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UNIDADE I

Prática de Ensino:
Observação e Projeto

Profa. Walkiria Rigolon


Contextualização da disciplina

 Articulação entre as atividades


que permeiam todo o curso. Introdução à
Docência

Observação e
Reflexão
Projeto

Prática
de Ensino
Integração
Trajetória da
Escola X
Práxis
Comunidade
Vivência no
Ambiente
Educativo
Objetivos da disciplina

1. Observação.

2. Projeto.

3. Articulação entre teoria e prática.


Prática de Ensino: Observação e Projeto (PE:OP)

 Os conteúdos da disciplina visam ajudá-lo na compreensão dos conceitos


“observação” e “projeto”.
Observação Projeto
Do ponto de vista acadêmico a Envolve o ato de planejar intencionalmente um
observação é uma técnica de coleta conjunto de ações com vista ao alcance de um ou mais
de dados que faz parte de um fins. No âmbito educacional: conjunto de atividades
método científico. Não envolve com objetivos nitidamente definidos em função de
apenas ver e ouvir, mas comporta problemas, necessidades e/ou oportunidades, com
um exercício de reflexividade. finalidade de realizações voltadas à formação humana.
Observação e registro

1. O ato de observar demanda registro, não podemos deixar tudo por conta
da memória.
2. Todo pesquisador precisa manter um arquivo pessoal de suas observações,
hipóteses, experiências e produções intelectuais.
3. Ficar atento às experiências cotidianas, elas nutrem nosso processo
de intelectualidade.
4. Anotar as observações com intuito de combinar ideias, levantar hipóteses, checá-
las, articular os estudos teóricos aos estudos empíricos.
5. Estar atento aos acontecimentos, aos fatos, ao clima, às
interações estabelecidas nos ambientes espaços e
ambientes observados.
A Observação

 Vista Cansada
 Crônica de Otto Lara Resende

 Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se
a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi
outro escritor quem disse. Essa ideia de olhar pela última vez tem algo de
deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira
que o Hemingway tenha acabado como acabou.
A Observação

 Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só


isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar.
Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver.
Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta
curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

 Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que
é que você vê no seu caminho, você não sabe.

 Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo


mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre,
pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às
vezes lhe passava um recado ou uma correspondência.
Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
A Observação

 Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em
32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no
seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém
desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há
sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

 Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos


e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de
ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai
que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a
própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se
gastam no dia a dia, opacos. É por aí que se instala no
coração o monstro da indiferença.
Observação e a capacidade de deslocamento

 Cada ponto de vista é a vista de um ponto e cada cabeça pensa, a partir de onde
os pés pisam.
Cada persona habla
desde su própria perspectiva.

Fonte:
https://www.smythacademy.com
/4273/persona-habla-desde-
perspectiva-escuchar-al/
acesso em 03/12/2018
Observação e a capacidade de deslocamento

 Cada ponto de vista é a vista de um ponto e cada cabeça pensa, a partir de onde
os pés pisam.
Caramba, é grande
à beça. Não tem
como vencer.
Caramba, é grande
à beça. Não tem
como errar.

Fonte:
https://www.google.com.br/search?biw=1745
&bih=910&tbm=isch&sa=1&ei=1YMFXMqILo
KWwASUuLDAAg&q=tirinha+pontos+de+vist
adiferentes+&oq=tirinha+pontos+de+vistadife
rentes+&gs_l=img.3...50821.52259..52663...
0.0..0.104.965.9j2......1....1..gws-wiz-
img.RMS75VBjX68#imgdii=pG41t0o_-
lwguM:&imgrc=9B1tqiu0gMwzzM:
acesso em 03/12/18
Exemplo:

Fonte: http://www.paranaibams.com.br/ilusaodeotica/page/1
O conceito de observar

 “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repare!” (José Saramago)


 A observação atenta pode contribuir para promoção de aprendizagens
mais significativas.

Todo investigador precisa se apropriar dos aspectos que garantem uma


boa observação:
 Certeza acerca do que se pretende observar;
 Atenção ao contexto no qual a observação será realizada;
 Ir além das aparências;
 Comparar diferentes aspectos do que foi
observado/ocultado;
 Atenção aos detalhes e aos aspectos silenciados.
O ato de observar

 O ato de observar não uma ação, mas um processo envolvendo ações de


diferentes naturezas, envolve técnicas, demanda o desenvolvimento de um hábito,
é uma atitude a desenvolver.

 A observação pode ser entendida como uma estratégia pedagógica.

 É preciso estar atento para as combinações não previstas, para o inédito,


para o inesperado.

 Um bom observador deve aprender a utilizar sua


experiência de vida em sua atividade como observador.
Um registro deve ser

 Vivo e dinâmico;
 Consultado constantemente;
 Objeto de análise e reflexão;
 Instrumento de apoio à avaliação;
 Referencial do processo educativo;
 Memorial individual e coletivo;
 Prática sistemática do trabalho docente.
Interatividade

A relação entre a observação e o registro:


a) Existe para que possamos produzir um arquivo pessoal de nossas produções
intelectuais, para combinar ideias, levantar hipóteses, checá-las e exercitar
a reflexividade.
b) Serve para provar que a observação foi realizada.
c) Tem o objetivo específico de cumprir um protocolo exigido pelo curso.
d) Não existe, mas serve para que se possa adiantar algumas das atividades
relacionadas à execução do projeto.
e) Não existe, já que a observação se refere a um exercício
que envolve exclusivamente uma escuta atenta e um
olhar cuidadoso.
Resposta

A relação entre a observação e o registro:


a) Existe para que possamos produzir um arquivo pessoal de nossas produções
intelectuais, para combinar ideias, levantar hipóteses, checá-las e exercitar
a reflexividade.
b) Serve para provar que a observação foi realizada.
c) Tem o objetivo específico de cumprir um protocolo exigido pelo curso.
d) Não existe, mas serve para que se possa adiantar algumas das atividades
relacionadas à execução do projeto.
e) Não existe, já que a observação se refere a um exercício
que envolve exclusivamente uma escuta atenta e um
olhar cuidadoso.
Observação e experiência

Segundo Larossa: experiência é o que nos passa e não o que se passa. A


experiência envolve:
 Subjetividade.
 Reflexividade.
 Transformação.

 Para construir experiência o sujeito precisa estar aberto, ser sensível e precisa
se expor.
 O sujeito da experiência não se define por sua atividade,
mas por sua disponibilidade e receptividade.
Observação e experiência

 Informação não é experiência.

 “Nunca se passaram tantas coisas, mas a experiência é cada vez mais rara.”
Walter Benjamim

 Aprender não é adquirir e processar informação.

 “Cada vez estamos mais tempo na escola e cada vez temos menos tempo.”
Larrosa
Observação e experiência

 “Quando se fala que um professor tem dez anos de experiência, vale se perguntar
se ele tem dez anos de experiência ou um ano de experiência repetido dez vezes."

John Dewey (1859-1952) pedagogo e sociólogo norte-americano.


Observação como técnica científica

 Nas atividades acadêmicas é necessário utilizar conceitos com base científica


sólida para que não pairem dúvidas sobre as atividades a realizar.

 As atividades de Práticas de Ensino: Observação e Projeto apoiam-se, portanto,


em conceitos que resguardam o rigor científico.
A produção do conhecimento científico envolve:

Observação Experimentação

Reflexividade

Documentação
Observação científica envolve:

 Técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos físicos


na obtenção de aspectos da realidade.
 Exerce papel essencial no contexto da descoberta científica.
 Obriga o investigador a ter um contato direto com a realidade estudada.
 Além de ver e ouvir, é preciso examinar e entender os fatos ou fenômenos que se
deseja estudar.
 Elemento básico da investigação científica – pesquisa de campo do tipo
“exploratória”.
(CERVO, A. L.; BERVIAN, PA.; SILVA, R. da. “Metodologia Científica”. 2007)
Observação científica

 “É o estágio da investigação em que se tomam nota de acontecimentos,


ocorrências, fatos ou objetos que acontecem sem nenhuma preparação prévia do
observador, embora escolhidos, selecionados e interpretados por este.”
(VARGAS, 1985)

 “É um processo que inclui a atenção voluntária e a inteligência, orientado por


um objetivo terminal ou organizador, e dirigido a um objeto com o fim
de obter informações.”
(DE KETELE, 1984)
No processo de observação científica o registro:

 Não deve ser entendido como uma caixa onde se guardam coisas que não se
usa mais.

 Não pode ser organizado mecânica ou burocraticamente.

 Precisa ser produzido a partir da nitidez de seu objetivo e de sua utilidade.


Observação científica

Observação envolve os atos de:


 Intenção = interesse. Observação, como parte de
uma investigação científica,
1. olhar;
requer boa percepção dos
2. perceber; fatos, acontecimentos ou
3. interpretar; objetos, para ser
4. descrever; caracterizada como tal.
5. estabelecer relações;
6. levantar hipóteses e checá-las.
7. categorizar;
8. refletir.
Observação científica

Para que seja caracterizada como tal, a observação científica requer:

1. Intencionalidade (interesse em algo específico);


2. Percepção refinada (vários momentos);
3. Interpretação (processo reflexividade);
4. Descrição (expressão escrita da realidade que se revela ao observador).

 Um leigo, que não tenha a intenção de observar algo na


paisagem, por vezes não perceberá o fato, não o
interpretará e não o descreverá. Como na crônica “ Vista
Cansada” – (vê não vendo).
Observação científica

 O essencial na observação científica não reside apenas no ato de observar, mas


na expressão do que foi observado.

 Linguagem objetiva, com definições precisas de cada termo empregado, de forma


que seu significado seja, tanto quanto possível, o mesmo para todos
os seus leitores.

 Uso de registros variados para documentação da observação científica.


Técnica de observação

 Atenta;
 exata; Características do observador
 completa;
 precisa; Paciência
 sucessiva; Coragem para resistir às
 metódica. conclusões rápidas
Imparcial

Fonte: (BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. “Metodologia Científica”. 2007)


Vantagens

Possibilita meios diretos para o estudo de uma


ampla variedade de fenômenos.

Exige menos do investigador do que outras técnicas


de coleta de dados.

Depende menos da introspecção ou da reflexão.

Permite a evidência de dados que não constam de


roteiros de entrevistas, questionários etc.

Fonte: (MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. “Técnicas de Pesquisa”. 2006)


Limitações

Tende a criar impressões favoráveis ou


desfavoráveis no observador.

Vários aspectos podem não ser acessíveis


ao pesquisador.

Pode existir parcialidade na observação dos


fenômenos estudados.

Muitas vezes, o observador não consegue


presenciar o fato, pois a duração dos
acontecimentos é variável.
Tipos de observação

Diferentes configurações de acordo com a finalidade e a forma como é executada:

1. Assistemática x sistemática.

2. Não participante x participante.

3. Em equipe x individual.

4. Na vida real x em laboratório.


Tipos de observação: assistemática

 Não estruturada, espontânea, ordinária, simples, livre, ocasional ou acidental.

 Consiste em recolher e registrar os fatos da realidade, sem a utilização de meios


técnicos especiais ou perguntas diretas pelo pesquisador.

 Não tem planejamento e controle previamente elaborado com rigor.

 Seu êxito vai depender muito do observador (características).

 Fidelidade no registro dos dados.


Tipos de observação: sistemática

 Estruturada, planejada ou controlada.

 Utiliza instrumentos para a coleta de dados (quadros, escalas, recursos técnicos).

 Planejamento prévio e realiza-se em condições controladas para responder a


propósitos preestabelecidos.

 O observador sabe o que procura e o que tem importância em


determinada situação.

 O observador deve ser objetivo, reconhecer possíveis


erros e eliminar ou diminuir sua influência sobre o que vê,
ouve ou registra.
Tipos de observação: não participante/passiva

 O pesquisador toma contato com a comunidade, grupo ou realidade estudada,


mas sem integrar-se a ela.
 O investigador presencia o fato, mas não participa dele.
 O observador não se deixa envolver pelas situações, cumprindo principalmente o
papel de espectador.
 Deve ser consciente, dirigida e ordenada para um fim determinado.

Fonte: http://colunas.gospelmais.com.br/
Tipos de observação: participante

 Consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo.


 Incorpora ao grupo, participa dele.
 Objetivo: ganhar a confiança do grupo e levá-lo a compreender a importância da
investigação científica.
 Dificuldade metodológica: manter a objetividade da pesquisa, pelo fato de exercer
influência no grupo ou ser por ele influenciado. Requer zelo científico!
 Vantagem: facilidade de acesso rápido aos dados sobre um
fenômeno/situação/comunidade.
 Duas formas distintas: natural x artificial.
Tipos de observação: em equipe

 Consiste em envolver um grupo na observação da realidade a ser estudada.


 É feita por várias pessoas com o mesmo propósito, ainda que em tempos e
lugares distintos.
 Vantagem: o grupo pode observar a ocorrência por vários ângulos, com
oportunidade de confrontar os dados posteriormente, para prevenir
eventuais falhas.
 É mais aconselhável do que a observação individual.

Fonte:
http://blog.evandroamparo.com/2013/
09/23/o-que-sao-equipes-auto-
organizadas-e-como-funcionam/
Tipos de observação: na vida real

 Os dados são registrados à medida que ocorrem, sem preparação.

 É realizada no ambiente real, registrando-se os dados espontaneamente.

 A melhor ocasião para o registro dos fatos é o local e o horário em que o evento
ocorre, para evitar equívocos ou esquecimentos.
Tipos de observação: em laboratório

 Possibilita descobertas em condições cuidadosamente planejadas e controladas.


 Utiliza-se aparelhos de medição e registros.
 Leva à realização de observações mais refinadas do que aquelas proporcionadas
apenas pelos sentidos.

Fonte:
https://www.feevale.br/e
nsino/graduacao/engenh
aria-industrial-
mecanica/infraestrutura
Atividade 1

 Relato de Observação dos ambientes educativos não escolares e escolares.

 Atividades solicitadas nesta disciplina são obrigatórias e servirão para


sua avaliação.

 Siga exatamente as orientações dadas no Manual de Orientação das atividades,


disponível no AVA.

 Fique atento aos avisos no AVA sobre datas e postagens.


Interatividade

Segundo Larossa: experiência é o que nos passa e não o que se passa. A


experiência envolve:

a) Subjetividade, registro, transformação.


b) Observação, subjetividade e reflexividade.
c) Subjetividade, reflexividade e transformação.
d) Projeto, transformação e reflexividade.
e) Observação, transformação e reflexividade.
Resposta

Segundo Larossa: experiência é o que nos passa e não o que se passa. A


experiência envolve:

a) Subjetividade, registro, transformação.


b) Observação, subjetividade e reflexividade.
c) Subjetividade, reflexividade e transformação.
d) Projeto, transformação e reflexividade.
e) Observação, transformação e reflexividade.
“Vivemos planejando”

É necessário planejar, ou seja, organizar-se para:

 Professor – planejar a sua prática pedagógica de forma organizada, competente e


coerente, a fim de compartilhar suas experiências do presente e suas expectativas
sobre o futuro com seus alunos de maneira significativa.

Como planejar e organizar? De que maneira?

 Existem diversas formas de você organizar o seu trabalho


pedagógico, tais como: atividades permanentes, planos de
aula, sequências didáticas, atividades ocasionais, rotina
de trabalho, projetos, dentre outros.
Projeto

 Escolas e professores têm incentivado o uso de projetos em suas rotinas por


inúmeras razões.

 Mudança em nossa sociedade e nas crianças que surgem a cada geração. O


professor deve adotar ferramentas e estratégias que possam, efetivamente,
contribuir para a formação integral do aluno.

O que é um projeto?
Projeto

 Pode ser entendido como uma forma de aprender a pensar criticamente, o que
leva o aluno a dar significado à informação, analisá-la, planejar ações e resolver
problemas. Os conteúdos são estudados por meio de questões problematizadoras,
inter-relacionando diferentes informações, a partir de um determinado
eixo temático.
(MENEZES e CRUZ, 2007).

 “Um bom projeto é aquele que indica intenções claras de ensino e permite novas
aprendizagens relacionadas a todas as disciplinas.”
(MOÇO, 2011, p.52).
Projeto

O termo projeto possui diferentes sentidos:


Projeto como doutrina ou filosofia:
 Meu projeto de vida é simples.
Projeto como ideia ou concepção:
 Esses dois livros partiram de diferentes projetos.
Projeto como esboço ou proposta:
 Todos têm o direito de apresentar um projeto de Lei ao Congresso.
Projeto como um empreendimento:
 Já pedi um novo projeto ao arquiteto.
Projeto como atividade organizada para
solucionar problema:
 Precisamos elaborar um projeto de motor menos poluente.
Projeto

 Dicionário Aurélio: “O que se tem a intenção de fazer; desígnio; plano de realizar


qualquer coisa.”

 Termo derivado do latim projectu – “lançar para diante”; tem por finalidade guiar os
passos a serem seguidos e demonstrar o que se pretende realizar futuramente.

 Caracteriza-se como um dos possíveis resultados de um processo de


planejamento, que leva à concretização de ideias. É um processo de planejamento
que visa atingir os fins com maior rapidez e satisfação.

 Para os fins desta disciplina, focaremos no estudo de um


projeto de trabalho no aspecto educacional.
Projeto de trabalho

Segundo o Ministério da Educação:

 “Essa modalidade de organização do trabalho pedagógico prevê um produto final


cujo planejamento tem objetivos claros, dimensionamento do tempo, divisão de
tarefas e, por fim, a avaliação final em função do que se pretendia. Tudo isso feito
de forma compartilhada e com cada estudante tendo autonomia pessoal e
responsabilidade coletiva para o bom desenvolvimento do projeto.”
(BRASIL, 2006, p. 119)
Projeto de trabalho

 “O trabalho com projetos, se bem elaborado, discutido e conduzido, pode envolver


operações essenciais para aquisição do saber, gerando uma transformação
qualitativa e quantitativa no desenvolvimento do aluno tanto na parte cognitiva
quanto social. Para tanto, é necessário haver um propósito, o professor precisa
estar ciente com o que vai trabalhar e, principalmente, que conceitos,
procedimentos e atitudes pretendem que o aluno desenvolva trabalhando
com o projeto.”
(SAMPAIO, 2012, p. 10)

Qual é a espinha dorsal de um bom projeto?

 O planejamento.
Projeto de trabalho

 A utilização de projetos de trabalho amplia as práticas escolares, no sentido de


evitar a fragmentação dos conteúdos, trazendo o aluno para um processo mais
dinâmico da sua própria aprendizagem, indo além dos limites do currículo escolar.

 O trabalho com projetos não fica restrito apenas à transmissão dos conteúdos,
mas desenvolve uma série de habilidades no aluno, tais como: elaborar, refletir,
selecionar, pesquisar, trabalhar de forma cooperativa, desenvolver a autonomia e
a responsabilidade, etc.
Projeto de trabalho

As principais características de um projeto de trabalho são:

 a existência de um produto final;


 a presença de objetivos mais abrangentes;
 a intenção de atingir propósitos didáticos (o que os alunos devem aprender) e
sociais (produto final que será apreciado por alguém).
 Elaborar projetos consistentes e competentes abre a
possibilidade do aluno se desenvolver não apenas na
dimensão do conteúdo, mas o capacita a buscar
respostas na dimensão ético-político e social de um
determinado fenômeno, buscando a transformação
do mundo.
Projeto de trabalho

Pode contribuir para que o aluno desenvolva capacidades de:

 realização de tarefas de pesquisa;


 formulação e resolução de problemas, de diagnóstico de situações e o
desenvolvimento de estratégias;
 integração que leva à realização de sínteses de ideias, de experiências de busca
de informações em diferentes fontes;
 comunicação interpessoal que permite constatar as
próprias opiniões e as dos outros.
O papel do professor nessa modalidade

 Exemplos em que o professor terá a oportunidade de planejar, organizar e elaborar


um projeto de trabalho, com o objetivo de levar o aluno a compreender plenamente
os conteúdos curriculares.
 Poderá articular a construção do conhecimento nas diferentes esferas da
educação formal, não formal e/ou informal.
 O professor, ao elaborar um projeto de trabalho, planeja
um caminho de desenvolvimento de atividades de forma
clara, organizada, detalhada e rigorosa, incluindo, entre
outras coisas, a pesquisa e escolha da bibliografia, dos
métodos e técnicas, dos recursos, dos prazos, da forma
de avaliação, da elaboração em conjunto de um produto
final etc.
O papel do professor nessa modalidade

 O grande desafio para o professor é agir como “facilitador das relações” e


“problematizador das situações”.
 Ele precisa ter um domínio do conteúdo a ser ministrado.
 O papel do educador, enquanto mediador do processo de ensino-aprendizagem
vai muito além de transmitir conteúdos, mas o de “provocar no outro a abertura
para a aprendizagem e de colocar meios que possibilitem e direcionem
a aprendizagem”.
(VASCONCELLOS 2005. p. 75).

 Saber selecionar e relacionar os conteúdos da sua área


com as demais disciplinas é uma tarefa pertinente ao se
trabalhar com projetos.
O papel do professor nessa modalidade

 Algo interessante para o professor é justamente conseguir transformar a


aprendizagem em algo real, com vivências que realmente propiciem a
aprendizagem e um conhecimento significativo.

 O papel do professor perante a escola e os alunos é entender que ele faz parte do
processo de aprendizagem do aluno, da transformação do mesmo em um ser
autônomo, crítico, reflexivo, mediando toda forma de conhecimento.

(SAMPAIO, 2012)
Características do professor

 Planejamento e organização;
 Elaboração de estratégias;
 Visão ampla para observar fenômenos ao redor;
 Diálogo coerente na relação com as demais áreas;
 Sabe mediar durante o processo: aluno – professor – conteúdo – sociedade;
 Sabe trabalhar em conjunto;
 Apresenta um conhecimento sólido dos diversos conteúdos.
Interatividade

Dentre as principais características de um projeto de trabalho, a alternativa correta é:

a) A inexistência de um produto final.


b) A presença de objetivos mais específicos.
c) A exigência de uma avaliação constante de acordo com as hipóteses levantadas.
d) A intenção de atingir propósitos didáticos (com foco na aprendizagem dos
estudantes) e sociais (produto final que será compartilhado).
e) Os conteúdos são estudados de forma fragmentada,
ampliando, dessa forma, as práticas escolares.
Resposta

Dentre as principais características de um projeto de trabalho, a alternativa correta é:

a) A inexistência de um produto final.


b) A presença de objetivos mais específicos.
c) A exigência de uma avaliação constante de acordo com as hipóteses levantadas.
d) A intenção de atingir propósitos didáticos (com foco na aprendizagem dos
estudantes) e sociais (produto final que será compartilhado).
e) Os conteúdos são estudados de forma fragmentada,
ampliando, dessa forma, as práticas escolares.
Prática como componente curricular: elaboração de um projeto

 O projeto pode ser definido como um condutor do processo de trabalho.


 Tem por finalidade demonstrar o que se pretende fazer, como fazer e aonde se
quer chegar.
 Demanda regras básicas de como dar forma adequada a uma ideia, como
concretizá-la e projetá-la, antes de colocá-la em prática.
 Precisa responder a uma série de questões, tais como: o que fazer, por que, para
que, como, quando, onde, dentre outras.
 As respostas constituem a produção básica de um projeto,
avançando na construção de novos conhecimentos.
Prática como componente curricular: elaboração de um projeto

 Esta disciplina objetiva orientá-lo na elaboração de um projeto de cunho


pedagógico, pois a apresentação do mesmo servirá como uma de suas avaliações
na disciplina.

 Para a apresentação do projeto proposto nessa disciplina, sugerimos que você se


atenha aos itens de estruturação básica de um projeto de pesquisa.

 Este projeto deve estar em conformidade com as normas


tipográficas, baseadas na Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT).
Prática como componente curricular: elaboração de um projeto

 Parte textual começa com uma introdução, ou seja com uma visão geral e
identificação do tema, sua importância, o contexto problemático e as justificativas.

 Para isso, na introdução de um projeto de trabalho, você precisa responder às


seguintes perguntas:

1. “O que fazer?”

 O ponto de partida de um projeto de trabalho envolve


a definição da área de conhecimento, do tema
e do problema.
Prática como componente curricular: elaboração de um projeto

 A definição da área de conhecimento = definir um campo de atuação ou de


observação para o projeto.

 A escolha do tema = seguida de alguns questionamentos ao estreitamento da


temática (tema ≠ assunto).

 A definição do problema (“problematização”) = requer uma


questão que sintetize o que se pretende pesquisar sobre a
temática. É algo para o qual você busca resposta, via
pesquisa. Essa parte pode ser apresentada na forma de
pergunta, que deve ser clara e concisa. Por exemplo:
“Qual a relação existente entre....?”, “Quais os efeitos
de...sobre....?” “Será que existe...?” etc.
Prática como componente curricular: elaboração de um projeto

2. “Por que fazer?”


 Deve-se justificar a escolha do tema e da problematização.
 Os aspectos que levaram à construção do Projeto como os pressupostos
pedagógicos, precisam ser explicitados: quais são os conhecimentos e as
necessidades dos alunos em relação à temática do projeto; quais são os
conhecimentos prévios do grupo sobre o tema; e por fim, o professor deve refletir
sobre a concepção de ensino, de aprendizagem e sobre o papel do conteúdo na
formação do estudante.
 Razões que motivaram a elaboração do projeto devem
ser expostas.
 Importância social, acadêmica e pessoal da sua
construção, ou seja, pensar nas contribuições de ordem
teórica e prática.
Prática como componente curricular: elaboração de um projeto

3. “Para que fazer?”


 Objetivo geral = se limita ao projeto em si. São mais amplos e ligados diretamente
ao conhecimento que se pretende alcançar, desenvolver ou ampliar. Devem ser
coerentes com a área de conhecimento e com o tema.
 Objetivo(s) específico(s) = correspondem às ações que serão desenvolvidas para
se atingir os objetivos gerais. É importante que o professor se pergunte “Ao final do
projeto o aluno será capaz de...”. Este questionamento permite que o objetivo seja
direcionado ao processo de aprendizagem do aluno e não do professor.
 Os objetivos, tanto gerais como específicos, devem ser
iniciados sempre com verbos no infinitivo: analisar,
discutir, descrever etc.
Prática como componente curricular: elaboração de um projeto

 Depois de uma boa introdução e de traçar os objetivos, o professor deve se


preocupar com o respaldo científico (teórico) que dará à sua proposta, estando
sempre apoiado com bases sólidas, ou seja, apresentar uma revisão bibliográfica
fazendo um diálogo consistente entre os autores da área.

 Há uma necessidade constante de revisar os conhecimentos, selecionando textos


relevantes, autores e obras pertinentes ao tema, fazendo resumos e anotações.
Prática como componente curricular: elaboração de um projeto

4. “Como fazer?”
 Apresentação dos procedimentos metodológicos (método) = demonstrar o caminho
considerado mais racional para se atingir os objetivos propostos.

Busca responder a outras mais específicas, tais como:


para quem (o público-alvo)?
quais os conteúdos a serem desenvolvidos?
onde?
quais estratégias?
qual a proposta de ação sugerida?
quando (os prazos de realização/cronograma)?
Prática como componente curricular: elaboração de um projeto

 Conteúdos: as áreas de conhecimento que serão desenvolvidas ao longo


do projeto.

 Devem ficar claros tanto para o professor, para a realização do seu trabalho
pedagógico quanto para o aluno, de modo a atender suas expectativas em relação
ao projeto.

 O professor deve pesquisar e selecionar os conteúdos da


disciplina a serem trabalhados.

 A definição dos conteúdos também contribui para o


delineamento do método.
Prática como componente curricular: elaboração de um projeto

 Estratégias didáticas: as opções metodológicas que favorecem o desenvolvimento


da proposta de ação com as atividades.

 É importante ressaltar que não existe apenas um caminho para ensinar, mas sim
uma multiplicidade de percursos a serem escolhidos.

 Descrever a proposta de ação, envolvendo todas as


atividades que serão desenvolvidas em ordem cronológica
de maneira que um segundo leitor, que não seja o
professor, consiga compreender ‘o que’ e ‘como’ serão
desenvolvidas cada atividade, inclusive, quais recursos e
materiais serão utilizados.
Prática como componente curricular: elaboração de um projeto

 Duração do projeto: qual será o período do desenvolvimento do projeto


de trabalho.
 Não há um tempo ideal de duração de um projeto, pois, dependendo dos objetivos
traçados, ele pode durar dias ou até meses.
 O projeto não tem um período fixo de duração, mas depende estritamente dos
objetivos didáticos, do desenvolvimento dos alunos e dos rumos delineados
durante a avaliação, prática intrínseca e constante quando se opta por esta
modalidade organizativa.
 Cronograma com prazos para cada atividade, delimitando
o prazo total do projeto.
Prática como componente curricular: elaboração de um projeto

 Depois dos procedimentos metodológicos, é preciso avaliar se todos os objetivos


(gerais e específicos) foram atingidos ou não.
 A avaliação deve contemplar o que foi desenvolvido, o que os alunos aprenderam
e o papel do professor ao longo desse processo.
 Apesar de frequentemente os professores indicarem em seus projetos a expressão
“a avaliação será contínua” os recursos e as estratégias de avaliação não são
apresentadas, como se estas não necessitassem de sistematização
e planejamento.
 Dentro da avaliação, o professor deve pensar nos
resultados esperados, que estão em função dos objetivos
propostos. Geralmente, coloca-se da seguinte maneira:
“Ao final do projeto, espera-se que o aluno...”
Prática como componente curricular: elaboração de um projeto

 Produto final = fechamento do projeto, uma decisão que deve ser compartilhada
com os alunos.

 Pode ser uma mostra cultural na escola; um livro; um CD-ROM com a coletânea
das atividades ou dos melhores momentos no projeto; um álbum ou slides com
fotografias; a construção de um portfólio; enfim, a criatividade deve ser estimulada
para a escolha de como será o encerramento do projeto.
Prática como componente curricular: elaboração de um projeto

 Por fim, da mesma forma que o professor deve apresentar uma introdução e um
desenvolvimento coerente, deve apresentar, nas considerações finais, uma síntese
geral do conteúdo do trabalho, com algumas observações críticas
julgadas convenientes.

 Deve-se evidenciar aspectos mais importantes.

 O professor deve apresentar uma relação das obras


consultadas que foram efetivamente utilizadas na redação
do texto. A elaboração das referências deve seguir
estritamente as normas exigidas para cada projeto.
Prática como componente curricular: elaboração de um projeto

 Introdução – O que? Por quê? Para que?


 Delimitação da área, do tema, do problema e justificativa(s)
 Objetivos (Gerais e Específicos)
 Desenvolvimento
 Revisão Bibliográfica
 Procedimentos Metodológicos – Como?
 Público-alvo
 Conteúdos
 Proposta de ação com as estratégias didáticas
 Duração (cronograma)
 Avaliação
 Resultados Esperados (produto final)
 Considerações Finais
 Referências
Atividade 2

 Projeto de integração entre um ambiente não escolar e uma escola.


 Elaborar apenas “o projeto”, sem a necessidade de aplicação (implementação), um
projeto de trabalho, relacionando os diversos aspectos de um ambiente não
escolar que poderiam ser desenvolvidos e relacionados com os diversos
conteúdos (disciplinas) existentes em uma escola.
 Atividades solicitadas nesta disciplina são obrigatórias e serão avaliadas.
 Siga as orientações que constam no Manual de Orientação das atividades,
disponível no AVA.
 Fique atento aos avisos no AVA sobre datas e postagens.
Interatividade

Na estruturação de um projeto de trabalho, qual parte envolve o caminho para se


atingir os objetivos propostos?

a) Avaliação com os resultados esperados.


b) Procedimentos Metodológicos.
c) Considerações Finais.
d) Introdução.
e) Revisão Bibliográfica.
Resposta

Na estruturação de um projeto de trabalho, qual parte envolve o caminho para se


atingir os objetivos propostos?

a) Avaliação com os resultados esperados.


b) Procedimentos Metodológicos.
c) Considerações Finais.
d) Introdução.
e) Revisão Bibliográfica.
ATÉ A PRÓXIMA!

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