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Sistemas de

Informação Geográfica
Material Teórico
Modelagem da Base Geográfica

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Marcelo Antônio da Costa Silva

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Luciene Santos
Modelagem da Base Geográfica

• Os 8 Tópicos Principais da Base Geográfica;


• Tema da Base Geográfica;
• Sistema de Projeção Cartográfica;
• Escala e Precisão;
• Atualização da Base Geográfica;
• Atributos da Base Geográfica;
• Formas de Armazenagem;
• Entrada de Dados Gráficos;
• Rasterização/Vetorização;
• Topologia.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer 8 tópicos básicos que envolvem a modelagem da
base geográfica;
· Compreender cada item de formação, capacitando o aluno a discu-
tir questões que possam envolver a construção, ou análise, utiliza-
ção e compatibilidade da base geográfica.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Modelagem da Base Geográfica

Os 8 Tópicos Principais da Base Geográfica


Vamos detalhar nesta aula os 8 tópicos principais de uma base geográfica, con-
forme mencionado anteriormente. Recapitulando, os tópicos são:
1. Temas;
2. Sistemas de Projeção Cartográfica;
3. Escala e Precisão;
4. Atualização;
5. Atributos;
6. Formas de Armazenamento;
7. Entrada de Dados Gráficos;
8. Topologia.

Tema da Base Geográfica


A base de dados de um SIG é organizada por temas que contêm as característi-
cas gráficas e descritivas de um determinado tipo de informação. O tema, normal-
mente, é um único tipo, ou classe de informação. Por exemplo: solo, vegetação,
geologia, declividade, arruamento, lotes, rede elétrica etc. É representado por uma
única feição gráfica: pontos, linhas ou polígonos. Explicando: o tema “vegetação”
compõe-se pelas delimitações gráficas de manchas de vegetação diferentes e os atri-
butos que descrevem cada um dos tipos de vegetação; o tema “altimetria” compõe-
-se pelos pontos cotados, pelas curvas de nível e pelo atributo da cota altimétrica de
cada um dos elementos gráficos (ROSA & ROSS, 1999).

Portanto, cada base geográfica carrega um tema específico.

Em geral, precisamos de algumas bases geográficas para montar um mapa,


uma cartografia. Porém, quando pensamos em construir um mapa, devemos
identificar seu tema e logo relacionar este tema com a base geográfica que irá
carregar essa informação principal. Por exemplo, caso eu queira construir um
mapa de uso do solo, logo terei que ter uma base geográfica de uso do solo para
formatar essa informação no mapa. É possível agregar outras bases de outros
temas, como limites municipais, estradas, hidrografia etc. para tornar mais efi-
ciente o mapa que estamos construindo, porém, a base principal que carrega
este tema, no caso o uso do solo, deve impreterivelmente compor este mapa.

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Veja a seguir um exemplo de mapa e a identificação do tema da base geo-
gráfica principal.

Figura 1 – Exemplo de mapa mostrando o uso do solo composto pelas feições


de vegetação e áreas operacionais do entorno de uma ferrovia
Fonte: Google Earth Pro, 2010

Neste exemplo da figura acima, o mapa mostra ao uso do solo da área de en-
torno de uma linha ferroviária. A base geográfica principal carrega o próprio tema
do mapa, ou seja, neste caso, temos uma base geográfica que contempla informa-
ções sobre o uso do solo, no qual cada registro contém uma informação atribuída
sobre qual a feição de uso representa. De forma mais simples, uma determinada
área ou vetor que aparece no mapa tem uma informação atribuída sobre o uso
do solo contido neste espaço que, conforme o mapa, pode ser um tipo de vegeta-
ção ou uma infraestrutura operacional da linha ferroviária (conforme a legenda).
O arquivo, ou base geográfica, de uso do solo, neste caso, é um shapefile.

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UNIDADE Modelagem da Base Geográfica

Sistema de Projeção Cartográfica


A definição de um sistema de projeção da base geográfica é essencial para in-
terpretar a localização espacial agregada na base geográfica.

Isso traz várias possibilidades, como a junção de cartas adjacentes e o encaixe


exato dos diversos temas quando sobrepostos (ROSA & ROSS, 1999).

Os sistemas de projeção se utilizam de superfícies geométricas (cilindros, co-


nes, planos etc.) para criar uma representação plana da superfície tridimensional
da Terra.

Esta representação baseia-se em um sistema de coordenadas que torna possível


a representação de qualquer elemento da superfície terrestre. O sistema de projeção
mais utilizado no Brasil para as cartas topográficas em escala 1:250.000 e maiores é
o Sistema UTM (Universal Tranverso de Mercator) que utiliza como superfície auxiliar
um cilindro secante a superfície terrestre. O cilindro transverso secante é aplicado a
cada fuso de 6 graus, dividindo a terra em 60 fusos, numerados a partir do antemeri-
diano de Greenwich.

Figura 2 – Ilustração conceitual de uma projeção utilizando-se o plano secante ao globo


Fonte: Peter H. Dana, 1994

Em escalas menores, os sistemas mais utilizados são os de coordenadas geográ-


ficas. O intuito de se utilizar determinada projeção cartográfica visa não somente
a localização do elemento no plano terrestre, mas também a minimização das
distorções dessa localização e das distâncias com outros elementos. Portanto, de-
pendendo de onde estamos visualizando o objeto no plano terrestre, um sistema

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de projeção será mais ou menos indicado para aquela região do globo. A seguir,
são apresentados alguns exemplos de projeção cartográfica:

Figura 3 – Representação de dois sistemas diferentes na


região da África (UTM à esquerda e geográfica à direita)

Figura 4 – Representação de dois sistemas diferentes observando


todos os continentes. (Robinson à esquerda e Geográfica à direita)

Figura 5 – Representação de sistema de projeção específico para a região do Marrocos, na África

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UNIDADE Modelagem da Base Geográfica

a) b)

Figura 6 – Ilustração conceitual de tipo de projeção cilíndrica(a) e cônica (b)


Fonte: Peter H. Dana, 1994

Ilustração conceitual da visualização de um mapa utilizando um tipo de projeção cônica.


Explor

Disponível em: https://goo.gl/c69G9S.

Portanto, na construção de uma base geográfica, precisamos ficar atentos na


escolha do melhor sistema de projeção a ser adotado, dependendo da escala, exten-
são territorial e a região do globo terrestre que pretendemos localizar os registros
da base geográfica.

Importante! Importante!

Existem vários sistemas de projeção disponíveis, porém, devemos nos concentrar


para os mais comuns utilizados para cartografias com visadas na região do Brasil.
Estas são: o sistema UTM e o sistema de coordenadas geográfica com o SIRGAS 2000
como DATUM de referência.

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Escala e Precisão
A escala é um componente que também precisa ser muito bem analisado na
construção de uma base geográfica. Quanto maior a escala, maior o tempo e o
custo envolvidos na criação da base. Deve-se estabelecer qual a escala necessária
para atender às aplicações propostas e qual o nível de precisão requerida para
esta base de dados (ROSA & ROSS, 1999).

Esta é uma afirmação muito perigosa: “Não é necessária uma base de dados per-
feita para se trabalhar com um Sistema de Informações Geográficas”. Principalmente
se for mal explicada ou interpretada. Se o objetivo da aplicação em SIG é localizar as
melhores rotas para distribuição de pizza, por que se investiria em um recobrimento
aerofotogramétrico digital na escala 1:2.000? Isso implicaria em um custo e um tempo
de preparação tão altos que tornariam o projeto inviável. Uma base do arruamento na
escala 1:5.000, sem muita precisão, mas que tenha todas as ruas e endereços cadas-
trados atenderia, da mesma maneira, a esta necessidade com um custo muito menor.

Se a intenção é trabalhar com cadastro urbano para cobrança de IPTU, uma


base criada com uma qualidade inferior à descrita no exemplo acima (1:2.000)
implicaria em uma série de erros no cálculo das áreas de cada lote, o que, fatal-
mente, também tornaria o projeto inviável.

Explicando melhor a afirmação: realmente não é preciso uma base de dados


“perfeita”, é preciso uma base de dados “adequada” à aplicação proposta, e
isso inclui a definição da escala e a precisão do dado. A base de dados tem que
ser muito bem documentada para que esteja claro até que ponto pode-se con-
fiar nela, quando é necessária uma nova conferência em outras fontes ou em
campo, ou quando não é possível utilizá-la.

Pode-se dizer que o critério utilizado para a análise da escala em bases geográficas
de vetores é o mesmo para imagens raster. Dessa forma, a figura a seguir apresenta
um exemplo das diferentes escalas para imagens, de um lado Landsat de menor re-
solução, de outro, uma imagem Ikonos de alta resolução. Optou-se por este tipo de
exemplo com imagens por ser, neste momento, uma forma mais fácil e didática de
se compreender tais diferenças. De qualquer forma, ratifica-se que a aplicabilidade
nesse caso das escalas é a mesma tanto para vetores quanto para rasters.

Veja que a aplicação de cada uma é inerente à escala que se quer trabalhar.

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UNIDADE Modelagem da Base Geográfica

Exemplo da visualização de imagens raster utilizando escalas diferentes e a pro-


posição e funcionalidade mais adequada:

Figura 7a – Em escala menor, na imagem Landsat Figura 7b – Na imagem Ikonos é mais difícil identificar
identifica-se melhor as manchas urbanas as diferenças dessas feições nessa escala
e adensamentos (em rosa e roxo), além
das manchas de vegetação (em verde)

Figura 7c – Conforme se aproxima a imagem Landsat Figura 7d –No caso das imagens Ikonos, a
vai perdendo a resolução apresentando maiores aproximação vai revelando detalhes antes
distorções entre as manchas não observáveis em escalas menores

Figura 7e – A imagem Landsat bem aproximada Figura 7f – A imagem Ikonos mostra a riqueza de
apresenta distorções e perde a detalhes e a melhor proposição de se trabalhar
funcionalidade nessa escala em escalas maiores com essa imagem
Fonte: Embrapa

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Atualização da Base Geográfica
O grau de atualização também é um tópico importante tanto na construção
quanto na avaliação das bases geográficas.

Manter a base de dados atualizada implica no desenvolvimento de um rígido mé-


todo de trabalho. A aplicação determinará qual o grau de atualização necessária para
cada tema. A evolução do sensoriamento remoto tem dado uma grande ajuda para
aplicações ambientais ou regionais, fornecendo dados a um período cada vez mais
curto de tempo e com precisão cada vez maior (ROSA & ROSS, 1999).

A preservação, ou até mesmo a necessidade de construção, de bases geográ-


ficas representando períodos passados favorece a análise histórica dos aconte-
cimentos, o que pode revelar tendências, explicações sobre fenômenos atuais e
até mesmo o conhecimento de formações antigas.

O IBGE, por exemplo, administra um banco de dados com informações histó-


ricas demográficas das cidades. A periodicidade dessas informações é decenal no
geral. É possível comparar dados de 1980 com 2010.

Nos últimos anos, o IBGE percebeu a necessidade de se registrar o contingen-


te populacional das cidades em períodos mais curtos de tempo, porém, utilizando
estimativas como método. Esta é uma forma diferente de se construir o mesmo
dado decenalmente censeado. A preocupação, neste caso, deve ser com a com-
parabilidade da informação, pois critérios e métodos diferentes na construção da
base podem gerar distorções nos resultados analíticos.

Importante! Importante!

A definição da periodicidade de atualização versus os métodos e critérios utilizados em


cada período histórico de criação da base geográfica deve observar os demais 7 tópicos
apresentados na aula. De preferência, todos os demais tópicos devem ter critérios iguais,
ou minimamente semelhantes nas atualizações e períodos de construção da base.

Portanto, os critérios de atualização da base geográfica que devem ser obser-


vados são:
• Periodicidade: é importante determinar o período para atualização da base
geográfica quando o intuito for o de gerar dados históricos, ou de determinar
qual a data possível, ou mais indicada para a construção de uma determinada
base para determinado propósito;
• Método de atualização: os métodos para construção da base devem mini-
mamente ser mantidos na atualização dos dados, ou, pelo menos, criados
critérios que possam tornar as bases de períodos diferentes comparáveis.

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UNIDADE Modelagem da Base Geográfica

Atributos da Base Geográfica


Ainda no processo de modelagem da base, definem-se quais atributos serão
criados para cada tema. É importante selecioná-los de acordo com as aplicações
previstas, para que futuramente elas não fiquem restritas à base de dados por fal-
ta de informações, ou para que não existam dados desnecessários, aumentando
o tempo e o custo de criação desta base (ROSA & ROSS, 1999).

Os atributos definidos para uma base geográfica devem, evidentemente, que


estar atrelados ao tema da base geográfica. Por exemplo, na construção de uma
base geográfica de unidades de conservação do Estado de São Paulo, podemos
imaginar que o nome da unidade de conservação e sua categoria seriam atribu-
tos importantes para essa base. Na construção de uma base geográfica com o
tema hidrografia, o tipo de corpo hídrico (rio, córrego, ribeirão) seria um atribu-
to a ser considerado, bem como o nome do corpo hídrico.

Além de definir quais atributos devem compor a base geográfica, torna-se ne-
cessária a definição de formato do campo do atributo. Esse procedimento ajuda
a manter a qualidade e integridade das informações da tabela de atributos. Por
exemplo, em uma base geográfica de hidrografia, o campo tipo de corpo hídri-
co pode ser formatado para receber letras e números, mas, com limite de até
cinquenta caracteres. Um atributo de extensão do corpo hídrico para a mesma
base pode estar formatada para receber apenas números decimais.

É muito importante, também, a definição de uma codificação que identifique e in-


dividualize cada entidade gráfica como um único elemento ou como uma única classe
de elementos. Para isso, deve ser criado um campo-chave que identifica o registro de
forma única. Geralmente, os softwares utilizados na construção de uma base geo-
gráfica já carregam essa funcionalidade automaticamente. Porém, sugere-se que seja
criado um campo-chave próprio além daquele gerado automaticamente, para am-
pliar as possibilidades de processamento da base geográfica. Um exemplo bastante
típico de campo-chave é o código do IBGE para os municípios brasileiros. Note que
o código do município nunca se repete, mesmo que sejam criados novos municípios.

Formas de Armazenagem
Existem diversas formas de armazenamento dos dados em formato digital,
cada uma com características específicas, mais apropriadas para determinados
elementos e/ou aplicações (ROSA & ROSS, 1999).

Em especial, temos comentado sobre dois formatos mais usuais para as bases
geográficas, sendo:
• Formato Vetorial – Segundo Bertin (1977), uma superfície plana pode conter
três tipos de figuras geométricas utilizadas na representação gráfica: o ponto,
a linha e o polígono;

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• Formato Matricial ou Raster – O modelo matricial, também chamado
de “raster” ou estrutura celular, armazena todas as informações dentro de
uma malha, ou grid, composta por um determinado número de linhas e co-
lunas onde cada célula representa uma porção do documento, denominada
pixel (picture x element). O valor associado a cada pixel é uma potência
de base 2 o qual é denominado nível de cinza, sendo que zero representa
preto e o máximo valor (2 n-1) representa branco, onde “n” é o número
de bits utilizado na representação digital, que varia de 2, 4, 6 ou 8, que
representam 2, 16, 64 e 256 diferentes níveis de cinza respectivamente
(QUINTANILHA, 1995). Este formato de dados é normalmente utilizado
para armazenar, em meio digital, imagens, fotografias aéreas ou imagens
de satélite, ou dados que possuem uma variação contínua, como os mode-
los digitais do terreno.

Existem outros formatos possíveis de serem trabalhados em SIG, como, por


exemplo, GRID, que se assemelha com os formatos Raster, ou MDE (Modelo Di-
gital de Elevação). Atualmente, temos também o formato LAS (Laser Scanning).

Entrada de Dados Gráficos


O processo de entrada de dados envolve a conversão de dados oriundos de dife-
rentes fontes para o formato digital que será incorporado a um BDG. Os processos
de aerolevantamento e interpretação de imagens de satélite atualmente já podem
dar origem a produtos em formato digital nos casos da execução de uma restituição
digital (ROSA & ROSS, 1999).

Outro processo comum é o levantamento topográfico, através da forma tradi-


cional, por teodolitos, ou através de GPS (Global Position System). Atualmente,
há tecnologias para levantamento topográfico com o uso de equipamentos laser
scanner que permitem a captação de uma imagem-mosaico formada por uma
nuvem de pontos com espaçamento de 3mm entre eles, e informações tridi-
mensionais. Existem maneiras e métodos de transformar diretamente em mapas
digitais os dados coletados com estes equipamentos.

Outra forma, mais primária de conversão de dados é a partir da digitalização de


cartas existentes em formato analógico (ROSA & ROSS, 1999).

A digitalização em mesa consiste no processo de conversão de dados para o for-


mato vetorial através da utilização de uma mesa digitalizadora, também conhecido
apenas por digitalização. Este equipamento consiste em uma superfície sensora plana,
sob a qual existe uma rede ortogonal utilizada para determinar impulsos elétricos den-
tro de cada célula dessa rede. Esse sinal elétrico geralmente é transmitido através do
acionamento de um cursor que, ao percorrer a superfície da mesa, indica sua posição
(QUINTANILHA, 1995). O digitalizador se utiliza desta capacidade para movimentar
o cursor seguindo os elementos que deseja introduzir no computador. A mesa digitali-

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UNIDADE Modelagem da Base Geográfica

zadora capta e transfere ao computador a coordenada de cada ponto. O computador


pode processá-la, convertendo a um sistema de coordenadas previamente estabeleci-
do ou apenas armazená-la (ROSA & ROSS, 1999).

Hoje em dia, a mesa digitalizadora foi substituída pelo escaneamento das plantas
e o tratamento diretamente no arquivo digital. Dessa forma, a digitalização pode ser
feita com recursos disponíveis diretamente no software sobre a imagem escaneada.

Outras formas disponíveis envolvem a conversão de dados de planilhas con-


tendo as coordenadas geográficas, no qual o sistema poderá plotar o registro de
forma georreferenciada.

Figura 8 – GPS

Figura 9 – Laser Scanner Figura 10 – Estação Total


Fonte: iStock/Getty Images

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Figura 11 – Satélite Figura 12 – Drone
Fonte: iStock/Getty Images Fonte: iStock/Getty Images

Rasterização/Vetorização
O processo de rasterização consiste na conversão de elementos do meio analógico
para o formato raster. Realiza-se este processo através de um scanner, equipamento
capaz de criar imagens raster, através da absorção e reflexão de luz por determinado
documento. As partes mais escuras absorvem a luz, enquanto as claras a refletem
(ROSA & ROSS, 1999).

São necessários ajustes nos elementos a serem escaneados. No caso de uma


fotografia ou imagem de satélite, deve-se realizar o registro, que consiste na
criação de referências da imagem raster a um sistema de coordenadas e a retifi-
cação, que ajusta esta imagem às coordenadas reais.

Os elementos escaneados podem ainda necessitar de uma conversão para o


formato vetorial, quando se tratam de mapas. Este processo de vetorização pode
ser executado de três formas diferentes:
• Manual: A imagem raster é utilizada somente como um pano de fundo que
serve de orientação para que o usuário faça a digitalização sobre a própria
tela do computador;
• Semiautomática: Trabalha com imagens em branco e preto. O sistema
identifica sequências de células do mesmo valor na imagem para geração das
linhas e o usuário intervém nos momentos onde existem bifurcações, para
orientá-lo por onde seguir;

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UNIDADE Modelagem da Base Geográfica

• Automática: O computador converte todas as células de um mesmo valor


em elementos vetoriais. O resultado sempre apresenta falhas ou ruídos que
devem ser eliminados com um tratamento posterior. Todos os textos, símbo-
los e sujeiras presentes no mapa-fonte são convertidos em arcos.

Figura 13 – Exemplo de imagem interpretada (imagem original


à direita e vetores interpretados manualmente à esquerda)
Fonte: Google Earth Pro, 2010

Topologia
A topologia é uma característica fundamental da base geográfica. Ela é a
capacidade de identificação das relações especiais existentes entre os diversos
elementos gráficos.

É responsável por características como a conectividade e o estabelecimento


da direção dos arcos, a identificação e criação dos polígonos a partir de uma
série de arcos conectados e fechados e a adjacência entre os polígonos que
compartilham um mesmo arco. No processo de criação da topologia, cada ele-
mento é diferenciado e identificado, o que torna possível associar-lhe atributos
descritivos. Esta relação entre elementos gráficos e seus atributos alfanuméri-
cos é o ponto de partida para os SIGs (ROSA & ROSS, 1999).

Ao criar uma base geográfica, a topologia deve estar corretamente construída.


Há regras a serem observadas para que não haja erro de topologia na base geo-
gráfica, a maioria envolvendo os vetores de polígonos.

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Algumas regras topológicas para polígonos:
• Não devem sobrepor.
• Não devem conter fendas;
• Não devem conter geometrias inválidas;
• Não devem conter duplicatas.

Algumas regras topológicas para linhas:


• Não devem interceptar-se;
• Não devem conter duplicatas;
• Não devem conter geometrias inválidas.

Algumas regras topológicas para pontos:


• Não devem conter duplicatas;
• Não devem conter geometrias inválidas;
• Não devem ter geometrias multiparte.

Outras regras podem ser incorporadas pelo operador, buscando maior quali-
dade nos dados produzidos.

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UNIDADE Modelagem da Base Geográfica

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Processamento Digital
Na página “Processamento Digital”, canal da internet de conteúdo voltado à geo-
grafia e geoprocessamento, você encontra apostilas com mais informações sobre
regras topológicas.
https://goo.gl/EinPiL
IBGE
Veja no site do IBGE as diferentes pesquisas populacionais (censo demográfico, esti-
mativas, contagem, projeções etc.) e compare os métodos utilizados para calculo de
cada uma.
https://goo.gl/R4uqMQ
EngeSat
A empresa Engesat apresenta em sua página exemplos e descrição dos diferentes
produtos provenientes de imageamento por satélite e suas funcionalidades.
https://goo.gl/bhHeFM

Leitura
Geodatabase Topology Rules
Outra fonte bastante interessante sobre regras topológicas pode ser encontrada no site
da ESRI.
https://goo.gl/jPkhti

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Referências
BERTIN, J. La Graphique et lê Traitement Graphique de L’Information.
Paris, Flammarion, 1977.

QUINTANILHA, J.A. Entrada e Conversão de Dados: Processos de Construção


de Bases Digitais de Dados Espaciais. Anais III Simpósio Brasileiro de Geoproces-
samento, 1995.

ROSA, M.R.; ROSS, J.L. Aplicação de SIG na geração de cartas de fragilidade.


Revista do Departamento de Geografia. n.13, São Paulo ,1999.

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