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Material Teórico
Observação
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Observação
• Introdução;
• O Exercício do Olhar;
• Desenho de Contorno;
• Artifícios do Desenho de Observação;
• O Desenho como Caligrafia Individual.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Exercitar a observação para desenvolver as suas habilidades do desenho e consciência
do ambiente em que está inserido;
• Exercitar o registro e tratamento gráfico de cenas e objetos, respeitando as respec-
tivas escalas;
• Proporcionar o desenvolvimento do traçado particular por meio da conjunção
reflexão e prática.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Observação
Introdução
Apesar da natureza subjetiva da percepção, a visão ainda é o sentido mais
importante para a coleta de informações sobre o nosso mundo. No pro-
cesso de observação, somos capazes de tocar o espaço e traçar os contor-
nos dos objetos, investigar superfícies, sentir texturas e explorar o espaço.
A natureza tátil e sinestésica do desenho, em resposta direta aos fenôme-
nos sensoriais, aprimora nossa percepção do presente, expande nossa
memória visual do passado e estimula a imaginação a projetar o futuro.
(CHING, 2012, p. 14)
Em seu livro, intitulado Degas, dança e desenho, Paul Valery nos diz que co-
nhecemos de verdade um objeto somente quando tentamos desenhá-lo. A premissa
é verdadeira, afinal, quando tentamos desenhar um objeto ou uma cena qualquer,
devemos canalizar toda a atenção para essa operação – o que necessariamente leva
a uma interpretação mais acurada do objeto, permitindo perceber coisas que antes
eventualmente não tínhamos notado.
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É de fundamental importância a produção de esboços e croquis a partir de cenas
reais que estejam diante de nossos olhos com a finalidade de desenvolver habilida-
des do desenho, ampliando a compreensão formal e, por consequência, o domínio
técnico. É importante perceber que o ato de desenhar não ocorre de forma isola-
da, pois solicita necessariamente uma percepção do contexto; há de se levar em
consideração uma coisa em relação à outra – dessa forma não desrespeitamos as
noções de escala.
O Exercício do Olhar
Desenho de observação, o termo é autoexplicativo; desta forma, fica evidente
que para esta modalidade do desenho a condição fundamental para que algo aconteça
está na necessidade do confronto direto do observador com o modelo. Ter algo dian-
te dos olhos, mais não de maneira inconsequente; ter algo que seja suficientemente
plausível como tema e que cumpra um propósito. O desenho de observação carece
de estímulos externos e naturalmente a partir dos estímulos temos o confronto entre
percepção e expressão.
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UNIDADE Observação
Como dito, o olho é estimulado o tempo todo, de modo que somos bombarde-
ados por imagens do momento que acordamos até a hora em que vamos dormir.
Desse bombardeio cotidiano uma parcela das imagens que consumimos, por es-
tarem inseridas em nosso cotidiano, não nos cobra a mínima atenção. Assim, a
captura do olhar compreende a seleção e ocorre sempre com um propósito, antes
do ato em si – do ver – existe a indicação primordial da escolha do motivo.
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O olho é aquilo que foi comovido por um certo impacto do mundo, e que
o restitui ao visível pelos traços da mão. Seja qual for a civilização em que
nasça, seja quais forem as crenças, os motivos, os pensamentos, as ceri-
mônias de que se cerque, desde Lascaux até hoje, impura ou não, figura-
tiva ou não, a pintura e o desenho jamais celebraram outro enigma a não
ser o da visibilidade. (MERLEAU-PONTY apud DERDYK, 1989, p. 115)
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UNIDADE Observação
Desenho de Contorno
Embora já abordado em outras oportunidades, voltamos a tal tema em função
do conteúdo que tratamos nesta Unidade. Assim, é evidente que no desenho a
linha seja o elemento essencial, de modo que podemos entendê-la quase como
sinônimo da linguagem, sendo através da linha que a imagem se faz existir em seu
processo inicial de formação no plano. Mas a definição da forma no plano se cons-
titui necessariamente a partir de seu contorno, este que apresenta a identidade da
forma e indica o que é forma e o que não é, separando o dentro e o fora da figura.
“A linha é geralmente entendida como contorno, elemento configurador subordi-
nado à forma” (DERDYK, 1989, p. 33).
É natural que a percepção seja ativada pela presença das coisas que estejam
diante dos olhos, pois no embate do olho com o mundo, o cheio se sobrepõe ao
vazio. É plausível que o olho procure e perceba o espaço ocupado pelas coisas
em detrimento dos vazios definidos pelos intervalos existentes entre as mesmas.
Porém, para o processo de representação, as interpretações dos cheios e vazios
são determinantes ao efetivo entendimento da forma. É pelo confronto com os
espaços vazios que as formas se apresentam – os vazios determinam a natureza da
forma e escala no mundo.
Os contornos mais visíveis são aqueles que separam uma coisa da outra.
Estes contornos criam as imagens que vemos no espaço visual. Eles cir-
cunscrevem um objeto e definem os limites externos entre a figura e seu
fundo. Ao limitar e definir as bordas dos objetos, os contornos também
descrevem sua forma. (CHING, 2012, p. 17)
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Figura 1
Fonte: Acervo do conteudista
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as folhas imbricadas. Na China, por volta da mesma época, os filósofos
moístas registravam suas observações de imagens de pagodes, projetadas
pelas frinchas de gelosias. (HOCKNEY, 2001, p. 202)
Figura 2
Fonte: sundance.org
Esse procedimento evoluiu e por volta de 1769 houve o mesmo princípio indicado,
então operado em um dispositivo que ofereceu maior controle aos artistas:
Figura 3
Fonte: Hockney, 2001
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UNIDADE Observação
Figura 4
Fonte: appuntiedaltro.altervista.org
Outro recurso empregado por volta de 1800 foi a câmara lúcida, uma espécie
de prisma preso a uma haste com o objetivo de projetar a imagem posicionada à
sua frente em determinada superfície (link a seguir).
O mais proeminente dos novos instrumentos era a câmara lúcida, in-
ventada pelo importante opticista, físico, químico e fisiologista William
Hyde Wollaston. Patenteada em 1806, ela inspirou numerosas variantes
e rivais. Sua característica central é um prisma com duas superfícies re-
fletoras a 135°, que transmite uma imagem da cena em ângulos retos ao
olho do observador situado acima. (HOCKNEY, 2001, p. 203)
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Mas por que tratamos aqui desse aspecto?
Em determinado momento fizemos a analogia do desenho com a caligrafia, cujo
objetivo era atentar à individualidade do traçado, salientando que, embora a escrita
seja um código comum, apresenta-se de forma individual por meio de um desenho
que evidencia a marca da mão de cada autor – é esse desenho que nos interessa,
ou seja, que consiga traduzir uma ideia que não subverta a natureza e mensagem
da figura proposta, mas também sem perder a sua identidade.
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UNIDADE Observação
Figura 5
Fonte: Oscar Niemeyer
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Embora sejam imagens figurativas, todas apresentam como característica a mar-
ca individual de seus propositores. São valores a serem conquistados, a fim de
produzir desenhos que consigam encantar, surpreender o observador, mas sem
se distanciar de sua função primeira – dar visibilidade à forma, às ideias e propor
a interlocução. Para atingir esse objetivo, a imagem não carece de naturalismo,
necessitando apenas de clareza em sua configuração. Tal lugar é conquistado dia a
dia, por meio da prática.
Ademais, tenha claro que o desenho está subordinado à ideia, imaginação. Assim,
exercitar a criatividade, seja através da observação direta, memória ou imaginação, é
tarefa fundamental. Ainda que o desenvolvimento do desenho seja consequência da
prática, sem ter o que dizer, tal desenvolvimento não servirá para nada.
Em Síntese Importante!
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UNIDADE Observação
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Em busca do traço perdido
DWORECKI, S. Em busca do traço perdido. São Paulo: Scipione; Edusp, 1998.
Vídeos
Esboços de Frank Gehry (Trailer)
https://youtu.be/PDfOadjTcOs
Filmes
Abstract
Assista ao documentário Abstract, produção original da Netflix.
https://goo.gl/GV4U1c
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Referências
CHING, F. D. K. Desenho para arquitetos. Porto Alegre: Bookman, 2012.
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