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FUNDAMENTOS DO DESIGN

AULA 1

Profª Shirlei Miranda Camargo


CONVERSA INICIAL

Nesta disciplina você terá contato com os principais conceitos,


nomenclaturas e características, além de uma visão da situação atual do design
no mundo e no Brasil.
Alguns desses conteúdos você verá de maneira mais aprofundada em
outras disciplinas. Por isso, o nosso foco aqui é fornecer para você uma ideia
geral sobre o design, uma espécie de “menu degustação”.
Especificamente nesta aula, vamos definir o que é o design, conhecer
também um pouco de sua história e saber o que fazem os diferentes tipos de
designers.

CONTEXTUALIZANDO

O design é uma atividade social. Isso porque os designers raramente


trabalham sozinhos, isolados. Sempre estão respondendo a clientes,
instituições, colaboradores, publicitários etc. Enquanto seu trabalho é exposto
publicamente, muitas vezes eles permanecem anônimos (Armstrong, 2009).
Isso quer dizer que, obviamente, tirando os grandes nomes do design, a
maioria dos designers permanecem praticamente anônimos. No entanto, as suas
obras não. Estão ao nosso redor, nos acompanhando, nos ajudando, nos
divertindo o tempo todo. Duvida?
Olhe em volta nesse momento. Praticamente tudo que você vê foi
pensado por um designer: o seu smartphone ou computador; o sofá ou banco de
ônibus em que você está sentando; o tênis que você está calçando; até esta aula
que você está lendo tem o trabalho de um designer, que escolheu as cores, as
fontes das letras, a capa etc.
São praticamente infinitos os produtos/serviços que um designer pode
criar. Viu como você fez uma boa escolha ao optar por esse curso? O design é
um campo muito diversificado e em franca expansão.
Antes de qualquer coisa, apesar de parecer meio óbvio, vamos “começar
pelo começo”. Você realmente sabe o que é design?

TEMA 1 – O QUE É DESIGN?

Caro aluno, você precisa ter muito claro em sua mente o que é design.
Afirmamos isso porque muitas pessoas confundem dois termos que são
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relacionados, mas que têm significados completamente diferentes. Observe o
anúncio da Figura 1.

Figura 1 – Uso incorreto do termo design e designer em anúncio

Fonte: Adaptado de WCinco, 2019.

Observe a frase: “Parabéns design gráfico”. Ela está errada! Na verdade,


o nome correto do profissional não é “design”, mas sim “designer”, assim como
outros tipos de profissionais que têm a origem de seu nome no inglês e
geralmente terminam com as letras “-er”: personal trainER, personal shoppER,
personal organizER etc.
Portanto, por exemplo, nunca fale:

• Adoro o designer daquele carro.


• Estou estudando designer na faculdade.

Mas sim:

• Adoro o design daquele carro.


• Estou estudando design na faculdade.

Uma explicação para essa confusão é que o termo “design” foi importado
para o Brasil há relativamente pouco tempo, na década de 1960 (Cardoso, 2008).
Com a confusão desfeita, vamos conhecer um pouquinho mais sobre a origem
dessa palavra.
Geralmente, no senso comum, quando alguém fala que algo tem design
(e não faz a confusão mencionada anteriormente), a pessoa quer dizer que se

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trata de algo bonito, atraente, moderno. No entanto, como Borges (2002) alerta,
design é muito mais que isso:

Não é uma maquiagem superficial, nem um enfeite que se acrescenta


quando o produto está pronto, o chantilly ou a cereja em cima do bolo.
Design tem a ver com o bolo todo: a farinha que será usada, o jeito de
juntar e mexer os ingredientes, o tempo e a temperatura do forno, o
sabor, quantos e quais recheios serão usados, e como ele será
montado e decorado ao final. É, portanto, um processo de concepção
integral dos produtos.

Complementando, Cardoso (2008, p. 1) ensina que “design refere-se à


concepção e à elaboração de projetos”.
Esse mesmo autor ainda afirma que, apesar de ser uma palavra inglesa,
sua origem está no latim designare, palavra que resulta em outras duas palavras:
“desenhar” e “designar”. Veja que interessante: o trabalho do designer é
justamente representar conceitos por meio de algum código de expressão visual
(desenhar) e de conjugar processos capazes de dar forma a estruturas e
relações (designar) (Cardoso, 2008).
Como comentado anteriormente, pelo fato de essa palavra ser
“importada”, obviamente tentaram traduzi-la para “desenho” aqui no Brasil, mas
agora que você já conhece o conceito de design, perceba que não é uma
tradução correta. Tanto é que, no espanhol, existem palavras diferentes para os
profissionais dessa área: dibujador para “ilustrador” e diseñador para “designer”.
Segundo o dicionário Oxford, a palavra design foi utilizada pela primeira
vez no ano de 1588. O termo era definido como um plano desenvolvido pelo ser
humano ou um esquema que podia ser utilizado; o primeiro projeto gráfico de
uma obra de arte; ou um objeto das artes aplicadas ou que seria útil para a
construção de outras obras (Bürdek, 2010).
Atualmente, Hsuan-an (2018) define design como “uma atividade
profissional que envolve toda a criação e o desenvolvimento de produtos a fim
de atender às necessidades da população em favor de uma vida melhor e mais
prazerosa”. Ou seja, o design sempre é ligado a algo útil.
Sabendo bem agora o que é design, você já percebe que ele realmente
está em todos os lugares? Que ele nos “persegue”? Como diria Bürdek (2010):
“A vida das pessoas não é mais imaginável sem o design”.

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TEMA 2 – BREVE HISTÓRIA DO DESIGN

Nesta aula vamos ter uma “pincelada” sobre a história do design, apenas
para você ir se ambientando, já que esse assunto será abordado também em
outras disciplinas.
Leia a frase a seguir: “Toda construção deve obedecer a três categorias:
a solidez, a utilidade e a beleza”. Você sabe de quem é essa frase? De que ano
ela é? É uma frase muito coerente, que pode ser relacionada ao design e bem
atual, certo? Certo em partes, pois essa afirmação, por incrível que pareça, foi
feita por Vitruvius, que viveu entre 80-10 a.C., ou seja, há mais de dois mil anos!
Ele era um engenheiro/construtor que escreveu os primeiros e mais
completos trabalhos sobre regras do projeto e da construção de que se têm
notícia. O nome de sua obra é Dez livros sobre a arte da construção.
Portanto, apesar de não ser sobre design, esse livro traz os fundamentos
do funcionalismo, que veio a ressurgir pelas “mãos” do design apenas no século
XX (Bürdek, 2010). Isso demonstra que o ser humano sempre se preocupou em
fazer coisas úteis, mas bonitas também.
Porém, o design como conhecemos hoje deu seus primeiros passos
somente na Revolução Industrial, na metade do século XIX.

Vídeo
Se você não sabe ou não se lembra bem do que se tratou essa Revolução
que mudou o mundo, assista ao vídeo a seguir. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Y1S7_OD9Viw>.

Contudo, para entender melhor o surgimento do design propriamente dito,


vamos dar alguns “passos” para trás, até a Revolução Industrial. Na época do
movimento renascentista (movimento cultural surgido na Itália no século XIV que
enfatizava o antropocentrismo, ou seja, a valorização do ser humano), havia uma
diferenciação muito clara entre arte e artesanato (assunto que também veremos
com mais detalhes em breve).
Para os renascentistas, o artista era um intelectual, ao contrário do
artesão, que era visto com certo desprezo. Porém, esse pensamento foi muito
criticado anos depois pela arte moderna (outro movimento cultural que começou
no final do século XIX). Nessa época, na Inglaterra, teóricos e artistas se
reuniram e fundaram um movimento chamado de arts and crafts (“artes e
ofícios”).
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Com a liderança de John Ruskin e William Morris, eles enfatizavam a
importância do trabalho artesanal diante da mecanização industrial e da
produção em massa que a Revolução Industrial havia trazido. Eles produziam
tecidos tingidos e estampados à mão, móveis, livros etc. Inclusive os padrões de
Morris para papéis de parede são muito conhecidos e comercializados até hoje
(Figura 2) (Enciclopédia Itaú, 2019).

Figura 2 – Padrão de papel de parede de William Morris

Crédito: Natata/Shutterstock.

Mais tarde, surgiu outro movimento: a art nouveau (“arte nova”) que se
caracterizava pelas formas orgânicas (observadas na natureza), femininas e
ricas em detalhes. Esse movimento se desenvolveu entre 1890 e 1918 e, apesar
de valorizar também os trabalhos manuais, utilizava-se da indústria ao fazer uso
dos novos materiais que a Revolução Industrial trouxe, como ferro, vidro e
cimento.
Ou seja, ela integrou arte, lógica industrial e sociedade de massas, indo
contra os princípios básicos da produção em série em uma época em que se
pregava o uso de materiais baratos e com design inferior. A arquitetura, os
móveis, os objetos e as ilustrações foram altamente influenciados por esse
movimento, como você pode ver na Figura 3, que apresenta um objeto de vidro
de Émile Gallé. O objetivo dos artistas e designers dessa época era colocar a
beleza ao alcance de todos.

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Figura 3 – Vaso em vidro

Crédito: Jules2000/Shutterstock.

Outro evento que marcou o design foi o surgimento da escola Bauhaus,


na Alemanha, em 1919, que teve como um dos seus principais nomes Walter
Gropius. Esse movimento fortaleceu a ligação entre arte e indústria. A principal
ideia tida pela Bauhaus era de que a forma artística deveria se originar na
solução de algum problema, reforçando o pensamento de que forma e função
devem “andar” juntos. Esse movimento também influenciou vários produtos,
como mobiliários, tapeçarias, luminárias etc.
Nomes como Marcel Breuer e Michael Thonet se destacaram e suas
criações se tornaram clássicos utilizados até os dias de hoje. Por exemplo, a
cadeira conhecida como modelo 214, criada por Thonet, em 1859, foi a primeira
cadeira produzida em massa, e, devido ao seu design simples e funcional,
continua na moda (Figura 4).

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Figura 4 – Cadeira modelo 214, criada por Michael Thonet (1859)

Crédito: Dr. Norbert Lange/Shutterstock.

Outro exemplo é a cadeira Wassily (Figura 5), desenvolvida em 1925 por


Marcel Breuer, que se tornou um ícone do design e é comercializada até hoje.

Figura 5 – Cadeira Wassily, de Marcel Breuer (1925)

Crédito: CC/DP.

Enfim, como dito no início deste tema, você verá com mais profundidade
a história do design em outras disciplinas; portanto, a ideia aqui era apresentar
um panorama geral.

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TEMA 3 – DESIGN DE PRODUTOS E DESIGN DE INTERIORES

Como vimos no tema anterior, os movimentos que originaram o design


eram amplos e acabavam por influenciar as concepções de móveis, objetos,
ilustrações e arquitetura de sua época. O mesmo continuou acontecendo nos
dias de hoje. Charlotte e Perter Fiell (1999, p. 6, grifo nosso) comentam sobre
essa “amplitude” do design ao defini-lo como “[...] a concepção e planejamento
de todos os produtos feito pelo homem [...]”.
Se pensarmos em todos os produtos, percebemos que existe uma
infinidade de áreas que criam produtos. Tal fato acaba por tornar o campo do
design cada vez mais fracionado em muitas especialidades ditadas pelo
mercado: design de produtos, de interiores, gráfico, editorial, de animação e de
games, entre muitos outros.
Neste tema, vamos abordar o design de produto e o design de interiores.

3.1 Design de produtos

Segundo Gomes Filho (2006), o design de produto é a especialidade que


se preocupa em conceber, elaborar, desenvolver e fabricar um produto de
configuração física geralmente tridimensional.

Figura 6 – Design de produto

Crédito: RAWPIXEL.COM/Shutterstock.

Como você pode imaginar, existe uma enormidade de desdobramentos,


como mostra o Quadro 1, em que na primeira coluna vemos o termo original em
inglês e na segunda seu equivalente aqui no Brasil.

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Quadro 1 – Especialidades/áreas de atuação do Design de produto

Contexto Equivalência aproximada Contexto nacional


internacional
Industrial Design Design industrial
Object Design Design de objeto
Public Design Design de equipamento urbano
Furniture Design Design de mobiliário
Automobile Design Design automobilístico
Computer Design Design de computador
Hardware Design Design de máquinas e equipamentos Design de produto
Packaging Design Design de embalagem
Food Design Design de alimento
Jewelery Design Design de joias
Sound Design Design de sistemas de som
Lighting Design Design de sistemas de iluminação
Textile Design Design têxtil
Fonte: Gomes Filho, 2006 p. 14.

No entanto, podem-se agrupar essas especialidades em quatro grandes


grupos:

1. Produtos de uso (veículos, utensílios domésticos, eletrônicos, calçados,


joias, embalagens etc.);
2. Máquinas e equipamentos em geral (instrumentos, dispositivos,
maquinário etc.);
3. Produtos de componentes de ambiente em geral (produtos que compõem
postos de trabalhos, posto de atividades etc.);
4. Artigos do lar (cortinas, tapetes, roupas de cama etc.; possui grande
interface com o design têxtil).

Realmente, a área de design de produtos é enorme. Tem para todos os


gostos. E você, já se identificou com alguma? Não tenha pressa, pois agora
vamos aprender um pouco sobre o design de interiores.

3.2 Design de interiores

Gomes Filho (2006, p. 21) define design de interiores, chamado também


de design de ambientes, como: “especialidade ou área de atuação que envolve
a concepção de ambientes em geral: planejamento, organização, decoração e
especificação de produtos (mobiliário, equipamentos, obras de arte e objetos em
geral)”.
Portanto é uma área que se preocupa com o layout espacial, ou seja, a
distribuição de elementos em espaços, privados ou públicos, como residências,

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comércios, indústrias, áreas de lazer, automóveis, navios etc. (Gomes Filho,
2006).
O design de interiores é tão antigo quanto a própria humanidade. Os
antigos egípcios, mesmo os mais simples, já decoravam suas cabanas com
mobiliário e enfeitavam as paredes com pinturas, esculturas e vasos. Os mais
ricos usavam ornamentos de ouro luxuosos, demonstrando ostentação, domínio
e poder sobre a demais população do antigo Império Egípcio (Portal Educação,
2019).
Como você deve ter percebido ao aprender o conceito de design de
interiores, este acaba se sobrepondo a outras profissões, tanto é que muitas
vezes é confundido com decoração ou arquitetura.
O decorador é o profissional cuja função restringe-se à escolha de
acessórios, móveis ou cores sem alterar fisicamente a obra. Por sua vez, o
designer de interiores, além de poder fazer o trabalho do decorador, tem a função
de distribuir adequadamente objetos em espaços internos seguindo normas
técnicas de ergonomia, acústica, térmica e luminotécnica. Porém, não podem
realizar qualquer alteração estrutural do ambiente, o que é atribuição do
arquiteto ou engenheiro civil (Rizzo, 2013).
Finalizando, atualmente vemos uma popularização do design de
ambientes por dois motivos: o avanço da tecnologia, que trouxe um
barateamento do preço dos materiais e também a automatização da fabricação
de móveis. Ou seja, o design de interiores não está reservado somente para
classes mais altas, pois ele está cada vez mais acessível (Portal Educação,
2019). Assim sendo, é um campo que está a “todo vapor” e que oferece muitas
oportunidades.

TEMA 4 – DESIGN GRÁFICO E DESIGN DE EDITORIAL

Agora vamos abordar mais dois diferentes tipos de design: design gráfico
e design editorial. Você os conhece? Sabe a diferença?

4.1 Design gráfico

A palavra “gráfico” vem do grego graphein, que significa “escrever”,


“descrever”, “desenhar”, e está ligada a outras palavras como grafar, grafismo,
grafite, grafologia. Seu uso também está relacionado à tipografia, que surgiu com

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a invenção da prensa para imprimir com tipos móveis, no século XV. Assim
sendo, o termo gráfico é associado a vários processos de impressão, como
gravura em madeira, metal, litografia, serigrafia, offset, entre outros métodos
(Cardoso, 2008).

Saiba mais
Você conhece a história do surgimento da prensa móvel? Até ela ser
inventada, o Oriente era muito mais avançado que o Ocidente. Contudo, depois
da criação de Gutemberg, que foi seu inventor, isso mudou. Assista ao vídeo e
conheça essa incrível história. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=qz_pQpG056I>.

De acordo com Gomes Filho (2006, p. 21), design gráfico é uma


especialidade do design que envolve a concepção, elaboração, desenvolvimento
do projeto e execução de sistemas visuais de configuração formal (física ou
virtual) geralmente bidimensional. Ou ainda, é uma área de atuação que tem por
objetivo criar produtos visuais para resolução de problemas de comunicação que
podem envolver tanto aspectos práticos como simbólicos. Para isso, trabalha-se
tanto com elementos verbais como não verbais, que são veiculados em materiais
impressos ou suportes digitais (Mazzarotto, 2018).
No entanto, muitas pessoas confundem design gráfico com publicidade –
e com razão – porque são áreas que se relacionam fortemente e acabam por se
sobrepor. Contudo, existe uma divisão teórica: a publicidade planeja a
mensagem, o conteúdo, as estratégias de comunicação. Já o designer gráfico
dá forma visual a essa mensagem, utilizando cores, composições, tipografia. Se
uma única pessoa – seja ela designer, seja publicitária – cria um anúncio, ela
está fazendo os papéis das duas áreas, o que é bem comum (Mazzarotto, 2018).
Resumidamente, design gráfico é o conjunto de atividades voltadas para
a criação e a produção de objetos de comunicação visual impressos ou virtuais.
O designer gráfico realiza essas atividades utilizando um suporte (papel ou
espaço virtual), a tipografia (o visual das letras, números, caracteres) e os
elementos visuais (imagens, traços, sombras, cores). As principais atividades
desse designer são planejar, diagramar e ilustrar (Cardoso, 2008).
O site Guia da Carreira (2019) traz alguns exemplos das atividades de um
designer gráfico:

a. Criação e produção de animações para o meio digital;

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b. Criação de logotipos, marcas e embalagens;
c. Definição da aparência e formato de páginas de jornais e revistas (cores,
formatos, tamanhos e tipos de letras e de papel);
d. Criação visual de sites, blogs, banners para a internet;
e. Planejamento e desenvolvimento de anúncios, panfletos, cartazes e
vinhetas para a TV.

Contudo, como já foi comentando, o mercado foi “pedindo” que algumas


atividades realizadas por designers fossem se tornando mais especializadas, e
assim surgiram outras subáreas, como design de animação e design editorial,
que vamos abordar na sequência.

4.2 Design editorial

Apfelbaum e Cezzar (2014) ensinam que design editorial é uma disciplina


do design de comunicação (conhecido também por design de comunicação
visual ou design gráfico) (Gomes Filho, 2006).

Figura 7 – Design editorial

Crédito: emka74/Shutterstock.

Logo, ele é uma especialidade do design gráfico que realiza o projeto


visual de uma edição (edição = planejamento de textos e imagens que compõem
uma publicação) (Anderson, 2017). No entanto, apesar de ser “um braço” do
design gráfico, é o setor que mais emprega os designers (Design your way,
2019). Isso porque se trata de um campo interessante que combina composições
inteligentes, layout e tipografia criativa resultando em uma solução harmoniosa
(Design your way , 2019).
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Os produtos realizados por um designer editorial são publicações
periódicas como livros, revistas, jornais, agendas, cadernos, inclusive e-books
(Anderson, 2017; Gomes Filho, 2006). Ou seja, o designer editorial, atualmente,
não trabalha apenas com o “papel”. Logo, criar revistas, livros e jornais que serão
veiculados tanto no papel como na tela de celulares e computadores está se
tornando um grande desafio (Design your way, 2019). Isso leva os designers de
editorial a se aprimorarem e entenderem de outras tecnologias e conhecimentos
(por exemplo, design de experiência) (Gomes Filho, 2006).

Figura 8 – Design editorial

Crédito: ESTUDIO MAIA/Shutterstock.

Além disso, o designer de editorial precisa ter um bom relacionamento


interpessoal, pois é um profissional que se relacionará com fotógrafos,
jornalistas, redatores, ilustradores, além de manter contato com gráficas e
setores de acabamento (Anderson, 2017).
Enfim, o designer de editorial desempenha um papel muito importante na
forma como a informação é compartilhada, apresentada e compreendida.
Especialmente, dada a última função, essa área pode realmente trazer alguma
mudança importante à sociedade (Design your way , 2019).

TEMA 5 – DESIGN DE ANIMAÇÃO E DE GAMES

Agora, vamos falar dos “irmãos mais novos” do design: design de


animação e de games, especialidades atuais e em alta no mercado.

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5.1 Design de animação

De acordo com Mogadouro (2013), animar significa “dar alma”. Logo,


fazer uma animação é dar vida a algo, no caso um desenho, que não tem vida
própria. O desenho de animação, portanto, é marcado pelo movimento: na
representação de deslocamentos, ações, coreografias, com a função de
demonstrar ideias, emoções (Wells; Quinn; Mills, 2012).
Apesar de atualmente ser vinculada à tecnologia, a animação é bem mais
antiga do que parece. Já na época das cavernas, os homens pré-históricos
faziam seus desenhos estáticos parecerem estar em movimento ao desenhar
animais com patas a mais, dando a sensação de que eles estavam correndo
(Mogadouro, 2013), como você pode observar na Figura 9 feita na caverna de
Altamira, na Espanha, um importante sítio arqueológico.

Figura 9 – Pintura rupestre

Crédito: NSP-RF/ Alamy/ Fotoarena.

Porém, foi após o desenvolvimento da ótica e do surgimento da fotografia


e do cinema que as primeiras técnicas de animação surgiram no final do século
XIX (Mogadouro, 2013).
Nos dias de hoje, o designer de animação é aquele que planeja e cria
animações fazendo uso de técnicas tanto 2D (bidimensional) como 3D
(tridimensional), além do stop motion (disposição em sequência de fotos
diferentes de algo inanimado para simular movimento). É um profissional que

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desenvolve produtos para diferentes finalidades e aplicações como cinema,
televisão, publicidade, games e até ensino (Matias, 2017).
No cinema, ele vai fazer curtas e longas metragens; na TV, criar vinhetas
e aberturas de programas; na publicidade, elaborar comercias, e na educação,
realizar animações para cursos de educação à distância, por exemplo (Matias,
2017).
No Brasil, o cenário para designers de animação tem sido promissor. Isso
porque as animações brasileiras têm feito sucesso, logo, o número desse tipo de
produção vem aumentando nas últimas duas décadas (Saga, 2018).
O primeiro longa-metragem totalmente animado no computador aqui no
Brasil, em 1996, foi Cassiopeia; desde então, a animação brasileira vem
acumulando conquistas. Por exemplo, a animação O menino e o mundo escrito
e dirigido por Alê Abreu, além de ter sido premiado no Festival de Annecy,
principal evento de animações do mundo, foi também indicado ao Oscar no ano
2016 como melhor animação (Saga, 2018).

Vídeo
Você já assistiu O menino e o mundo? Veja este trailer e, caso goste, você
vai encontrar facilmente a versão completa na internet. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=6lFP8FVUwK8>.

5.2 Design de games

O mercado de games no Brasil é promissor também. O faturamento dos


jogos virtuais no país (considerando só video games e computadores) deverá
subir de R$ 2,2 bilhões, em 2017, para R$ 3,2 bilhões em 2022, com uma taxa
média de crescimento de 8,9% ao ano (Marques, 2018).
Obviamente, esse mercado em expansão necessita de uma série de
profissionais. Um desses profissionais é o designer de games, que é a pessoa
que vai criar, planejar e desenvolver jogos em diferentes plataformas:
computador, tablet, smartphone e video game (Rocha, 2019).
Ou seja, como Salem, Tekinbaş e Zimmerman (2004) já ensinavam, um
designer de game é um tipo específico de designer, muito parecido com outros
tipos de designer, como o gráfico ou industrial, porém, não se trata de um
programador ou gerente de projeto, apesar de muitas vezes assumir esses
papéis na criação de um game. Seu foco é projetar o jogo, criando regras e

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estruturas que resultarão em uma experiência para os jogadores. Enfim, um
game designer não cria tecnologia, ele cria experiências.
Complementando, Arruda (2014) afirma que design de games é o
processo de construção e elaboração de jogos, ou seja, é decidir como um jogo
vai ser. Isso envolve uma série de decisões: qual é a história do jogo, as
personagens, as regras, as plataformas em que o jogo vai rodar, entre outras.
Portanto, para “dar conta do recado”, é preciso criatividade, capacidade de
inovação, organização e conhecimento da área.
Além disso, como Fullerton (2014) afirma, tornar-se um game designer é
um processo vitalício, que nunca termina, pois é uma área altamente tecnológica
e que está em constante mudança, obrigando o profissional a estar
continuamente se atualizando.
Assim sendo, como alerta Arruda (2014) citando Chandler (2012), ser
jogador é essencial para saber o que é bom é o que não é; o que dá certo ou
não; mas é necessário também ter um grande domínio da área.
Então, se você é um ótimo jogador e quer ser um designer de games, já
está um passo à frente. No entanto, só isso não é suficiente. Você vai precisar
estudar e estar sempre atualizado, mas pode ter certeza que isso compensa.

Vídeo
Assista a esta reportagem sobre o mercado de games no Brasil para ter
uma ideia da dimensão desse mercado. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=C43rBRkBDDw>.

TROCANDO IDEIAS

Nesta aula vimos um grande número de especialidades do design: gráfico,


de interiores, de games, animação, editorial. No entanto, existem muitas outras.
Vamos pesquisar? Quais outras você encontrou? Qual delas lhe causou mais
estranheza?

NA PRÁTICA

Aprendemos neste encontro que existem profissionais atuando em


diversas especialidades do design. Mas como será que é ser um designer?
Quais os pontos negativos e positivos? Leia o artigo “No dia do Design,
profissional conta as dificuldades da profissão”, de Wellington Márcio de Lima,

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disponível no link a seguir, faça uma reflexão e depois escreva, com base nesse
texto e em sua opinião, os pontos positivos e negativos de ser um designer.
Disponível em: <http://www.douranews.com.br/dourados/item/68974-no-dia-do-
design-profissio
nal-conta-as-dificuldades-da-profiss%C3%A3o>.

FINALIZANDO

Então, gostou desta aula? Aprendeu coisas novas? Apostamos que você
não sabia que os homens das cavernas já tentavam fazer animação em suas
pinturas rupestres ou que cadeiras com um design de mais de 90 anos ainda
fazem sucesso.
Esperamos também que, além da evolução histórica do design, você
tenha entendido bem o conceito de design e percebido que ele é muito mais
amplo que apenas “um produto bonito”. Portanto, ser designer envolve resolver
problemas, planejar, projetar. Além disso, você descobriu que existe um mundo
de possibilidades para um designer trabalhar: em gráficas, fábricas, escritórios,
cinema etc. Enfim, a ideia era abrir um “portal” para você dar uma “espiadinha”
e conhecer esse mundo maravilhoso do design.

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REFERÊNCIAS

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definição oficial de design gráfico ao longo dos anos. Projetica, v. 8, n. 2, p. 83-
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%20WCINCO%5B3%5D.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2019.

21
FUNDAMENTOS DO DESIGN
AULA 2

Profª Shirlei Miranda Camargo


CONVERSA INICIAL

Futuro designer, nesta aula, você terá uma visão ampla do design, no
Brasil e no Mudo. Começaremos falando sobre a globalização que influenciou
profundamente o design; seguimos conhecendo os países que se destacam em
relação ao design (os mais premiados) e finalizamos com os maiores nomes da
atualidade: internacionais e nacionais. Espero que você se inspire, se dedique
bastante ao longo do curso para, quem sabe, em breve, ver seu nome em uma
destas listas!

CONTEXTUALIZANDO

O design passa por um grande momento! Muitas empresas estão


contratando diretores de design e investindo em centros de design e inovação.
Além disso, várias escolas de negócios e design de alto nível estão utilizando
programas interdisciplinares para ajudar os executivos alunos de MBA a
pensarem mais como designers e vice-versa. Isso porque, como Chandler et al.
(2017) ensinam: “Os negócios quase sempre são melhores por conta do design”.

TEMA 1 – DESIGN NO MUNDO E NO BRASIL

Vivemos em um momento de constante evolução e mudança, em que as


tecnologias estão cada vez mais abundantes, a sociedade mais complexa e as
empresas tentando sobreviver. Nesse cenário, o design, como as demais
profissões, também vem mudando suas características e metodologias,
deixando de focar apenas no produto, para olhar, também, um horizonte bem
mais amplo (Vogt, 2017).
De acordo com Bürdek (2018), o termo produto evoluiu e hoje pode ser
considerado, por exemplo, um serviço ou até um evento. Atualmente, as
organizações no mundo todo reconhecem o valor estratégico do design (Bürdek,
2018).
Boa parte disto pode ser atribuída à globalização. Globalização foi o
fenômeno que fez aumentar as relações entre os países intensificadas
principalmente pelo avanço tecnológico. Os reflexos da globalização, no Brasil,
aconteceram em meados da década de 1990 repercutindo também no design.
Como o designer brasileiro De Moraes em 1997 já afirmava, a grande mudança

2
foi que, com a globalização, os mesmos produtos tinham que ser
comercializados em diversos países ao mesmo tempo.
Conforme o referido autor, isso levou os designers a deixarem de lado
referências unicamente regionais, tornando-as mais sutis, discretas, a fim de que
seus produtos pudessem competir globalmente e serem utilizados por pessoas
de diversos lugares. Porém, isso não significou o extermínio de produtos
regionais, os quais continuaram em forma de artesanato ou com suas
características “diluídas”.
As empresas começaram a reconhecer o design como uma forma para
alcançar esse novo público internacional e, assim, se diferenciar dos demais
obtendo uma vantagem competitiva (Landim, 2010). Portanto, com a
globalização, o design também passou a ser um fenômeno mundial (Landim,
2010) e criar os produtos globais se tornou um grande desafio para os designers
(De Moraes, 1997).
Landim (2010) ainda comenta que, no Brasil, as poucas empresas que
investem em design se destacam, mas a grande maioria ainda não o faz. A
autora afirma que, mesmo 40 anos depois da fundação dos primeiros cursos de
design no Brasil, a área ainda é pouco conhecida por grande parte da população
brasileira. E para aquela pequena parte da elite que já a conhece, o design é
pouco explorado.
Isso leva a existência de problemas crônicos de design no dia a dia do
brasileiro: nos transportes, na saúde, nos equipamentos urbanos em geral
(Landim, 2010). O que é um absurdo, já que o design possui uma variedade de
campos e métodos justamente para auxiliar na resolução de muitos problemas
(Vogt, 2017). A autora Vogt (2017) acredita que isso é por que, no Brasil, ainda
termos uma visão focada em produto, na qual o designer tem um papel de “criar
a forma das coisas”, nada mais que isso.
De acordo com ela, esse conhecimento superficial do design pode ser
consequência, em partes, da época em que o design foi implementado no Brasil
e de como foi e é trabalhado nas empresas. No nosso país, a melhor oferta e o
melhor preço garantem uma boa fatia do mercado. Dessa maneira, o design é
relegado, quando existe na empresa, como um auxiliar do departamento de
marketing, não sendo utilizado estrategicamente. Isso faz com que o designer
se torne uma ferramenta braçal, sem questionar ou ser questionado se aquela
solução é a melhor para a resolução de algum problema ou ainda, se realmente

3
existe um problema a ser solucionado, se há uma necessidade real de nosso
cliente (Vogt, 2017).
Mas, como nos vimos, o papel do designer vai muito, pois ele resolve
problemas, cria soluções e não apenas serve para deixar “as coisas bonitas”.

TEMA 2 – PAÍSES QUE SE DESTACAM EM DESIGN

Anualmente, é divulgado o ranking mundial de design: World Design


Rankings (WDR). O WDR tem como objetivo fornecer dados e informações a
jornalistas e economistas sobre a indústria do design, destacando os bons
profissionais e seus trabalhos em cada país. O ranking é feito por meio da
colocação (acumulativa desde 2010) dos projetos individuais dos designers de
cada país no A’Design: um renomado prêmio internacional. Os trabalhos são
pontuados entre Platinum, Ouro, Prata, Bronze e Ferro (Mattos, 2016).

Figura 1 – Ranking Mundial do Design

Fonte: World..., 2018.

Como podemos ver na Figura 1, o Brasil ficou com a 11ª posição em 2018,
uma pequena melhora em relação a 2017, em que estava na 12ª posição.
Contudo, ele já esteve em posições melhores, como em 2016 e 2015, quando
ocupou, respectivamente, a 9ª e a 8ª posição (Mattos, 2016; 2017; 2018; 2019).

4
Por que será que o Brasil está nessa posição? Vamos analisar os primeiros
colocados e tentar entender?

Estados Unidos

Uma possível justificativa para os Estados Unidos estarem em primeiro


lugar nesse ranking pode ser o consumismo exacerbado que insaciavelmente
exige novidades. E tal visão tem uma origem histórica.
O impulso do design nos EUA ocorreu por conta da crise econômica de
1929 que arruinou as finanças do país. Para superar a crise, o governo tentou
estimular o consumo utilizando o design para tornar os produtos mais atrativos.
Surgia o movimento chamado de Styling, focado principalmente na estética, o
qual se diferenciava do design europeu que possuía aspectos mais
funcionalistas (Andrioli; Galafassi, 2015).
Depois da Segunda Guerra, surgiu o American Way of Life (modo de vida
americano) que incentivou o consumo em massa em todas as classes sociais.
Nesse contexto, a televisão recém-chegada teve papel fundamental. Esse
consumismo espalhou-se pelo globo e tornou-se um jeito de viver não só dos
americanos, mas do mundo todo (Andrioli; Galafassi, 2015).
Esse histórico se refletiu na nossa atualidade. De acordo com Flinchum
(2008), o design americano se preocupa em fornecer soluções práticas de curto
prazo, ao contrário dos europeus que dão ênfase a tradição. Segundo o autor,
parte disso está na visão otimista de que o futuro fornecerá melhores soluções
(novos materiais, processos e conhecimentos).
Obviamente a desvantagem disto é uma negligência com o meio ambiente
e uma sensação que tudo está disponível e que a cada ano se podem mudar as
coisas (ex.: renovar os eletrodomésticos da casa, trocar de carro, de celular etc.
A vantagem foi uma explosão de design livre da tradição e uma crença de que
algo popular não é necessariamente “ruim” (FLINCHUM, 2008). Isso porque,
para se “dar conta” dessa renovação constante, o design tradicional tem que dar
lugar a um design popular, com custos menores.
Como Flinchum (2008) comenta, dessa “descartabilidade” e
“popularidade”: “a cultura americana é, em geral, popular”. Se, por vezes, algo é
“um pouco vulgar, um pouco malfeito, derivado, ou banal – não se preocupe
alguma coisa acontecerá a qualquer momento”.

5
Figura 2 – 1959 Cadillac Coupe de Ville, modelo que representa o ponto alto do
design e luxo dos carros americanos.

Crédito: James R. Martin/Shutterstock


China

Assim como a sua economia, o design da China está ganhando


proporções mundiais (Globalizado..., 2014). A China tem passado por uma
terceira abertura para o mundo relacionada ao grande desenvolvimento que a
tornou a segunda economia mundial. Além disso, os estrangeiros estão “de olho”
na China em busca de seu imenso mercado consumidor (a população da China
representa 22% da população mundial).
Por outro lado, a China também quer exportar seus produtos Designed
(não apenas Made) in China para o mundo. Isso leva a uma necessidade de que
os profissionais locais se tornem versáteis também nos padrões internacionais
do design (Porto, 2011).
Nesse cenário, o design acabou virando algo estratégico para o governo
Chinês. De acordo com Buso (2016), a CIDA (China Industrial Design
Association) possui um orçamento de aproximadamente 150 milhões de dólares
para promover seu design. Além disso, o governo Chinês insere o design nas
ações de políticas públicas em todo o país, ou seja, os investimentos em design
são pesados.
Em 2006, a revista Macau já sinalizava o tsunami Chinês:

Uma revolução silenciosa toma corpo no mundo do design da China[...]


É nas escolas de design da China, de onde saem todos os anos cerca
de dez mil designers de “canudo” na mão, que está a geração que vai
mudar tudo [...] Para reforçar, o designer australiano Ken Cato, com
larga experiência no mercado chinês, aposta nos jovens formados no
estrangeiro que estão a regressar à China: “Eles farão a diferença!
(Design..., 2006).

6
Ou seja, “um mar” de designers sendo formados fora e dentro do país e
os investimentos pesados do governo no design que é considerado estratégico
levaram a China a estar na segunda posição do ranking global de design.

Figura 3 – Modern Chinese Ming Chair

Crédito: Dandesign86/Shutterstock
Japão

Como Foes (2006) afirma “os designers japoneses projetam hoje para
atender as necessidades mundiais de amanhã. ” No entanto, nem sempre foi
assim. Antigamente os japoneses copiavam e exportavam o design ocidental.
Mas graças a um constante incentivo do governo e a grande competitividade das
empresas privadas japonesas, o design japonês evoluiu. E foi essa competição
que tornou os produtos japoneses extremamente competitivos no mercado
internacional, ajudando o país a se reerguer depois da Segunda Guerra Mundial
(Foes, 2006).
Mais recentemente, o objetivo das empresas japonesas era criar produtos
que proporcionassem prazer, alegria e se adaptassem à sensibilidade do
consumidor. Pensando nisso, as empresas investiram pesadamente em
pesquisas para entender melhor esses consumidores. Foram dessas pesquisas
que surgiram objetos icônicos como walkman, filmadoras portáteis, tec toys, disc
laser, entre outros (De Moraes, 1997).
Atualmente, os japoneses produzem produtos compactos, simples, de
qualidade e duráveis utilizando meios de produção extremamente eficientes
(Foes, 2006). E a qualidade é um marco importante, pois, em 1957, foi criado
um selo que atesta a qualidade do design japonês: o GMark que existe até os
dias de hoje (Albano, 2013).

7
Contudo, o designer japonês tem grandes desafios. Quase que
diariamente são lançados novos produtos no Japão, assim, o descarte e o
reaproveitamento dos produtos é um grande desafio. Outro problema é a falta
de espaço e de recursos naturais já que o Japão é um país muito pequeno,
fazendo com que os designers pensem em produtos com o melhor arranjo e
compactação. Tais fatos são as bases da miniaturização e da nanotecnologia.
Ou seja, a tendência e o desafio dos designers japoneses é criar produtos
compactos, precisos e simples que sejam úteis no futuro e não interfiram no meio
ambiente (Foes, 2006).

Figura 4 – Carro compacto, elétrico e futurista da Toyota

Crédito: Borka Kiss/Shutterstock


Itália

Os Italianos são conhecidos mundialmente por sua preocupação estética.


Um reflexo disso, por exemplo, é sua moda e seus automóveis, muito valorizados
pelo seu design (Veiga, 2015). Ainda segundo Veiga (2015), na Itália “[...] existe
toda uma estrutura que privilegia o experimento e o desenvolvimento dos novos
talentos. ”
Nenhum outro país teve tantos designers de destaque internacional. Além
disso, há na Itália um grande número de publicações sobre o assunto que
promove uma eterna e renovada discussão sobre o tema. Como o designer
Andrea Branzi afirmou: “para história do design italiano, é uma sorte não ter
havido um museu, mas as trienais; não ter havido uma escola, mas tantas
faculdades; não ter havido uma história, mas muitos livros e revistas” (De
Moraes, 1997).

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De acordo com o teórico Atillio Marcollini, são três as características mais
marcantes do design industrial italiano: é um design de “protagonistas”; não
querem ser normativos, mas sim icônicos; as empresas lá valorizam o design de
forma estratégica (De Moraes, 1997).
Em relação a sua evolução, o design italiano passou por diversas fases.
Na primeira fase (1945 -1950), o foco eram objetos do cotidiano: rádios e
telefones, com formas simples.
A segunda fase iniciou nos anos 1960, quando se buscava mais
qualidade, levando as empresas a valorizar um desenho mais sofisticado, por
exemplo, principalmente nos artigos domésticos. Aqui ganham destaque as
famosas máquinas de calcular e de escrever da Olivetti que surgiram com um
design bastante ousado para sua época.
Já nos anos 1980, os produtos italianos ficaram conhecidos mundialmente
e, dos anos 1990 para cá, os objetos italianos se caracterizaram pelo uso mais
agressivo de formas e cores. Por exemplo, é nessa época que surge a banqueta
Bombo de Stefano Giovannoni com um design inconfundível e cores fortes
(Figura 5). Já as características dos anos 2000 no design italiano, além da
“leveza nos objetos, foi seu uso não só em casas e carros, mas outros contextos
como em navios, por exemplo. Outro foco deles é fazer um produto global, com
linguagem local (A História..., 2002).

Figura 5 – Banqueta Bombo de Stefano Giovannoni

Crédito: Tinxi/Shutterstock

TEMA 3 – EMPRESAS QUE SE DESTACAM EM DESIGN

A tecnologia e a globalização estão nos levando a mudanças cada vez


maiores e mais rápidas. As empresas, para ficar à frente de seus concorrentes,

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estão se voltando para o design, a fim de se conectar melhor com os clientes e
conseguir uma vantagem competitiva. A Revista Fortune fez uma pesquisa com
a comunidade do design, executivos e pesquisadores para listar as empresas
mais bem-sucedidas em design (de vários setores) (Chandler et al., 2017). A
seguir comentaremos algumas delas.

Apple

Por criar uma geração de produtos inigualáveis, a Apple tornou-se a


empresa mais valiosa do mundo. E mesmo após a morte de Steve Jobs, seu
principal nome por muitos anos, contrariando os pessimistas, ela continua sendo
um sucesso.

Dyson

Criada pelo desenhista industrial britânico James Dyson, que tinha como
foco a tecnologia disruptiva e o minimalismo, a empresa queria transformar
eletrodomésticos comuns (aspiradores de pó, ventiladores e secadores de
cabelo) em produtos a serem cultuados pelas pessoas. Por exemplo, o secador
de cabelo Dyson supersônico (Figura 6), que possui um motor digital com
metade do peso e oito vezes a velocidade de um secador tradicional e ainda é
silencioso.

Figura 6 – Secador de cabelo Dyson

Crédito: Papin Lab/Shutterstock


Google

Como acontece com muitas empresas de tecnologia – Apple, Yahoo e até


Amazon –, a linguagem de design do Google já percorreu um longo caminho e
mudou muito. Contudo, a maioria dos colegas do Google perdeu suas
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peculiaridades e tornou-se mais minimalista, com cores mais discretas (ex.:
Apple). Já a Google manteve a personalidade de sua juventude por meio de um
sofisticado design industrial que usa formas diferenciadas, novos materiais e
botões de cores brilhantes.

Figura 7 – Celular Google

Crédito: Framesira/Shutterstock

Samsung

Há algum tempo, a Samsung foi aos tribunais defender sua criatividade


contra a Apple que a acusava de plágio. Mas o tempo passou e hoje a Samsung
é a empresa que mais investe em pesquisa e desenvolvimento, refletindo na
criação de TVs, telefones e eletrodomésticos cobiçados por todos.

Amazon

O bom design não se limita somente a estética, ele é também é função. E


a Amazon, com suas lojas que vendem de tudo e com um foco fortíssimo no
cliente, são extremamente funcionais.
As demais empresas da lista são: Huawei, Microsoft, IBM, Airbnb,
Musical.ly, Snap, Meitu, Instagram, Tesla, Ford, Audi, Hyundai, Starbucks, Ikea,
PepsiCo, Capital One, Uniqlo, Nike, Zalando, Philips. Se quiser mais
informações, acesse o link: <http://fortune.com/2017/12/22/business-design-
apple-airbnb-tesla/>.

TEMA 4 – DESIGNERS IMPORTANTES NO MUNDO

A revista on-line de arquitetura, interiores e design, Dezeen, depois de


uma pesquisa com mais de 100 milhões de visualizações de páginas e centenas
de milhares de retornos de pesquisa de 1 de julho de 2015 a 30 de junho de

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2016, elaborou uma lista com os 53 tops designers da atualidade. Na Figura 8,
você consegue ver os 10 primeiros colocados (DESIGNERS...2016):

Figura 8 – Lista dos 10 nomes principais do design mundial

Position Name Tag


1 Oki Sato/Nendo Nendo
2 Thomas Heatherwick Thomas Heatherwick
3 Ronan and Erwan Bouroullec Ronan & Erwan
Bouroullec
4 Tom Dixon Tom Dixon
5 Jasper Morrison Jasper Morrison
6 Naoto Fukasawa Naoto Fukasawa
7 Benjamin Hubert/Layer Benjamin Hubert
8 Barber and Osgerby Barber and Osgerby
9 Marc Newson Marc Newson
10 Patricia Urquiola Patricia Urquiola

Fonte: Designers..., 2016.

Vamos conhecer o primeiro nome da lista?

Oki Sato

Um dos designers mais influentes do mundo, o canadense Oki Sato, do


estúdio Nendo, desenvolve produtos que tragam pequenos momentos
prazerosos, de alegria para as pessoas: “Buscamos reconstituir o dia a dia,
coletando insights simples e transformando-os em criações que sejam fáceis de
compreender, quase intuitivas” (Müller, 2013).
Como você deve ter percebido aluno, a lista é composta por uma única
mulher. É algo a se pensar... por isso, vou contar um pouco mais sobre essa
designer.

Patricia Urquiola

A designer espanhola radicada na Itália Patricia Urquiola, de 57 anos, é


tão eclética quanto bem-sucedida. Fez o projeto do hotel cinco estrelas Il Sereno
no Lago de Como, na Itália, um cesto de couro da coleção Mades, da Louis
Vuitton e uma reedição da cadeira Lilo. Sobre o fato de ser uma das poucas
mulheres que estão entre os designers mais renomados, ela comenta: “Acho um
absurdo eu ainda ser uma das poucas representantes na área do sexo feminino.
Faço networking com companheiras do mundo inteiro para emplacar ideias
novas”. Suas peças são sedutoras e brincam com cores e formas (Di Pilla, 2018).

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Figura 9 – Tapete Slinkie e Patrícia Urquiola

Créditos: Tapete Double Slinkie Desenhado Por Patricia Urquiola Para Cc-Tapis. Marco Craig

Para ver a lista completa com os 50 designers clique no link:


<https://www.dezeen.com/dezeenhotlist/2016/designers-hot-list/>.
Especificamente falando de designers gráficos, a lista de nomes
importantes dessa área também é enorme e não há um consenso de quais
seriam os melhores. Contudo, dois nomes chamam a atenção, portanto, vamos
aprender um pouco sobre eles.

David Carson

David Carson é um ex-surfista e premiado designer gráfico que nasceu


em 1956 nos Estados Unidos. Ele é conhecido mundialmente por seu trabalho
inovador. A característica principal de seu trabalho é dar a impressão de
desorganização, irracionalidade e falta de coerência. Ele não se preocupa com
legibilidade, padrões e grids. Contudo, os elementos presentes em suas obras
apresentam uma intensa relação.

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Carson usa letras invertidas, recortes, tipos distorcidos, quebrados,
sujeira, rabiscos e sobreposições que dão ao trabalho características únicas e
além de liberdade de interpretação por parte do público.

Paula Scher

Paula Scher é uma das designers gráficas mais influentes do mundo.


Scher abrange a linha entre a cultura pop e a arte no seu trabalho. Icônica,
inteligente e acessível, suas imagens entraram para a história americana como,
por exemplo, a logo do CityBank (Figura 12) (Paula..., 2019).

Figura 10 – Logotipo do CityBank criado por Paula Scher

Crédito: Ken Wolte/Shutterstock

Similarmente, no design de interiores, não há consenso nas listas de


melhores designers, porém, dois nomes costumam a se repetir e serão
apresentados na sequência.

Kelly Wearstler

Conhecida como a "a grande dama do design de interiores da Costa


Oeste", ela possui clientes famosos como Gwen Stefani e Gavin Rossdale
(Oliveira, 2018). Possui um estilo que mistura o cru com refinado, sofisticação
com espontaneidade e reúne móveis dos mais variados períodos. Seu portfólio
inclui hotéis de luxo e grandes residências em Beverly Hills, Caribe ou em
diferentes lugares do mundo (World’s..., 2019).

Kelly Hoppen

Kelly Hoppen é uma designer de interiores inglesa considerada uma das


melhores do mundo. Sua ascendência judaica e irlandesa influencia seus

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projetos que incluem não somente residências, mas também iates de luxo,
restaurantes, escritórios e até aeronaves (Oliveira, 2018).

Figura 11 – Designer de Interiores Kelly Hoppen

Crédito: Featureflash Photo Agency/Shutterstock

Agora, falando sobre animação e games, podem-se citar os nomes de


John Lasseter e Hideo Kojima como designers renomados.

John Lasseter

Com o avanço da computação gráfica, John Lasseter ganhou destaque.


Ele começou trabalhando nos estúdios da Disney e pregava que as animações
deveriam ser feitas em computador, o que levou a sua demissão. Então, John
foi trabalhar na Lucas Films, onde iria atuar no sistema de animação criado pela
empresa, a Pixar Image Computer. No ano de 1986, a Pixar se tornou um estúdio
independente e foi comprada por Steve Jobs. Lá, John foi responsável por obras
incríveis como Toy Story 1 e 2, Vida de Inseto, Monstros S.A, Os Incríveis, entre
outros.

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Figura 12 – Designer de animação John Lasseter e suas criações

Crédito: S_Bukley/Shutterstock

Quando a Disney comprou a Pixar, em 2006, ele retornou para a mesma


empresa que há 22 anos tinha o demitido, contudo, nesse momento, ele foi
recebido com aclamação pelos funcionários e até hoje é diretor criativo
(Aristides, 2017).

Hideo Kojima

O japonês Hideo Kojima é um nome certo entre os melhores game


designers do mundo e trabalha na área há mais de duas décadas. Interessante
que no início de sua carreira os jogos eram apenas um hobby, pois Kojima se
interessava mesmo por cinema. Pode ser que daí vem sua grande capacidade
de contar histórias complexas e fascinantes nos seus jogos. Isso o levou a criar
o Metal Gear Solid, considerado o melhor jogo já criado em 1988 e vem
evoluindo ao longo das décadas estando disponível até os dias de hoje (The 5
Most..., 2018).

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Figura 13 – Game Designer Hideo Kojima e o jogo The New Metal Gear Solid 5

Créditos: Charnsitr/Shutterstock - Joe Seer/Shutterstock

TEMA 5 – DESIGNERS IMPORTANTES NO BRASIL

Conforme o ranking da World Design Rankings (WDR) que vimos no


tema 2, para conhecermos os países mais premiados em design, os dez maiores
designers brasileiros estão listados a seguir.

Figura 14 – Melhores Designers Brasileiros

Fonte: World..., 2019.

Fernanda Marques

Arquiteta premiada internacionalmente, formada pela USP, sua a carreira


segue a mesma linha conceitual que caracterizou sua formação: o exercício
integrado das várias disciplinas. Arquitetura, interiores, design de produto,

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comunicação visual e paisagismo são as áreas que atua sempre com um estilo
limpo e contemporâneo, em sintonia com o melhor da arte e do design
internacionais.

Figura 15 – Fernanda Marques e o Banco Infinito

Créditos: Demian Golovaty

Brazil e Murgel

Os designers Fabio Brazil e Henrique Murgel trabalham com design de


joias usando a natureza como inspiração, além de explorar tudo aquilo que os
materiais podem oferecer. “Valorizamos as propriedades de cada matéria-prima
e, assim, exploramos a elasticidade do ouro, o verde da turmalina, o brilho do
diamante negro” (Designers, 2019).
Um exemplo dessa aplicação foram as pulseiras Cypris que refletem “a
natureza imprevisível do mar, com seus movimentos, formas e reflexos”. Este
produto inclusive ganhou a categoria Gold no A’ Design Award (Brasileiros...,
2016).

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Figura 16 – Brazil e Murgel e as Pulseiras Cypris

Créditos: B&M Divulgação (1) / Erica Vighi(2)

Studio MK 27

Esse estúdio possui uma equipe de 30 designers e foi fundando no final


dos anos 1970 por Márcio Kogan, que ainda hoje é autor de todos os projetos
que saem do estúdio. Como características marcantes, são grandes
admiradores do modernismo brasileiro, valorizam a simplicidade formal e dão
muita atenção a detalhes e acabamentos. De 2002 para cá já ganharam mais de
250 prêmios nacionais e internacionais (Studio MK27, 2019).

Figura 17 – Sofá Quadrado e Marcio Kogan

Créditos: Victor Affaro; Minotti

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Mula Preta Design

“O design da Mula Preta só faz ganhar altura...


A Mula é bem-humorada, é uma peça, uma figura...”

Fernando Serapião

Por essa frase escrita no site do estúdio por Sergio Serapião, crítico de
arquitetura e editor da revista Monolito, já se percebe que a principal
característica do estúdio de design é a irreverência.
Fundado em 2012 por Felipe Bezerra e André Gurgel em Natal, o nome
do estúdio é inspirado na música do Rei do Baião, Luiz Gonzaga “que foi uma
das mais completas, importantes e inventivas figuras da música popular
brasileira. Ela representa a cultura Nordestina, traço marcado pela irreverência
do desenho criativo do estúdio”.
Ou seja, desde o nome do estúdio até os seus produtos, os traços
marcantes são a irreverência, a criatividade e a cultura nordestina,
características que os levaram a ganhar inúmeros prêmios, nacionais e
internacionais.

Figura 19 – Felipe Bezerra e André Gurgel e a Poltrona Basquete

Créditos: Humberto Lopes

Marcelo Lopes

Marcelo Lopes é um designer que ganhou mais de 50 prêmios nacionais


e internacionais e sócio fundador da agência Merchan-Design. As obras de
Marcelo ganha destaque “graças ao seu processo criativo que resulta em peças
lúdicas, interativas e sensoriais, a fim de promover uma experiência positiva no
cotidiano das pessoas”.

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Abro um parêntese aqui e saliento algo que falamos na nossa primeira
aula, que o design não é feito de forma isolada e Marcelo reafirma isso ao falar:
“O design é uma atividade coletiva e colaborativa” (Designer..., 2016).
Além desses nomes, não se pode deixar de falar nos irmãos Campana
(Humberto e Fernando), referência máxima no design de mobiliário brasileiro.
Eles são reconhecidos internacionalmente por transforar o ordinário em
extraordinário e possuem inclusive obras no MoMA, em Nova York. Criaram
obras icônicas como a cadeira Favela e a poltrona Vermelha (Inspire-se..., 2018).

TROCANDO IDEIAS

Como você percebeu, nas listas de designers, tanto internacionais quanto


nacionais, existem poucas mulheres. Pesquise mais algumas designers de
destaque para conhecer melhor seus trabalhos, sua história e discuta com seus
colegas por que essa situação acontece e o que pode ser feito para que seja
mudada.

NA PRÁTICA

Vimos, nesta aula, vários designers e suas obras maravilhosas. Você


prestou atenção na banqueta Bombo (Figura 5) de Stefano Giovannoni? Creio
que você já deve ter visto essa banqueta em vários lugares, até pode ter uma
em sua casa! Então, procure referências de design (nos objetos, ou na
comunicação visual) que tenham tido como inspiração estilos ou designers
consagrados.

FINALIZANDO

Caro aluno, nesta aula, você teve uma visão geral do design no mundo e
no Brasil. Acredito que você percebeu que os países melhor sucedidos no
ranking do design são aqueles em que há investimento do governo, onde o
design é visto tanto pela esfera pública quanto pela privada como ferramenta
estratégica.
Podemos nos espelhar no caso da China que, por décadas, ficou
vinculada a um país que só copiava e, agora, em decorrência principalmente da
educação, está se tornando um grande expoente do design. O Brasil, apesar de

21
apresentar designers de renome, muito premiados, está ainda aquém de seu
real potencial.
Vimos, também, que as mulheres, infelizmente, são ainda minoria nessa
área, tanto no Brasil, quanto em outros países.
Portanto, deixo a você, futuro designer e seus colegas, a missão de tentar
mudar essa situação. É possível sim!
Pense nisso...

22
REFERÊNCIAS

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americano do século XX, para o mundo contemporâneo. Simpósio Científico
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<http://www.worlddesignrankings.com/country-level-
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26
FUNDAMENTOS DO DESIGN
AULA 3

Profª Shirlei Miranda Camargo


CONVERSA INICIAL

Nesta aula você vai aprender sobre conceitos importantes que um


designer, independentemente da área de atuação, precisa conhecer. Por
exemplo, você sabia que a simples escolha equivocada de uma fonte ou cor para
um produto ou peça gráfica pode levá-los ao fracasso? E já ouviu falar em
ergonomia e usabilidade? Elas justificam a necessidade de um designer
conhecer o ser humano e projetar produtos e ambientes, virtuais ou reais,
adequados que tragam conforto e segurança para sociedade. E falando em
sociedade, está mais do que na hora de nos preocuparmos com os quase 24%
da população brasileira que apresentam algum tipo de deficiência e, portanto,
clamam pela acessibilidade. Está nas nossas mãos mudar esse triste cenário.

CONTEXTUALIZANDO

Rio de Janeiro – Há mais de 80 anos no mercado brasileiro, Leite de


Rosas é passado de geração em geração [...]. A revolucionária e
chamativa embalagem rosa ganhou as gôndolas na década de 1960,
quando o braço direito do fundador, Henrique Ribas, assumiu a
empresa e optou pelo uso de plástico. Assim, mais barato, o produto
se tornou acessível a todas as regiões do Brasil [...]. Apesar de focada
apenas no Brasil, Leite de Rosas ganhou mais do que consumidores.
Ganhou admiradores e seguidores. De maneira discreta e eficiente a
marca ocupa quase todos os estabelecimentos comerciais de produtos
de beleza e é presença garantida no banheiro da vovó. Já de sua cor
não se pode dizer o mesmo. Nada discreta e, ao contrário, muito
impactante, o objetivo de Henrique Ribas era destacar a embalagem
de Leite de Rosas nas prateleiras ocupadas, em grande maioria, pelos
comuns e sem graça frascos brancos (Terra, 2010)

Mesmo assim, recentemente a companhia abandonou a sua principal


característica física em nome da inovação. E se arrependeu. A
demanda por embalagens modernas e o consequente
acompanhamento mercadológico da marca não demorou a iniciar a
produção das embalagens roll-on. Porém, a companhia cometeu um
grave erro que imediatamente mostrou-se percebido por seus
consumidores: o fracasso do produto em embalagem branca. “Quando
lançamos o roll-on na cor branca, tivemos vendas entre 15 e 30 mil
unidades no mês. Ao mudarmos a cor para o característico rosa,
atingimos 100 mil produtos vendidos”, diz Juliana (Terra, 2010)

Perceba a importância da cor, pois uma única mudança na embalagem


fez com que as vendas da empresa aumentassem de 30 mil unidades/mês para
100 mil unidades/mês! E, assim como a cor, outros aspectos precisam ser
considerados no desenvolvimento de um produto, como a ergonomia, a
usabilidade, a acessibilidade e até a tipografia, a qual será o primeiro tema desta
aula.

2
TEMA 1 – TIPOGRAFIA

Segundo Mazzarotto (2018), tipografia se relaciona tanto ao ato de


desenhar uma fonte como a fonte em si, e também aos estudos sobre como
utilizar essa fonte de forma correta. O autor ainda complementa afirmando que
a tipografia é “a evolução do processo milenar da escrita, proveniente da
invenção da prensa de tipos móveis – que possibilitou a produção em larga
escala” (Mazzarotto, 2018, p. 11).

Saiba mais
Você deve saber que a prensa móvel foi uma invenção do alemão
Gutemberg, no século XV, que mudou o mundo. Saiba mais assistindo ao vídeo
a seguir. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=
qz_pQpG056I>.

No entanto, a história da tipografia é bem mais antiga. Iniciou quando o


homem inventou sinais para traduzir os sons que emitia e mudou o destino da
humanidade. Atualmente, as letras estão em todo lugar e seu uso deve ser bem
planejado porque pode afetar o resultado final de um material. Veja o exemplo
da Figura 1 (a) e (b).

Figura 1 – Exemplo de uso de fontes

(a)

3
Software & app
development

(b)
Crédito: Stocker Top/Shutterstock; adaptado de Stocker Top/Shutterstock.

Qual dos exemplos anteriores você acha que o uso da fonte está mais
adequado? No segundo exemplo (b), a fonte parece antiquada, difícil de ler, e
não combina com o restante da composição. Ou seja, com esse simples exemplo
é possível notar que a tipografia realmente faz toda a diferença no trabalho final.
No entanto, antes de aprender sobre tipografia, é preciso conhecer as
estruturas de uma letra, que é formada por ápice, trave, haste, base e serifa
(Figura 2).

Figura 2 – Estrutura de uma letra

Além disso, uma mesma fonte deve apresentar diversas variações em


relação a inclinações, largura, tonalidade e uso ortográfico (Collaro, 2007).

a. Inclinações: as fontes sem inclinações são chamadas de redondas, e as


inclinadas, de itálicas ou grifos.

4
b. Larguras: as fontes são classificadas em normais (médias), largas
(expandidas) ou estreitas (condensadas). Quanto mais estreita ou mais
larga, menor a legibilidade.
c. Tonalidade: está ligada à forca da letra e à relação entre a espessura da
haste e o espaço interno em branco. A tonalidade normal é chamada de
normal (regular) e existe a bold (negrito) com variações extra bold,
semibold para os mais espessos e light ou extra light para os mais finos.
d. Uso ortográfico: são a caixa-alta (maiúscula) e caixa-baixa (minúsculas),
e as versaletes (letras maiúsculas, mas com altura das minúsculas).

Saiba mais
Você sabe por que se usam esses termos caixa-alta ou caixa-baixa?
Acesse o link a seguir e descubra. Disponível em:
<http://www.formacerta.com.br/blog/qual-e-a-origem-do-termo-caixa-alta-e-
caixa-baixa/>

Agora que você aprendeu sobre a estrutura das letras e suas variações,
que tal aprender sobre sua origem? Na verdade, a arte influencia fortemente a
tipografia de seu tempo, ou seja, a arte influencia o desenho das letras também
de determinada época.
De acordo com Collaro (2007), para entender a evolução das artes e sua
influência nas letras, pode-se utilizar a arquitetura como parâmetro. Veja, de
forma resumida, os principais estilos arquitetônicos.

• Estilo clássico: predominante na Antiguidade Greco-romana;


• Estilo bizantino: inspirado na antiga Constantinopla (Bizâncio);
• Estilo românico: dominou a Europa nos séculos XI e XII;
• Estilo gótico: prevaleceu na Europa no final da Idade Média (XIII, XIV e
XV);
• Estilo renascentista: inicia-se no século XV e retoma o uso de elementos
do estilo clássico (Barroco).

Mais tarde, surgiram outros como o estilo floreal ou liberty, cubista e


funcional. Enfim, toda essa evolução estética foi acompanhada pelo desenho
das letras também, como veremos a seguir (Collaro, 2007).

5
1.1 Estilos clássicos

1.1.1 Gótico

Com a invenção da impressa, o principal estilo utilizado foi o gótico e suas


diversas versões, pois era esse o modelo predominante nos manuscritos da
época e a tipografia, recém-criada, precisava fixar-se como meio de reprodução.
Logo, tentava imitar os textos feitos à mão.
Contudo, a legibilidade dos tipos góticos sempre foi contestada, o que
ainda era piorado por meio de adornos que dificultavam ainda mais a leitura das
páginas. Atualmente, esse estilo de letra ficou restrito a impressos que remontam
ao clássico, como diplomas, mensagens e logos que queiram inspirar confiança
e tradição (Collaro, 2007).

1.1.2 Românico

Esse estilo pode ser subdividido em dois momentos. O românico antigo


foi herdeiro da arte romana, criou fontes baseadas nas inscrições das ruínas
romanas, com as serifas arredondadas. Ao longo de 200 anos, foram se
desenvolvendo e se espalhando até darem origem às fontes conhecidas como
Romanas de Transição (Gaspar, 2015) que são fontes serifadas tanto na versão
de caixa-alta como em caixa-baixa. A sua principal característica é que, na
junção da haste com a serifa, há um angulo arredondado. A diferença de
espessura entre hastes também é pouco acentuada (Gaspar, 2015).

1.1.3 Egípcio

As fontes criadas por designers italianos a pedido dos ingleses para


diferenciar seus produtos na Revolução Industrial foram baseadas no estilo das
inscrições egípcias (hieróglifos), que eram esculpidas em pedra (Collaro, 2007).

1.1.4 Lapidário

Conhecido pela simplicidade e visibilidade, foram inspirados na escrita


fenícia (cuneiforme), que era formada por hastes, sem maiores rebuscamentos
(Collaro, 2007).

6
1.1.5 Romântico

Este estilo começou a utilizar elementos decorativos e flores. Eram muito


focados na estética, mas apresentavam pouca legibilidade. Dele se originou o
estilo Floreal (Art Noveau) que tinha inspiração na natureza, nas flores, e
também o estilo Liberty, uma estilização do gótico, com formas menos
rebuscadas.
Contundo, em contrapartida aos exageros desse estilo, surgiram o
cubismo e o futurismo, estilos que pregavam a simplificação das formas e
romperam em definitivo com os estilos clássicos (Collaro, 2007).

1.2 Nova tipografia

Os movimentos cubistas e futuristas trouxeram uma simplificação das


formas, rompendo com o desenho clássico das letras. Esses movimentos
influenciaram a tipografia, geometrizando suas formas, valorizando as
proporções e os espaços em branco. Com isso, surgiu a tipografia, dividida em:

• Elementar, que queria romper com o óbvio;


• Funcional, que atendia às necessidades do projeto (função);
• Moderna, que uniu o avanço tecnológico com mudanças sociais.

Resumindo, a fontes estão em todo lugar e seu uso deve ser bem
planejado pelos profissionais porque ela será a “voz” de seu trabalho.

TEMA 2 – ERGONOMIA

É comum já ter se deparado com objetos nada “ergonômicos” no dia a dia.


Pense naquela cadeira desconfortável que lhe causa dores nas costas, ou
aquela embalagem de suco que derruba seu conteúdo quando está cheia e você
vai servir o copo.
A ergonomia, conhecida também como “fatores humanos”, se preocupa
em conhecer o ser humano para fazer adaptações às suas capacidades e
limitações (IIDA, 2018). Ela é uma ciência recente e surgiu como resultado de
um trabalho multidisciplinar envolvendo engenheiros, fisiologistas e psicólogos
durante a Segunda Guerra (IIDA, 2018). Segundo Falzon (2018), ela foi
oficializada em 1957 com a fundação da Associação Internacional de Ergonomia,

7
na Holanda, que tinha como foco a adaptação do ambiente, do trabalho e das
máquinas ao ser humano.
No Brasil, temos a Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo), criada
na década de 1980, que adota a seguinte definição para ergonomia:

É uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações


entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação
de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o
bem-estar humano e o desempenho global do sistema. Os
ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e a avaliação
de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de
modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e
limitações das pessoas. (Abergo, 2019)

Ergonomia é formalmente definido como o estudo da adaptação do


trabalho ao ser humano, em que se entende por trabalho qualquer interação
entre o ser humano e uma atividade produtiva de bens ou serviços (IIDA, 2018).
Geralmente é associada ao mobiliário e aos objetos chamados de “ergonômicos”
(por exemplo, mouses, cadeira) ou doenças do trabalho, como lesão por
esforços repetitivos (LER) (Abrahão et al., 2009).
No entanto, a ergonomia é muito mais abrangente e pode ser dividida em
ergonomia física, cognitiva e organizacional.
A ergonomia física estuda a anatomia humana, a antropometria, a
fisiologia e a biomecânica. Ela analisa a postura no trabalho, o manuseio de
materiais, os movimentos repetitivos, os distúrbios musculoesqueléticos
relacionados ao trabalho, a elaboração de projetos de postos de trabalhos, entre
outros (Abrahão et al., 2009).
No entanto, com a disseminação da informática na década de 1980,
surgiram postos de trabalho informatizados e máquinas programáveis, levando
a ergonomia a se preocupar com os aspectos cognitivos das atividades (IIDA,
2018).
Por isso, a ergonomia cognitiva preocupa-se com os processos mentais
(percepção, raciocínio, memória e resposta motora) e seus efeitos nas
interações entre o ser humano e elementos de um sistema. Portanto, ela analisa,
por exemplo, a carga mental no trabalho, a tomada de decisões, a interação
humano-computador, o estresse profissional etc. (Abrahão et al., 2009).
Por fim, a ergonomia organizacional cuida da estrutura das
organizações, suas regras e processos, e aborda temas como a comunicação,
a organização temporal do trabalho, o trabalho em equipe, a cultura
organizacional, a gestão da qualidade etc. (Abrahão et al., 2009).
8
A ergonomia se baseia em três princípios básicos: a interdisciplinaridade,
a análise das situações reais e o envolvimento dos sujeitos.
Interdisciplinaridade é um desses princípios por ser muito difícil ter um
profissional que possua todas as competências para realizar uma ação
ergonômica. Por isso, o ergonomista (profissional que atua nessa área) deve
fazer parte de uma equipe que envolva diferentes profissionais (psicólogos,
engenheiros, designers etc.). Também a análise deve ocorrer ante situações
reais para verificar como, por exemplo, o trabalhador executa suas tarefas para
então estudá-las e indicar possíveis melhorias. Portanto, obviamente, o
envolvimento dos sujeitos é fundamental, pois são eles que detêm as
competências da realização do trabalho e, por meio da troca de informações é
que se possibilitará a compreensão dessas atividades por parte do ergonomista
(Abrahão et al., 2009).

TEMA 3 – CORES

Que nunca ouviu: fulano estava verde de inveja! Ciclano foi um covarde,
amarelou! Está tudo azul hoje lá em casa! O uso que se faz das cores na
linguagem demonstra o quanto elas fazem parte de nossa vida ao utilizarmos
essas expressões sem notar. O poder das cores é tão grande que existe até a
cromoterapia, terapêutica que utiliza as cores para curar nossos males por meio
da medicina energética. Enfim, a cor tem poderes incríveis! Ela pode modificar,
animar e transformar totalmente um ambiente. Quando se usa a cor da maneira
correta, você consegue harmonia e equilíbrio em suas composições (Lacy,
1996).
Por isso, a psicologia da cor se preocupa em entender a influência que as
cores exercem nos seres humanos. Por exemplo, realizaram um experimento
em que, em ambientes exatamente iguais, só eram mudadas as cores para
analisar a reação das pessoas. Na sala vermelha, as pessoas mal falavam, se
sentiam agitadas, inquietas e até oprimidas. Já na sala verde, as pessoas se
sentiam aliviadas, conversavam mais entre si, de forma calma, sentiam-se mais
tranquilas e isso acontecia mesmo com aquelas que não gostavam de verde
(Lacy, 1996). Ou seja, o ser humano pode ter as mais diversas preferências de
cor, contudo, é inegável que as sensações transmitidas pelas cores são
generalizadas (Collaro, 1996). Inclusive, pesquisas afirmam que 60% da reação
de um indivíduo em qualquer situação tem a ver com a cor (Lacy, 1996).
9
2.1 Influência das cores

Segundo Lacy (1996), as cores influenciam as pessoas da seguinte


maneira.

• Vermelho: cor que chama a atenção, faz a pessoa se sentir ousada,


poderosa, mas, em exagero, pode estimular a insensibilidade e até a
violência.
• Rosa: cor relaxante, mas quando muito clara e usada em exagero, causa
cansaço; no entanto, o rosa em tons mais escuros torna as pessoas mais
ativas.
• Laranja: deixa as pessoas mais confiantes, estimula a criatividade, a
comunicação.
• Amarelo: ativa a mente para novas ideias e deixa as pessoas mais
alertas, mas o amarelo escuro em exagero pode causar pessimismo e
negatividade.
• Verde: cor do equilíbrio; ajuda a reduzir a tensão e o estresse.
• Azul: relaxa, acalma, mas, em exagero, pode causar sonolência.
• Violeta: é a cor mais poderosa. Estimula a musicalidade, as artes e
também é associada a ideias nobres.
• Branco: realça todas as cores.
• Preto: é imponente quando usado com outras cores, mas sozinho traz
preponderância, insensibilidade.

2.2 Teoria da cor

Quando se fala de cores, existem duas linhas de pensamento: as cores-


luz, conhecidas como sistema aditivo, e as cores-pigmentos, chamadas de
sistema subtrativo.

• Sistema aditivo: sistema que emite a luz; é chamado assim porque, se


somarmos suas três cores primárias, obteremos o branco.
✓ Cores primárias da luz: vermelho, verde e azul. Por isso, é chamado de
RGB (red, green e blue – vermelho, verde e azul) (Rocha, 2018) e está
presente em todos os monitores. Quando misturamos essas cores
primárias entre si, temos as conhecidas cores secundárias: vermelho +
azul = magenta; vermelho + verde = amarelo; verde + azul = ciano.

10
• Sistema subtrativo: é determinado pelos pigmentos/cores que existem
na natureza e absorvem a luz. É conhecido por esse nome porque, se
somarmos as suas três cores primárias, obteremos o preto, que é a
ausência de cor.
✓ Cores primárias de pigmentos: magenta, amarelo e ciano. Esse
sistema é chamado de CMY (cyan, magenta e yellow – ciano, magenta
e amarelo). Contudo, para que a mistura resultasse realmente no preto,
os pigmentos deveriam ser puros (de boa qualidade) e misturados nas
proporções perfeitas. Por isso, foi criada uma versão “industrial” desse
sistema, o CMYK, em que foi adicionando o preto (“K” de blacK, “preto”
em inglês). Essa é uma opção mais barata, pois não necessita de
pigmentos puros e mais caros (Rocha, 2018) sendo, portanto, muito
utilizados em gráficas e nas impressoras. As cores primárias
misturadas também formam as cores secundárias: ciano + magenta =
azul; ciano + Amarelo = verde; amarelo + magenta = vermelho.

Observe a harmonia natural do sistema: as cores secundárias do sistema


aditivo são as cores primárias do sistema subtrativo e as cores secundárias do
sistema subtrativo são as cores primárias do sistema aditivo (Unicamp, 2019).

2.3 Círculo cromático

As cores, para sua classificação, são dispostas em forma de um círculo.


As cores primárias são dispostas em um triângulo e, as secundárias, também
em forma triangular, porém na posição contrária às primárias. Nesse conceito,
chamamos de cores complementares aquelas que estão em oposição oposta
nesse círculo.

11
Figura 3 – Círculo cromático

Crédito: Sandy Storm/Shutterstock.

Enfim, usar a cor considerando a harmonia e os contrastes de maneira


correta poderá levar um produto a alcançar o sucesso pretendido (Collaro, 2007).

TEMA 4 – USABILIDADE

Até os anos 1970, a ergonomia se preocupava com os aspectos


fisiológicos das atividades do trabalho, mas, a partir do momento em que
surgiram os sistemas informatizados e automatizados, seu foco foi migrando
para os problemas relativos às dificuldades de uso nesse contexto, levando ao
surgimento da ergonomia cognitiva (Abrahão, 2012).
Como ensina Brandão e Moraes (2006), a ergonomia busca adaptar as
tarefas ao ser humano a fim de que este as desempenhe de forma confortável,
correta, sem erros (eficácia) e no menor tempo possível (eficiência), resultando
em satisfação para o usuário. Ao falar de eficiência, eficácia e satisfação do
usuário, estamos falando de uma importante área da ergonomia: a usabilidade
(Brandão; Moraes, 2006).

12
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2000, p. 3),
utilizando por base a ISO 9241-11, do ano de 1998, a usabilidade é a
“capacidade de um produto ser usado por usuários específicos para atingir
objetivos específicos com eficácia, eficiência e satisfação em um contexto de
uso”.
De acordo com Dias (2007), a palavra usabilidade começou a ser
utilizada na ciência cognitiva e depois passou a ser utilizada pela psicologia e
ergonomia, substituindo o termo “amigável” que era utilizado até então. No
entanto, a usabilidade atualmente é muito vinculada a questões do mundo virtual.
Sob essa ótica, na usabilidade, as competências do usuário são utilizadas
para analisar sua interação com a interface. Logo, o computador, como um
instrumento de trabalho, é um mediador entre a ação e o objeto do trabalho
(Abrahão et al., 2012).
Você já ouviu falar de heurística? Ela é uma espécie de simplificação das
coisas. Segundo Nielsen (1994, citado por Andrade, 2007), a avaliação
heurística é um método fácil, rápido e barato para validar interfaces. É utilizado
para encontrar problemas de usabilidade, sendo eles pequenos ou grandes. O
próprio Nielsen (Caelum, 2019, p. 86-94) desenvolveu as 10 heurísticas da
usabilidade que abordam os principais problemas de usabilidade de uma
interface.

1. Visibilidade do status do sistema: O sistema deve informar o que está


acontecendo em tempo real para o usuário (por exemplo, a playlist do
YouTube, que mostra em qual música está e qual estava antes ou vem
depois).
2. Correspondência entre o sistema e o mundo real – O sistema deve “falar”
a linguagem dos usuários, com palavras, frases e conceitos usados por
eles (por exemplo, símbolo de som no botão para regular o som).
3. Controle do usuário e liberdade – Quando os usuários escolhem alguma
função do sistema por engano, vão precisar sempre de uma “saída de
emergência” claramente marcada (por exemplo, botões de “editar”,
“desfazer” etc.).
4. Consistência e padrões – Manter a consistência e o padrão visual (texto,
cor, desenho do elemento, som etc.).
5. Prevenções de erros – Como o Google, que corrige os erros de
digitação.

13
6. Reconhecimento, em vez de memorização – O usuário não tem
obrigação de decorar o caminho que fez para chegar até determinado
lugar. Disponibilize o caminho que o usuário fez para chegar até onde
está. Isso é chamado de breadcrumb (ou “migalha de pão”).
7. Flexibilidade e eficiência de uso – O sistema deve ser ágil para usuários
avançados (atalhos de teclados, preenchimento automático) e ser fácil
de utilizar pelos usuários leigos.
8. Estética e design minimalista – Deixe o seu layout e o conteúdo o mais
simples e direto possível, pois toda informação extra (excessos de cores
e elementos visuais) pode confundir o usuário.
9. Ajude os usuários a reconhecerem, diagnosticarem e recuperarem-se de
erros – As mensagens de erro têm que ser claras e próximas do
conteúdo ou da ação que causou o erro (por exemplo, no formulário de
cadastro, caso falte algum dado a ser preenchido, deixe bem claro quais
campos estão faltando).
10. Ajuda e documentação – Devemos manter ao alcance do usuário itens
de auxílio para determinadas ações (FAQs – Frequently asked questions
ou “perguntas mais frequentes”, ou ainda, uma imagem mostrando em
que lugar fica o código de segurança do cartão).

TEMA 5 – ACESSIBILIDADE

No último censo demográfico realizado pelo IBGE, em 2010, cerca de 45,6


milhões de pessoas afirmaram ter algum tipo de deficiência (visual, auditiva,
motora ou mental/intelectual), o que representa quase 24% da população
brasileira. Contudo, apesar de representarem uma grande parcela da sociedade,
essas pessoas não vivem em uma sociedade adaptada (Loschi, 2017).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da NBR
9050/04, define acessibilidade como “possibilidade e condição de alcance,
percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de
edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos”.
Ou seja, todas as pessoas têm o direito de ir e vir, devem ter igualdade de
oportunidades, de realizar tarefas (profissionais ou pessoais) de maneira
autônoma e segura. Nos últimos tempos, houve um grande avanço na busca por
acessibilidade nos meios físicos, nos transportes, na comunicação e informação.
No entanto, as cidades e os meios digitais ainda não são totalmente adaptados
14
a servir e incluir essas pessoas no seu cotidiano. Fornecer acessibilidade e
inclusão é uma questão de ética, reponsabilidade social e, logo, o foco de nós
designers também.
Ao projetar um produto (digital, impresso ou físico), o designer deve refletir
se quem vai utilizá-lo, se ele saberá entender e interagir e se o produto estará
adequado à idade, classe social, cultura, experiência etc. (Masetto, 2016).
Pensando nisso, na década de 1970, surgiu o conceito de design
universal, criado por Ronald Mace (designer, arquiteto e professor), que trazia
como ideal a acessibilidade, com a qual todas as pessoas poderiam usufruir dos
mesmos produtos. Segundo esse pressuposto, para um projeto ser acessível,
ele deve seguir os 7 Princípios do Design Universal (Masetto, 2016).

1. Uso equitativo: o design é útil e vendável a pessoas com diversas


capacidades.
2. Flexibilidade no uso: o design acomoda um vasto leque de preferências e
capacidades individuais.
3. Uso simples e intuitivo: o uso do design é fácil de compreender,
independentemente da experiência, do conhecimento, das capacidades
linguísticas ou do atual nível de concentração do utilizador.
4. Informação perceptível: o design comunica eficazmente ao utilizador a
informação necessária, independentemente das suas capacidades
sensoriais ou das condições ambientais.
5. Tolerância ao erro – o design minimiza riscos e consequências adversas
de ações acidentais ou não intencionais.
6. Baixo esforço físico: o design pode ser usado eficiente e confortavelmente
e com um mínimo de fadiga.
7. Tamanho e espaço para aproximação e uso: são providenciados um
tamanho e um espaço apropriados para aproximação, alcance,
manipulação e uso, independentemente do tamanho do corpo, postura ou
mobilidade do utilizador.

Enfim, como Cristian (2013) alerta: “o profissional da área de design deve


ter como princípio base a solução de problemas e a satisfação das necessidades
dos usuários, considerando que a adaptação deve ser do objeto ao ser humano,
e não o contrário”.

15
TROCANDO IDEIAS

Abordamos a importância das cores, das letras, da ergonomia, da


usabilidade e da acessibilidade. Agora, reflita se, em algum momento de sua
vida, você se deparou com uma dificuldade em relação a um desses quesitos
estudados: por exemplo, um rótulo que estava difícil de ler, um produto que não
tinha uma “pegada” boa e você o derrubava, ou até mesmo que acabou fazendo
você se machucar etc. Com esses novos conhecimentos, você pode fazer uma
análise de qual era o real problema que acabou afetando você e, como futuro
designer, já estará atento para evitar erros parecidos com os que você sofreu.

NA PRÁTICA

Nesta aula conversamos sobre a questão de acessibilidade, e você


aprendeu a importância de os designers se preocuparem com ela. Agora, leia o
o artigo “Dez testes rápidos para checar a acessibilidade ao seu website”.
Depois, escolha algum site e o analise em relação a esses itens. Disponível em:
<https://maujor.com/tutorial/acessibilidade/tentest.php>. Acesso em: 16 ago.
2019.

FINALIZANDO

Esta aula passou algumas noções básicas de temas que serão


aprofundados nas próximas disciplinas. Espera-se que você tenha
compreendido a ideia geral desses tópicos e perceba a importância de um
designer levar em conta essas preocupações na hora de projetar algo. Tanto as
letras como as cores, o formato, a preocupação com quem vai usar esse produto
deverão impactar, profundamente, os seus futuros trabalhos. Pense nisso!

16
REFERÊNCIAS

ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia. O que é ergonomia. Disponível


em: <http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia>. Acesso
em: 15 ago. 2019.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9241-11: Requisitos


ergonômicos para trabalho de escritórios com computadores: parte 11 –
Orientações sobre usabilidade. Rio de Janeiro, 2000.

ABRAHÃO, J. et al. Introdução à ergonomia: da prática à teoria. São Paulo:


Blucher, 2009.

_____. Ergonomia e usabilidade em ambiente virtual de aprendizagem. São


Paulo: Blucher, 2012.

ANDRADE, A. L. L. Usabilidade de interfaces web: avaliação heurística no


jornalismo on-line. Rio de Janeiro: E-Papers, 2007.

BRANDÃO, E. R.; MORAES, A. de. Publicidade on-line, ergonomia e


usabilidade: o efeito de seis tipos de banner no processo humano de visualização
do formato do anúncio na tela do computador e de lembrança da sua mensagem.
400p. Dissertação (Mestrado em design) – Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.

COLLARO, A. C. Produção gráfica: arte e técnica da mídia impressa. São Paulo:


Pearson, 2007.

CRISTIAN, L. Design inclusivo: acessibilidade e usabilidade em produtos, serviços


e ambientes. Clube do Design, jul. 2013. Disponível em: <https://clubedodesign.
com/2013/design-inclusivo-acessibilidade-e-usabilidade-em-produtos-servioes-e-
ambientes/>. Acesso em: 15 ago. 2019.

DIAS, C. Usabilidade na web: criando portais mais acessíveis. São Paulo: Alta
Books, 2007.

FALZON, P. Ergonomia construtiva. São Paulo: Bluchered, 2018.

GASPAR, M. Famílias tipográficas. Design Culture, 1 abr. 2015. Disponível em:


<https://designculture.com.br/familias-tipograficas>. Acesso em: 15 ago. 2019.

IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 3. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2018.

17
LACY, M. L. O poder das cores no equilíbrio dos ambientes. Traduzido por
Carmen Fischer. São Paulo: Pensamento, 1996.

LOSCHI, M. Pessoas com deficiência: adaptando espaços e atitudes. Agência


IBGE Notícias, 20 set. 2017. Disponível em: <https://agenciade
noticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/16794-pe
ssoas-com-deficiencia-adaptando-espacos-e-atitudes>. Acesso em: 15 ago.
2019.

MASETTO, G. Acessibilidade: como o design pode ser a chave para um mundo


mais acessível. Design Culture, 9 set. 2016. Disponível em:
<https://designculture.com.br/acessibilidade-%C2%AD-como-o-design-pode-ser-
a-chave-para-um-mundo-mais-acessivel>. Acesso em: 15 ago. 2019.

MAZZAROTTO, M. Design gráfico aplicado à publicidade. Curitiba:


InterSaberes, 2018.

MINAS GERAIS. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Secretaria Municipal


Adjunta de Assistência Social. Dicionário de termos técnicos da Assistência
Social. Belo Horizonte: Ascom, 2007. Disponível em: <http://aplicacoes.mds.
gov.br/sagi/dicivip/pages/index.php?paginaAIncluir=dicivip>. Acesso em: 15 ago.
2019.

ROCHA, J. C. Cor luz, cor pigmento e os sistemas RGB e CMY: The additive color
model RGB, and subtractive color model CMY). Revista Belas Artes, v. 10, n. 27,
maio/ago. 2018. Disponível em: <https://www.belasartes.br/revistabelasartes/do
wnloads/artigos/3/cor-luz-cor-pigmento-e-os-sistemas-rgb-e-cmy.pdf>. Acesso
em: 16 ago. 2019.

TERRA, T. Leite de Rosas: embalagem e cor fortalecem marca. Exame, 10 out.


2010. Disponível: <https://exame.abril.com.br/marketing/leite-rosas-embalagem-
cor-chamativa-fortalecem-marca-552790/>. Acesso em: 15 ago. 2019.

UNICAMP – Universidade de Campinas. Instituto de Artes. Laboratório de


Iluminação. Sistema de cores. Disponível em: <https://www.iar.unicamp.br/
lab/luz/dicasemail/dica16.htm>. Acesso em: 15 ago. 2019.

UX E USABILIDADE aplicados em mobile e web – Curso WD-41. Caelum Ensino


e Inovação. Disponível em: <https://www.caelum.com.br/download/
caelum-ux-usabilidade-wd41.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2019.

18
FUNDAMENTOS DO DESIGN
AULA 4

Prof.ª Shirlei Miranda Camargo


CONVERSA INICIAL

Você sabe a diferença entre design e arte? Ou entre design e artesanato?


Não seria tudo “arte”, pois todos se preocupam em fazer algo “belo”? E design
autoral, já ouviu falar? É algo que está bem na moda! Com tantos
questionamentos, a ideia nesta aula é aprender um pouco mais sobre a profissão
de designer, portanto, serão abordados tópicos como o perfil de um designer, a
remuneração média da profissão e também vamos diferenciar design, arte,
artesanato e design autoral.

CONTEXTUALIZANDO

Obviamente, se você está lendo esta aula é porque alguma coisa motivou
você a querer se tornar um designer de sucesso, certo? E, por meio dos
conteúdos abordados anteriormente, deu para perceber a importância dessa
profissão para a sociedade, não é? Tanto é que uma das possibilidades de
atuação para o designer chama-se “design social”. Já ouviu falar? Veja um
exemplo a seguir retirado do site Design Culture (Ribeiro, 2018).

Leitura complementar
• O estudante de design Hikaru Imamura criou um kit básico para vítimas
de desastres naturais. O kit conta com uma bacia de metal, um manual
sobre como transformar o tonel em fogão à lenha, pacotes de arroz
desidratado, garrafas de água, utensílios, luvas de trabalho, toalhas e 200
porções de comida pré-cozida. Além disso, a própria embalagem de
madeira pode ser usada como lenha para produzir calor. Cada tambor
possui comida e água suficiente para manter 30 pessoas por 2 dias, tempo
de espera estimado de que a ajuda humanitária/governamental precisaria
para chegar até áreas de difícil acesso (Ribeiro, 2018).

Nesta aula, veremos também as outras possibilidades de atuação do


design nas suas diferentes áreas.

TEMA 1 – PROFISSIONAL DE DESIGN

Como vimos anteriormente, algumas pessoas confundem “designer” com


“design”. Designer é o profissional, a pessoa que faz design. Segundo o Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o designer é um
2
profissional que analisa e combina uma série de coisas como técnicas, métodos,
materiais, tecnologias, processos produtivos, custos, normas técnicas e legais.
Dessa forma, ele tenta atender às necessidades do projeto e do cliente, dentro
de um orçamento pré-estabelecido (Sebrae, 2019). Resumidamente, o designer
“ajuda a dar forma e ordem às amenidades da vida, seja no contexto de
fabricação, ou de lugar e ocasião” (Potter, 1980, p.10).
E como já vimos, a área de atuação de um designer pode ser muito ampla,
indo de desenvolvimento de rodas de carros até interfaces de celulares. Tal fato
acabou levando o design a ter uma série de especializações, e até a uma certa
banalização no uso dessa palavra: food design, hair design, body design etc.
Além disso, muito vezes o designer é confundido com publicitário, estilista,
arquiteto... (Arrivabene, 2009).
Em relação ao mercado de trabalho, afirma-se que o design é um dos
pilares da “economia criativa” – indústrias e serviços voltados ao bem-estar do
consumidor com a intenção de oferecer produtos e experiências diferenciadas.
Além disso, o design é fundamental para a indústria, principalmente para
aquelas que comercializam seus produtos no mercado externo. Essa
preocupação já não é tão recente, pois, há mais de 20 anos, o Ministério da
indústria, Comércio Exterior e Serviços do Brasil lançou o Programa Brasileiro
do Design com a ideia de promover o desenvolvimento do design brasileiro. No
entanto, o mercado de trabalho do design brasileiro ainda tem muito a crescer.
(Guia do Estudante Abril, 2019).
Entre as possibilidades de atuação do designer, merecem destaque:

• incubadoras de projetos, independentes ou ligadas a universidades;


• escritórios de design, atendendo a demandas nas áreas de design de
produtos, editorial, gráfico, animação, games e interiores;
• escritórios de arquitetura, com design gráfico e de interiores;
• agências de publicidade, com design gráfico, animação e games;
• indústrias nas áreas de desenvolvimento de produtos e gráfico;
• comércio, bem como comércio eletrônico;
• TVs, jornais e revistas, no design de animação, gráfico e editorial;
• entretenimento, nas áreas do design de games e animação;
• educação, na produção de material para o design instrucional;

3
• ONGs e outras organizações por meio do design social.

Ainda, o designer pode trabalhar por contrato, como funcionário de uma


empresa, em escritórios próprios ou ser um consultor autônomo em projetos
pontuais. Em um processo de design, ele pode atuar desde o planejamento,
passando pela criação e desenvolvimento dos produtos/serviços em si, até a
gestão integrada do projeto e o acompanhamento da produção (Sebrae, 2016).
E você sabe quais são os atributos desejados em um designer, já que em
breve você será um?
De acordo com o site ID7, especializado na criação visual de empresas e
profissionais autônomos, um bom designer é aquele que é: solucionador (busca
soluções rápidas para os problemas de quem o contratou); conhecedor
(conhece a visão do cliente principalmente com ajuda de briefings); objetivo
(escuta o cliente e oferece uma solução clara e objetiva); funcional (não oferece
somente algo bonito, mas sim funcional); experiente (tem um portfólio bem
construído, organizado para mostrar melhor os trabalhos realizados).
Complementando essas informações, conforme o Sebrae (2019), os
requisitos de um designer devem ser:

• estar sintonizado às mudanças e novidades do mundo globalizado;


• ter criatividade para propor soluções inovadoras;
• possuir formação e capacitação técnica para desenvolver projetos;
• ter capacidade para analisar, avaliar e solucionar problemas;
• habilidade para atuar com pessoas de outras áreas;
• possuir responsabilidade e ética para atuar segundo os valores da
sociedade.

Ou seja, o designer deve ser uma pessoa criativa, atenta às novidades e


tendências, socializável, além de possuir formação específica.
No entanto, a profissão designer não é regulamentada no Brasil (como na
Itália e em outros países), assim como outras profissões, por exemplo, a de
jornalista.
Porém, isso não significa que as profissões não regulamentadas não são
reconhecidas; elas inclusive seguem a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT). Enfim, elas exigem preparo e técnica, mas não necessariamente
precisam de uma formação formal (Saiba..., 2014).

4
Porém, em 2017, o deputado federal Antonio Carlos Mendes Thame,
afirmando que essa regulamentação interessa ao consumidor – logo, a
sociedade como um todo –, colocou em votação o Projeto de Lei 6.808/2017,
que regulamenta a profissão de designer (Haje, 2017).
De acordo com a nova proposta que ainda está sendo avaliada, os
designers deverão ter graduação em design ou em áreas afins (comunicação
visual, desenho industrial, programação visual, projeto de produto, design
gráfico, design industrial, design de moda e design de produto) em curso
devidamente registrado e reconhecido pelo Ministério da Educação (Haje, 2017).
E, caso o projeto de lei seja aprovado, os designers passarão a contar
com a proteção de sindicatos, terão a definição de um piso salarial, poderão
participar de licitações do governo, e, em contrapartida, também terão deveres
e obrigações (serão responsabilizados por suas atividades) (Designers..., 2012).

TEMA 2 – ÁREAS DE ATUAÇÃO E REMUNERAÇÃO

Agora vamos falar mais especificamente das atribuições de um designer


(Haje, 2017).

• Planejamento e projeto de sistemas, produtos ou mensagens visuais


ligados aos respectivos processos de produção industrial, objetivando
assegurar sua funcionalidade ergonômica, sua correta utilização,
qualidade técnica e estética, e racionalização estrutural.
• Projetos, aperfeiçoamento, formulação, reformulação e elaboração de
desenhos industriais ou sistemas visuais sob a forma de desenhos,
diagramas, memoriais, maquetes, artes finais digitais, protótipos e outras
formas de representação bi e tridimensionais.
• Estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e
divulgação de caráter técnico-científico ou cultural no âmbito de sua
formação profissional
• Pesquisas e ensaios, experimentações em seu campo de atividade e em
campos correlatos, quando atuar em equipes multidisciplinares.
• Desempenho de cargos e funções em entidades públicas e privadas cujas
atividades envolvam desenvolvimento e/ou gestão na área de design.
• Coordenação, direção, fiscalização, orientação, consultoria, assessoria e
execução de serviços ou assuntos de seu campo de atividade.

5
• Exercício do magistério em disciplinas em que o profissional esteja
adequadamente habilitado.
• Desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais,
paraestatais, autárquicas, de economia mista e de economia privada.

Ainda segundo o site Vagas, as palavras-chave que mais se repetem na


descrição das vagas publicadas sobre designer em suas páginas são (Vagas,
2019):

• criação e desenvolvimento;
• responsável pela criação;
• criação de layouts;
• criação de peças;
• design gráfico.

Perceba que a palavra criação aparece com muita frequência. Portanto,


onde quer que se atue, terá que ser com criatividade! Enfim, as atribuições de
um designer são muitas e bem importantes para nossa sociedade e sempre
estão envolvidas com a criatividade. Se você é criativo, bem-vindo ao time!
Agora, se você não se acha assim “tão” criativo, não se preocupe, pois ao longo
do curso você vai desenvolver sua criatividade.
Já em relação à remuneração do designer, de acordo com o site Vagas,
o salário médio é de aproximadamente 2,34 salários mínimos, mas varia
conforme a experiência. De maneira mais detalhada, temos a seguir um quadro
com mais informações sobre a variação dos salários de um designer em relação
à experiência e também ao porte da empresa.

Quadro 1 – Média salarial de um designer segundo experiência x porte da


empresa em salários mínimos

Porte da Nível Profissional


Empresa
Trainee Júnior Pleno Sênior Master
Pequena 1,70 1,96 2,25 2,59 2,98
Média 2,04 2,35 2,70 3,11 3,57
Grande 2,45 2,82 3,24 3,73 4,29

* salário mínimo de R$ 998,00

Fonte: Trabalha Brasil, 2019.

O que você achou dos salários? Já tinha uma noção? Quem sabe a
regulamentação da profissão ajuda a definir um piso salarial melhor. Contudo,
6
mais adiante também abordaremos a questão do designer como profissional
autônomo, que é outra possibilidade de trabalho. A seguir, faremos alguns
esclarecimentos sobre o escopo do design.

TEMA 3 – DIFERENÇAS ENTRE DESIGN E ARTESANATO

Alguns definem o artesanato como uma atividade socioeconômica, e


outros, como a expressão cultural de um povo (Souza, 1991). Segundo Brasil
(2012), o artesanato está ligado à cultura, é produzido em pequena escala por
meios tradicionais ou rudimentares. Por sua vez, Souza (1991, p. 34) define
artesanato como “[...] uma atividade com finalidades comerciais, que pode ser
desenvolvida com ou sem o uso de máquinas rudimentares, onde predomina a
habilidade manual e a criatividade de seu agente produtor, e desde que a sua
produção não se realize em série.”
Existem várias formas de classificar o artesanato. O Sebrae classifica
seus diferentes tipos como: indígena, conceitual, tradicional e cultural (Mascêne;
Tedeschi, 2010).
Segundo Freitas (2017), o artesanato surgiu da necessidade de o ser
humano se alimentar, se abrigar e mesmo se expressar e, portanto, está
presente na vida humana desde os povos primitivos. Ou seja, o artesão era a
pessoa que transformava a matéria-prima em produto acabado por meio de suas
próprias mãos. A partir do século XI, o artesanato se organizou em pequenos
espaços que começaram a surgir, chamados de “oficinas”. Eram comandadas
pelo mestre-artesão, que detinha o conhecimento e comandava os aprendizes,
que recebiam roupas, alimentação e o conhecimento em troca de sua mão de
obra. Assim, criaram-se as “corporações de ofício”: organizações em que cada
mestre-artesão representava sua cidade ou região protegendo seus interesses
socioeconômicos (IBDA, 2019)
Freitas (2017) comenta que o artesanato teve grande influência no
desenvolvimento da industrialização, entretanto, essa mesma industrialização
contribuiu para a “marginalização” do artesanato. Com a Revolução Industrial,
houve uma desvalorização dos trabalhos manuais em detrimento da
mecanização e da produção em escala (em grande quantidade) (IBDA, 2019).
Ou seja, “foi também um período de contestação, de um lado o capitalismo a
todo vapor e de outro artistas e pensadores”. Tanto é que algum tempo depois

7
foi criado o grupo “Artes e Ofícios”, por William Morris (IBDA, 2019), como vimos
anteriormente, no breve histórico sobre a origem do design.
No Brasil, podemos considerar os índios os primeiros artesãos, com sua
cerâmica, pintura com tingimentos naturais, cestarias e arte plumária (IBDA,
2019).
Portanto, podemos concluir que o artesanato envolve trabalhos manuais
de poucas unidades. Logo, o design se difere do artesanato, pois se preocupa
em produzir produtos em grande escala (muitas unidades) e, para isso, conta
com a industrialização de seus processos. Resumindo: o artesanato faz poucos
produtos de maneira artesanal e o design faz muitos produtos de forma industrial.
Contudo, em nada um é superior ao outro, apenas são propostas
diferentes. O artesanato faz parte do folclore de cada região, funcionando como
memória de usos, costumes e tradições importantes da cultura, sendo inclusive
um dos mais ricos do mundo. Além disso, o artesanato é de extrema importância
para o país, pois proporciona o sustento de muitas famílias e comunidades
(IBDA, 2019).

TEMA 4 – DIFERENÇAS ENTRE DESIGN E ARTE

Há uma linha tênue entre design e arte. É muito comum um designer ser
chamado de artista ou ver seus trabalhos nomeados como arte (Vinícius, 2017).
Pode ser porque, no início da industrialização, eram os artesãos e artistas que
realizavam os “desenhos industriais”, herdeiros do secular “desenho ornamental”
(Eguchi; Pinheiro, 2010, p. 1.676).
No entanto, na Revolução Industrial, quando surgiu o design
efetivamente, os artistas-designers notaram que a união entre arte e indústria
era algo “complicado” (Hsuan-an, 2017). Isso porque o design é objetivo, ou seja,
tem um propósito, a função de resolver algum problema. Por sua vez, a arte é
subjetiva, pois os sentimentos do artista ditam a arte, e não um cliente ou algum
problema que precisa ser resolvido. Isso significa que a arte tem seu valor em si
e não por alguma função que exerce (Vinícius, 2017).
Segundo Fideles (2014), “[...] a principal diferença entre arte e design é
que a arte faz perguntas, já o design responde. O design existe para preencher
uma necessidade. Arte não preenche nenhuma necessidade, exceto a sua
própria necessidade interna de existir e desafiar o espectador.”

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Outra diferença é que, no design, há regras: o grid para fazer uma
diagramação, a roda de cores para optar pela melhor combinação, as regras de
composição e layout. Ou ainda, qual problema será resolvido, se a ergonomia
do produto está adequada, entre outros. Já na arte (principalmente depois do
modernismo) não há regras (Fideles, 2014). Por exemplo, o famoso artista pop
Andy Warhol transformou em arte 32 latas de sopa (Figura 1).

Figura 1 – Latas de sopa que compuseram a obra de Andy Warhol

Crédito: Giuliano Del Moretto/Shutterstock.

Vídeo
• Saiba mais sobre Andy Warhol no link a seguir. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=CV4c-nNXoeU>.

Portanto, podemos definir o designer como um profissional que elabora


um projeto inovador, criativo, que explora diferentes materiais, utilizando o modo
de produção industrial, indo do protótipo à seriação (produção em série de um
objeto). Contudo, o designer também se preocupa com o belo e com a cultura,
pois como Eguchi e Pinheiro (2010) afirmam, o designer é o “artista” da indústria,
que coloca valores, principalmente estéticos e culturais, nos objetos (Eguchi;
Pinheiro, 2010). Resumindo, designers e artistas são diferentes porque, o
primeiro, tem o propósito de resolver algo e segue certas regras; já o segundo
não, contudo, ambos estão extremamente inter-relacionados, pois se preocupam
com a estética.

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TEMA 5 – DIFERENÇAS ENTRE DESIGN E DESIGN AUTORAL

Embora a questão da autoria no âmbito do design pareça ser recente, ela


surgiu, como vimos anteriormente, com William Morris, em 1880, que já praticava
design autoral escrevendo, projetando, ilustrando e produzindo seus próprios
livros (McCarthy, 2013, citado por Pires, Weimar, 2015). Contudo, somente no
final dos anos 1980 e início dos anos 1990 é que esse assunto foi retomado.
O design é, por natureza, um processo colaborativo, o que indica que
requer mais do que um elemento produtor (uma pessoa produzindo): designer +
cliente ou equipe de designers (ou de outros setores) + cliente. Além disso, o
design é essencialmente uma atividade anônima (Pires; Weymar, 2015). Por
exemplo, você sabe quem fez o banner da Uninter? Ou quem projetou o banco
do ônibus que você utiliza?
O questionamento sobre o designer como autor iniciou nos Estados por
meio do ensaio “The designer as author” (“O designer como autor”), de 1996, de
Michael Rock. Ele trouxe à tona a discussão sobre a atividade do designer, que
poderia ultrapassar a função de projetista. Na ótica do design autoral, o designer
é visto como produtor de conteúdo e não apenas aquele que cria ou dá forma a
algo solicitado por alguém. Ou seja, ele não apenas responde aos problemas
propostos pelo cliente, mas sim cria, elabora, concebe (Tinga, 2017).
Contudo, segundo Cris Rosenbaum, em entrevista exclusiva à Haus, o
design autoral é uma tendência: “o movimento do design autoral vem ganhando
força. As pessoas estão cada vez mais interessadas em saber de onde vem e
quanto tempo demorou para se fazer a peça, em entender o trabalho dos
artistas” (Haus, 2017).
Observa-se, no Brasil, que muitos designers em busca de um caminho
próprio estão criando e viabilizando a produção de suas próprias criações
autorais. No passado, acreditava-se que o único caminho possível para se fazer
design era dentro de uma grande empresa ou em um escritório de design e
poucos profissionais optavam por criar suas próprias linhas de produtos. No
entanto, a nova geração de designers brasileiros já aposta mais em suas
próprias ideias de produtos licenciando seus projetos ou ainda criando suas
próprias marcas (Monnerat, 2013).
Como o designer carioca Pedro Braga afirma:

10
Cresci numa geração que busca desenvolver e amadurecer o seu
trabalho utilizando os novos meios produtivos – muitos automatizados
– e inovando em metodologias alternativas de criação e produção.
Uma geração que, apesar de não deter os meios produtivos em seu
atelier, ou escritório, possui o conhecimento adequado e as
parcerias necessárias na indústria para viabilizar suas ideias em
produtos autorais, com bastante personalidade. Nesse contexto,
consigo desenvolver meus projetos no meu escritório, em casa,
utilizando esboços manuais, ilustrações tridimensionais e material
básico para elaboração de modelos em escala, já que os protótipos
podem ser feitos junto com os parceiros da produção (Monnerat, 2013).

Um exemplo de design autoral é o case da coleção Privilège, de 2012,


composta de banco e cadeira inspirados nos “banquinhos de obra” existentes
nos canteiros de obra da construção civil. A força do desenho e a sua
simplicidade chamam atenção e nos levam à reflexão (Sigaud, 2013)
Enfim, esse é um tema novo e, portanto, as discussões sobre em que
situação o designer poderá ser considerado autor e também como gerir as duas
atividades – designer x designer autoral – continuarão (Tinga, 2017).

TROCANDO IDEIAS

Como vimos nesta aula, existe uma linha tênue entre design, arte e
artesanato. Leia a reportagem “Designer brasileiro é nomeado patrono de arte
em prêmio internacional de Cultura”, disponível em:
<https://www.gazetadopovo.com.br/haus/estilo-cultura/marcelo-rosenbaum-
patrono-arte-montblanc/>.
Agora, reflita e dê sua opinião. Na reportagem anterior, os objetos
fabricados no projeto “A Gente Transforma” são arte, artesanato ou design?
Porque você acha isso?

NA PRÁTICA

Discutimos, nesta aula, a diferença (e semelhanças) entre design, arte e


artesanato. Identifique, nos objetos de sua convivência, um que seja definido
como arte, outro artesanato e outro design. Mostre-os para outras pessoas e
pergunte para elas como elas os classificam e por quê. Será que elas vão
perceber as diferenças?

11
FINALIZANDO

Nesta aula, foi possível se inteirar um pouco mais sobre a profissão que
você escolheu seguir. Aprendemos sobre a profissão em si e seu escopo,
diferenciando-a de artistas e artesãos, assim como lhe apresentamos outra
perspectiva da profissão: o design autoral. Também tratamos da remuneração e
da importante e controversa questão da regulamentação da profissão de
designer no Brasil.

12
REFERÊNCIAS

APROVADO projeto que regulamenta profissão de designer. Design Brasil, 1.º


out. 2015. Disponível em: <http://www.designbrasil.org.br/design-em-pauta/aprov
ado-projeto-que-regulamenta-profissao-de-designer/#.ViUtavmrSM9>. Acesso em:
17 ago. 2019.

ARRIVABENE, R. Design-Projeto Mutante. 2009.

BRASIL, A. Artesanato x design. Amanda Brasil Graphic Design, 3 ago. 2012.


Disponível em: <http://abrasil-designgrafico.blogspot.com/2012/08/artesanato-x-
design.html>. Acesso em: 17 ago. 2019.

CANHA. Regulamentar ou não? Aprovado projeto que regulamenta profissão de


designer. Medium, 1.º out. 2015. Disponível em: <https://medium.com/
chocoladesign/regulamentar-ou-n%C3%A3o-aprovado-projeto-que-regulamenta-
profiss%C3%A3o-de-designer-146ab517a514>. Acesso em: 17 ago. 2019.

DESIGN. In: Guia do Estudante Abril, 16 maio 2019. Disponível em:


<https://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/design/>. Acesso em: 17 ago.
2019.

DESIGNERS esperam há mais de 30 anos pela regulamentação da profissão.


Design Brasil. 6 set. 2012. Disponível em: <https://www.designbrasil.org.br/
design-em-pauta/designers-esperam-ha-mais-de-30-anos-pela-regulamentacao-
da-profissao/>. Acesso em: 17 ago. 2019.

EGUCHI, H. C.; PINHEIRO, O. J. Design versus artesanato: identidades e


contrastes. Estudos em Design, v. 18, n. 2, 2010.

FIDELES, R. Design versus arte: a diferença e sua importância. IDesigns, 2 set.


2014. Disponível em: <http://idesigns.com.br/blog/129-design-versus-arte-a-difer
enca-e-sua-importancia>. Acesso em: 17 ago. 2019.

FREITAS, A. L. C. Design e artesanato: uma experiência de inserção da


metodologia de projeto de produto. São Paulo: Blucher Acadêmico, 2017.

HAJE, L. Projeto regulamenta profissão de designer. Agência Câmara Notícias,


31 ago. 2017. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/
noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/541946-PROJETO-REGULAMENTA-
PROFISSAO-DE-DESIGNER.html>. Acesso em: 17 ago. 2019.

13
HAUS. Entrevista: Cris Rosenbaum fala sobre o crescimento do design autoral no
Brasil. Gazeta do Povo, 5 out. 2017. Disponível em:
<https://www.gazetadopovo.com.br/haus/design/cris-rosenbaum-fala-sobre-o-cre
scimento-do-design-autoral/>. Acesso em: 17 ago. 2019.

HSUAN-AN, T. Design: conceitos e métodos. São Paulo: Blucher, 2017.

IBDA – INSTITUTO BRASILEIRO DE DESENVOLVIMENTO DA ARQUITETURA.


A origem do artesanato. Disponível em:
<http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=46&Cod=1571>.
Acesso em: 17 ago. 2019.

MASCÊNE, D. C.; TEDESCHI, M. Atuação do Sistema Sebrae no artesanato.


Brasília: Sebrae, 2010. 64 p.

MONNERAT, H. O design autoral de Pedro Braga. Designoteca, 29 abr. 2013.


Disponível em: <http://site.designoteca.com/2013/04/29/o-design-autoral-de-
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PIRES, F. R.; WEYMAR, L. B. C. História do design autoral. In: SEMINÁRIO DE


HISTÓRIA DA ARTE, 5., Pelotas. Anais... Pelotas: UFPEL, 2015.

SEBRAE – SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS


EMPRESAS. O que é design e o que ele pode fazer pela sua empresa. Sebrae
Nacional, 15 ago. 2019. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/
sites/PortalSebrae/artigos/o-que-e-design-e-o-que-ele-pode-fazer-pela-sua-empr
esa,c636797d9ed77410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 17 ago.
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POTTER, N. What is a designer. Hyphen press, 1980.

RIBEIRO, M. Qual o papel social do design? Design Culture, 28 fev. 2018.


Disponível em: <https://designculture.com.br/qual-o-papel-social-do-designer>.
Acesso em: 17 ago. 2019.

SAIBA quais são as profissões regulamentadas e não regulamentadas no Brasil.


Mundo Carreira, 11 jul. 2014. Disponível em: <http://www.mundocarreira
.com.br/guia-de-carreiras/saiba-quais-sao-profissoes-regulamentadas-e-nao-regu
lamentadas-brasil/>. Acesso em: 17 ago. 2019.

14
SIGAUD, H. A produção do design autoral. Revista Chiché, 21 fev. 2013.
Disponível em: <http://www.revistacliche.com.br/2013/02/a-producao-do-design-
autoral/>. Acesso em: 17 ago. 2019.

SOUZA, T. de. Uma estratégia de marketing para o Artesanato do Rio Grande


do Norte. Tese (Doutorado em Administração) – Fundação Getúlio Vargas, São
Paulo, 1991.

TRABALHA BRASIL. Salário de designer. Disponível em:


<https://www.trabalhabrasil.com.br/media-salarial-para-designer>. Acesso em: 17
ago. 2019.

TINGA, M. O designer como autor. Design Culture, 11 dez. 2017. Disponível em:
<https://designculture.com.br/o-designer-como-autor>. Acesso em: 17 ago. 2019.

VAGAS. Designer. Disponível em: <https://www.vagas.com.br/cargo/designer>.


Acesso em: 17 ago. 2019.

VINÍCIUS, P. Design não é arte! Design Culture, 16 jan. 2017. Disponível em:
<https://designculture.com.br/design-nao-e-arte>. Acesso em: 17 ago. 2019.

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FUNDAMENTOS DO DESIGN
AULA 5

Profª Shirlei Miranda Camargo


CONVERSA INICIAL

Nesta aula você vai entender que o designer pode tanto trabalhar dentro
de uma empresa, ser um autônomo ou até um empreendedor. Obviamente cada
escolha traz seus prós e contras, assim você já vai pensando qual caminho será
mais adequando para você. Também você aprenderá coisas importantes que se
relacionam muito com o design: marketing e serviços. Enfim, você perceberá que
o design é muito mais amplo que um setor que desenvolve produtos/serviços:
ele pode ser visto como um processo que permeia toda a empresa e que é
central para a sobrevivência dela.

CONTEXTUALIZANDO

Na maioria das vezes, as pessoas pensam em design como um


substantivo ou um adjetivo para um produto funcional e esteticamente agradável.
Contudo, vamos ver nesta aula que o design é muito mais que isso! Ele é
também um processo estrategicamente tão importante para as empresas que
pode interferir diretamente nos resultados quando não for bem gerido. Leia a
reportagem a seguir sobre a importância do design, enquanto processo, para os
negócios.

Leitura complementar
Diego Rodriguez, sócio da empresa norte-americana de design IDEO e professor da
Escola de Design da Universidade de Stanford, acrescenta que um bom design não implica
necessariamente bons resultados nos negócios, mas estes podem ser alcançados com mais
frequência por meio de um processo de design bem estruturado, já que o processo em si é um
fator mais holístico e abrangente do que simplesmente a noção de um bom design.
Diego alerta para que o design não seja tratado como um substantivo, mas como um
verbo, um processo, pois infelizmente o design tem sido associado apenas ao estilo e a um
julgamento semiótico e estético dependente de paradigmas que estão em constante movimento.
Neste contexto dinâmico e complexo, o design deve ser compreensível e aproximar
designers e não designers na resolução de desafios, preocupando-se não só com a inovação de
estilo, mas também com os processos que deverão atender às necessidades das pessoas [...]
A impressão é que ao longo do tempo o design foi sendo limitado até que se notou a
necessidade de retomar ao que realmente ele significa e ainda inseri-lo em um contexto mais
amplo e complexo de mercado. “Hoje uma ponte está sendo construída entre design e negócios”,
como citado por Marco Santoro, fundador da EISE – Escola de Inovação em Serviços, em um
encontro sobre Business Design em São Paulo [...]
E entendido como um processo, o design passa a ser incorporado também ao ambiente
de negócios em corporações independente do porte e do ramo de atuação, valorizando a multi
e interdisciplinaridade na resolução de problemas complexos alinhado ao planejamento
estratégico da empresa, tornando-se um forte aliado à gestão das marcas. (Infobranding, 2013)

2
TEMA 1 – GESTÃO DO DESIGN

Segundo o Design Council (2010), a gestão do design (Figura 1) é “uma


atividade total de design, desde a implementação e organização de todo o
processo de desenvolvimento de novos produtos e serviços até a administração
e o alcance de um melhor desempenho da empresa” (Libanio; Amaral, 2011, p.
568). Resumidamente, pode-se dizer que: “Gestão do Design é a organização e
coordenação de todas as atividades de design” (Garcia, 2019).

Figura 1 – Gestão do design

Crédito: Monkey Business Images/Shutterstock.

A gestão do design se preocupa com a gestão das relações entre áreas


distintas (ex.: marketing, finanças, produção) e pessoas com diferentes papéis
(clientes, designers, equipe, stakeholders) (Best, 2012). Esse é um ponto
fundamental porque ninguém consegue sozinho levar um produto ao mercado.
Isso porque, para tornar um produto disponível, necessita-se do apoio e da
contribuição de muitas pessoas com conhecimentos e competências, portanto,
a maneira como se conduz pessoas, processos e projetos pode determinar o
sucesso ou fracasso de um produto/serviço (Best, 2012).
Os estudos sobre gestão do design começaram na Grã-Bretanha na
década de 1960, em que perceberam que um novo gestor, o gestor de design,
deveria fornecer uma melhor comunicação entre designers externos e as
empresas. Nos últimos anos, a gestão do design ganhou destaque e vem sendo
considerada um elemento-chave para o sucesso das empresas. Portanto, a
3
gestão do design é estudada no mundo inteiro, principalmente em países como
Itália, França, Portugal e Estados Unidos. No entanto, no Brasil, ainda se trata
de um tema pouco conhecido (Libanio; Amaral, 2011, p. 568).
O design é um processo prático e criativo de resolução de problemas.
Muitas vezes, o designer precisa, inclusive, descobrir o problema! Feito isso,
tem-se início o processo de geração de ideias e avaliações de oportunidades.
Também, nesse momento, se formam as equipes, escolhendo-se as pessoas
mais adequadas que receberão os materiais para inspirá-las. Geralmente, é
composto pelas seguintes fases (Best, 2012).

• Prepraração: imersão no problema.


• Incubação: ideias são “remoídas” as vezes até de maneira inconsciente
gerando associações incomuns.
• Insight: as peças do “quebra-cabeça”se encaixam.
• Avaliação: definir qual é o mehor insight.
• Elaboração: transformar o insight em algo concreto, real.

Contudo, é preciso entender que o design é, antes de tudo, um processo


iterativo (que se repete), cíclico e não linear (Best, 2012). Ou seja, às vezes é
necessário voltar em alguns passos, repensar, ir para frente de novo até chegar
à solução desejada.
Enfim, a gestão do design auxilia que produtos/serviços sejam bem-
sucedidos, melhores do que os concorrentes, e assim ajuda a empresa a criar
uma vantagem competitiva sustentável ao longo do tempo (Best, 2012).
No entanto, além disso, o design deve ser visto não somente como
projetos isolados, mas como uma estratégia dentro de um propósito maior (Higa,
2017): “Ao pensar no design estratégico e seu processo dentro das empresas, a
imagem ainda é facilmente associada apenas a designers atuando em
corporações de segmentos diversos. Porém, tanto o processo quanto o
pensamento orientado pelo design não se restringem somente a eles”.
A forma como se gere um produto pode ser ampliada para a empresa
como um todo, independentemente do tamanho e de seu setor. Seria um novo
modelo administrativo mais plano (menos níveis hierárquicos), flexível, informal,
que encoraja a iniciativa, a independência e a tomada de riscos que substituiria
o antigo modelo gerencial baseado em Taylor, convencional e hierárquico. Esse
novo tipo de gestão, utilizando os princípios do design, dá a todos os

4
profissionais da empresa a oportunidade de participar, cocriar e explorar novas
possibilidades de forma iterativa (processos contínuos), criativa e a inovadora
(Higa, 2017).
É a gestão e o modo de pensar do design, conhecido como design
thinking, que obviamente não substituem a gestão empresarial, mas “propõem
um novo olhar na busca de soluções de problemas e a busca de novas ideias
não só para os produtos, mas para processos, serviços e marcas (Higa, 2017).
Achou interessante como uma empresa administra e gera o
desenvolvimento de um produto? Você terá uma disicplina exclusiva que trata
desse assunto. Já que estamos falando do design dentro das empresas, vamos
falar um pouco sobre um outro setor altamente correlacionado com o design: o
marketing.

TEMA 2 – MARKETING

Segundo a renomada American Marketing Association (AMA), “marketing


é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a
criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a
administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a
organização e seu público interessado”.
Portanto, o marketing, assim como o design, foca nos clientes. Porém,
eles são diferentes apesar de conectados. Como Gomes (2012) comenta, o
marketing é um conjunto de técnicas e atividades voltadas à estratégia
empresarial a fim de alcançar melhores resultados, por meio da adequação de
produtos/serviços ao que os clientes necessitam ou desejam. Já o design é uma
atividade técnica e criativa, com o objetivo de solucionar um problema.
Simplificando, pode-se dizer que marketing é uma estratégia em que o design
desempenha fundamental papel.
Uma das mais conhecidas estratégias do marketing é a dos 4Ps (produto,
preço, ponto, promoção), de McCarthy (1964).

• Produto: este “P” é o mais ligado ao design. Pode ser um produto físico
(tangível), como uma cadeira, ou até algo totalmente intangível, como um
corte de cabelo. Ou seja, é algo que podemos oferecer para alguém
satisfazer um desejo ou uma necessidade (Kotler; Armstrong, 2007).

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• Preço: é a quantia em dinheiro que se cobra por um produto/serviço. É o
único dos “Ps” que traz receita (dinheiro) para a empresa, pois os demais
são custos (a empresa “gasta” com eles) (Kotler; Armstrong, 2007).
Portanto é um dos mais importantes, pois, ser for mal elaborado, pode
trazer prejuízos para as empresas.
• Promoção: é o “P” responsável por divulgar e promover o produto. Ele é
tão importante que muitas pessoas acham que o marketing é sinônimo de
propaganda, apesar de não ser, pois o marketing é mais amplo e a
promoção é um de seus pilares. Porém, é essencial, pois, sem esse “p”,
como as pessoas vão saber da existência do produto?
• Ponto: de nada adianta a empresa ter o melhor produto, com um preço
condizente, com uma estratégia de divulgação efetiva se, quando o cliente
for comprar o produto ou quiser adquirir o serviço, não o encontrar ou ter
que se percorrer grandes distâncias para obtê-lo. Por conta disso, o ponto,
ou seja, definir como e onde esse produto/serviço estará disponível
também é de extrema importância.

A empresa precisa, de maneira coerente, fazer com que essas quatro


faces se “conversem” de forma harmoniosa, que façam sentido.
Além dos 4Ps, o marketing também se preocupa com outras estratégias
igualmente importantes e que estão inter-relacionadas entre si e com os 4Ps:
segmentação, posicionamento e diferenciação.

• Segmentação: é dividir o mercado baseando-se em dados geográficos,


demográficos, psicográficos (estilo de vida, personalidade), ou ainda, de
comportamento em relação ao produto (benefícios que o cliente busca,
frequência de uso etc.). As empresas devem segmentar o mercado, pois,
dessa forma, as suas estratégias serão mais focadas, portanto, eficazes.
• Diferenciação: é listar e ressaltar o que torna o produto ou serviço
diferente de seus concorrentes. É aquilo que faz o consumidor escolher o
meu produto ao invés do da concorrência. Dessa forma, a empresa
alcança a tão almejada vantagem competitiva que, de preferência, deve
ser sustentável (difícil de ser copiada).
• Posicionamento: refere-se a como a empresa quer posicionar seu
produto/serviço na mente dos consumidores. Quero que meu produto seja
identificado como “bom e barato”? Ou um produto que é possível de ser

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encontrado em qualquer lugar? Ou ainda algo exclusivo? É por meio do
posicionamento que as empresa também conseguem focar suas demais
estratégias para divulgar e assim alcançar esse posicionamento na mente
dos consumidores.

Ou seja, o marketing abastece o design com muitas informações e


diretrizes para que este desenvolva os melhores produtos, que sejam adequados
e satisfaçam as necessidades e os desejos dos clientes. Enfim, ambos precisam
trabalhar em conjunto para que a empresa atinja seus objetivos e obtenha os
melhores resultados possíveis.

TEMA 3 – SERVIÇOS

Você deve ter percebido que sempre que nos referimos a um produto
juntamente colocamos a palavra serviços. Isso porque os serviços são
considerados um tipo de produto.
No Brasil, o setor de serviço representa 73% do Produto Interno Bruto
(PIB) (Vettorazzo; Perrin, 2017), ou seja, é um setor muito importante para a
encomia do país. No entanto, o marketing para o setor de serviços precisa ser
um pouco diferenciado, isso porque o serviço possui algumas características
distintas: intangibilidade, inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade (Kotler;
Armstrong, 2007). Kotler e Armstrong (2007) detalham melhor essas
características.

• Intangibilidade: os serviços não podem ser vistos, tocados, provados,


ouvidos ou cheirados antes da compra;
• Inseparabilidade: os serviços não podem ser separados de seus
provedores;
• Variabilidade: a qualidade dos serviços depende de quem os executa e
de quando, onde e como são executados;
• Perecibilidade: os serviços não podem ser armazenados para venda ou
uso posterior.

Então, quando alguém quer contratar um serviço, só vai saber se ficou


bom depois de utilizá-lo. Além disso, não se tem garantia do resultado final,
mesmo realizando o serviço com um profissional de costume, pois os serviços
são executados por pessoas e as pessoas são influenciadas por diversos fatores
que podem impactar diretamente na sua performance.
7
Por exemplo, você só vai saber se um corte de cabelo ficou bom quando
cortá-lo. E, às vezes, mesmo que você corte seu cabelo com o cabelereiro de
sempre, se ele tiver algum desentendimento com alguém, poderá estar alterado,
nervoso, o que pode fazer com que ele não realize um bom serviço, resultando
em sua insatisfação.
Por isso, os serviços precisam ser pensados de forma diferentes. Eles
devem dar “pistas” de sua qualidade antes mesmo do consumidor adquiri-lo.
Pensando nisso, em 1985, Parasuraman, Zheitaml e Berry criaram as
cinco dimensões da qualidade em serviços (Pena et al., 2013, p. 1.237).

• Tangibilidade: diz respeito às instalações físicas, equipamento, pessoal


e material;
• Confiabilidade: habilidade de executar o serviço de forma segura e
eficiente com consistência, ganhando a confiança do usuário;
• Responsividade: refere-se à disponibilidade da empresa de atender às
pessoas de forma atenciosa, com precisão e rapidez;
• Garantia: é identificada como a cortesia, o conhecimento dos
trabalhadores e sua habilidade de transmitir confiança;
• Empatia: relata se a organização se importa com o usuário e o ajuda de
forma individualizada, demonstrando interesse e atenção.

Mas o que o design tem a ver com isso? Tudo! Você já ouviu falar em
design de serviços? O design de serviço é uma vertente do design mais focada
na experiência do usuário, uma junção do marketing de serviços com o design.
É um conceito baseado na lógica dominante dos serviços que prega que tudo,
por mais tangível que seja, tem uma função de serviço (Mello; Oliveira, 2018).

Design de serviço é a aplicação dos conhecimentos e abordagens do


design para a criação, evolução e gerenciamento de serviços. A
disciplina, portanto, usa dos conhecimentos do design para projetar a
forma como as pessoas vão interagir com o serviço e como ele será
entregue para os clientes. (Paula, 2017)

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Figura 2 – Serviços

Crédito: Wright Studio/Shutterstock.

Ou seja, o design de serviços é algo que pode ser feito por designers, mas
muitas disciplinas invadem essa área e usam esse conceito de forma
inadequada. O design de serviços trata de entender toda a jornada do
consumidor (Figura 2), pensar nos pontos de contato com a empresa/produto
para mapear e criar serviços que resultem nas melhores experiências possíveis
(físicas ou virtuais) para os usuários (Mello; Oliveira, 2018).

TEMA 4 – DESIGNER AUTÔNOMO

Já há algum tempo, devido a sucessivas crises, aconteceram muitas


demissões levando muitos desses desempregados a fazer “bicos” para
conseguir alguma renda. Em paralelo a esse fato, vem surgindo mundialmente
um estilo de trabalho em que os profissionais trabalham por demanda, com local
e horas bem flexíveis (Ribas, 2018). Para Tachizawa e Mello (2003, p. 304):

os profissionais autônomos (working solo) encontram-se desde os


chamados profissionais liberais (médicos, dentistas, arquitetos,
tradutores etc.), os de baixo nível técnico como motoristas, vendedores
ambulantes e serviços de pequenos reparos domésticos, e os incluídos
na economia informal; são também conhecidos como “free lancers”.

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Figura 3 – Profissional trabalhando na praia

Crédito: Kite_rin/Shutterstock.

No entanto, o termo freelancer, conhecido também como “freela” ou “frila”


– usados com sinônimo para autônomo – deixou de ser apenas um trabalho
informal para virar um estilo de carreira, de emprego, para ser permanente, e
vem crescendo nos últimos anos. Tanto é que em uma pesquisa feitas em três
grandes empresas do setor com 9.500 pessoas mostrou que esse tipo de serviço
deveria aumentar 20% no ano de 2018. Além disso, essa mesma pesquisa
mostrou que 77,3% dos brasileiros já atuam como freelancers no país dos quais,
destes, 37,1% vivem exclusivamente como autônomos (Ribas, 2018).
Porém, não são todas as profissões que podem ser realizadas como
autônomo. Algumas delas, mais que outras, são perfeitas para abraçar esse
estilo de vida. Felizmente, para alguns, os designers têm esta opção. É bem
comum encontrar designers que trabalham para vários clientes, sem nunca ter
tido um “patrão”, às vezes trabalhando até em diferentes partes do mundo
(Abrantes, 2018).
Contudo, ser autônomo não é tão fácil assim. Principalmente no início, é
difícil encontrar clientes. Uma dica é procurar plataformas de design para
encontrar os primeiros trabalhos (Abrantes, 2018).
A opção de ser autônomo é realmente tentadora, mas deve-se levar em
conta algumas coisas. Por exemplo, você não contará com uma renda fixa, o
que dificulta controlar sua vida financeira e fazer planos em longo prazo, pois
você nunca sabe “se” ganhará e o “quanto” daqui há alguns meses. Também
não poderá contar com nenhum benefício que as empresas costumam dar para
seus colaboradores, como vale-refeição, plano médico/odontológico, transporte,

10
entre outros. Portanto, para pessoas que não gostam de assumir riscos e
preferem estabilidade e segurança, ser autônomo pode não ser uma boa opção.

TEMA 5 – DESIGNER EMPREENDEDOR

Já há algum tempo, percebe-se um desejo muito comum entre vários


profissionais, inclusive designers, de serem empreendedores (de terem o seu o
próprio negócio). Portanto, é comum encontrar o tema “designer empreendedor”
ou “design e empreendedorismo” (Figura 4) (Arty, 2019)
Além disso, o design é visto como uma atividade muito próxima à atividade
de empreendedorismo porque, segundo Grizone (2015):

• Ambos têm como foco a economia e os aspectos mercadológicos;


• A habilidade de gerenciar projetos em ambientes complexos a fim de
resolver problemas é uma característica desejada em ambas as
atividades;
• Tanto design como o empreendedorismo tem uma abordagem do
“apreender baseado em projetos” ou “ensinamento orientado por
problemas”.

E você? Prefere a estabilidade e segurança em um bom emprego ou não


tem medo de enfrentar os riscos e incertezas de um negócio próprio? Lida bem
com autoridade e gosta de rotina ou não pode nem ouvir a palavra “chefe” ou ver
um relógio ponto na sua frente? Se você escolheu as duas primeiras alternativas,
pode ser que seu destino seja uma carreira de sucesso em uma empresa que
vai valorizar sua habilidade de trabalhar em equipe. Agora, se você optou pela
segunda opção, pense na possibilidade de se tornar um empreendedor
(Maximiano, 2012).

Figura 4 – Empreendedora

Crédito: Zedward_Indy/Shutterstock.

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Segundo Biagio (2012), o empreendedorismo pode acontecer de três
formas:

• Iniciar uma nova empresa apoiado em uma ideia inovadora, com a


responsabilidade que vai desde estudar a sua viabilidade até sua
implantação e, consequentemente, geração de valor, criando uma
empresa autossustentável e geradora de resultados;
• Adquirir uma empresa já existente, assumindo o risco de implementar
mudanças e fazer ajustes para pôr em prática inovações e, assim,
conseguir melhores resultados;
• Ver oportunidades de melhoria desenvolvendo inovações que trarão
valores à empresa de terceiros (de outras pessoas), atuando como
empreendedor organizacional ou consultor.

No entanto, segundo Maximiano (2012), para ser empreendedor é


necessário ter algumas características.

• Criatividade e capacidade de implementação: algumas pessoas são só


criativas e outras só sabem pôr as ideias em prática, mas um
empreendedor precisa ter as duas habilidades.
• Disposição para assumir riscos: abrir um negócio é uma espécie de
aventura, pois existem inúmeras influências externas e, às vezes, só
trabalhar arduamente – apesar de essencial – não será suficiente, pois o
empreendedor trabalha em cima de estimativas
• Perseverança e senso de otimismo: o empreender tem compromisso
com seu negócio para que ele dê certo. Existem inúmeras histórias de
empresas de sucesso cujos empreendedores passaram por grandes
dificuldades, mas perseveraram e venceram.
• Senso de independência: o empreendedor tem autonomia, trabalha para
ele e para mais ninguém, entretanto, conta só com ele mesmo.

Contudo, empreender é muito difícil. No Brasil, aproximadamente 1/3 das


novas empresas fecham antes de completar dois anos (Zogbi, 2017).
Enfim, qualquer um dos caminhos que você escolher terá suas vantagens
e desvantagens; logo, você deve optar por aquele que combina mais com suas
expectativas (Maximiano, 2012).

12
TROCANDO IDEIAS

Antes de se precipitar em relação à escolha quanto a seguir como


empreendedor, leia o artigo disponível em: <https://exame.abril.com.br/pme/os-
pros-e-contras-de-trocar-o-emprego-por-um-negocio/>. Depois, reflita e discuta
com seus colegas se você concorda com os prós e contras indicados no artigo,
e reflita então se vale a pena largar um emprego e abrir seu próprio negócio.

NA PRÁTICA

Para algumas empresas, o marketing e o design são tão importantes a


ponto de fazer parte da estratégia da empresa. Pesquise uma ou mais empresas
com essa característica, dando exemplos práticos de como elas usam essas
estratégias. Com esses dados, elabore um texto de aproximadamente 300
palavras.

FINALIZANDO

Nesta aula você aprendeu que o design é muito mais amplo do que você
pensava, certo? Ele pode ajudar a gerir a empresa, inclusive usando conceitos
como design thinking e design de serviços. Além disso, você também conheceu
outras opções de carreira, como a de designer autônomo, ou ainda, de
empreender em seu próprio negócio. Obviamente, você não precisa decidir isso
agora, mas ao menos vá refletindo porque o tempo passa muito rápido, e logo
você será um profissional de design entrando no mercado de trabalho.

13
REFERÊNCIAS

ABRANTES, B. 9 oportunidades de trabalho autônomo para quem quer mudar de


carreira. Stoodi, 5 dez. 2018. Disponível em: <https://www.stoodi.com.br/
blog/2018/12/05/trabalho-autonomo-mudar-de-carreira/>. Acesso em: 18 ago.
2019.

ARTY, D. Designer NÃO empreendedor! Chief of design. Disponível em:


<https://www.chiefofdesign.com.br/designer-nao-empreendedor/>. Acesso em:
18 ago. 2019.

BEST, K. Fundamentos de gestão de design. São Paulo: Bookman, 2012.

BIAGIO, L. A. Empreendedorismo: construindo seu projeto de vida. Barueri, SP:


Manoele, 2012.

GARCIA, E. Gestão do design: 5 princípios que todo designer deveria seguir.


Des1gnon. Disponível em: <https://www.des1gnon.com/2017/09/gestao-do-
design-principios/>. Acesso em: 18 ago. 2019.

GOMES, V. Você sabe a diferença entre marketing, publicidade e design? MKT


News, 17 maio 2011. Disponível em: <http://www.revistamktnews.com/2011/
05/marketing-x-publicidade-x-design.html>. Acesso em: 18 ago. 2019.

GRIZONE, L. C. Design e empreendedorismo: uma análise das semelhanças


entre as áreas. Projetica, v. 6, n. 3, 2015.

HIGA, A. O design como um processo de gestão. IndoBranding, 26 jul. 2013.


Disponível em: <http://www.infobranding.com.br/design-processo-de-gestao/>.
Acesso em: 18 ago. 2019.

KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 12 ed. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2007.

LIBANIO, C. de S.; AMARAL, F. G. Aspectos da gestão de design abordados em


dissertações e teses no Brasil: uma revisão sistemática. Produção Online, v. 11,
n. 2, p. 565-594, 2011.

MAXIMIANO, A. C. A. Empreendedorismo. São Paulo: Person Prentice Hall,


2012.

MCCARTHY, E. J. Basic marketing. IL: Richard D. Irwin, 1964.

14
MELLO, B.; OLIVEIRA, P. Design de serviços se torna fundamental para a cultura
da empresa. Mundo do marketing, 4 jul. 2018. Disponível em:
<https://www.mundodomarketing.com.br/entrevistas/37916/design-de-servicos-to
rna-se-fundamental-para-a-cultura-da-empresa.html>. Acesso em: 18 ago. 2019.

O DESIGN na prática de negócios. Infobranding, 23 maio 2013. Disponível em:


<http://www.infobranding.com.br/o-design-na-pratica-dos-negocios/>. Acesso
em: 18 ago. 2019.

PAULA, H. de. O que é design de serviço e qual é a relação dele com design
thinking. Heller de Paula, 11 set. 2017. Disponível em:
<https://www.hellerdepaula.com.br/design-de-servico/>. Acesso em: 18 ago.
2019.

PENA, M.M. et al. O emprego do modelo de qualidade de Parasuraman, Zeithaml


e Berry em serviços de saúde. Revista da escola de enfermagem da USP, v.
47, n. 5, p.1.227-1.232, 2013.

RIBAS, R. Freelancers: modelo de trabalho autônomo deve crescer em 2018. O


Globo, Rio de Janeiro, 22 jan. 2018. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/
economia/emprego/freelancers-modelo-de-trabalho-autonomo-deve-crescer-em-
2018-22312813>. Acesso em: 18 ago. 2019.

TACHIZAWA, T.; MELLO, A. Estratégias empresariais e o teletrabalho. Rio de


Janeiro: Pontal, 2003.

VETTORAZZO, L.; PERRIN, F. Setor de maior peso no PIB, serviços caem com
menor consumo de famílias. Folha de S. Paulo, São Paulo, 7 mar. 2017.
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/03/1864276-setor-
de-maior-peso-no-pib-servicos-caem-com-menor-consumo-de-familias.shtml>.
Acesso em: 18 ago. 2019.

ZOGBI, P. Um terço das empresas fecham em 2 anos no Brasil; conheça segredos


das que sobrevivem. Infomoney, 9 jan. 2017. Disponível em:
<https://www.infomoney.com.br/negocios/noticia/5997459/terco-das-empresas-fe
cham-anos-brasil-conheca-segredos-das-que>. Acesso em: 18 ago. 2019.

15
FUNDAMENTOS DO DESIGN
AULA 6

Prof.ª Shirlei Miranda Camargo


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, você aprenderá sobre os diferentes tipos de inovações e como


eles se relacionam com o design. Também perceberá como a cultura influencia,
mas ao mesmo tempo é influenciada pelo design. Por fim, refletirá sobre temas
importantes, por exemplo, a responsabilidade que o designer,
independentemente da área de atuação, deve ter com o meio ambiente. Dessa
maneira, você aprenderá o que é ser um designer ético e não fará, por exemplo,
a prática de green washing. Aliás, você sabe o que é green washing?

CONTEXTUALIZANDO

Leia a matéria a seguir, retirada do site TecMundo.

Leitura complementar
No Japão, alguns trens-balas podiam alcançar a velocidade de 300 km/h, mas o
som emitido por eles extrapolava os padrões ambientais de poluição sonora.
Uma das causas desse resultado indesejável era a onda de pressão atmosférica
criada pelo trem quando ele entrava em um túnel estreito. Isso causava, na saída
do túnel, uma explosão sônica e uma vibração sentida por moradores que
estavam a até 400 metros de distância do local. Parte do problema estava no
design do nariz do trem.

Além disso, ao entrar nesses túneis, os engenheiros perceberam que o veículo


também enfrentava uma mudança drástica na resistência do ar. Não demorou
muito até que encontrassem um exemplo na natureza de um animal que
passasse por condições semelhantes, diariamente.

A solução do problema foi se encontrada por Eiji Nakatsu, engenheiro e


observador de pássaros, que usou o martim-pescador como inspiração. A ave,
que precisa mergulhar para se alimentar – troca rapidamente de um ambiente
de baixa resistência (ar) para um com muita resistência (água) –, possui a
aerodinâmica perfeita para essa situação.

Depois de remodelar o nariz do trem-bala para um formato similar ao bico do


martim-pescador, os trens não passaram apenas a viajar de maneira mais
silenciosa, mas também se tornaram 10% mais rápido e 15% mais econômicos.

2
Fonte: 5 TECNOLOGIAS inspiradas pela natureza TecMundo, 28 ago. 2011.
Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/ciencia/12821-5-tecnologias-
inspiradas-pela-natureza.htm>. Acesso em: 18 ago. 2019.

Isso que você leu é o que se chama de biomimética e será um dos temas
desta aula. Mas, para iniciá-la, primeiramente vamos entender o que é inovação
para depois vermos as formas criativas de se chegar até ela, como a
biomimética.

TEMA 1 – DESIGN E INOVAÇÃO

Você sabe a diferença entre invenção e inovação? Você sabia que são
coisas diferentes? Segundo Brito, Brito e Ledur (2009), podemos encontrar na
literatura diversos conceitos de inovação, e um dos mais antigos é o Utterback
(1971, p. 77), que define a inovação como uma invenção que atingiu a fase de
introdução no mercado, no caso de um novo produto.
O que isso quer dizer? Que uma invenção só vira inovação quando existe
um mercado, ou seja, pessoas ou empresas que vão comprar essa novidade.
Caso contrário, não passará de uma mera invenção.

Figura 1 – Invenção ou Inovação?

Crédito: Andrey Burmakin/Shutterstock.

3
Vamos pensar mais um pouco. Compare uma nova embalagem de leite e
um carro que voa: acha que ambos podem ser considerados inovações? Sim!
Apesar de tão diferentes, ambos podem ser inovações. O que muda é o tipo de
inovação, que pode ser incremental e radical.
Inovação radical é aquela que é considerada uma novidade tecnológica
ou mercadológica e que cria um novo mercado, podendo inclusive gerar uma
descontinuidade (disruption) do mercado existente (Tironi; Cruz, 2008).
Um exemplo clássico foi o surgimento do compact disc (CD). Quando ele
chegou, junto vieram outros produtos como aparelhos para tocá-lo, assistência
técnica para esses aparelhos, embalagens para acondicionar os CDs, que eram
totalmente diferentes dos discos de vinis em tamanho e forma, e até novas
formas de exposição desse produto nas lojas. Além disso, equipamentos como
rádios de carro, aparelhos de som, vídeos-cassetes ficaram obsoletos
rapidamente, tendo que ser substituídos por versões que possuíam o tocador de
CD.
Já inovação incremental é aquela que incorpora melhorias, por exemplo,
características técnicas, formas de uso, custos em produtos e processos que já
existem (Tironi; Cruz, 2008). Usando ainda nosso exemplo dos CDs, a inovação
radical do CDs gerou uma série de inovações incrementais, como rádios de
carros com tocador de CD. Ou seja, o rádio de carro já existia, apenas ganhou
um incremento, uma nova característica técnica. A essa altura você já deve ter
percebido o que o design tem a ver com inovação: simplesmente tudo.
Como Teece e Jorde (1990, p. 76) propõem, a inovação é a busca pela
descoberta, desenvolvimento, melhoria, adoção e a comercialização de novos
processos, produtos, estruturas organizacionais e procedimentos.
Complementando, Tálamo (2002, citado por Brito; Brito; Ledur, 2009) ensina que
a inovação se refere à disponibilização de uma novidade ao consumo em larga
escala.
Lembre-se de que anteriormente definimos design citando o autor Hsuan-
an (2017, p. 26): design é “uma atividade profissional que envolve toda criação
e desenvolvimento de produtos com fim de atender às necessidades da
população em favor de uma vida melhor e mais prazerosa”.
Observe as palavras em negrito nas duas definições, de inovação e
design, no Quadro 1 a seguir.

4
Quadro 1 – Palavras-chave inovação e design

Inovação Design
Descoberta Criação
Desenvolvimento Desenvolvimento
Produtos Produtos
Consumo em larga escala Atender às necessidades da população

Assim sendo, design e inovação estão intimamente relacionados: para


inovar, você precisa do design e, em contrapartida, o design precisa ser
inovador. Lembrando, obviamente, que, quando falamos em produto, tanto em
inovação como em design, estamos falando não só de bens tangíveis, mas
também de serviços e de processos (virtuais ou não).
E porque é tão importante inovar?
Atualmente, com a concorrência entre as empresas cada vez mais
acirrada, os recursos intangíveis de uma empresa (que não podem ser
“tocados”), como a capacidade de inovação, têm sido apontados como uma fonte
de vantagem competitiva nas organizações que se destacam com bons
resultados. Isso porque, justamente por serem intangíveis, são difíceis de serem
imitados pelos concorrentes. Por isso, o lema é inovar, sempre.

TEMA 2 – INFLUÊNCIAS CULTURAIS

A palavra cultura pode ter muitos significados. Se formos ver a própria


origem da palavra, cultura vem do latim colo, que significa “cultivo” (Soares,
2011). Utilizamos até hoje a palavra cultura para nos referimos a certo tipo de
alimento. Por exemplo: “a cultura da batata necessita de temperaturas amenas”.
Isto é, o plantio da batata precisa de temperaturas não muito altas
Interessante notar que a palavra cultura pode ser usada no sentido de
conhecimento: quando se afirma que alguém possui “cultura”, isso quer dizer
que esse alguém tem um “conhecimento maior” do que o de outras pessoas, que
“estudou muito”, que teve acesso a uma “educação formal” (Soares, 2011).
Porém, a cultura também pode ser vista como a manifestação de um povo, em
determinada época. A cultura é construída historicamente, é dinâmica e se refere
a todos os aspectos da vida social dos seres humanos (Santos, 2017).
Georg Hegel, filosofo alemão, afirmava que a razão humana se manifesta
por meio das instituições religiosas, artísticas, científicas, sociais, políticas etc.

5
Segundo ele, em cada tempo e lugar, essa razão se apresenta de uma forma
específica, modificando-se em um processo contínuo (Soares, 2011). Isso
significa que, por exemplo, no século passado, era comum homens se casarem
com meninas de 12 anos, mas hoje em dia isso seria considerado um absurdo.
Portanto, a cultura é dinâmica e relacionada ao contexto histórico.
Por exemplo, fazem parte da cultura de um povo as festas, as lendas, as
formas de se vestir, o tipo de alimentação, o idioma etc. Logo, aquela feijoada
tradicional, que sempre é servida nas quartas ou sábados, faz parte da nossa
cultura brasileira (Figura 2).

Figura 2 – Feijoada faz parte da cultura brasileira

Crédito: Paulo Vilela/Shutterstock.

Enfim, a cultura diz respeito à humanidade como um todo, mas, ao mesmo


tempo, a cada um dos povos, nações, sociedades e grupos humanos. Isso
porque todos pertencem a uma determinada cultura, porém, existem grandes
diferenças entre elas. Contudo, cada uma tem uma lógica interna em que,
somente a conhecendo, as práticas e costumes farão sentido (Santos, 2017).
Por exemplo, nos causará estranheza sentar em uma mesa de chineses e, no
final das refeições, eles arrotarem. Para eles, é algo normal, sinal de saúde. Já
para nós e uma tremenda falta de educação. Por isso, somente entendendo a
lógica interna que compreenderemos tais práticas.
As manifestações culturais, portanto, podem ser vistas como fenômeno
relacionado à construção das identidades dos povos nas sucessivas épocas

6
históricas estudadas. Ainda, a cultura pode ser classificada em erudita, popular
e de massa, ou material e imaterial. Portanto, uma forma de se observar as
mudanças na sociedade é analisar as produções culturais de diferentes grupos
humanos ao longo do tempo (Soares, 2011).
Mas o que o design tem a ver com a cultura?
Assim como a arte, ele pode interferir na cultura refletindo-a de duas
maneiras (Monteiro, 2010):

• estabelecendo e aperfeiçoando padrões, definindo o que é de bom gosto”,


aceitável e desejável esteticamente (Monteiro, 2010). Por exemplo, nos
anos 1960/1970, era comum eletrodomésticos como fogões e geladeiras
serem vermelhos, amarelos e azuis bem clarinhos. No entanto, nas
décadas seguintes, eles mudaram para o bege, depois para o branco, e
hoje fazem sucesso em inox ou prata. Atualmente, até vemos alguns
coloridos, mas utilizados em um contexto vintage;
• confrontando-a, destruindo, recriando e alterando definições,
questionando as acepções de “bom”, “ruim”, “adequado”, privilegiando a
personalidade e a relevância (Monteiro, 2010). Um exemplo seria a
coleção Privilège, composta de banco e cadeira inspirados nos
“banquinhos de obra”, encontrados nos canteiros de obra da construção
civil (Sigaud, 2013), que vai de encontro ao luxo e ao padrão estético da
nossa atualidade.

Enfim, apesar de a cultura exercer um papel importante em como as


pessoas enxergam o mundo, o mesmo não pode ser dito de sua influência na
forma como produtos e inovações são concebidos. Antigamente, para um
designer industrial de produtos de massa, as diferenças culturais existentes
entre países eram significativas. Porém, hoje, essas diferenças são mais
percebidas nas relações entre as pessoas, na culinária e algumas preferências
estéticas (Weiner, 2017).
Isso significa que atualmente produtos bem-sucedidos são desenhados
com base nas atividades que exercem e não mais em diferenças culturais. Ou
seja, o design centrado nos consumidores está mudando para o design centrado
em atividades, em que a tecnologia indica a forma como o produto será
concebido e não mais as diferenças culturais entre consumidores de diferentes
países (Weiner, 2017).

7
Segundo Weiner (2017), para alguns, essa homogeneização de produção
é perturbadora, pois diminui a importância das raízes históricas, rituais e
costumes na concepção de um produto. Já para outros, isso é apenas mais uma
das consequências da industrialização e do avanço da tecnologia.
Ou seja, é fato que a globalização está deixando o “mundo menor”, mais
íntimo, mais fluido. No entanto, conhecer a cultura do país para o qual seu
produto será destinado é imprescindível. A decisão estratégica de se opor ou
justamente se utilizar dessa cultura fica a critério de cada um de acordo com a
finalidade de seu projeto.

TEMA 3 – DESIGN E MEIO AMBIENTE

O grande desafio atual é planejar e fomentar o crescimento econômico


utilizando padrões sustentáveis, pois está mais do que provada a incapacidade
do planeta de lidar com o modelo econômico atual, fato que pode ser
comprovado por meio do aquecimento global, da desertificação e do
empobrecimento do solo, da destruição da camada de ozônio, da poluição da
água e da perda da biodiversidade (Gilwan; Petrelli; Gonçalves, 2015).
Assim sendo, o foco é buscar o “desenvolvimento sustentável”, processos
produtivos que usem os recursos naturais de maneira compatível para o bem de
toda coletividade. Nesse cenário, o design pode ser importante (Gilwan; Petrelli;
Gonçalves, 2015).
Portanto, a preocupação com o meio ambiente perpassa todos os setores
da sociedade, e não seria diferente com o design. Seja pensando no
desenvolvimento de produtos ou no desenvolvimento de campanhas de
conscientização, o design tem papel fundamental nessa luta.
Segundo a designer holandesa Babette Porcelijn, em entrevista à revista
Casa e Jardim:

Projetar significa criar soluções para um problema social. Como


designers, somos treinados para deixar de lado soluções existentes e
começar do zero. Estamos acostumados a investigar minuciosamente
os problemas e a ter ideias disruptivas, de preferência em cooperação
com cientistas. Nos dias de hoje precisamos dessas habilidades para
criar uma sociedade que tenha impacto mais restaurador do que
prejudicial no meio ambiente. O design precisa ser ecopositivo
(Gonçalves, 2019).

Nesse contexto, surge o ecodesign, utilizado pela primeira vez por Victor
Papaneck, que afirma que o design deve trabalhar em prol da diminuição do

8
impacto do ser humano no planeta. Conhecido também como “ecoconcepção”,
tem por objetivo manter as qualidades de uso do produto como funcionalidade e
desempenho, melhorando a qualidade de vida dos usuários, mas, ao mesmo
tempo, reduzindo o impacto que esses mesmos produtos causam no meio
ambiente.
Por exemplo, o designer gráfico pode também contribuir com esta luta ao
trocar o uso do papel branco pelo reciclável, diminuindo o corte de árvores, as
emissões de metano e gás carbônico, agressões ao solo e à água. Ele também
deve evitar aditivos e acabamentos que causem emissões tóxicas, como aqueles
que utilizam toluenos nos produtos e vernizes, CFC nos sistemas que
transformam o plástico em espuma. Utilizar tintas para flexografia à base de
água, que possuem baixos teores metais pesados como chumbo, mercúrio,
arsênio etc. é uma medida importante. Outra sugestão é usar a tinta offset à base
de óleo de soja, inclusive na composição de tintas de impressão para
embalagens, visto que o chumbo, o mercúrio, o cromo, o cádmio, o berílio e o
vanádio são cancerígenos e neurotóxicos (Gilwan; Petrelli; Gonçalves, 2015).
Cavalcanti et al. (2012) afirma, que o meio ambiente é tão importante
quanto outros fatores como a execução do produto em si, o controle dos custos
e a demanda do mercado. Contudo, para que o ecodesign funcione, as empresas
precisam mudar sua mentalidade de desenvolvimento de produtos, se
preocupando inclusive com todas as fases do ciclo de vida de um produto 1, da
introdução até seu declínio, criando um processo cooperativo com todos os
atores (stakeholders) envolvidos (Cavalcanti et al., 2012).
No entanto, indo contra essa boa maré, temos o green washing (Figura 3)
ou lavagem verde, que é um tipo de propaganda enganosa, quando uma
empresa se diz “amiga do meio ambiente”, mas na verdade não o é. De acordo
com o site ECycle, a intenção do green washing é dar uma imagem de empresa
defensora do ambiente, quando efetivamente nada fazem para minimizar os
problemas ambientais, ou pior ainda, praticam ações que vão impactar nela
negativamente.
Veja o exemplo fornecido por Ribeiro e Epaminondas (2016) do caso do
sabão em pó Amazon H2O. Além do nome relacionado à nossa importante
floresta, da embalagem verde e com imagens da natureza, ele se denomina

1Os produtos, assim como os seres vivos, têm um ciclo de vida: nascem (fase da introdução no
mercado), crescem (fase de crescimento e maturidade) e morrem (fase de declínio do produto).
9
sabão em pó ecológico. Inclusive, há na embalagem a frase “preserve a água do
nosso planeta”, porém, não há nenhuma explicação sobre o que o produto ou
empresa realmente fazem para contribuir com a preservação do meio ambiente.

Figura 3: Greenwashing – “pintar de verde”

Crédito: Bruno23/Shutterstock.

Enfim, segundo Papanek (1995, citado por Silva; Braun; Goméz, 2008, p.
5)

o design deve ser a ponte entre as necessidades humanas, cultura e


ecologia, intervindo nos seus ciclos de emissão de poluição referentes
à sua atividade profissional: na escolha do material, no processo
produtivo, na embalagem, no produto final, no transporte do produto e
no seu descarte.

TEMA 4 – BIOMIMÉTICA

Já no século XV, o famoso Leonardo da Vinci, admirador e exímio


observador da natureza, buscava nela inspiração para realizar suas invenções.
Por exemplo, a sua máquina de voar (Figura 4), uma percursora de nossos
aviões, foi inspirada nas asas de um morcego.
A biomimética busca justamente isso: inspiração na natureza. Trata-se de
uma área que estuda os princípios criativos e estratégicos da natureza, visando
à criação de soluções para os problemas atuais da humanidade, unindo
funcionalidade, estética e sustentabilidade (Biomimética..., 2019).

10
O termo biomimética foi criado nos anos 1950 pelo engenheiro da força
aérea estadunidense major Jack. E. Steele (Detanico; Teixeira; Silva, 2010). Um
exemplo muito conhecido da biomimética é o velcro. O engenheiro George de
Mestral, após perceber que os carrapichos ficavam grudados em seu cachorro,
analisou as sementes no microscópio e percebeu que ela tinha filamentos
entrelaçados com pequenos ganchos nas pontas. Foi assim que ele criou o
velcro (Figura 5) (Biomimética..., 2019).

Figura 4 – Máquina de voar criada por Leonardo da Vinci

Crédito: Kim Jihyun/Shutterstock.

Segundo Benyus (1997, citado por Detanico; Teixeira; Silva, 2010), a


biomimética usa a natureza como:

• um modelo: ao estudar a natureza e usá-la como inspiração para resolver


problemas da humanidade;
• uma medida: ao usar a natureza como padrão para julgar a relevância e
validade das inovações, pois a natureza é sábia em relação ao que
funciona, o que é apropriado e o que perdura;
• um mentor: ao não só se preocupar com o que podemos extrair da
natureza, mas também o que podemos aprender com ela.

Figura 5 – Carrapichos que originaram o velcro

Créditos: Anna Rogalska/Shutterstock; Stocksnapper/Shutterstock.

11
Vamos então refletir, fazendo um “gancho” com o tema anterior. Nem todo
uso da biomimética é sustentável. O próprio exemplo do velcro, apesar de
inspirado na natureza, utiliza materiais sintéticos que são produtos de difícil
decomposição. Por isso, o designer deve se preocupar com todo o processo,
não só com a ideia em si.

TEMA 5 – ÉTICA NO DESIGN

Em que momento um designer deve ser ético? Já pensou sobre isso?


Antes disso, vamos entender bem o que é ética. Por exemplo, você sabe a
diferença entre moral e ética?
Moral são as normas, os princípios e os valores que regem a vida social
e individual das pessoas. Já a ética é uma reflexão sobre a moral, se os
princípios que regem a moral são realmente bons e se estão de acordo com o
bem (Moser et al., 2019). Ou seja, a moral tem mais a ver com a sociedade, com
o que é considerado certo e errado pelas pessoas. Já a ética se relaciona com
o indivíduo, o seu caráter, inclusive a ética pode questionar a moral vigente.
Por exemplo, existem leis (a moral) que permite que certos setores façam
testes de produtos em animais. Porém, é eticamente aceitável? Podemos dizer
que moral tem mais a ver com as leis, e ética, com o caráter. E quando um
designer deixa de ser ético? Vamos levantar algumas questões de ética dos
principais segmentos do design.
Em relação a um designer gráfico, ele não está agindo eticamente quando
“copia” fontes, fotos, vetores e ícones sem pagar por isso ou ao menos pedir
autorização. Também quando um designer gráfico faz anúncios de produtos que
fazem mal à saúde ou enganam a população, ou ainda, faz a diagramação de
um livro com ideias nazistas, por exemplo, ele está infringindo a ética (Fratin,
2011).
E o pessoal do entretenimento? Precisa também se preocupar com a ética
ou tudo é somente uma “brincadeira”? Exatamente por muitas vezes trabalhar
com o público jovem e infantil, tanto os designers de games como os de
animação precisam sim, e muito, se preocupar com questões éticas.
Reis (2017) faz uma importante reflexão sobre a ética e o game designer
ao apresentar sete princípios éticos para game designer. Um desses princípios
que chama atenção é sobre os perigos que um jogo pode apresentar.
Lembra-se dos acidentes que o Pokemón Go causou a jogadores distraídos
12
caçando as personagens pela rua? Para evitar isso, o designer deve considerar
as situações mais inimagináveis de uso porque os jogadores podem fazer
bizarrices e colocar sua vida em perigo.
Outra questão pontuada é sobre incentivar os jogadores a fazerem
pausas. Em alguns países da Ásia, os jovens passam muitas horas do dia
jogando e muitos estabelecimentos adotaram o Cooling Off (relaxada). É uma
mensagem que aparece na tela dizendo: “Ei, cara, você já está há 4 horas
jogando sem parar. Não é melhor levantar, esticar as pernas, tomar uma
água?”. Obviamente, pode ser que os jogadores simplesmente ignorem, mas é
dever do designer tentar evitar que o entretenimento que ele ajudou a criar deixe
as pessoas isoladas e sedentárias (Reis, 2017).
Por sua vez, os designers de animação também precisam refletir sobre
essas questões. Isso porque muitas vezes seu trabalho vai impactar diretamente
nas crianças. Como Rossi (2017) afirma que não se deve educar as crianças em
mundos irreais de paz e alegria infinitas, mas sim que eles tenham contato com
um mundo mais real, pois é nesse mundo que elas vão viver. Contudo, isso não
quer dizer que as animações devem conter comportamentos violentos e/ou
sexistas. Como diria Wall Disney, se podemos sonhar, também podemos tornar
nossos sonhos realidade. Portanto, os desenhos animados, por exemplo, podem
servir para ajudar a criança com noções de moral, senso crítico, o que é certo e
errado e a consequência de comportamentos inadequados (Rossi, 2017).
E os designers de ambiente: quais questões éticas devem considerar?
Por exemplo, a Associação Brasileira de Designers de Interiores – ABD tem um
código de ética que traz vários pontos importantes. Um desses pontos abordados
é uma prática bem comum, inclusive entre arquitetos e engenheiros, de apenas
assinar algo que outro profissional fez. Segundo esse código, o designer deve
usar seu nome ou assinatura somente em projetos que realmente participou.
Outro tema abordado é sobre a “reserva técnica”. Segundo o código, o designer
sempre:

Informar ao cliente, de forma clara e inequívoca, antes de iniciar a


prestação de serviços, sobre como será a remuneração dos trabalhos
a serem prestados pelo seu escritório, incluindo remuneração por
terceiros (ou indiretas) – tais como reserva técnica, alcance do projeto,
serviços a serem executados por terceiros e assessoria para aquisição
dos produtos e serviços, e implantação do projeto [...]

A reserva técnica (RT) é uma comissão paga aos designers pelas lojas e
fornecedores indicados por eles para os clientes. Trata-se de um assunto bem
13
polêmico, pois alguns veem sua prática como uma espécie de “propina” e outros
acham que é uma cobrança justa, pois o trabalho de “garimpar” e especificar os
produtos é todo do designer, cabendo ao vendedor apenas tirar o pedido, logo,
seria justo remunerar o designer por seu trabalho. Discussões à parte, como o
código sugere, deve haver transparência quando houver a cobrança (ABD,
2019).
A Associação dos Designers de Produto – ADP também possui um código
de ética em que, entre outras coisas, comenta que um designer não deve
desenvolver um projeto para empresas concorrentes ao mesmo tempo, deve ser
comprometido com o sigilo e fazer serviços exclusivos. Nesse mesmo código,
ainda há uma seção inteira sobre o meio ambiente, algo bem importante tratado
nos temas anteriores (ADP, 2004).
Como Gonzalez (2018) ensina, quando alguém escolhe ser um designer,
essa pessoa vai causar impacto na vida das pessoas por meio de seu trabalho,
logo, poderá ajudar ou prejudicar alguém. Portanto, é necessário refletir que
impacto seu produto vai causar na sociedade, pois o designer é responsável pelo
o que ele coloca no mundo.

TROCANDO IDEIAS

Leia o trecho de artigo a seguir.

Eco-friendly Branding X Greenwashing

Segundo uma pesquisa conduzida pelo aplicativo de cupons


Retail.Me.Not, muitos consumidores declaram que encontram entraves para se
tornarem eco-friendly devido ao custo acentuado dos produtos e serviços. Além
disso, muitos consumidores acreditam, que por ser eco-friendly, o produto já é
naturalmente mais caro, o que afasta compradores que muitas vezes nem
chegam a checar o produto durante a compra, devido a uma espécie de pré-
conceito.
A pesquisa também afirma que 3 a cada 5 indivíduos entrevistados
comprariam um produto mais caro se houvesse uma economia de custos a ele
associados. Além disso, muitos se mostram mais propensos a comprarem de
empresas que demonstram ter iniciativas eco-friendly apoiando instituições ou
organizações de proteção ao meio ambiente.

14
Outro fato interessante apontado pela pesquisa é que 89% dos
consumidores já praticam, no dia a dia, ações voltadas à preservação do meio
ambiente e da sustentabilidade, tais como redução da geração de lixo,
desperdício e reciclagem. Por isso, nenhuma marca precisa incentivar a ideia de
ser eco-friendly. O desafio das marcas nesse sentido é o de viabilizar uma forma
para que esse estilo de vida se torne possível para mais e mais pessoas. [...]

Fonte: O MUNDO gira em torno do sol. Por que não sua energia? Engie. Disponível em:
<https://blog-solar.engie.com.br/eco-friendly-branding-responsa
bilidade-ambiental/>. Acesso em: 18 ago. 2019.

Reflita e pense em como as empresas podem mudar essa visão e resolver


esse desafio.

NA PRÁTICA

Como você viu, nem todos que usam a biomimética se preocupam


realmente com o impacto que seus produtos causarão no meio ambiente.
Portanto, proponho a você pesquisar dois outros exemplos em que a biomimética
foi utilizada: um que tenha um impacto negativo e outro positivo no meio
ambiente.

FINALIZANDO

Daqui para frente, além de aprender coisas novas, você vai aprofundar
muitos conceitos que aprendeu nesta disciplina. Espero que, um pouco que seja,
estas aulas tenham contribuído para tornar você um profissional melhor, mais
competente, mas crítico, mais reflexivo, e sobretudo mais ético, pois estamos
precisando urgentemente de mais profissionais éticos na nossa sociedade.

REFERÊNCIAS

ABD – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DESIGNERS DE INTERIORES. Código


de ética. Disponível em: <https://abd.org.br/codigo-de-etica>. Acesso em: 18 ago.
2019.

ADP – ASSOCIAÇÃO DOS DESIGNERS DE PRODUTO. Código de ética


profissional do design de produto. Disponível em:

15
<http://turmadod.com/alunos/downloads/4s2010_2/etica_legislacao/Codigo_de_
Etica_Design_Produto.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2019.

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