
15.3 15.3
1
60 53
15.3 50 60 53 50 15.3
1
15.3 15.3
1 1.5
7

40

V. Frontal V. Lateral Corte 120

120 53
117

40
53 60

V. Superior 7

Perspectiva
DETALHE – GAVETEIRO COM RODÍZIO (3 UNIDADES))
ESC 1:20

Figura 12 – Desenho técnico – Balcão Caixa

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15
UNIDADE Mobiliário Comercial

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Projetando Espaços
GURGEL, Mirian. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas
comerciais. São Paulo: SENAC São Paulo, 2005.

 Vídeos
4 Etapas Básicas para Executar Projeto de Interiores.
https://youtu.be/dHiIl5lzwPc
Arquitetando Lojas – Os 5 Principais Erros no Desenvolvimento de um Projeto de Loja.
https://youtu.be/BgxmZ3TsCbA

 Leitura
Código de Obras
Acesse o Código de Obras e Edificações de sua cidade e entenda como funciona.

16
Referências
BOOTH, Sam; PLUNKETT, Drew. Mobiliário para o design de interiores. São
Paulo: Gustavo Gili, 2015.

GIBBS, Jenny. Design de interiores: guia útil para estudantes e profissionais. 1


ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.

GURGEL, Mirian. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas


comerciais. São Paulo: SENAC São Paulo, 2005.

LAWSON, B. Como arquitetos e designers pensam. São Paulo: Oficina de Tex-


tos, 2011.

MANCUSO, Clarice. Guia prático do design de interiores. Porto Alegre:


Sulina, 2005.

17
17
Projetos Interdisciplinares
em Design
Material Teórico
Mobiliário Institucional

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. ª Dr.ª Renata Guimarães Puig

Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Mobiliário Institucional

• Introdução;
• Exemplos de Aplicação;
• Desenho Técnico de Móvel.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Estudar e conhecer o mobiliário institucional aplicado ao projeto e seu desenho;
• Estudar os ambientes institucionais que incluem: escritórios, hotéis, restaurantes, consultórios,
escolas, clubes, entre outros; locais estes que geram trabalho com áreas para funcionários.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Mobiliário Institucional

Introdução
Assim como nas ambientações residencial e comercial, a institucional necessita
levantar as questões relacionadas ao perfil do cliente e programa para o projeto.
Em um projeto comercial, a venda é o principal elemento e as cores, layout, entre
outras características, são importantes (MANCUSO, 2014).

No caso de um projeto institucional para um escritório devemos levar em consi-


deração conforto, ergonomia e iluminação. Num restaurante, o impacto visual deve
ser igual ao conforto (MANCUSO, 2014).

As etapas de projeto são as mesmas anteriormente estudadas, mas vale relembrarmos:


• Estudo preliminar: fase inicial onde o profissional recolhe as informações necessárias
para realizar o projeto;
• Anteprojeto: orientação e análise do programa com soluções esquemáticas;
• Projeto: solução final do projeto com escala (planta, corte e vistas);
• Detalhamento: móveis e detalhamentos em geral;
• Execução: execução do projeto, com possibilidade de acompanhamento.

O fluxo de pessoas que circulam pelo ambiente, os acessos e sinalização deverão


ser especificados.

Exemplos de Aplicação
Vamos fazer um percurso pelo universo dos ambientes institucionais, começan-
do pelos Escritórios. O modo de trabalhar está em constante mudança, vemos essa
aplicação nos espaços mais conceituais e dinâmicos das empresas.

A tecnologia tem ajudado nesse processo, pois as pessoas podem participar de


reuniões direto de seus Home Offices, além de usar espaços coletivos – coworking,
espaços estes tratados no passado com extrema frieza. Humanizar o espaço de
trabalho institucional coletivo pode ser o caminho (GURGEL, 2005).

Desde que os escritórios foram inventados, eles se tornaram o nosso segundo


lar. É nele que passamos longas horas de nossas vidas com colegas de trabalho e
nossos chefes, muitas vezes até mais tempo com eles do que com a família.

Mas, com as leis que nos asseguram hoje, isso até que não é de todo ruim.
Difícil mesmo deveria ser trabalhar como nos tempos antigos, sem salário justo ou
qualquer perspectiva de evolução na carreira. Muitas vezes trabalhava-se apenas
por comida, a exemplo do que ocorria no antigo Egito.

Houve uma grande evolução desde a criação dos primeiros escritórios até os
dias de hoje. Antigamente os cafés, pubs londrinos ou mesmo as casas das pessoas

8
eram utilizadas para a realização de reuniões importantes sobre trabalho, que mui-
tas vezes duravam dias.

Para poupar tempo, muitos empresários acabavam por construir as suas casas
sobre a loja ou fábrica de sua propriedade. Os afazeres de seus funcionários, que
muitas vezes acabavam residindo no mesmo local, confundiam-se com os afazeres
domésticos (Figura 1).

Figura 1 – Reunião informal


Fonte: caumt.gov.br

Importante! Importante!

O primeiro escritório do qual se tem notícia surgiu pela necessidade de armazenamento de


documentos e papéis importantes relacionados a uma empresa chamada Companhia das
Índias Orientais. O ano de sua fundação foi 1729, no endereço Leadenhall Street (Figura 2).
Os funcionários passavam horas a fio atualizando papéis e números sem qualquer chance
de evolução. O estresse era grande e na década de 1970 um homem chamado, Richard
Burford, se jogou de uma das janelas do escritório de uma destas grandes empresas.

Figura 2 – East India House


Fonte: Wikimedia Commons

9
9
UNIDADE Mobiliário Institucional

Quando as mulheres foram obrigadas a trabalhar por causa de a maioria dos


homens terem ido para a guerra de 1914, elas ocuparam as fábricas e, mais tarde,
também os escritórios. Os ambientes tinham layout regular, formado por mesas de
trabalho e cadeiras, circulação reta e arquivos para documentos.
Explor

Escritório feminino: http://bit.ly/2RjZInS

Ambientes administrativos rígidos surgiram com a revolução industrial, neles


existiam a sala do chefe, o espaço para os funcionários e a secretária ficava loca-
lizada na entrada do ambiente. O arquiteto americano Frank Lloyd Wright trouxe
a experiência do escritório aberto. Estações de trabalho e móveis para arquivos de
apoio faziam a composição do espaço.
Explor

Prédio administrativo da SC Johnson criado por Frank Lloyd Wright, 1936: http://bit.ly/2MUTXyr

Após a Segunda Guerra Mundial, as relações das pessoas no trabalho


começam a mudar, tornando-se mais humanistas, valorizando o ser hu-
mano e dando um caráter às empresas. (GURGEL, 2005, p. 167)

Em 1950 surgiram as divisórias e elas serviam para proporcionar privacidade


e evitar distrações no horário de trabalho. Estas divisórias perduraram até pouco
tempo e é possível ainda encontrá-las por aí.
O desenvolvimento dos espaços de trabalho foi se intensificando, inclusive pelo
surgimento de novos mobiliários. Mais à frente, o conceito de planta livre, com
ambientes maiores e o mobiliário mais confortável, surgiu para atender questões
de ergonomia. O compartilhamento de estações de trabalho, também, aparece no
desenvolvimento dos escritórios.

A Google é uma das marcas mais conhecidas do mundo e provavelmente o grande expoente
Explor

quando se falam em “empresas do século 21” com escritórios modernos, confortáveis e re-
pletos de opções para os seus empregados: http://bit.ly/2MSlwbK

Figura 3 – Google em Zurique, Suíça


Fonte: Reprodução

10
A recepção pode ser composta por balcão de atendimento, armários de apoio,
poltronas, sofá de espera, entre outros. Os postos ou estações de trabalho seguem
a composição que pode ser criada de acordo com o fabricante escolhido para for-
necer o mobiliário modular pronto. Em casulos (pequenas salas), no espaço mais
aberto ou em organização linear, a intenção é criar maior interação entre os funcio-
nários, além dos módulos para trabalho em grupos (no link a seguir).
Explor

Estações de trabalho: http://bit.ly/2MSnsRy

Importante! Importante!

Deve-se dar atenção ao material em que as estações serão desenvolvidas, pois a acústica
precisa ser considerada nesse espaço coletivo.

Salas de reuniões são espaços separados e fechados com mesa e cadeiras (Figura 4).
Ainda surge a necessidade de um móvel para armazenar documentos.

Figura 4 – Sala de reuniões


Fonte: Getty Images

Os consultórios atendem modalidades diferentes e podem ser individuais ou cole-


tivos (projetados com soluções neutras). A divisão do espaço retangular, por exem-
plo, pode ser marcada pelo desenho no forro ou por divisórias propriamente ditas
(GURGEL, 2005). O mobiliário deve ser projetado para a atividade realizada no
consultório – mesas, armários etc.

A recepção/espera é o cartão de visitas a quem será atendido (Figura 5). Balcão


para recepcionista ou secretária, poltronas, entre outros, são móveis necessários

As salas de atendimento também têm móveis planejados, para a realização do


trabalho do profissional, com armazenamento de documentação e materiais neces-
sários, além de móveis específicos como, por exemplo, a cadeira de um dentista
(Figura 6).

11
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UNIDADE Mobiliário Institucional

Figura 5 – Sala de espera


Fonte: Getty Image

Figura 6 – Sala de atendimento


Fonte: Getty Images

Seguindo o nosso passeio pelos ambientes e móveis institucionais, chegamos


aos restaurantes, que em grande parte dos seus projetos, além de bares e lancho-
netes (temática ligada à alimentação), possuem características estéticas marcantes
(GURGEL, 2005). Circulação, funcionalidade, praticidade, acústica e segurança
estão intimamente ligadas nestes ambientes.
Explor

Planta baixa restaurante: http://bit.ly/2MSJUKn

Como acontece nas lojas e no projeto comercial, os restaurantes, se forem fran-


quias, devem obedecer ao projeto padronizado da marca.

De acordo com a arquiteta Miriam Gurgel (2005), o projeto pode ser dividido em
duas áreas: público – entrada, recepção, espera, banheiros e área de alimentação

12
(Figura 7); atividades da cozinha – preparação, controle, armazenamento, escritório
e serviços (Figura 8). Estas áreas devem estar interligadas.

Na área da cozinha, de trabalho, devemos firmar parcerias com empresas para


esses projetos tão específicos – aço inoxidável é o material mais indicado para o
mobiliário nesse ambiente.

Figura 7 – Área para o público


Fonte: Getty Images

Figura 8 – Área para as atividades da cozinha


Fonte: Getty Images

Dependendo do tipo de estabelecimento a ser projetado, teremos mais ou me-


nos mesas. Nos móveis é importante oferecer opções de diferentes assentos, com
diferentes alturas, seja no fast-food ou em um local mais refinado (Figura 9).
Explor

Fast-food: http://bit.ly/2N3phei

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13
UNIDADE Mobiliário Institucional

Figura 9 – Restaurante refinado


Fonte: Getty Images

Espaçamento entre as mesas, seja através de assentos fixos ou não, deve ser
levado em consideração para proporcionar uma circulação adequada ao estabeleci-
mento, como mostra a imagem anterior.

Bar, composto de bancos e balcões, pode ser o centro de interesse de um projeto.


Explor

Bar: http://bit.ly/2WPTW3z

A iluminação deve ser bem estudada para que os locais não fiquem na penum-
bra ou muito claros. Iluminação de destaque, por exemplo, pode evidenciar alguma
informação importante. Na zona de trabalho, o ideal é uma iluminação fria/branca
e forte; já na zona destinada ao público, a luz pode aparecer mais quente/amarela
(estimulam o apetite). A escolha das luminárias e lâmpadas é muito importante e
pode valorizar o ambiente.

Importante! Importante!

Ao posicionar a iluminação, evite áreas escuras nas mesas e luz direto na cabeça das
pessoas (GURGEL, 2005).

A questão da acústica também interfere nesse tipo de ambiente e o mobiliário


pode ser um forte aliado nesse sentido. Dependendo dos revestimentos de piso,
parede e teto escolhidos, além do material dos móveis, conseguiremos atender às
solicitações acústicas – materiais mais lisos reverberam mais o som, mas tem uma
manutenção mais simples.

Piso, parede e teto devem ser solucionados no projeto dos restaurantes.

De acordo com o Código de Obras, piso, parede e teto devem ser totalmente revestidos por azulejos.

14
Desenho Técnico de Móvel
O mobiliário, como os materiais de revestimento do teto, piso e das pare-
des, é o que imprime a característica do local. (MANCUSO, 2014, p. 120)

Figura 10 – Desenho técnico


Fonte: Wikimedia Commons

Ao escolhermos o mobiliário para um projeto, devemos levar em consideração


suas características ergonômicas, composição, impacto visual e psicológico. Usar
uma mesa de atendimento da altura correta é um ponto fundamental em um es-
critório, por exemplo. Cada decoração terá suas características, de acordo com o
perfil, necessidades e escolhas dos clientes.
O desenho do mobiliário institucional segue o mesmo passo do residencial e comer-
cial. O profissional deve desenhar as vistas do móvel, externas e internas, com cortes,
fazer perspectiva isométrica, além da explodida (que mostrará as partes e os encaixes
do móvel), não esquecendo das especificações de materiais básicos, acabamentos, me-
tais, ferragens, entre outros. As projeções ortogonais da geometria descritiva são usa-
das no desenho técnico de móveis, como aparece no modelo link a seguir.
Explor

Detalhamento marcenaria Home Office: http://bit.ly/2WUyCdi

“A distribuição dos móveis deve seguir as mesmas regras de composição aplica-


das ao design do espaço utilizado” (GURGEL, 2005), de modo harmonioso e equi-
librado. O projeto das peças de mobiliário é necessário para o cliente, bem como
a escolhas dos materiais. Seja o móvel para escritório, consultório ou restaurante,
deve ser pensado de acordo com as necessidades e expectativas dos clientes.
Não podemos esquecer os desenhos que irão compor o projeto de detalhamento
dos móveis: vista superior, frontal, laterais, cortes, perspectiva isométrica externa e
interna, perspectiva explodida, além das especificações de materiais, como: madeiras,
acabamentos, puxadores e ferragens. Alguns projetos são mais ou menos detalhados,
como observaremos nos exemplos a seguir. A sequência mostra o espaço da academia
e o balcão de recepção detalhado (Figura 11). O segundo exemplo apresenta somente
o desenho detalhado do móvel – bancada de recepção de um consultório (Figura 12).

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UNIDADE Mobiliário Institucional

Figura 11 – Detalhamento marcenaria balcão de atendimento – exemplo 1


Fonte: Reprodução

Figura 12 – Detalhamento marcenaria balcão de atendimento e gaveteiro – exemplo 2


Fonte: Reprodução

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
ABD - Associação Brasileira de Designers de Interiores
Acesse o site da ABD, Associação Brasileira de Designers de Interiores e entenda
sobre o universo da profissão.
http://www.abd.org.br
Frank Lloyd Wrigt Foundation
Acesse o site e conheça o trabalho do arquiteto.
https://www.franklloydwright.org
Riccó - A Evolução do Escritório
Conheça a loja de móveis para escritório Riccó!
https://www.ricco.com.br

Livros
Projetando Espaços: Guia de Arquitetura de interiores para Áreas Comerciais
GURGEL, M. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas
comerciais. São Paulo: SENAC São Paulo, 2005.

17
17
UNIDADE Mobiliário Institucional

Referências
BOOTH, S. P. Mobiliário para design de interiores. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.

GIBBS, J. Design de interiores: guia útil para estudantes e profissionais: guia útil
para estudantes e profissionais. 2. ed. Londres, 2009.

GURGEL, M. Projetando espaços: design de interiores. São Paulo: SENAC São


Paulo, 2017.

GURGEL, M. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas


comerciais. São Paulo: SENAC São Paulo, 2005.

MANCUSO, C. Guia prático do design de interiores. Porto Alegre: Sulina, 2005.

18
Projetos
Interdisciplinares
em Design
Material Teórico
Estudo de Caso I

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Renata Guimarães Puig

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Estudo de Caso I

• Introdução;
• Study Case Nacional.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer a aplicação do detalhamento de mobiliário num projeto de interiores completo.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Estudo de Caso I

Introdução
Nesta Unidade, estudaremos o projeto de interiores com foco no desenvolvimen-
to do mobiliário – detalhamento. Faremos um estudo de caso nacional residencial
em um ambiente da casa.

Ao escolher um móvel, este pode ser planejado em uma loja, marcenaria, rea-
lizado por um marceneiro ou comprado pronto. Seja qual for a escolha, ele deve
fazer parte do layout do ambiente de forma harmoniosa e funcional.

Como vimos em outras unidades, o mobiliário residencial deve servir para diver-
sas atividades – repousar, receber, armazenar e trabalhar.

“Os espaços residenciais costumam ser relativamente pequenos. A distribuição


dos móveis pode ser determinada por elementos preexistentes como janelas, portas
e fontes de calefação” (BOOTH, PLUNKETT, 2015, p. 80).

Com isso, um layout bem projetado, com os móveis adequados, dentro do que o
cliente deseja e necessita, é fundamental para um projeto de interiores bem sucedido.
Explor

Antes e depois de uma sala de estar: http://bit.ly/325BXFa

Uma das maneiras de mudarmos o design de um interior é pintando as paredes.


Em outros casos, tecidos trocados de um sofá ou novos móveis fazem a diferença
no ambiente.
Explor

Antes e depois de uma cozinha: http://bit.ly/322S8TF

Os móveis para pronta-entrega fazem parte do grupo fundamental para o nosso


dia a dia, e são produzidos em massa. São eles os que utilizamos para nos sentar
(Fig. 1), dormir, trabalhar e comer.

Figura 1 – Cadeira Eames e banqueta


Fonte: Wikimedia Commons

8
Os móveis de reuso (Fig. 2) são os pre-
existentes e que podem ser mantidos nos
ambientes trocando o estofamento, ou res-
taurando, quando gastos pelo tempo, além
de serem distribuídos facilmente pelo local.

Os móveis feitos sob medida (Fig. 3) são


os desenhados especialmente para um de-
terminado lugar. “Os designers tendem a
explorar novos territórios quando investi-
gam o potencial de um móvel feito para um
projeto, considerando o emprego de ma-
teriais e técnicas de produção incomuns” Figura 2 – Mesa com madeira de demolição
(BOOTH, PLUNKETT, 2015, p. 108). Fonte: Divulgação/Móveis Decora

Figura 3 – Móveis feitos sob medida


Fonte: Getty Images

Observamos ambientes que foram restaurados ou reformados, e seus móveis


são, em quase sua totalidade, novos, como no exemplo do projeto a seguir (Fig. 4).

Figura 4 – Sala reformada


Fonte: Getty Images

Existem também os móveis com design especial, a contratação de artesões tra-


dicionais, e ainda marceneiros e designers.

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UNIDADE Estudo de Caso I

Study Case Nacional


Neste estudo de caso, analisaremos o mobiliário de uma cozinha. Para iniciar
o percurso, vamos pensar sobre a cultura brasileira, que agrega todos em volta do
fogão. De acordo com o arquiteto Maurício Arruda (2019, p. 108):

Faz parte da nossa cultura, da nossa brasilidade, receber na cozinha, reunir


os amigos em vota do fogão, fazer refeições rápidas e até trabalhar enquan-
to a comida está no fogo. Esse pode ser o local mais afetivo da casa para
muitas famílias e, quanto mais tempo passamos aqui, explorando ingre-
dientes e cozinhando, melhor nos alimentamos. (ARRUDA, 2019, p. 108)

As cozinhas devem ser bem planejadas, sejam elas compactas, maiores ou inte-
gradas ao estar. O mobiliário é o elemento principal desse ambiente. Uma cozinha
funcional deve pensar em três áreas de trabalho principais: pia, geladeira e fogão.
A disposição desses equipamentos deve formar um triângulo na planta para melhor
circulação, como observamos na imagem (Fig. 5).

Iniciamos a distribuição pela geladeira, que faz a função de despensa e deve es-
tar acessível. Na pia, a atividades de cortar, lavar, entre outras, acontecem, então,
gavetas no móvel são fundamentais. A área do fogão é a que precisa de ventilação
e segurança

Portanto, analisando esses pontos, percebemos a importância do layout bem


projetado para o bom funcionamento da cozinha.

As cozinhas aparecem em forma linear, que é o tipo em que as três zonas citadas
acima estão alinhadas, como mostra o primeiro desenho. A área entre pia e fogão
deve ser maior e bem iluminada para facilitar o trabalho. Nessas cozinhas, o espaço
oposto pode apresentar armários para armazenar loucas, por exemplo.

Figura 5 – Layouts de cozinhas


Fonte: ArchDaily e Área de Especificações de Arauco, 2018

10
Nas imagens de tipologias de cozinhas, temos em vermelho a área quente; em
azul, a área fria; em verde, a área de trabalho; e em amarelo, armazenamento. A cir-
culação está marcada pelo triângulo.

Observando os layouts das cozinhas ideais, o modelo em L, segundo da ima-


gem, permite que as bancadas de trabalho sejam maiores, com mais pessoas cozi-
nhando juntas. Um ponto a ser pensado em projeto é a solução para o canto for-
mado, que pode ser ocupado com os utensílios menos usados, ou ainda composto
por ferragens que mostram temperos etc.

Já as cozinhas em U, que formam uma ilha, com a colocação do fogão, pode


ser uma posição que reúne as pessoas. Pode-se incluir, ou não, armários em-
baixo e em cima, dependendo do projeto. A bancada em balanço, com bancos
é uma opção.

Analisando o projeto da arquiteta Patrícia Pomerantzeff, do escritório Doma


Arquitetura, vemos a cozinha linear integrada com a lavanderia.

À direita, a arquiteta destaca, em planta (Fig. 6), uma chapelaria para apoio da
chegada, entrada do apartamento. Na sequência, a geladeira, a cuba farm sink em
Corian branco. O fogão, posicionado ao centro da linha, as bancadas em quartzo
branco, assim como o tanque, à esquerda.
Explor

Farm Sink ou Farmhouse Sink é um modelo de cuba de fazenda, estilo americano.

Figura 6 – Planta baixa cozinha – detalhamento


Fonte: Patricia Pomerantzeff/Doma Arquitetura

A marcenaria será em laca, com vidro canelado, com prateleiras em madeira


natural (Fig. 7).

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11
UNIDADE Estudo de Caso I

Figura 7 – Vista cozinha – detalhamento


Fonte: Patricia Pomerantzeff/Doma Arquitetura

A elevação (Fig. 8) mostra a cozinha e a lavanderia com seus detalhes, com


alturas e cotas do mobiliário. Acabamentos como pintura ou revestimentos podem
ser usados em projetos de cozinhas integradas, que ganham o status de decoração,
ainda com louças, quadros e acessórios. Além do mobiliário planejado, ou feito sob
medida, o uso de móveis de design clássico contemporâneo é importante para a
composição do ambiente, bem como para criar uma iluminação aconchegante.

Figura 8 – Elevação cozinha – equipamentos.


Fonte: Patricia Pomerantzeff/Doma Arquitetura

As cozinhas feitas sob medida, como a do estudo de caso, otimizam o espaço


com soluções de divisórias ideais ao perfil do cliente. O ideal é que a cozinha plane-
jada seja executada para durar muito tempo, pois seu custo é elevado.

Já as cozinhas não planejadas tornam-se mais econômicas e flexíveis, com o uso


de carrinhos, prateleiras, estantes, que facilitam a adaptação em outros ambientes,
quando necessário.

12
Como no estudo de caso, usar armários abertos (para utensílios mais usados e
interessantes visualmente) e fechados (para utensílios menos usados no dia a dia)
combinados, pode ser uma solução adotada.

O detalhamento dos equipamentos da cozinha é fundamental para uma perfeita


execução – cuba e tanque na marcenaria (Fig. 9).

Figura 9 – Detalhamento cozinha


Fonte: Patricia Pomerantzeff/Doma Arquitetura

A iluminação é um ponto a ser destacado, podendo ser difusa, com o uso de


plafons no teto. Também existe a possibilidade de luz focada com arandelas, pen-
dentes sobre as mesas, e spots direcionáveis. Fitas de led podem ser instaladas na
marcenaria superior para as áreas de trabalho nas bancadas. A atenção deve estar
nas sombras nas bancadas.

As opções de revestimentos são infinitas e a escolha vai depender do perfil e ne-


cessidades dos clientes: porcelanatos, cerâmicas, pastilhas são possibilidades para
uma cozinha bem projetada.

Assim, vemos no projeto finalizado da cozinha (Fig. 10) a harmonia da composi-


ção dos espaços integrados, com os mesmos acabamentos e linguagem.
O mobiliário para interiores residenciais deve servir para uma ampla
variedade de atividades: desde as interações sociais dos hóspedes mais
exuberantes, até a inércia de um indivíduo que está dormindo, sem-
pre respeitando as preferências de cada cliente. (BOOTH; PLUNKETT,
2015, p. 80)

Os futuros designers estarão lidando, quando projetam, com moradores dos


interiores. A relação entre profissional e cliente tende a ser mais pessoal que em
outros projetos. O layout inteligente pode transformar esses espaços.

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UNIDADE Estudo de Caso I

Figura 10 – Cozinha
Fonte: Patricia Pomerantzeff/Doma Arquitetura

O vídeo mostra a reforma de outra cozinha feita pelo escritório Doma Arquitetura, disponível
Explor

em: https://youtu.be/yNzhXzq6vGU

14
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Mobiliário para o design de interiores
BOOTH, S.; PLUNKETT, D. Mobiliário para o design de interiores. São Paulo:
Gustavo Gili, 2015.

Vídeos
Reforma Cozinha Compacta Apto 2502
Assista ao vídeo da Doma Arquitetura e acompanhe a reforma de uma cozinha
compacta.
https://youtu.be/8hRSfyTfpno
4 Etapas Básicas para Executar Projeto de Interiores
Assista a este vídeo e entenda as etapas para a execução de um projeto de interiores.
https://youtu.be/dHiIl5lzwPc

Leitura
Guia Arauco: Como projetar e construir uma cozinha corretamente?
Leia esta matéria sobre a montagem de uma cozinha para complementar o conteúdo.
http://bit.ly/2Nv96qJ

15
15
UNIDADE Estudo de Caso I

Referências
ARRUDA, M. Decora. 1. ed. Rio de Janeiro: Globo Estilo, 2019.

BOOTH, S., PLUNKETT, D. Mobiliário para o design de interiores. São Paulo:


Gustavo Gili, 2015.

CAMBIAGHI, S. Desenho universal: métodos e técnicas para arquitetos e urba-


nistas. São Paulo: Senac, 2011.

CHING, F. D. K. Arquitetura, forma, espaço e ordem. 3. ed. São Paulo: Martins


Fontes, 2012.

GIBBS, J. Design de interiores: guia útil para estudantes e profissionais. 2. ed.


Londres, 2009.

GURGEL, M. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas


residenciais. 7.ed. São Paulo: SENAC São Paulo, 2013. 304 p.

LAWSON, B. Como arquitetos e designers pensam. São Paulo: Oficina de


­Textos, 2011.

LEE, V. 10 princípios do bom design de interiores. São Paulo: Germakoff, 2012.

MANCUSO, C. Guia prático do design de interiores. Porto Alegre: Sulina, 2005.

NEUFERT, P. Casa, apartamento e jardim. São Paulo: GG Brasil, 2008.

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Projetos Interdisciplinares
em Design
Material Teórico
Estudo de Caso II

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Renata Guimarães Puig

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
Estudo de Caso II

• Introdução;
• Study Case Internacional.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer a aplicação do detalhamento de mobiliário num projeto de interiores completo.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Estudo de Caso II

Introdução
Na última unidade da disciplina analisaremos um estudo de caso de projeto de
mobiliário institucional internacional.

O mobiliário, seja residencial, comercial ou institucional, deve ser desenvolvido


de acordo com a atividade de cada local, a fim de apresentar soluções adequadas
– e, portanto, planejadas – às tarefas ali exercidas no dia a dia, bem como contar
com o design que componha o interior do estabelecimento, de forma a promover a
marca em cada item e detalhe do ambiente, acompanhando a composição de cores
e materiais, por exemplo.
A seleção de mobiliário é a parte importante de qualquer projeto de inte-
riores e o designer pode escolher entre peças individuais ou embutidas,
que representam uma ótima solução para espaços reduzidos. [...] Como
qualquer tipo de design, a atenção aos detalhes é fundamental e propor-
ciona singularidade a uma peça. Um projeto sob medida pode aproveitar
ao máximo o ambiente, mas é uma opção mais cara para o cliente, pois
será necessário o serviço de um bom marceneiro. O designer de interio-
res precisará desenhar e detalhar qualquer peça especial que for necessá-
ria. (GIBBS, 2015, p. 137)

Assista o vídeo que introduz o nosso tema e mostra a composição dos interiores de um con-
Explor

sultório médico. Disponível em: https://youtu.be/nA66xmC00sQ

Devido à necessidade de personalização dos mobiliários, é de extrema importân-


cia contar com projetos bem desenvolvidos, que atendam à demanda e concedam
resultados satisfatórios e funcionais a partir do efetivo entendimento do conceito
de cada cliente, incorporando itens de merchandising em cada componente, sejam
araras, sejam gôndolas, entre outros acessórios e expositores, no caso do mobiliá-
rio comercial. 

Assim, o projeto de mobiliário deve ser pensado por profissionais capacitados


e especializados em design e arquitetura, com o objetivo de conferir soluções cus-
tomizadas que atendam todos os requisitos de cada demanda, a partir de móveis e
acabamentos conforme cada cliente. 

Como estudado, o segmento Residencial está focado no planejamento e especi-


ficação de materiais e produtos com uso em residências particulares. O projeto in-
clui: quartos, cozinha, banheiros, salas (de estar, de jantar), home office (escritório),
home theater, área de serviço, closets, biblioteca, áreas específicas como sala de
ginástica, adega, entre outras.

Para elaborar um projeto de interiores na área residencial se estudam os hábitos


dos habitantes que utilizarão o espaço. Aspectos técnicos como elétrica, hidráulica
e outras condições precisam ser avaliados com atenção nos projetos de interiores.

8
Explor
Móvel Residencial – criado mudo, disponível em: http://bit.ly/2QeJdsR

O segmento Comercial (Fig. 1) apresenta as lojas, supermercados, shoppings


centers, showrooms, padarias e outros espaços, que unem ao projeto de interiores
elementos como: iluminação, sonorização e outras tecnologias.

Figura 1 – Móvel Comercial – armário armazenamento


Fonte: Acervo do Conteudista

Já o segmento Institucional trabalha com equipamentos de saúde, hospitais,


clínicas, centros cirúrgicos, unidades móveis, casas de repouso e assistência ou
qualquer outra instituição ligada à saúde, escritórios (espaços corporativos), consul-
tórios, restaurantes etc. Este será o nosso foco na unidade, para analisar o projeto
de mobiliário.
Explor

Móvel institucional – balcão, disponível em: http://bit.ly/2Qeauvr

Nas áreas comercial e institucional as exigências associadas à performance eco-


nômica (marketing, vendas, propaganda) são importantes e devem ser considera-
das com igual valor aos aspectos funcionais, e ainda, questões como segurança,
normas e regulamentos para cada segmento.

Marketing: é uma estratégia empresarial de otimização de lucros por meio de adequação


Explor

da produção e oferta de mercadorias ou serviços às necessidades e preferências dos consu-


midores, recorrendo a pesquisas, mercado, design, campanhas publicitárias, atendimento
pós-venda etc.

9
9
UNIDADE Estudo de Caso II

Temas como Design Sustentável e Universal são fundamentais em projetos de


interiores, principalmente se pensarmos nos móveis.
• Design sustentável: Também reconhecido como design verde ou eco design,
refere-se à preocupação com a especificação de produtos comprometidos com as
questões de proteção do meio ambiente, operação ética e social dos fabricantes.
• Design Universal: Emprego de produtos e soluções desenvolvidas para o má-
ximo possível de indivíduos, incluindo os desabilitados, facilitando o uso, aces-
so, segurança e conforto.

Em termos de dimensão de mercado, os móveis para loja encontram utilidades


em praticamente todos os setores do mercado – lojas de roupas, calçados, artigos
infantis, artigos esportivos, lojas de departamento, lojas de materiais de construção,
lojas de bijuterias, papelarias, restaurantes, lojas de informática, produtos eletro-
-eletrônicos, entre outros.

Móveis: balcões, expositores, gôndolas, vitrines, displays, painéis canaletados, prateleiras,


Explor

manequins, bustos, cabides, soluções em marcenaria e modelos de acessórios adaptados


para os equipamentos de exposição e armazenamento em móveis para loja.

O Mobiliário institucional segue a linguagem da empresa. “Nesse processo cria-


tivo, devemos considerar princípios básicos como equilíbrio, ritmo, harmonia, uni-
dade, escala e proporção, contraste, ênfase e variedade” (GURGEL, 2017, p. 27).

A concepção e a manufatura dos materiais produzidos aos  móveis segue um


rigoroso e padronizado processo industrial para forjar as formas, feitas com aço
inox, vidro, madeiras e os mais resistentes materiais da indústria, dedicados à com-
posição estrutural de móveis, assegurando total durabilidade em suas formas.

No caso de desenhos de mobiliário, como observamos, as três categorias do


design seguem o mesmo tipo de desenho técnico (Fig. 2) – o de detalhamento.

Figura 2 – Desenho técnico de móveis


Fonte: Governo do Estado do Ceará - Escola Estadual de Educação Profissional, 2019

10
Study Case Internacional
O mobiliário institucional deve ser desenvolvido de acordo com a atividade de
cada local, a fim de apresentar móveis adequados – e, portanto, planejados – às
tarefas ali exercidas no dia a dia, bem como contar com o design que componha o
estabelecimento, de forma a promover a marca em cada item e detalhe do ambien-
te, acompanhando a composição de cores, por exemplo.
Os papéis e a forma de interagir dentro de escritórios e edifícios públicos
têm mudado, mas a importância da área da recepção, a primeira e me-
lhor oportunidade que uma empresa tem de expressar seu status e sua
filosofia, mantém-se intacta. (BOOTH, PLUNKETT, 2015, p. 31)

Neste estudo de caso, o projeto de mobiliário é de uma recepção para um centro


de saúde – Nomad, no Reino Unido.

Retomando as etapas do projeto:


• Entrevista com o cliente – programa de necessidades;
• Levantamento de dados do local – medidas etc.;
• Estudo preliminar – desenho preliminar, escolha de materiais, cor etc.;
• Anteprojeto – conceito;
• Detalhamento do mobiliário – desenhos técnicos (vista superior, frontal, lateral,
cortes, com cotas, especificações etc.).

Um projeto de interiores bem-sucedido tem o móvel complementando, e surge


de um entendimento das necessidades do cliente, de acordo com seu perfil e da
realidade do ambiente preexistente.

Uma conversa inicial entre cliente e designer pode definir com precisão o con-
teúdo de um projeto.

Outro ponto fundamental para a execução de um projeto é o entendimento do


espaço, que poderá ser feito através do levantamento de dados no local ou confe-
rência de medidas específicas, bem como materiais, instalações prediais existentes,
iluminação e acústica do local.

E por fim, a visualização da proposta para o desenvolvimento do projeto do


espaço e seu detalhamento. “[...] os interiores e móveis que neles são inseridos são
os parâmetros para a avaliação de um projeto [...]” (BOOTH, PLUNKETT, 2015,
p. 172).

Os designers de interiores não devem desenhar móveis se não for realmente ne-
cessário, pois existem no mercado opções pré-fabricadas. Portanto, de acordo com
o cliente e projeto, “O designer de mobiliário terá em mente um contexto para cada
peça que produzir, e essa percepção é fundamental para a tomada de decisões”
(BOOTH, PLUNKETT, 2015, p. 18).

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UNIDADE Estudo de Caso II

Além do balcão da recepção, nosso foco é o móvel mais importante deste am-
biente, outros móveis complementam o local. O restante do mobiliário não costu-
ma ser projetado e quando possível - orçamento e espaço -, serão poltronas, sofás
e mesas de apoio.

Uma curiosidade sobre os ambientes ins-


titucionais é que neles são encontrados
mobiliários básicos do modernismo para
ambientes profissionais, que garantem su-
cesso e modernidade ao espaço, como a
cadeira Barcelona (Fig. 3), de Mies van Der
Rohe e a Gran Confort (figura a seguir), de
Le Corbusier e Charlotte Perriand.

Figura 3 – Sala de espera com cadeiras Barcelona


Fonte: Divulgação/VivaDecora
Explor

Sala de espera com cadeiras LC2, da série Grand Confort, disponível em: http://bit.ly/2Qci35V

As áreas de recepção devem dispor seus assentos criando espaços onde duas ou
mais pessoas possam manter um diálogo. “Os grupos de mobiliário podem ajudar a
estruturar os espaços demasiadamente amplos [...]” (BOOTH, PLUNKETT, 2015,
p. 40).

O modelo mais comum de balcão de recepção é o alto, para que os equipamen-


tos fiquem escondidos. Entre as tarefas desenvolvidas por quem está atrás deste
móvel são a recepção e a orientação dos visitantes.

A área mais baixa deve receber os visitantes em cadeiras de rodas ou pessoas


que necessitem de assento para o atendimento, como apresenta a NBR 9050 -
Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos (Figs. 4 e
5). Recuos para quem é atendido em pé são fundamentais nesses projetos.

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Figura 4 – ABNT NBR 9050 - Acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos
Fonte: ABNT NBR 9050

Figura 5 – Ilustração de balcão com diferentes alturas


Fonte: ABNT NBR 14273

A Norma NBR 9050 é um instrumento que


serve para instruir arquitetos, construto-
res, engenheiros e outros profissionais da
área, sobre critérios e parâmetros técnicos
na construção, mobiliário, espaços e equi-
pamentos urbanos e ainda na instalação e
adaptação de edificações.

O balcão da recepção do estudo de caso internacional precisava ser hospitaleiro


e seguro, com o uso de madeira, metal e vidro. Os usuários devem gostar de per-
manecer no ambiente, um pouco diferente dos ambientes de trabalho, onde o pra-
zer torna-se secundário. Para aumentar a eficácia do mobiliário projetado, é preciso
integrar ao ambiente existente ou no caso de projeto novo, ter uma integração com
o todo – interiores, mobiliário, objetos.

Os desenhos abaixo (Fig. 6) mostram o detalhamento em planta e vistas do


balcão e suas partes. O ambiente geral onde está a recepção e seu futuro balcão.
O formato circular pode ser observado em planta e em vista frontal, com suas dife-
rentes alturas e materiais – madeira, vidro e metal.

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Figura 6 – Layout geral, planta baixa e elevação do balcão


Fonte: BOOTH & PLUNKETT, 2015

A autora Miriam Gurgel comenta a respeito das escalas mais utilizadas para o
detalhamento de mobiliário, por exemplo:
Quando se tratar de plantas de um ambiente, elevações, vistas e cortes,
elas devem ser desenhadas na escala 1:20 ou 1:25. Essa escala por ser
maior do que a 1:50, expressará a concepção geral de um ambiente, com
possibilidade de esclarecer detalhes impossíveis de serem notados em
uma escala menor. Essas pranchas serão aquelas encaminhadas a mar-
ceneiros, marmoristas, gesseiros, pedreiros etc. (GURGEL, 2017, p.229)

É possível, na escala maior, projetar com maior precisão. Detalhes como portas e
suas aberturas aparecem detalhados. Podendo ainda, utilizar a escala 1:10 e para deta-
lhes de puxadores, escala 1:5. Desta maneira, a pessoa encarregada da execução não
terá dúvidas. Os desenhos a seguir (Fig. 7) mostram detalhes do balcão e suas partes.

Figura 7 – Detalhamento 1
Fonte: BOOTH & PLUNKETT, 2015

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O número de pessoas que trabalha no balcão varia de acordo com a quantidade
de pessoas atendidas na empresa. Com frequência este móvel precisa acomodar
diversas pessoas ao mesmo tempo, por isso a setorização de atendimento é funda-
mental no desenho, bem como a sinalização do espaço.

Quando tem todas as suas vistas acessíveis, percebemos a organização interna


eficaz do móvel. A parede atrás do balcão deve ser tratada seguindo a mesma lin-
guagem do projeto de interiores e do próprio balcão.

No detalhe (Fig. 8) aparecem os diferentes materiais utilizados como o vidro,


além das diferentes alturas, baixa e alta, do balcão com suas partes para determi-
nadas funções, como correspondência, fichas etc. Os desenhos e as dimensões
destinados aos marceneiros apresentam a forma do balcão.

A fiação dos sistemas de eletricidade e comunicação são aspectos importantes


no projeto desse móvel.

Figura 8 – Detalhamento
Fonte: BOOTH & PLUNKETT, 2015

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O balcão do estudo foi executado em partes para facilitar o transporte e sua


montagem (Fig. 9).

Podemos observar no móvel finalizado e instalado (Fig. 10) que o revestimento


de madeira conecta a parede à parte frontal e a parede baixa curva do balcão à
área de recepção. A posição do balcão é fundamental para a organização do layout
e para receber bem o visitante. Sua forma também deve ser estudada para partici-
par da composição do projeto. “O mobiliário, com os materiais de revestimento do
teto, piso e das paredes, é o que imprime a característica do local” (MANCUSO,
2014, p. 120).

Figura 9 – Balcão em execução Figura 10 – Balcão finalizado


Fonte: BOOTH & PLUNKETT, 2015 Fonte: BOOTH & PLUNKETT, 2015

O resultado projetual final será fortemente influenciado por sua função,


pelos materiais utilizados com suas características próprias, pela tecnolo-
gia disponível, e, ainda, por um fator novo: a preocupação com a ecologia
e a sustentabilidade. A tecnologia é a responsável pela criação, aplicação
e utilização de diferentes materiais e processos construtivos, possibilitan-
do soluções diferentes e até mesmo inusitadas. (GURGEL, 2017, p. 27)

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
ABD
Acesse o site da ABD, Associação Brasileira de Designers de Interiores e entenda
sobre o universo da profissão.
https://bit.ly/2DFh0q8

Livros
Mobiliário para Design de Interiores
BOOTH, S, PLUNKETT, D. Mobiliário para o design de interiores. São Paulo:
Gustavo Gili, 2015.

Vídeos
4 Etapas Básicas para Executar Projeto de Interiores
https://youtu.be/dHiIl5lzwPc
Projeto Arquitetura Consultório Médico
https://youtu.be/2U0lLLtpi3U

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Referências
BOOTH, S., PLUNKETT, D. Mobiliário para o design de interiores. São Paulo:
Gustavo Gili, 2015.

CAMBIAGHI, S. Desenho universal: métodos e técnicas para arquitetos e urba-


nistas. São Paulo: Senac, 2011.

CHING, F. D. K. Arquitetura, forma, espaço e ordem. 3. ed. São Paulo. Martins


Fontes, 2012.

GIBBS, J. Design de interiores: guia útil para estudantes e profissionais: guia útil
para estudantes e profissionais. 1 ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.

GURGEL, M. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas


residenciais. 7.ed. São Paulo: SENAC São Paulo, 2013. 304 p.

LAWSON, B. Como arquitetos e designers pensam. São Paulo. Oficina de Tex-


tos, 2011.

LEE, V. 10 princípios do bom design de interiores. São Paulo. Germakoff, 2012.

MANCUSO, C. Guia prático do design de interiores. Porto Alegre: Sulina, 2005.

NEUFERT, P. Casa, apartamento e jardim. São Paulo: GG Brasil, 2008.

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