Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Teorias cognitivas
da aprendizagem
^
Av. V ic c n rc M a c h a d o , 3 1 7 • 14" a n d a r • C e n tro
í o ir o *a C E P K M 2 0 -0 1 0 • C u r itib a • P R • BraVil • F o n e : [4 1 ) 2 1 0 3 -7 3 0 6 •
intersaberes w v w .c d iio ra in te n a b eT C S .co m .b r • c d ito r/* * :d ito ra in tc m b c rc > -.o o sii.b r
E4íMc*HÍMcnt« A r ta d n c N u m * W ío * »
K«kogfâSitdf ('<Kp!íi
1'fojcio g rllk o K ied e rico B u iiim a r q u i
Bibliografia
ISBN 978*8S-443*0061-9
14-09075 CDD-370.152
1* r d i s l.». 2014.
Consideraçõesfinais, 63
Referências, 65
Nota solrre a autora, 69
Apresentação
1.1
A aprendizagem e as teorias
com portam ental e cognitiva-social
O conceito de aprendizagem é complexo porque envolve a interação de
diversos fatores c processos pelos quais compreendemos conceitos de
temas específicos, como matemática, português c desenho.
I"
Estam os sempre aprendendo, intencionalm ente ou não, durante
toda a nossa vida. Assim, por exemplo, os bebes aprendem a brincar,
os adolescentes a tocar instrumentos musicais e os adultos podem apren
der uma nova dieta de alimentação ou um novo estilo de se vestir.
*taiiiuS<» *riJi»x
*-1
É im portante entenderm os que, para a aprendizagem ocorrer,
c necessário que haja um a interação ou troca de experiências do indi
di aprendiz a$ctn
víduo com o meio ambiente ou a comunidade educativa na qual ele se
insere. As crianças, por exemplo, aprendem a partir da interação com
os adultos c com crianças mais experientes. Por meio dessas interações,
a criança vai construindo, gradativamente, significados para suas ações,
|U
O processo de aprendizagem tem sido estudado, de m odo direto
c indireto, por teóricos que se dividem basicamente cm dois grupos:
os teóricos comportamentais (behavioristas) e os teóricos cognitivistas
(interacionistas).
uuSr/ipu->;dr rp WA|j|U&» *riJi»x
»«l
Para esses cientistas, o resultado da aprendizagem é um a mudança ou
aquisição de comportamentos observáveis causada por estímulos externos
|I S
seguidores enfatizam a importância do estudo de comportamentos obser
váveis c os efeitos do meio ambiente na mudança desses comportamen
tos. Além disso, defendem que novos comportamentos sâo aprendidos
mediante a utilização adequada de reforços (punição ou recompensa).
uuSr/ipu->;dr rp WA|j|U&» *riJi»x
16 \
A segunda premissa aponta para a necessidade cio uso dc m á q u i
, programadas para estim ular a aprendizagem. Cabe
n a s d e e n s in a r
E l e m e n t o s p a r a a a p r e n d iz a g e m
I 17
1.1.2 A teoria cognitiva social
• A t e n ç ã o - A a p re n d iz a g e m re q u e r o estím u lo d a a te n ç ã o d o
alu n o , p o r exem p lo , p o r m e io d c u m a a p re se n ta ç ão d ra m á tic a
d e u m co n te ú d o . A lé m disso, fa to re s c o m o so n o , n erv o sism o ,
m a l-e sta r o u até m e s m o u m e stím u lo c o m p e titiv o te m
o p o d e r d e in te rfe rir n o n ív el d c a te n ç ã o d o a lu n o e d ev em ser
c o n sid erad o s p e lo professor.
I*|
• R etenção - O aluno precisa lembrar-sc daquilo que
aprendeu. Cabe ao professor incentivá-lo a estabelecer
|I9
Bibliografia recom endada
BAUM, W. \1. Compreender o bekaviorismv. comportamento, cultura c evolução. Porto
Alegre: Artmcd. 1998.
*taiiiuS<» *riJi»x
As teorias cognitivas
da aprendizagem
Para os teóricos cognitivistas, a maturação biológica, o conhecimento
prévio, o desenvolvimento da linguagem, o processo de interação social e
a dcscobcrta da afetividade são fatores dc grande relevância no processo dc
desenvolvimento da inteligência e, consequentemente, da aprendizagem.
2.1
O construtivismo psicogenético
Piaget pesquisou, mediante observações sistemáticas, a maneira como a
criança elabora o processo do conhecimento para construir a sua inte
ligência. A preocupação inicial do teórico foi epistemológica (como é
1 Jcan Piaget formou-se cm Biologia c Filosofia na Suí^a. Seu interesse sctnprc cm cvc volrado para o
processo de desenvolvimento da inteligência do indivíduo de toffnu tanto teórica como experimental.
Coube a ele desenvolver» epistemologia genética. entendida como o estudo dos mecanismos que
conduzem o* «cres humano* a adquirir o conhecimento c, consequentemente, desenvolver tua in
teligência. É importante notar que, sent nunca ter sc preocupado com o processo dc aprendizagem
cm si, o* trabalhos de Piaget contribuíram e ainda contribuem para o desenvolvimento de idéias e
estratégias de ensino no âmbito escolar.
\2i
originado o conhccimcnto humano) c não educacional. Entretanto, seu
trabalho sobre o processo dc aquisição do conhccimcnto trouxe contri
buições im portantes para compreendermos questões educacionais de
aprendizagem - motivo pelo qual suas ideias são difundidas e incorpo
radas à teoria pedagógica.
cognitiva» J j ip rc n d izjg c m
tivos (Piaget, 1990). Por exemplo, diante de um problema percebido
como novo, a criança mobiliza seus esquemas dc ações já existentes c
modifica-os para poder resolver a questão colocada.
I»
Sc as estruturas intelectuais disponíveis na criança são suficientes
para operar coin as novas situações, então ocorre o que Piaget chama dc
equilibrarão majorante, a qual desempenha um papel muito importante
no desenvolvimento cognitivo. Esse processo envolve dois m ecanis
mos intermediários para que novos esquemas se desenvolvam c, conse
quentemente, a inteligência seja construída: assimilação e acomodação.
A a s s i m i l a ç ã o ê a incorporação dc novos conhecimentos c experiências
ou informações à estrutura intelectual da criança que não são modifica
ujpSropuM ilr rp irAU'uáo.->
*1
2.1.1 Os estágios do desenvolvim ento cognitivo
na perspectiva de Piaget
O segundo é o e s t á g i o p r é - o p e r a t ó r i o ( 2 - 7 a n o s ), quando a
criança passa a não ser dependente unicamente de suas sensações e movi
mentos, pois já começa a desenvolver uma capacidade simbólica (Piaget,
1982). O s esquemas que a criança já tem permitem que ela seja capaz
dc distinguir um significantc (imagem, palavra ou símbolo) daquilo
que ele significa (objeto ausente). Por exemplo, quando a criança vc a
mãe com sua bolsa, ela sabe que a mãe vai sair. No primeiro c segundo
estágios (Piaget, 1982),
|27
o pensamento da criança e antropomórfico, ou seja, ela atribui
características humanas a objetos e animais (por exemplo,
os gatos falam);
o pensamento da criança c animista, isto c, atribui vida a seres
inanimados (por exemplo, a boneca está chorando porque está
com sono).
2S|
pensar c trabalhar com uma realidade possível por meio do raciocínio
hipotetico-dcdutivo. Diferentemente dos estágios anteriores, no estágio
operatório-formal (Piaget, 1982),
c o g n itiv a » J j a p r e n d i z a g e m
a linguagem passa a ser instrumento da elaboração de hipó
teses c pesquisas;
o seu pensamento opera por meio de três processos -
a análise combinatória, que c a capacidade dc combinar entre
si elementos de conjuntos diferentes para construir um outro
conjunto (a correlação), a inversão c a reciprocidade. 45
Bibliografia recomendada
COLL, C.; MARTI, E. Aprendizagem c desenvolvimento: a concepção gcnetico-cognitiva
da aprendizagem. In: C O M .. C; MARCKHSI, A.; PALÁCIOS, J. (Org.).
Desenvolvimento psicológico e cduaifâo: psicologia da educação escolar. Porto Alegre:
Artmcd, 2004. p. 45-59. v. 2.
|29
2.2
A teoria sociointeracionista
A maior preocupação dc Lev Semyonovitch Vygotskv2, pesquisador
contemporâneo dc Piaget, foi entender a influencia da linguagem c da
comunicação no desenvolvimento cognitivo do indivíduo tendo cm vista
o contexto histórico no qual vivia - a Revolução Socialista. Por isso,
o autor considerava de extrema importância o aprendizado para que o
lU ^ fo ip u M ilr rp irA U 'u á o 5
301
interação com o meio: os instrumentos dc origem física e os instrum en
tos dc origem simbólica.
c o g n itiv a » J j a p r e n d i z a g e m
age. A fala é tão necessária quanto os olhos e as mãos na execução de
tarefas práticas.
O utro pressuposto é a im p o r t â n c ia d a m e d ia ç ã o c o m o u m in s -
T R U M E N T O F U N D A M E N T A L NO PR O C ESSO D E A P R E N D IZ A G E M . Vygotsky,
ao comparar a inteligência hum ana com o com portamento animal, con
cluiu que os homens necessitam dc signos para aprender. O s animais
não criam instrumentos nem inventam signos como os homens de todas
as culturas. Assim , os instrum entos são m ediações, como os signos
da escrita, que servem para nos lembrar o que dizemos. Desse modo,
os signos constituem um poderoso intermediário para a aprendizagem,
í ' o que acontccc quando anotamos compromissos. Baseado nessa ideia,
Vygotsky c seus colaboradores fizeram experimentos com crianças para
verificar a importância da mediação do signo ou do símbolo na apren
dizagem. O s estudiosos apresentaram para crianças dc 5 a 6 anos uma
série de figuras que estavam em uma espécie de máquina de escrever,
mas cujas teclas, numa primeira fase, estavam cm branco. As crianças
deveriam, ao ver as figuras, acionar a tecla correspondente. Nesse pri
meiro caso, houve poucos accrtos. M as, num a segunda fase, as tcclas
traziam marcas idcntificadoras que serviam para lem brar as figuras:
|3i
a faca pode lem brar pão, leite, vaca etc. Nessa segunda fase, as crianças
tiveram muito mais accrtos (Vvgotsky, 1988).
H á tam bém o p a p f . i. f u n d a m e n t a l da l in g u a g e m na s is t e -
il\
capacidade dc solucionar problemas, mesmo quando estes não
estão no seu campo visual.
cognitiva» J j aprendizagem
ção com o objetivo dc, numa visão prospcctiva, estim ular a criança a se
desenvolver ainda mais (Vygosty, 1988). Por exemplo, aquilo que uma
criança consegue fazer com a ajuda de outros pode ser, de alguma forma,
indicativo do seu desenvolvimento.
|«
apesar das diferenças, suas teorias acabam se complementando, influen
ciando c servindo dc base tcórico-prática para inúmeros pesquisadores
preocupados com o processo de aprendizagem.
*1
2.3
O construtivismo em sala de aula
3 Emilia Ferreiro, psicóloga e pesquisadora argentina radicada no México, fez seu doutorado na
Universidade «te Genebra a orientação dc Jcan Píajjct. Na Universidade de Bucno* Airr*, a partir
de 1974, iniciou seus estudo* tcórico-prítioos sobre a psicogcncsc do sistema dc escrita; cm outras
palavra», procurou observar e analisar o processo de construçlo da linguagem escrita na criança -
campo n io estudado por Piaget.
modificamos o que já tínham os, mas tam bém interpretamos o novo dc
forma peculiar, para poder integrá-lo c torná-lo nosso (Coll; Marchcsi;
Palácios, 2004).
36\
o professor, uio responsáveis pela defesa, prova, justificativa e comunicação de
suas ideias para a comunidade da sala de aula. Essas ideias serão aceitas à medida
que fizerem sentido para a comunidade.
cognitivu
• estimular o trabalho deprofessores em equipe, colaborando no planejamento,
participando das tomadas de decisão, comprometendo-se com a inovação e
responsabilizando-se pela avaliação da sua própria prática;
|37
C om isso, podemos afirmar que aprendizagem é um processo dinâ
mico que envolve a interação do aluno com o meio. Para que ela ocorra,
é necessário que o professor dê a devida atenção aos fatores que motivam
o aluno a aprender e entenda que o processo ensino-aprendizagem é uma
espiral de conhecimentos - c que cada conhecimento serve de base ou
pré-requisito para a aquisição do seguinte. Além disso, é im portante
que o docente tenha senso crítico ao analisar a fase do desenvolvimento
cognitivo da criança para então determ inar quais capacidades ela tem
iu3$r;>pu:u<lr rp irAU'uáo.->
Atividade
Assista ao filme Mentes Perigosas (1995) e, com base nele, elabore
uma resenha que:
a) identifique c discuta o tipo dc prática pedagógica utilizada
inicialmente pelo professor.
b) analise as mudanças na prática doccntc c suas implicações no
processo ensino-aprendizagem.
c) identifique as contribuições das teorias dc Piaget e Vvgotsky,
tendo em vista o contexto educacional analisado no filme e a
sua prática pedagógica em sala de aula.
Bibliografia recom endada
COLL, C. A teoria sociocultural da aprendizagem c do ensino. In: SALVADOR, C. et al.
Psicologia do ensino. Porto Alegre: Artmcd, 2000. p. 258-265. v. 2.
cognitiva» da a p r e n d iz a g e m
COLL,C.; MARCIIESI, A.; PALÁCIOS, J. (Org.). Desenvolvimentopsicológico e educação:
psicologia da educação escolar. Porto Alegre: Artmcd. 2004. v. 2.
____ . Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: Jo<é Olympio, 1980.
VALSINER.J.; VAN DER VEER, R. Vygotsky. uma síntese. Slo Paulo: Loyola, 2000.
|39
2.4
A teoria da instrução
Jeromc Bruner* (1915-)é um psicólogo cognitivista que defende a apren
dizagem como um processo interno, mediado cognitivamcntc, e não um
produto direto dos fatores externos àquele que aprende. O autor, preo
iu3$r»pu;udr rp irAU'uáo.-> *ruoaj_
4 Jerome Bruncr formou-sc cm Psicologia na Uniwrsidadc Duke c ob»c\r seu doutorado ttn Psicologia
iva Unisxrsida<le de I larvard.ctn 1941.0 p*i«ilogo norte-americano *cmprc «c preocupou com a
identittcaçio de estratígias voltada* para o desenvolvimento máximo das habilidades intelectuais do
indivíduo. Assim, cm 1960, fundou o Centro dc Estudos Cognitivos da Universidade dc I larvard.
onde tem conduzido estudo* c pesquisa* cientifica* sobre e » a quntk».
40|
1. No nível da r e p r e s e n t a ç ã o e n a t i v a o u a t i v a , a criança
representa o m undo pela ação, ou seja, ela se comunica com as
pessoas por meio da ação. Por exemplo, quando a criança diz
que “toma água com o copo", ela está definindo a função da
palavra “copo” pela ação dc “beber água”. A criança também
compreende o m undo por suas próprias ações, por isso as
mensagens do adulto, nesse nível, deverão ser expressas por
c o g n itiv a » J j a p r e n d i z a g e m
meio de movimentos. Por exemplo, para ensinar que o pássaro
voa batendo as asas, o adulto ou o professor “batem os braços”,
im itando o pássaro. Tam bém, as histórias infantis são melhor
compreendidas e apreciadas quando dramatizadas em vez de
scrcm apenas narradas verbalmente. Elogios, por sua vez, são
melhor entendidos pela criança se acompanhados dc ações
como “bater palmas" ou “passar a mão na cabeça".
2. No nível da r e p r e s e n t a ç ã o i c ô n i c a (ícone ■ figura, imagem),
a criança não precisa mais manipular diretamente os objetos,
porque já é capaz de fazer representações mentais de algo ou dc
uma situação sem utilizar gestos ou ações. Por exemplo,
a criança já pode desenhar a figura dc um copo sem representar
o ato dc beber algo. Ela também passa a compreender c apreciar
figuras, fotos e ilustrações na escola e em casa.
3. No nível da r e p r e s e n t a ç ã o s im b ó l ic a , a criança passa a
representar e compreender o m undo por meio de símbolos
ou abstrações, sem precisar utilizar ações ou imagens. Ela
também já é capaz de relatar experiências ou sentimentos
por meio da linguagem oral, bem como receber mensagens
verbais mais complexas. Por exemplo, “pegar a bola que está
no armário”.
I«*
A teoria da instrução c baseada cm quatro princípios fundamentais -
motivação, estrutura, seqüência c reforçamento comentados a seguir
(Bruner, 1997):
1. M o t iv a ç ã o - Todas as crianças apresentam o “desejo de
aprender”, ou seja, tem uma motivação interna ou intrínseca
que as predispõe à aprendizagem. Elas podem se sentir
motivadas a aprender algo diante dc fatores cxtrínsccos,
porém os efeitos destes são transitórios ou passageiros,
ujpSropuMilr rp irAU'uáo.->
4>|
sc a explicação dada for adequadamente estruturada, a ideia
ccntral dc Einstcin pode scr entendida por cia, que pode ate
dar sua própria explicação sobre essa teoria. Assim, “qualquer
assunto pode scr ensinado eficazmente, dc alguma forma
intelectualmente honesta, a qualquer criança cm qualquer fase
do desenvolvimento" (Bruncr, 1997.).
Alem disso, um conteúdo pode scr ministrado dc três
cognitiva» J j a p r e n d iz a g e m
maneiras: pelo m o d o de a presentação , no qual a forma
utilizada pelo professor para apresentar ou transm itir um
conteúdo deve scr adequada ao nível dc desenvolvimento
cognitivo e à experiência da criança; pela e c o n o m i a d f .
a presentação , cm que o professor deve scr econômico c
|4J
cabc ao professor fornecer informações, no tem po certo,
sobre os resultados obtidos pelos alunos, ou seja, nem muito
cedo (para não confundi-los), nem m uito tarde (quando já
incorporaram informações que podem ser incorretas). Q uanto
ao reforço utilizado pelo professor, esse também deve ser
adequado ao nível do desenvolvimento cognitivo da criança.
Por exemplo, para crianças no nível enativo, o reforço mais
adequado pode ser "bater palmas"; para a criança no nível
lU^foipuMilr rp irAU'uáo5
2.5
O m étodo da aprendizagem por
descoberta
O s estudos de Bruncr influenciaram o desenvolvimento do m é t o d o
DA A P R E N D IZ A G E M POR D ESC O B ER TA . Depois dc U lU a série dc C S t u d o S
44|
O método dc aprendizagem por descoberta é uma forma de apren
dizagem cm que os alunos são estimulados pelo professor por meio dc
perguntas que geram estudos e pesquisas. Na busca por respostas, podem
descobrir, sozinhos, algumas ideias ou princípios básicos relacionados
com a questão colocada. Assim, essa forma dc aprendizagem baseia-se
num a distinção feita entre a maneira expositiva e a maneira hipotética
dc conduzir uma aula (Bruncr, 1999). Por exemplo, na maneira expo
cognitiva» J j i p r c n d i z jg c m
sitiva dc m inistrar aula, o professor já traz o conteúdo pronto c o aluno
torna-se um agente passivo do processo de aprendizagem. Já na maneira
hipotética, o professor traz o conteúdo sob a forma dc problema a ser
resolvido de forma ativa pelo aluno, por meio de investigação, perguntas,
pesquisa, experimentação ctc. Com isso, o professor ajuda-o a resolver
o problema, discutindo as alternativas apresentadas pelo próprio aluno.
• entenda que esse é um processo lento de aprendizagem e que nào pode ser
apressado, pois a verdadeira compreensão do aluno (em v ez da simples
memorização) i o principal objetivo da aprendizagem;
|4S
daí, desenvolvê-los como uma espiral, sempre dos conceitos mais gerais
para os particulares, aumentando gradativam ente a complexidade das
informações;
“I
água e de recursos. U m grupo aprendeu geografta como uma fo rm a de a tiv i
dade, 0 outro guardou alguns nomes e algumas posições, comoform a passiva de
registro. (Brunncr, 1999)
cognitiva» da a p r e n d iz a g e m
tigação permitiu que os alunos estabelecessem relações entre as ideias c os
fatos, uma das melhores maneiras de propiciar a transferência do conteúdo
aprendido para novas situações.
Bibliografia recomendada
BRUNER.J. S. yítos dc significação. Porto Alegre: Artmcd, 1997.
2.6
A teoria da aprendizagem significativa
Defensor das teorias cognitivistas, David AusubeP (1918-2008) apre
senta em 1985 a t e o r i a d a a p r e n d iz a g e m s ig n if ic a t iv a , que prioriza
a organização cognitiva dos conteúdos aprendidos dc forma ordenada,
5 David Ausubcl. píkótogo nova-iorquino, trouxe grandes contribuições para as áreas da psicologia
e da aprendizagem.
|47
possibilitando ao aluno um a gam a dc opções de associações de con
ceitos dc modo a levar à consolidação do aprendizado ou a um novo
aprendizado.
[o]processo através do qual o mundo dos significados tem origem. À medida que
o ser se situa no mundo, estabelece relações de significação, isto /, atribui significa
dos à realidade em que se encontra. Esses significados não são entidades estáticas,
iu3$r;>pu:u<lr rp irAU'uáo.->
mas pontos departida p ira a atribuição de outros significados. Tem origem, então,
a estrutura cognitiva (osprimeiros significados), constituindo-se nos 'pontos básicos
de ancoragem' dos quais derivam outros significados.
«I
um novo conceito seja assimilado pela nossa estrutura cognitiva, segundo
a teoria piagetiana, é necessário que o conceito j á esteja lá como POSTO
DE ANCORAGEM. Se isso acontece, os pressupostos tia teoria de Piaget serão
cognitiva» da a p r e n d iz a g e m
os pontos dc ancoragem - que são formados com a incorporação,
à nossa estrutura cognitiva, de conceitos, ideias ou informações
relevantes para a aquisição de novos conhecimentos, ou seja, para
que possamos aprender conceitos novos.
|49
Bibliografia recom endada
MARTÍN, E.; SOI.E, I. A aprendizagem significativa c a teoria da assimilação. In:
COLL, C.; MARCHESI, A.; PALÁCIOS, J. (Org.). Desenvolvimento psicológico e
eJucctfáo'. psicologia da educação escolar. Porto Alegre: Artmcd, 2004. p. 60-80. v. 2.
2.7
A teoria da afetividade
H enri YVallon6 (1879-1962) desenvolveu, nas décadas de 1950 e 1960,
uma teoria psicogenética na qual a dimensão afetiva ocupa lugar central
no processo dc aprendizagem. Sua teoria auxilia tanto no desenvolvi
mento pessoal quanto no desenvolvimento cognitivo do indivíduo.
»l
Essa exploração permite que ocorra um processo de diferenciação
entre afetividade c inteligência, apesar dc a reciprocidade entre
ambas se m anter dc tal forma que as aquisições dc cada uma
repercutem sobre a outra perm anentem ente. Ambas sc desen
volvem, entretanto, por meio das interações sociais. A primeira
se desenvolve pelas interações culturais, e a segunda, pelas inte
J j iprcrK lizjgcm
rações interpessoais.
cognitivu
A afetividade dá lugar ao desenvolvimento cognitivo quando a
criança começa a construir a realidade por meio do que W allon (2005)
chama dc inteligência prática ou cias situações. Quase simultaneamente,
surge a função simbólica a partir do desenvolvimento da fala c das con- <
dutas representativas da criança que sc torna a base para o pensamento
discursivo.
|SI
É nesse momento que ele se confronta com uma tarefa muito importante:
manter um “eu" diferenciado c, ainda assim, integrado, o que requer uma
participação muito im portante da inteligência.
/ / escola é a instituição que tem por finalidade proter atividades para desenvolver
esses aspectos. Sendo a educação um fa to social, ela deve refietir a realidade con
creta na qual esse ser social vive, atuae, muitas vezes, procura modificar. A Junção
da educação é integrar a formação da pessoa e a sua inserção na sociedade e, assim,
assegurar sua plena realização. Cabe à educação, dessaform a, fo rm a r indiví
duos autônomos, pensantes, ativos, capazes de participar da construção de uma
sociedade contextualizada. Os métodos pedagógicos não podem ser dissociados
desses enfoques, eles devem ser apoiados no conhecimento do aluno e no seu meio,
pois ‘todas as crianças, sejam quaisforem suas origensfamiliares, sociais, étnicas,
têm direito igual ao desenvolvimento máximo que sua personalidade comporta.
Elas não devem ter outra limitação além de suas aptidões'.
52 |
criança, pois a cia são dadas maiores oportunidades dc convivência com
outras crianças. Nesse contexto, a criança pode escolher seus amigos c
grupos de acordo com sua preferência. Com esses grupos, ela terá expe
riências de solidariedade que irão auxiliá-la na sua aprendizagem social
c, tamhcm, na tomada dc consciência sobre a sua própria personalidade.
Segundo VVcrebc c Nadel-Brufelt (1986, p. 25), “a confrontação com os
companheiros perm ite-lhe constatar que é uma entre outras crianças c
cognitiva» J j ip rc r K liz jg c m
que, ao mesmo tempo, é igual e diferente delas". Portanto, a escola deve
considerar os níveis do desenvolvimento cognitivo da criança, procu
rando compreender os comportamentos c capacidades predominantes
em cada etapa e ao que eles visam, a fim de melhor orientar a ação edu
cativa. É preciso, pois, respeitar as capacidades cognitivas, bem como as
necessidades afetivas da criança para que os conhecimentos apresentados
sejam assimilados c utilizados posteriormente.
|M
perceber que a afetividade é parte im portante e in te
grante do processo dc aprendizagem , já que cia
acom panha o desenvolvim ento cognitivo da criança.
Atividade
Assista ao filme Sociedade dos Poetas Mortos (1989) c elaborare um
texto que:
a) identifique as principais características do processo
ensino-aprendizagem vigente na escola em questão.
b) esclareça a proposta dc trabalho do professor dc literatura.
c) compare esses dois métodos didáticos com as propostas
sugeridas por Bruncr, Ausubcl c Wallon.
MAIIONEY, A. ct al. Henri Wallon: psicologia c educação. SSo Paulo: l-oyola, 2004.
MAI lONKY. A; ALMEIDA, I.. Cowtituiftio da peuoa na proporia dt Henri Wallon. São
Paulo: Loyola, 2004.
«I
WALLON, H. As origens do caráter na criança. Sio Paulo: Nova Alexandria, 1995.
WEREBE, M.J. G.; NADEL-BRULFERT, J. (Orj?.). Henri Wallon. Sio Paulo: Aiica, 1999.
2.8
A teoria das inteligências múltiplas
cognitiva» J j a p r e n d iz a g e m
Por muito tempo, a concepção dom inante de inteligência era a de que
dispúnham os dc uma inteligência única, igual à das outras pessoas, que
podia scr medida pelos testes dc quocicnte intelectual (QI). N a dccada
de 1980, H ow ard G ardner, psicólogo e pesquisador da Universidade
dc I Iarvard, nos Estados Unidos, propôs a t f .o r i a d a s i n t e l i g ê n c i a s
m ú l t ip l a s , que questiona essa concepção ainda vigente de inteligência. <
155
• Iodos nascemos com essas inteligências, mas a maneira como elas
vão se combinar ou se desenvolver varia de pessoa para pessoa;
• essas combinações são únicas para cada um de nós; são como nossas
impressões digitais;
*1
• A INTELIGÊNCIA MUSICAL / a competência de pensar em /ermos musicais,
reconhecer tons e sons musicais, observar como podem ser transformados e
produzir criativamente música. M uitos músicos conhecidos não tiveram
aprendizagemformal.
cognitiva» J j a p r e n d iz a g e m
espaço tridimensional. E la não depende da visão, j á que crianças cegas
também podem, pelo tato, desenvolver habilidades espaciais. Está presente
em arquitetos, pilotos de corrida, navegadores, jogadores de xadrez etc.
|S7
Q u a d ro 2.1 - C aracterísticas d as in teligências m ú ltip las
g in c ro * m u * k * ü etc.
Tem c o n tro te excepcional to b re o corpo. ©s o b jeto * e b o a sin c ro n iz a ç io d e
m ovim ento*; g o s ta d e ecp lo rar o a m b ie n te com m ovim ento*; tem hab ilid ad e
C o rp o ra l-c in c s té tic a p a ra dram a tix a ç io . « p o r t e i , m ím k a o u d a n ç a; torna-*e irreq u ieto ou
ab o rre c id o se fk a m u ito te m p o parado: brinca e n q u a n to e*cuta; m em oriza
m cihor q u a n d o faz alg o etc.
Tem um b o m rela c io n a m en to e c o m u n c a ç á o ; p o d e m anipular opiniões
In te rp e s s o a l (p o d er d c influenciar), go * ta d e atividade» colei iva* e d c c o o p erar; p e rc e b e a»
Intencôc* do* outro*: a d a p ta s e fa c d m e n tc etc.
C in d ep e n d e n te , m o tiv ad o , co n scien te do* seu* *entim ento*. m eta*, limite* e
I n tr a p e s to a l possibilidade*; d e seja se r d ife ren te d o geral; e sta b e le c e u m sistem a d e valores
«tico* etc.
M ostra hab ilid ad e d e reco n h ecer o b jeto * n a n a tu re z a, o u *eja. distinguir
planta*, anim ai*, rocha*: g o s ta d e colecio n ar objeto* relacionado* c o m a
N a tu ra lis ta
n a tu re /a . b e m c o m o te m prccVeçAo p o r ativ id ad es a o a r livre; sensível a
cam panha* d e p ro te< ào a o m eio am b ien te.
cognitiva» da a p r e n d iz a g e m
o autor, a escola deve ter como objetivo desenvolver as várias inteligências dos
alunos, bem como auxiliá-los a encontrar seu próprio equilíbrio no espcctro
dc suas competências para que se sintam mais compctcntcs c, portanto, mais
inclinados a servir ã sociedade de forma construtiva. E necessário perceber
que o aluno pode scr inteligente cm matemática ou língua portuguesa, mas
que ele também pode ser competente na maneira de se relacionar com os
colcgas ou no modo dc pintar um quadro. O docente deve entender que todo |
aluno tem o potencial para desenvolver suas “inteligências” desde que seja
adequadamente estimulado. Portanto, a escola deve considerar as diferenças
entre os alunos cm vez dc ignorá-las c garantir a cada um a possibilidade dc
desenvolver todo o seu potencial. Desse modo, é função da escola enfatizar
uma educação centrada no aluno, em seus interesses, aptidões c objetivos -
ou seja, trabalhar com as diferenças entre os alunos para que elas sejam
usadas a favor deles. Por isso, cabe ao professor:
• com vruir com pais, alunos e outros educadores sobre essas diferenças;
| S9
a responsabilidade e a interação dos alunos par.» que eles possam gerar
novos conhecimentos, novas investigações c explorar novos estímulos
com base nos conteúdos apreendidos. Para realizar essas atividades,
os alunos precisam do entendim ento das disciplinas básicas (Língua
Portuguesa, M atem ática, Ciências, H istória, Geografia c A rtes, por
exemplo), bem como ouvir, falar, ler e escrever, competências básicas
envolvidas na comunicação.
intcrdisciplinar utilizando:
• trabalhos em grupo:
• jogos pedagógicos;
• dramatizações;
«I
observação concentrada cm momentos dc prova com ou sem consulta
ou durante a realização dc tarefas individuais ou em grupo; registro das
observações pessoais, conclusões e dúvidas logo após a atividade desen
volvida" (Gardner, 1995a).
• Q uem é o aluno?
O que você pretende alcançar com os temas a serem
desenvolvidos?
Com o poderá atender às exigências dc cada aluno?
Com o iniciar, desenvolver c cnccrrar a aula ou as atividades
propostas?
Atividades
1) Elabore um a atividade utilizando como suporte teórico as teorias
das inteligências múltiplas c da afetividade. Essa atividade deve
|6I
estar voltadas para o desenvolvimento dc cada um a das inteligências
múltiplas na educação a distância (EaD).
____ -Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. Rio dc Janeiro: Vozes, 2000.
GARDNER, 11. A criançaprê-escolar. como pensa e como a escola jxhIc ensiná-la. Porto
Alegre: Artmcd, 1995a.
____ .As artes e o desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997a.
____ . Estruturas da mente, a teoria da» inteligências múltiplas. Porto Alegre: Artes Médicas,
1997b.
. Avaliação rui educação infantil. Porto Alegre: Artmcd, 2001. (Coleção Projeto Spectnim:
A Teoria das Inteligências Múltiplas na Educação Infantil, v. 3)
____ . Utilizando as competências das crianças. Porto Alegre: Artmcd, 2001. (Coleção Projeto
Spcctmm: A Teoria das Inteligências Múltiplas na Educação Infantil, v. 1).
62 |
Considerações finais
\67
Nota sobre a autora
|«9