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Fundamentos da

Linguagem Visual
Material Teórico
Design Bidimensional

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Denis Mandarino

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Design Bidimensional

• Introdução;
• Lugares Geométricos;
• Estudo de Casos;
• Processo de Geometrização.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Oferecer ao aluno uma visão comparada entre a Escola de Bauhaus, o Estilo Internacional
e as principais expressões da arte que adotaram o viés da exatidão, no processo de criação
bidimensional. Estudo da geometria que está por trás de modelos criados por expoentes
do design.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Design Bidimensional

Introdução
Estudaremos nesta unidade os fundamentos da linguagem visual bidimensional,
com ênfase no desenho geométrico. Veremos, basicamente, como os entes primi-
tivos, estudados na unidade anterior, podem ser utilizados no design gráfico por
meio dos seguintes estudos de caso:
1. Analisaremos a estrutura geométrica que está por trás do logo da “Co-
queiro”, que foi criado por Alexandre Wollner;
2. O símbolo da Bauhaus, produzido por Oskar Schlemmer;
3. O logo da Volkswagen, desenhado por Franz Reimspiess;
4. E, finalmente, a diferença entre a simples vetorização e o processo de
geometrização, que permite um refinamento contínuo até se alcançar o
resultado desejado.

O acompanhamento da videoaula é fundamental para o perfeito entendimento


dos processos geométricos envolvidos.

Lugares Geométricos
É muito comum que o designer utilize lugares geométricos em seus desenhos.
Eles podem ser definidos pelas propriedades a que determinados pontos estão
submetidos (Fig. 1), por exemplo:
• Circunferência: É o lugar geométrico dos pontos que equidistam de um
ponto central, ou seja, todos os pontos da circunferência distam uma medida
“r” (raio) do centro. Outra característica importante é compreender que, no
plano, somente esses pontos estão sujeitos a essa propriedade. Desse modo,
para identificar se estamos diante de um lugar geométrico, precisamos ob-
servar se todos, e somente aqueles pontos, compartilham uma propriedade;

Pergunta: Seria o arco de circunferência um lugar geométrico?


Explor

Vamos pensar:
Todos os pontos de um arco de circunferência distam “r” do centro, mas não somente eles,
portanto, um arco de circunferência não é um lugar geométrico.

• Mediatriz: Reta formada pelos infinitos pontos que equidistam de dois pontos
fixos (A e B). Com a mediatriz, podemos, por consequência, dividir um seg-
mento ao meio;
• Bissetriz: Reta formada pelos infinitos pontos que equidistam de duas semir-
retas concorrentes (r e s). Com a bissetriz, podemos, por consequência, dividir
um ângulo ao meio;

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• Par de Retas Paralelas: Retas formadas pelos infinitos pontos que equidistam
de uma reta “r”. No plano, podemos ter duas retas que atendem a essa condição.

Figura 1 – Lugares geométricos


Fonte: Acervo do Conteudista

Estudo de Casos
Logo da Coqueiro
Como Wollner estudou na Alemanha, em Ulm, numa instituição que seguia o
estilo de design que havia sido desenvolvido pela Escola de Bauhaus, sua produção
se baseou em processos exatos e nos estudos da percepção visual que serão abor-
dados em ergonomia, incluindo a Gestalt.

De posse do desenho geométrico estrutural (grid), que foi utilizado no logo da


Coqueiro, vemos que um quadrado auxiliar foi dividido em 17 partes iguais, tanto
na vertical, como na horizontal. Wollner trabalhou muitas vezes com subdivisões
em quatro partes, mas, neste caso, dividiu o grid em um número ímpar, porque a
cruz, formada pelo eixo central, fará parte do desenho (Fig. 2).

Figura 2 – Grade estrutural do logo da Coqueiro


Fonte: Acervo do Conteudista

Embora ele tenha se baseado no quadrado, a intenção era circundar o coquei-


ro geometrizado. Os quadrados externos definiram a espessura do setor circular.

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UNIDADE Design Bidimensional

Na figura 3, vemos que com o centro do compasso no eixo horizontal, os semicír-


culos, que representariam as folhas, foram sendo determinados de forma simétrica.

Figura 3 – Traçado das curvas


Fonte: Acervo do Conteudista

Imprima a figura 3 e pegue um compasso para descobrir onde os centros e os raios foram
Explor

aplicados no desenho.

Nos espaçamentos entre os semicírculos, fica evidente a preocupação com o


ritmo visual. O leigo, geralmente, não percebe isso quando olha para uma peça
de design, mas você está sendo treinado para enxergar esse tipo de estrutura, por
vezes, oculta.

As escolhas de Wollner criaram um ícone de coqueiro que, depois de eliminadas


algumas partes, delimitaram a forma monocromática que vemos a seguir (Fig. 4).

Figura 4 – Formação da figura (esq.) e arte final do logo (dir.)


Fonte: Acervo do Conteudista

Neste primeiro estudo de caso, os desenhos geométricos, de Wollner, eram


conhecidos. Trata-se de um projeto divulgado pelo autor. É comum, contudo, na

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internet, a exibição de logos com a presença de desenhos geométricos. Isso, porém,
não significa que tais desenhos exprimam exatamente o que foi desenvolvido
nos projetos reais. Trata-se de um excelente exercício de pesquisa, que ajuda a
desenvolver a criatividade e que será mostrado na videoaula.

Logo da Bauhaus
Nas demonstrações animadas, vimos, por exemplo, as etapas de formação do
símbolo da Bauhaus (Fig. 5), sendo elas:
5. Grid formado por linhas verticais e horizontais espessas;
6. Acréscimo de uma circunferência;
7. Determinação de áreas poligonais;
8. Processo de síntese com a subsequente eliminação de partes;
9. Arte final.

Figura 5 – Grid que estuda o símbolo da Bauhaus e o desenho original


Fonte: Mandarino, 2019 e Oskar Schlemmer, 1922

Logo da Volkswagen
Na sequência da aula, esse tipo de pesquisa geométrica foi feita com o logo da
Volkswagen. Partimos, novamente, de um quadrado e pesquisamos uma solução
muito parecida com a do logo que nos serviu de modelo. Durante o estudo, foi pos-
sível perceber semelhanças entre as estratégias adotadas pelos diferentes designers
(Wollner e Reimspiess).

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Figura 6 – Logo da Volkswagen e estudo geométrico da estrutura


Fonte: Logo feito por Franz Reimspiess (esq.) e estudo feito pelo autor (dir.)

Você pode estar se perguntando: Como eu saberia fazer isso? De onde eu


tiraria as informações de que esses devem ser os procedimentos na construção
de uma imagem?

Essa é a parte interessante. Você não deveria saber. Alexandre Wollner não sabia.

Isso tudo foi sendo inventado depois de muitas tentativas e “erros”. É claro que
quanto mais conhecimento de base você tem, mais ferramentas conceituais pode-
rão ser incorporadas no seu processo de criação.

O designer passa meses criando grids e, a partir daí, fica variando, observan-
do, excluindo, acrescentando, até a obtenção de uma forma que não seja efêmera.
Em outras palavras, algo que a mente não descarte, que capture a atenção das pes-
soas, algo que seja relevante para a percepção. O designer busca uma forma que
contenha informações. Neste caso, informações não verbais.

Obviamente que você, também, pode fazer tudo à mão livre.

É algo difícil de ser encontrado em grandes marcas, mas não é algo difícil de ser
encontrado no design.

Você pode também começar com um desenho à mão livre e depois vetorizar
esse desenho ou, como vimos no estudo de caso, você pode geometrizar o seu
esboço até chegar a uma forma que considere ideal para determinado cliente, de-
terminado evento, determinada época, entre outras.

Tocar as músicas de outros compositores é um meio de aprender a compor.

Dissecar o trabalho de outros designers também o é.

Na pesquisa feita no logo da Volkswagen, tentamos desvendar o processo cria-


tivo. Além disso, quebrar uma cisma e provar que é possível ser criativo através da
geometria. No design, as ciências exatas, humanas e biológicas são bem-vindas.

Como não tivemos acesso ao projeto original de Franz Reimspiess, embrenhamos


pelo ramo da pesquisa e operamos um método que se chama engenharia reversa,

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ou seja, partimos do produto acabado e tentamos voltar até a primeira linha traçada
pelo designer.

Os procedimentos que você fará são os seguintes:


1. Parta de um quadrado;
2. Trace os eixos vertical e horizontal (não parece que você já viu isso?);
3. Divida o eixo em 14 partes iguais;
4. Trace três circunferências nos raios maiores;
5. Divida a circunferência externa em 30 partes iguais;
6. Observe os segmentos simétricos traçados (Fig. 7);
7. No quadrado inferior, adote um procedimento parecido com a divisão em
quatro, que vimos no logo da Coqueiro, apenas divida a altura em 3 e a
largura em 4 partes (Fig. 6);
8. A paralela, que passa pelo ponto destacado, dá continuidade às letras V e
W do logotipo;
9. Trace as linhas simétricas;
10. A mesma espessura que havia sido determinada é repetida para a diagonal
que estava sozinha;
11. Perceba a estrutura da imagem;
12. Limpe o excedente (Fig. 8);
13. Pinte uma das formas, e pronto.

Figura 7 – Traçado da estrutura Figura 8 – Eliminação dos elementos excedentes


Fonte: Acervo do Conteudista Fonte: Acervo do Conteudista

O logo da Coqueiro é um ícone porque a imagem lembra um coqueiro. Este


logo é um símbolo, pois ele não lembra um meio de transporte e faz alusão às duas
letras da palavra Volkswagen, letras essas que pertencem a um sistema e, por isso,
formam um símbolo. Veremos isso, com mais profundidade, em Teoria da Comu-
nicação e Semiótica.

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Processo de Geometrização
Um terceiro processo, dentre infinitas linhas de criação, é você desenhar à mão
livre, ou com o auxílio de instrumentos, e depois vetorizar ou geometrizar a imagem.

Neste exemplo, o desenho que havia sido vetorizado está sendo redesenhado no
que chamamos de processo de geometrização (Fig. 9).

Figura 9 – Geometrização do logo da UP MKT e Eventos


Fonte: Acervo do Conteudista

Não se prenda à crença de que isso é difícil, de que não é para você, de que é
complicado demais, porque determinadas crenças, prejudiciais, podem nos acom-
panhar até o fim da vida e tornar nossa experiência, no planeta, menos rica e
prazerosa. Aprenda um pouco hoje, um pouco mais amanhã, e, quando menos
perceber, você vai se surpreender com a quantidade de conhecimentos, estratégias,
conceitos, dados históricos que foram sendo apreendidos.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Desenho Geométrico
CARVALHO, B. A. Desenho geométrico. 2. ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1965.
Curso de Desenho Geométrico
GIONGO, A. R. Curso de desenho geométrico. São Paulo: Nobel, 1977.
Elementos de Geometria e Desenho Geométrico
PUTNOKI, J. C. Elementos de geometria e desenho geométrico. v. 2. São Paulo:
Scipione, 1993.
Desenho Linear Geométrico
BRAGA, T. Desenho linear geométrico. 14. ed. São Paulo: Rio, 1997.
Abstracionismo Geométrico e Informal
COCCHIARALE, F. Abstracionismo geométrico e informal: a vanguarda brasileira
nos anos cinquenta. Rio de Janeiro: Funarte, 1987.

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Referências
ACADEMIA PEARSON. Criatividade e inovação. São Paulo: Pearson, 2011.

BONA, N. C. Publicidade e propaganda: da agência à campanha. Curitiba:


Ibpex, 2012.

COLLARO, A. C. Produção gráfica: arte e técnica na direção de arte. 2. ed. São


Paulo: Pearson.

PIETROFORTE, A. V. S. Análise do texto visual: a construção da imagem. São


Paulo: Contexto, 2007.

WILLIAMS, R. Design para quem não é designer: noções básicas de planeja-


mento visual. São Paulo: Callis, 2013.

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