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Topografia

EDUCAÇÃO SUPERIOR
Modalidade Semipresencial
Monica Midori Marcon Uchida Sguazzardi

Topografia

São Paulo
2018
Sistema de Bibliotecas do Grupo Cruzeiro do Sul Educacional
PRODUÇÃO EDITORIAL - CRUZEIRO DO SUL EDUCACIONAL. CRUZEIRO DO SUL VIRTUAL

S535t
Sguazzardi, Monica Midori Marcon Uchida.
Topografia. Monica Midori Marcon Uchida Sguazzardi. São Paulo:
Cruzeiro do Sul Educacional. Campus Virtual, 2018.
96 p.

Inclui bibliografia
ISBN: (e-book)

1. Topografia. 2. Engenharia civil. I. Cruzeiro do Sul Educacional.


Campus Virtual. II. Título.
CDD 526.98

Pró-Reitoria de Educação a Distância: Prof. Dr. Carlos Fernando de Araujo Jr.

Autoria: Monica Midori Marcon Uchida Sguazzardi

Revisão Técnica: Erika Gambeti Viana

Revisão Textual: Selma Aparecida Cesarin, Luciano Vieira Francisco

2018 © Cruzeiro do Sul Educacional. Cruzeiro do Sul Virtual.


www.cruzeirodosulvirtual.com.br | Tel: (11) 3385-3009
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização
por escrito dos autores e detentor dos direitos autorais
Plano de Aula

Topografia

SUMÁRIO
9 Unidade 1 – Conceitos Básicos e Instrumentação

23 Unidade 2 – Escalas e Cálculos de Área

37 Unidade 3 – Altimetria

53 Unidade 4 – Goniometria

69 Unidade 5 – Planimetria

83 Unidade 6 – Levantamentos Topográficos


PLANO DE
AULA

Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem Conserve seu
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua material e local de
formação acadêmica e atuação profissional, siga estudos sempre
algumas recomendações básicas: organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
Assim: de se alimentar
e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da hidratado.
sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário
fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.

6
Objetivos de aprendizagem
Conceitos Básicos e Instrumentação
Unidade 1

» Familiarizar-se com a topografia;


» Conhecer os instrumentos mais utilizados;
» Desenvolver o senso crítico para realizar levantamentos;
» Desenvolver a habilidade de trabalhar com diferentes unidades de medida, atentando-se a não cometer erros
de conversão.

Escalas e Cálculos de Área


Unidade 2

» Familiarizar-se com as várias unidades de medidas utilizadas na topografia;


» Desenvolver habilidades para evitar erros grosseiros em levantamentos;
» Conhecer os conceitos de escala numérica e cartográfica;
» Transitar entre os tamanhos real e em escala sem dificuldades;
» Conhecer os métodos para os cálculos de área de poligonais e de terrenos com formas irregulares.
Unidade 3

Altimetria
» Conhecer as medidas realizadas em campo através de um nível para a aplicação do nivelamento topográfico;
» Conhecer os tipos de nivelamento, as cadernetas de campo, os cálculos e os gráficos derivados das observações
em campo.

Goniometria
Unidade 4

» Conhecer as medidas angulares realizadas em campo, as orientações e direções das observações.


» Aprender a se localizar e a localizar as medidas em campo por meio dos ângulos.
» Aprender a observar e a calcular coordenadas importantes para a criação de plantas e documentos topográficos.

Planimetria
Unidade 5

» Aprender sobre o uso da Estação Total, a tomada de dados e a construção de poligonais em um plano cartesiano;
» Apresentar outro método de cálculo de área, baseado nas coordenadas e nos erros envolvidos.

Levantamentos Topográficos
Unidade 6

» Ter contato com vários tipos de levantamentos e aprenderá a planejar e documentar cada um deles, de acordo com as
suas necessidades.

7
1
Conceitos Básicos e Instrumentação

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Monica Midori Marcon Uchida Sguazzardi

Revisão Técnica:
Prof.ª Esp. Erika Gambeti Viana

Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Conceitos Básicos e Instrumentação
UNIDADE
1
Introdução
O propósito da topografia – ou geomática, como vem sendo também denominada
nos últimos anos – é realizar medidas de distâncias, ângulos e desníveis para uma
reprodução do terreno em um mapa em duas ou três dimensões ou a sua descrição
em documentos oficiais.

Segundo historiadores, as primeiras medições topográficas foram registradas


por Heródoto e datam de aproximadamente 1400 a.C., no Antigo Egito, onde
o faraó ordenou que as terras fossem loteadas para a cobrança de impostos e
avaliação de prejuízos após as cheias do rio Nilo.

Os gregos e os romanos também demarcavam as suas terras e vários tratados


foram escritos, como Dioptra, de Heron de Alexandria, descrevendo as técnicas de
agrimensura e de cálculos geométricos, no século I d.C., onde versões rudimentares
de odômetros e teodolitos são descritos.

Grande parte dos registros sobre topografia na Antiguidade datam do Império


Romano, onde os agrimensores – que realizavam as funções de topógrafos
– mensuravam e escolhiam os melhores locais para a construção de pontes,
aquedutos, estradas, templos e edificações romanas.

Você consegue pensar em outros ramos que não a agrimensura e a construção civil, onde
Explor

os antigos romanos aplicavam os conhecimentos de seus topógrafos? Na Roma Antiga, os


topógrafos também trabalhavam nos frontes de batalha, pois calculavam as declividades
dos terrenos a aplicavam seus conhecimentos na artilharia, através do cálculo das trajetórias
que os projéteis lançados deveriam fazer para atingir o inimigo.

Instrumentos de Campo
Ao longo dos séculos, muita coisa mudou nos instrumentos utilizados pelos
topógrafos. Nos tempos atuais, os instrumentos mais utilizados são:
• Trena – medidor de distância graduado, pode ser encontrado em fita ou
digital (laser);

Figura 1 – Trenas de fita e digital


Fonte: Divulgação

10
• Estacas e piquetes – pequenas varas utilizadas para demarcar e identificar
vértices em campo;

Figura 2 – Estacas
Fonte: Divulgação

• Baliza topográfica – bastão com nível bolha utilizado para alinhamentos;

Figuras 3 – Baliza topográfica e nível bolha


Fonte: Divulgação

• Prumo – para conferir o alinhamento vertical;

Figura 4 – Fio de prumo


Fonte: iStock/Getty Images

11
Conceitos Básicos e Instrumentação
UNIDADE
1
• Nível bolha – instrumento utilizado para conferir o alinhamento horizontal;

Figura 5 – Nível bolha tubular e circular


Fonte: iStock/Getty Images

• Nível topográfico – equipamento colocado sobre um tripé, utilizado para ler


a altura de um ponto demarcado sobre um piquete com uma mira;

Figura 6 – Topógrafo utilizando um nível topográfico


Fonte: iStock/Getty Images

• Mira – régua graduada e extensível, cuja leitura deve ser realizada através da
observação com o nível;

Figura 7 – Mira extensível


Fonte: Divulgação

12
• Teodolito – equipamento utilizado para realizar leituras de distância horizontal
e ângulos verticais, pode ser mecânico ou digital;

Figura 8 – Teodolitos digital e mecânico


Fonte: iStock/Getty Images

• Bússola – instrumento que se utiliza do campo magnético terrestre para se


orientar, composta por uma agulha feita de material magnetizado que pode
girar livremente, indicando sempre o eixo Norte-Sul devido à sua interação
com o mencionado campo magnético da Terra;

Figura 9 – Bússola
Fonte: Divulgação

• Estação total – equipamento similar ao teodolito, que realiza leituras digitais


de ângulos, distâncias, além de cálculos de projeções, armazenando as infor-
mações obtidas;

Figura 10 – Estação total


Fonte: iStock/Getty Images

13
Conceitos Básicos e Instrumentação
UNIDADE
1
• Global Positioning System (GPS) – sistema de posicionamento global,
instrumento que recebe e envia sinais via satélite para fornecer a geolocalização
(posição sobre a Terra) precisa e o tempo exato.

Figura 11 – Sistema de Posicionamento Global (GPS)


Fonte: Divulgação

Levantamentos
As medições topográficas são realizadas in loco, ou seja, diretamente no local
de interesse e são chamadas de levantamento. Existem, basicamente, dois tipos de
levantamento, planimetria e altimetria:
• Planimetria – levantamento das distâncias horizontais e dos ângulos das áreas
formadas pela projeção do relevo no plano topográfico;

Figura 12 – Exemplo de planimetria, onde são analisadas as


formas do relevo e da ocupação projetada em um plano
Fonte: Acervo do conteudista

14
• Altimetria – levantamento dos declives e das diferenças de nível no plano
vertical do terreno.

Figura 13 – Levantamento altimétrico


Fonte: Acervo do conteudista

Levantamentos Planimétricos Mais Utilizados


• Triangulação – decompor o terreno em triângulos, utilizando trena e baliza
para medir as distâncias;

Figura 14 – Triangulação topográfica


Fonte: Acervo do conteudista

15
Conceitos Básicos e Instrumentação
UNIDADE
1
• Irradiação – utiliza-se de um sistema de coordenadas (polares) centrado no
teodolito ou na estação total, que observa pontos do perímetro do terreno.
Geralmente é utilizado para áreas pequenas e pouco acidentadas;
2
1
2 3
1
3 5

5 A
4
Dentro do perímetro 4 Fora do perímetro

A
Figura 15 – Pontos irradiados dentro e fora do perímetro
Fonte: Acervo do conteudista

• Poligonação – inicia-se com as medidas de um ponto da poligonal, formadas


pelo perímetro do terreno e mede-se as distâncias lineares e angulares para o
próximo ponto.

Figura 16 – Poligonação
Fonte: Acervo do conteudista

16
Levantamentos Altimétricos Mais Utilizados
• Nivelamento – medida das diferenças de nível através da distância vertical de
um ponto até um plano de referência;

Figura 17 – Nivelamento
Fonte: Acervo do conteudista

• Curvas de nível – curvas que interligam pontos com a mesma distância vertical
de um plano de referência.

Figura 18 – Curvas de nível


Fonte: Acervo do conteudista

O levantamento topográfico completo de uma região é dado pela planialtimetria,


que é a junção dos dois levantamentos: o planimétrico, onde é realizada a projeção
plana do terreno, com as medidas de todas as distâncias, ângulos e perímetros; e o
altimétrico, com as cotas e curvas de nível para o relevo do terreno.

17
Conceitos Básicos e Instrumentação
UNIDADE
1
Segurança nos Trabalhos de Campo
Como já mencionado, os levantamentos topográficos são realizados nos próprios
locais onde é necessária a aplicação das medidas. Assim, é muito importante que o
topógrafo tenha em mente os fatores ambientais que interferirão no seu trabalho.

Muitos levantamentos de controle são realizados em canteiros de obras, rodovias,


túneis, trilhos de trens ou outros locais onde a atenção deve ser redobrada para
evitar acidentes ou danificar instrumentos.

Os fatores naturais também devem ser levados em conta quando o levantamento


se realizar em campo aberto, matas, florestas, beiras de rios, montanhas e outros
lugares ermos, pois nesse caso é muito importante o uso de equipamentos de
segurança, roupas adequadas e kits de sobrevivência para evitar insolação, desidra-
tação, picadas de animais peçonhentos, desnorteamento, inundações, eletrocução
por raios e fios de alta tensão etc.

Sobre esse assunto, confira o artigo de Luís Antônio dos Santos, intitulado Análise de risco
Explor

em levantamentos topográficos e georreferenciamento de imóveis rurais, publicado na


Revista Geodireito, em setembro de 2014, e disponível em: https://goo.gl/O1cV2H

Unidades de Medida
Sem dúvida, as grandezas mais utilizadas pelos topógrafos são o metro e os seus
múltiplos, além dos ângulos e de suas frações. Um topógrafo não trabalha somente
com as medidas realizadas no local onde seriam utilizados metros ou quilômetros,
mas também com as descrições das áreas levantadas em mapas, cartas e plantas.
Assim, o uso de escalas de conversão é necessário e as unidades de medida são
transformadas em milímetros ou centímetros. Por isso, é muito importante que
você esteja familiarizado(a) com as conversões entre as diversas unidades de medida
desses padrões.

Medidas de Distância

1 metro (m) = 100 centímetros (cm) = 1.000 milímetros (mm).


1 quilômetro (km) = 1.000 metros (m).
Exemplo: a distância entre dois lados de um terreno é de 13.500 cm. Qual é essa
distância em metros? E em quilômetros?

18
Resolução:
Nesse caso, para encontrarmos o valor em metros e quilômetros, basta realizar uma
regra de três simples para cada um dos quais:
1m ----- 100 cm
X ----- 13500 cm
100x = 13500
X = 13500 / 100 = 135 m

1 km ----- 1000 m
X ----- 135m
1000x = 135
X = 135 / 1000 = 0,135 km

Quando tratamos de área do terreno, a conversão não é mais linear, e sim


quadrática.

1 m² = 104 cm²
1cm² = 10² mm²
1 km² = 106 m²
Exemplo:
O Estado do Espírito Santo possui, aproximadamente, 46.000 km². Qual é a sua área
em m²?
Resolução:
46.000 km² podem ser escritos como 4,6 x 104 km², então, realizando a regra de
três, temos:
1 km² ----- 106 m²
4,6 x 104 km² ----- x
1x = 4,6 x 10 x 10
4 6

X = 4,6 x 1010 m²

Medidas Angulares
As medidas angulares podem ser realizadas em radianos, graus ou grados, sendo
definidas como a região determinada pela interseção entre duas semirretas contidas
no mesmo plano.

Os ângulos podem ser escritos como números decimais ou frações de grau


chamadas de minutos de arco (´) e segundos de arco (´´). Por exemplo: podemos
escrever 67,5° ou 67° 30’, sendo um minuto de arco equivalente a 1/60 de grau
e um segundo de arco equivalente a 1/3600 de grau.

19
Conceitos Básicos e Instrumentação
UNIDADE
1
A divisão do grau em minutos e segundos de arco utiliza uma base hexadecimal,
como aquela que empregamos para as horas. Então, 0,5° é diferente de 50’ pois 0,5°
corresponde a 30’. Ou seja, 1° = 60’ e 1’ = 60’’
Exemplo:
Um topógrafo usa um teodolito para medir a distância angular entre dois pontos do
terreno e encontra o valor de 56,458°. Qual é o valor do ângulo em graus, minutos
e segundos?
Resolução:
O valor inteiro 56° não se altera, mas para calcular minutos e segundos iremos,
novamente, nos valer da regra de três.
Assim, ao retirarmos a parte inteira (56°) nos restará 0,458°.
1° ----- 60’
0,458° ----- x
X = 0,458 * 60
X = 27,48
Então, teremos 56° 27,48´. Utilizaremos o mesmo raciocínio para calcular os
segundos, ou seja, retiraremos a parte inteira dos minutos e ficaremos apenas com
os decimais. Logo, teremos: 27´ (minutos inteiros) e 0,48´ (que será transformado
em segundos):
1´ ----- 60’’
0,48´ ----- x
X = 0,48 * 60
X = 28,8´´
Então, teremos: 56° 27´28,8´´
Exemplo:
O ângulo formado em um dos vértices de uma poligonal é igual a 95° 21´54´´. Qual
é o seu valor em graus e décimos de grau?
Neste caso, adotaremos o procedimento inverso ao exercício anterior, de modo
que devemos transformar 54´´ em minutos e somá-los aos 21´ para, a seguir,
transformá-los em graus:
1´ ----- 60´´
X ----- 54´´
60x = 54
X = 54 / 60 = 0,9’
Então, teremos:
21´ + 0,9´ = 21,9´
1° ----- 60’
X ----- 21,9´
60x = 21,9
X = 21,9 / 60 = 0,365°
Logo:
95° + 0,365° = 95,365°

As calculadoras científicas possuem funções que re-


alizam as conversões de graus decimais para graus,
minutos e segundos. Não é um problema que você
faça uso da calculadora, mas é importante que você
saiba como tais conversões são realizadas a fim de
poder estimar se os seus cálculos e medições estão
ou não dentro das expectativas.

20
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Topografia Aplicada na Execução da Terraplanagem de um Projeto Viário
Artigo explicativo de Adriana Pires Pereira, Reginaldo Adair Justino e Ricardo de Moura
Costa, com ilustrações e descrições dos procedimentos utilizados em um levantamento
topográfico para a execução de um projeto rodoviário.
https://goo.gl/SXuTR2
Site Da Associação das Empresas de Topografia do Estado de São Paulo (Aetesp)
Reúne as principais empresas de topografia do Estado paulista, podendo-se encontrar
maiores informações sobre o mercado de trabalho e serviços prestados por empresas
de topografia.
http://www.aetesp.com.br

Vídeos
Topografia Noção Base Estação
Entrevista com topógrafos do metrô de São Paulo, os quais explicam o funcionamento
da estação total e de alguns outros instrumentos.
https://youtu.be/CBvpo-2G7jQ
Topografia em Loteamentos Urbanos l Rurai
Entrevista com o geógrafo Thiago Santana, quem explica a importância da topografia
para loteamentos urbanos e rurais.
https://youtu.be/rqukpkA09D0
Como demarcar um Lote utilizando uma Estação Total
https://youtu.be/gCZeQqALUsc

Leitura
Execução de Levantamento Topográfico
Texto com as normas, especificações e procedimentos da Norma Brasileira (NBR)
13133, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
https://goo.gl/XMgvgr

21
Conceitos Básicos e Instrumentação
UNIDADE
1
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13133 – execução
de levantamento topográfico. Rio de Janeiro, 1994.

BORGES, A. C. Exercícios de topografia. São Paulo: Edgard Blücher, 1997.

________. Topografia aplicada à Engenharia Civil. v. 1-2. São Paulo: Edgard


Blücher, 1992.

GHILANI, C. D.; WOLF. P. R. Geomática São Paulo: Pearson, 2014.

VEIGA, L. A. K.; ZANETTI, M. A. Z.; FAGGION P. L. Fundamentos de topografia.


Curitiba, PR: UFPR, 2012.

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2
Escalas e Cálculos de Área

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Monica Midori Marcon Uchida Sguazzardi

Revisão Técnica:
Prof.ª Esp. Erika Gambeti Viana

Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Escalas e Cálculos de Área
UNIDADE
2
Unidades de Medida
As unidades de medida mais utilizadas na topografia são o metro e seus múltiplos
e graus e suas frações. Apesar disso, outras unidades de comprimento e área são
importantes, tais como acres, hectares e alqueires.

Você Sabia? Importante!

Que no Brasil existe uma grande confusão com a medida de alqueires? O alqueire era
o nome dado ao cesto que os animais carregavam no dorso para transportar cereais.
Com o tempo, surgiu a medida alqueire, que era a área de plantio necessária para que
se pudesse colher uma quantidade de grãos suficientes para encher os cestos. Você
pode imaginar a confusão que se cria se o tamanho do cesto não for padronizado, ou
se considerarmos a quantidade total de cestos trasportados por um animal ao invés
de um único cesto? Pois é, foi exatamente isso que aconteceu no Brasil colonial, dan-
do origem a diferentes tipos de alqueires. O alqueire paulista (24.200 m²), o alqueire
mineiro (48.400 m²), o alqueire do Norte (27.225 m²), o alqueire baiano (96.800 m²)
e o alqueire goiano (193.600 m²).

A unidade de medida de área no sistema internacional é o metro quadrado


(m²), mas em topografia é comum utilizarmos algumas medidas agrárias. Além do
alqueire, uma medida muito utilizada é o hectare. Um are é a área equivalente a
um quadrado de lado 10 m, ou seja, 100 m², logo, um hectare é equivalente a 100
ares, então temos: 100 x 100 m² = 10000 m². O acre é uma unidade de medida
de área muito antiga, utilizada desde os tempos medievais, principalmente nos
países de língua inglesa e equivale a 4.046,86 m².

Algarismos Significativos
Algarismos significativos são os números que trazem informações sobre a medida
em questão. Zeros à esquerda não são considerados algarismos significativos se
aparecem antes de qualquer número. Por exemplo, os números a seguir possuem
três algarismos significativos – em cada caso:
• 845;
• 0,0127;
• 0,650;
• 100.

Importante! Importante!

Zeros à direita são algarismos significativos pois trazem informações sobre a gran-
deza medida.

24
Em topografia devemos utilizar todos os algarismos significativos disponíveis
para a leitura nos instrumentos e no final arredondar o resultado para o número de
algarismos significativos designados previamente.

Escalas
Inconsciente quando desenhamos o mapa de uma cidade ou de ruas para
explicar o caminho de casa para um amigo, estamos criando uma escala imaginária
em nosso pensamento, onde cada traço no papel corresponde a uma distância.
A escala pode ser maior ou menor dependendo do meio de locomoção. Quando
pensamos em um trajeto realizado de carro – envolvendo distâncias maiores –, o
valor real correspondente a cada traço é maior do que o valor real correspondente
ao tamanho do traço em um trajeto feito a pé – envolvendo distâncias menores.

Uma escala é definida pela razão desenho sobre real:


Desenho
Escala =
Real

Então, uma escala traz sempre a relação entre o desenho no mapa e o tamanho
real, ou seja, quantas vezes o tamanho real foi reduzido ou aumentado. Quando a
escala é de redução, é sempre precedida pelo número 1, por exemplo, 1:1000 (lê-
-se um para mil), significa que 1 unidade no desenho corresponde a 1.000 unidades
no real. Lembre-se que as unidades utilizadas para os números da escala devem
sempre ser as mesmas. Assim, na escala 1:200 para cada 1 cm no desenho, temos
200 cm no real, isto é, cada 1 cm do desenho equivale a 2 m no real. Quando a
escala é de ampliação, temos o número 1 após os dois pontos, por exemplo, 5:1,
onde cada 5 unidades do desenho equivalem a 1 unidade real.

Em topografia as escalas mais utilizadas são de redução, podendo aparecer


indicadas de diversas maneiras, entre as mais utilizadas, temos:
• Escala numérica: é a escala que utilizamos no exemplo acima, 1:1000;
• Escala gráfica: é a escala onde a unidade aparece estampada no mapa:

1 : 500 000 (1cm = 5km)


0 5 10 15 20 25 30 35

1 : 250 000 (1cm = 2,5km)


0 2,5 5 7,5 10 12,5 15 17,5

Figura 1 – Exemplos de escalas gráficas

25
Escalas e Cálculos de Área
UNIDADE
2
Você Sabia? Importante!

Que as escalas são sempre indicadas nos mapas? Estas podem ser apontadas de diver-
sas maneiras. Procure alguns mapas na internet, livros e revistas e observe as escalas
utilizadas. Você acha a escala em que esses mapas foram desenhados adequada? Re-
flita a esse respeito.

Exemplo:

Em um mapa com escala 1:50000 a distância em linha reta entre duas cidades
é medida com uma régua e o seu valor é de 8,2 cm. Qual é a distância real entre
as cidades em quilômetros?

Para resolver este exercício devemos lembrar da fórmula vista anteriormente:


Desenho
Escala =
Real

Então, substituímos os valores, lembrando que o valor medido no desenho –


mapa – está em centímetros, logo, o valor real encontrado também estará em
centímetros, de modo que será necessária uma conversão:

1 8, 2 ( cm )
=
50000 Real

Assim, o valor real será:


Real = 8,2 × 50000 = 410000 cm

Realizando a conversão, temos que 410.000 cm equivalem a 4.100 m, que são


equivalentes a 4,1 km.

Exemplo:

Uma equipe está desenhando um mapa rural de uma região. Sabendo que o
tamanho real de uma estrada de terra retilínea é de 15 km, qual deve ser a escala
utilizada no mapa para que, no desenho, possua um tamanho de 20 cm?

Neste caso, devemos fazer a operação contrária, mas sempre lembrando de


utilizar as mesmas unidades:

Desenho 20 ( cm ) 0, 2 ( cm )
Escala = = =
Real 15 ( km ) 15000 ( m )

Para simplificar, transformamos as duas unidades em metros, então teríamos uma


escala de 0,2:15000, mas vimos que as escalas de redução, em geral, iniciam-se
com o número 1. Então, para que isso aconteça, retornaremos a forma fracionária
a fim de simplificar a fração para encontrar o número 1 no numerador.

26
( m)
0, 2
Escala = , para tanto, devemos dividir o numerador e o denominador
15000 ( m )
por 0,2, ou seja, o valor que está presente no numerador:

( m) ÷ 0, 2
0, 2
=
1
( m) ÷ 0, 2
15000  7500

Então, para que a estrada de 15 km tenha um comprimento de 20 cm no mapa,


devemos utilizar uma escala de 1:7500.

Para que você se ambiente, temos a seguir um Quadro com escalas comumente
utilizadas na topografia, mas lembre-se que estas não devem, por força, seguir tal
padrão, pois cada topógrafo pode optar livremente pela escala que desejar utilizar,
dependendo de suas necessidades.

Tabela 1
Plantas e mapas Escalas
Casas e terrenos urbanos 1:50
Edifícios e condomínios 1:100 - 1:200
Bairros 1:500 - 1:1000
Plantas rurais 1:1000 - 1:5000
Cidades pequenas 1:10000 - 1:25000
Cidades grandes 1:50000 - 1:100000
Estados, regiões e países 1:200000 - 1:10000000
Fonte: elaborado pela professora conteudista

Erros nas Observações


Quando realizamos qualquer medição estamos sujeitos a várias fontes de erros.
Na topografia não poderia ser diferente. Assim, existem três tipos de fontes de
erros padrão:
• Ambientais: são causados pelo ambiente onde as medidas são realizadas. Tem-
peratura, umidade, vento, chuva, por exemplo, podem interferir nas observa-
ções realizadas pelo topógrafo (como dificuldade de observação), como também
podem interferir nas condições físicas do instrumento (dilatação de materiais);
• Pessoais: são erros causados pelo observador, conhecidos como falhas
humanas. Podem ser desde simples erros de leitura ou falta de atenção, até
incapacidade de operar instrumentos ou mau posicionamento dos mesmos;
• Instrumentais: são causados por mau funcionamento dos instrumentos.
Podem existir vários fatores que contribuam para esses erros: instrumentos
mau calibrados, falhas técnicas, imperfeições e defeitos de fabricação. Supondo
que os instrumentos não possuam nenhum defeito de fábrica e estejam em
bom funcionamento, boa parte dos erros instrumentais podem ser evitados ou
contornados com técnicas e verificações cuidadosas.

27
Escalas e Cálculos de Área
UNIDADE
2
Os erros causados pelas fontes citadas acima podem ser classificados em três
categorias:
• Grosseiros: erros causados, em geral, pela desatenção do observador ou pelo
mau funcionamento do instrumento. Uma boa maneira de evitar este tipo de
erro é sempre refazer as medidas e, se possível, com observadores diferentes.
Exemplos: anotar medidas em linhas ou colunas erradas, anotar 125 ao invés
de 1,25, confundir a ordem dos piquetes, errar a contagem de traços etc.;
• Sistemáticos: são erros que afetam os dados da mesma maneira ou de
forma linear, de modo que seja possível a sua correção através de fórmulas
matemáticas. Exemplos: erro de calibração inicial, erro de zero da escala,
dilatação térmica da trena, defeitos óticos no instrumento etc.;
• Aleatórios: são erros que podem ocorrer por acidente, não possuem nenhum
padrão ou ocorrem após a eliminação de todas as fontes anteriores de erro
e possuem causas desconhecidas. Os efeitos dos erros aleatórios tendem a
diminuir quando um grande número de observações é realizado. Exemplos:
erro de pontaria na mira, efeitos do vento na baliza etc.

Cálculos de Área
Uma das atribuições do topógrafo é o cálculo de áreas de terrenos e áreas
construídas. Quando os terrenos possuem formas conhecidas, podemos calcular
sua área com fórmulas prontas. Relembremos alguns conceitos:

Área do Paralelogramo
Qualquer figura geométrica composta por quatro retas paralelas duas a duas é
considerada um paralelogramo. Ou seja, a área de um paralelogramo é sempre
igual ao produto da sua base pela sua altura:

A=b.h

h h

b b
Figura 2 – Exemplos de paralelogramo

No caso do quadrado, a base e a altura são iguais e podemos simplesmente


utilizar área = lado².

28
Exemplo:

O terreno de uma casa possui 7 metros de frente por 19 de profundidade. Qual


é a área do terreno supondo que os lados sejam paralelos?
A = b . h = 7 x 19 = 133 m²

Área do Círculo
O círculo pode ser descrito através do raio ou de seu diâmetro, basta se lembrar
que essas duas grandezas estão relacionadas entre si através da equação diâmetro
= 2 x raio.

A área do círculo pode ser calculada através do diâmetro ou do raio:


πd 2
A = πr 2 , ou A =
4

Diâmentro (d)
Raio (r)

d =2r
Figura 3 – Representação do diâmetro e raio do círculo

Exemplo:

Calcule a área de um açude circular de diâmetro igual a 35 m.


π × d 2 3, 14 × 35 2
A= = = 961, 62 m2
4 4

Área do Triângulo
Existem algumas formas de calcular a área de um triângulo, dependendo das
informações disponíveis. Tradicionalmente, para calcular a área de um triângulo
utilizamos a seguinte fórmula:
×h
b 
A =
2

Onde b é a base e h é a altura. Essa fórmula é muito útil para triângulos retângulos,
onde a altura é coincidente com um dos lados do triângulo.

29
Escalas e Cálculos de Área
UNIDADE
2
b
A=b.h
a c 2

c a
b
Figura 4 – Base e altura do triângulo

Mas e se não conhecermos a altura do triângulo? Podemos sempre utilizar as


regras da trigonometria para calcular a altura do triângulo se conhecermos todos
os lados. Dessa forma, podemos escrever:

A = p ( p − a) ( p − b) ( p − c )

Onde p é o semiperímetro, ou seja, metade do perímetro do triângulo:


a+b+c
p=
2
Exemplo:

Calcule a área de um terreno triangular que possui lados iguais a 20 x 25 x 30 m.

Primeiramente, devemos calcular o semiperímetro:


20 + 25 + 30
p= = 37, 5 
m
2

E, então, para calcular a área do triângulo, podemos utilizar a seguinte fórmula:

A = p ( p − a ) ( p − b ) ( p − c ) = 37, 5 
× ( 37, 5 − 20 )
× ( 37, 5 − 25 )
× ( 37, 5 − 30 )
A =  61523, 44 = 248, 04 

Cálculo de Área pelo Método da Triangulação


Em geral, quando realizamos as medidas de um terreno aparentemente retangular,
notamos que os lados não são paralelos. Assim, imaginemos um terreno com as
seguintes dimensões:
42m

29m 30m

40m
Figura 5

30
Poderíamos medir a diagonal do terreno e dividi-lo em dois triângulos que apa-
rentemente seriam iguais – mas não são –, pois os lados possuem valores distintos:
42m

I
29m 30m
II

40m
Figura 6

Se a diagonal do terreno for igual a 50 m, qual será o valor da área?

Para calcular a área total, devemos calcular a área do triângulo I e a área do


triângulo II. Comecemos pelo triângulo I:
42 + 30 + 50
p1 = = 61
m
2
A1 = p ( p − a ) ( p − b ) ( p − c ) = 61
× ( 61 − 42 )
× ( 61 − 30 )
× ( 61 − 50 )
A1 =  61
×19 
× 31
×11 = 395219 = 628, 66 

E para o triângulo II temos:


29 + 40 + 50
p2 = = 59, 5 
m
2
A 2 = p ( p − a ) ( p − b ) ( p − c ) = 59, 5 
× ( 59, 5 − 29 )5
× ( 59, 5 − 40 )
× ( 59, 5 − 50 )
A 2 =  59, 5 
× 30, 5 
×19, 5 ,
× 9 5 = 336182, 44 = 579, 81

Então, a área total do terreno será 628,66 + 579,81 = 1208,47 m².

Dessa forma, podemos calcular a área de qualquer terreno onde sua forma
possa ser dividida em vários triângulos.

Exemplo de triangulação realizada para medir a área de partes do Brasil:


Explor

https://goo.gl/dO9tec

Método das Áreas Irregulares


Quando a área é irregular e a triangulação não é possível, podemos utilizar o
método dos trapézios, chamado também de método das áreas irregulares.

Imagine calcular a área de um terreno onde um dos lados é delimitado por um


rio tortuoso. Para utilizar esse método, seria ideal que você dividisse o lado oposto
ao rio em partes iguais para formar trapézios – veja a seguinte Figura:

31
Escalas e Cálculos de Área
UNIDADE
2

Rio

12m
Terreno

3m 3m 3m 3m 3m 3m 3m 3m
24m

Figura 7 – Exemplo de divisão de área para um terreno irregular.


Primeira etapa: dividir o lado oposto à aérea irregular em partes iguais
14m

13m
14m

10m
12m

9m

6m

4m

5m

Figura 8 – Realizar a medição das distâncias entre as extremidades


e a borda irregular, traçando pequenos trapézios
Fonte: elaborada pela professora conteudista

A fórmula para o cálculo da área irregular é dada por:


l
A= hi + hf + 2∑hm
2

Onde l é o espaçamento entre as medidas, neste exemplo, l = 3 m; hi é a


altura inicial e hf, a altura final, que seriam, neste caso, hi = 12 m e hf = 5 m e
hm corresponde às alturas intermediárias, de modo que, em nosso exemplo, a
somatória – simbolizada por Σ – das alturas intermediárias é Σhm = 14 + 14 + 13
+ 10 + 9 + 6 + 4 = 70 m.

Então, substituindo na fórmula, temos:


3
A=
2
[12 + 5 + 2
× 70 ]

×157
3
A= = 235, 5 

2

32
É claro que para o cálculo da área podemos nos deparar com vários tipos de
terreno e a maioria não será constituída de forma simples, de modo que para
muitos será necessário subdividir o terreno em diversas áreas para calcular a área
total. Assim, resolveremos mais um exercício:

Considere o terreno a seguir e calcule a sua área:


30m

5m A3
4m
4m
A2 4,8m
45 4m A3
36m m 5m
4m
A1
3m
4m
2m
4m
24m

Figura 9 – Exemplo de um terreno misto para o cálculo da área

Como pode ser visto no desenho, o terreno já está dividido em quatro áreas.

Comecemos pela área 1, que é um triângulo de lados a = 36 m, b = 24 m e c = 45


m. Podemos calcular esta área utilizando a fórmula para o cálculo da área do triângulo:
a+b+c
p=
2
36 + 24 + 45
p1 = = 52, 5 
m
2
A = p ( p − a) ( p − b) ( p − c )
× ( 52, 5 − 36 )
A1 = 52, 5  × ( 52, 5 − 24 )
× ( 52, 5 − 45 )
A1 =  52, 5 
×16, 5 
× 28, 5 ,
× 7 5 = 185160, 94 = 430, 30 

O mesmo procedimento deve ser realizado para a área 2, já que esta também é
um triângulo de lados a = 45 m, b = 30 m e c = 5 + 4 + 4 + 4 + 4 + 4 = 25 m:
45 + 30 + 25
p2 = = 50 
m
2
A = p ( p − a) ( p − b) ( p − c )

× ( 50 − 45 )
A 2 = 50  × ( 50 − 30 )
× ( 50 − 25 )
A 2 =  50 
× 5 
× 20 
× 25 = 125000 = 353, 55 

A área 3 é um pequeno triângulo retângulo. Note que este não foi incluso na área
irregular, pois sua base tem valor igual a 5 m, que é diferente da base dos trapézios
– iguais a 4 m. Para o cálculo da área do triângulo, basta utilizar a seguinte fórmula:

33
Escalas e Cálculos de Área
UNIDADE
2
×h
b 
A=
2
×4
5 
A3 = = 10 

2

Finalmente, a área 4 será calculada utilizando o método das áreas irregulares.


Note que a área irregular – parte mais escura – se inicia somente quando as bases
são iguais l = 4 m. Temos, então:
l
A= hi + hf + 2∑hm
2

Onde l = 4 m, altura inicial é igual a 4 m e altura final é igual a 0 m (a curva toca


a base da área irregular).
4
A4 =  4 + 0 + 2 ( 4, 8 + 5 + 3 + 2 ) 
2
A4 = 2 ( 4 + 29, 6 )
A4 = 67, 2

Então, a área total do terreno é igual a soma das áreas 1, 2, 3 e 4.


Atotal = A1 + A 2 + A3 + A4
Atotal = 430, 30 + 353, 55 + 10 + 67, 2
Atotal = 861, 05 

34
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Introdução à Cartografia: Fundamentos e Aplicações
ESTÊVEZ, L. F. Introdução à Cartografia: fundamentos e aplicações. Curitiba, PR:
Intersaberes, 2015.

Vídeos
Cálculo de Área Irregular
https://youtu.be/EYW9eibiP9I

Leitura
Escalas: Estudos de Conceitos e Aplicações
MENEZES, P. M. L.; COELHO NETO, A. L. Escalas: estudos de conceitos e aplica-
ções. [20--].
https://goo.gl/rjgo8W
Escala Geográfica e Escala Cartográfica: Distinção Necessária
MARQUES, A. J.; GALO, M. L. B. T. Escala geográfica e escala cartográfica: dis-
tinção necessária. Boletim de Geografia, Maringá, PR, v. 26-27, n. 1, p. 47-55,
2008-2009.
https://goo.gl/oDnq0j

35
Escalas e Cálculos de Área
UNIDADE
2
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13133 – execução
de levantamento topográfico. Rio de Janeiro, 1994.

BORGES, A. C. Exercícios de topografia. São Paulo: Edgard Blücher, 1997.

________. Topografia aplicada à Engenharia Civil. v. 1-2. São Paulo: Edgard


Blücher, 1992.

GHILANI, C. D.; WOLF, P. R. Geomática. São Paulo: Pearson, 2014.

VEIGA, L. A. K.; ZANETTI, M. A. Z.; FAGGION P. L. Fundamentos de topografia.


Curitiba, PR: UFPR, 2012.

36
3
Altimetria

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Monica Midori Marcon Uchida Sguazzardi

Revisão Técnica:
Prof.ª Esp. Erika Gambeti Viana

Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Altimetria
UNIDADE
3
Introdução
A altimetria, ou nivelamento, é a medida das distâncias verticais entre dois
pontos de uma área, medindo, portanto, a diferença de nível entre os quais.

Você poderia pensar que para medir a diferença de altura entre dois pontos
sobre a superfície da Terra, deveria-se levar em conta a curvatura do Planeta,
uma vez que já é sabido que este é esférico. É claro que para pequenas distâncias,
como a área do terreno da casa ou do apartamento onde você mora, a influência
da curvatura da Terra é desprezível, mas qual é o limite para não considerarmos
tal influência? Imagine que você esteja realizando medidas em uma grande fazenda
no interior, nesse caso, você deveria ou não levar em conta a curvatura da Terra?

Imagine ainda que você está realizando medidas sobre a superfície da Terra
e que os pontos A e B estejam na mesma altura aparente. O erro cometido na
leitura da altura é devido a dois fatores: o raio de inclinação da Terra e a refração
da atmosfera – é o desvio que um raio de luz faz ao passar de um meio para outro
com diferente densidade como, por exemplo, quando colocamos uma colher em
um copo com água.

Na Figura 1 temos o erro óptico (Eopt), o erro devido à curvatura da Terra (Ect),
o raio da Terra (Rt) e a distância entre os pontos A e B (d).

Importante! Importante!

O desenho está exageradamente fora de escala para que você possa entender o cálculo.

A
B
t
Eop
Ect
Rx
Rx

Figura 1 – Diagrama com o erro cometido na leitura da altura


devido ao raio de curvatura terrestre e à refração atmosférica

38
Note que a figura ABC é um triângulo retângulo e, assim, podemos escrever
usando o teorema de Pitágoras:
CB 2 = CA 2 +AB 2

Mas CA é igual ao raio da Terra, CB é igual à soma do raio da Terra e os erros


E e AB são iguais à distância entre os pontos.
CA = Rt e CB = Rt + E

Substituindo os valores na equação anterior:

( Rt + E )
2
= Rt 2 + d 2
Rt 2 + 2.E .Rt + E 2 = Rt 2 + d 2
2.E .Rt + E 2 = d 2
E ( 2Rt + E ) = d ²

Como o erro é muito pequeno comparado ao raio da Terra, podemos dizer que
o resultado de 2Rt + E ≈ 2Rt é:

E ( 2Rt ) = d ²

E=
2Rt

Como dito, o erro é a soma de dois fatores, o erro óptico e o erro de curvatura.
Através de observações realizadas em diversos pontos da Terra, estima-se que o
erro óptico médio seja igual a 0,1306 do erro total, ou seja:
Eopt = 0, 1306 E

Lembrando que o erro total E:


E = Eopt + Ect

Então:
E = 0, 1306 E + Ect
Ect = E − 0, 1306 E

Colocando o erro total (E) em evidência:

Ect = E (1 − 0, 1306 )
Ect = 0, 8694 E
Ect
E=
0, 8694

39
Altimetria
UNIDADE
3
Que pode ser substituído na equação anterior:
Ect d²
E= ⇔ E =
0, 8694 2Rt
Ect d²
=
0, 8694 2Rt

Ect =  0, 8694
2Rt

Ou:

Ect = 0, 4347
Rt

Supondo que o raio médio da Terra seja igual a 6.371 km (6.371.000 m), para
uma distância de 120 m, temos:

Ect = 
(120 ) ² 0, 4347
6371000
Ect = ,
0 00098  m

Que é o equivalente a, aproximadamente, 1 mm, este que é um erro pouco


significativo para as distâncias utilizadas. Então, podemos concluir que para uma
distância de aproximadamente 120 m, podemos desconsiderar o erro causado pela
curvatura terrestre.

Nivelamento
O estudo dos desníveis do terreno é de fundamental importância para a
Engenharia, pois a partir de uma cota ou altitude referencial é possível determinar
as depressões e elevações de um terreno.

Neste momento é importante que você faça a distinção entre cota e altitude: cota
é a altura vertical medida a partir de um plano qualquer, enquanto que altitude é a
distância vertical medida com relação ao nível do mar. Por exemplo, imaginemos
que você esteja em um local onde a altitude de seu ponto referencial – ponto A da
Figura 2 – seja de 200 m e a cota medida para um outro ponto – B – com relação
a esse ponto seja igual a 2,31 m, teremos então uma altitude de 202,31 m para
o ponto B.

40
B
A
cota = 2,31m

200m de altitude

Nível do mar
Figura 2 – Exemplo da diferença entre cota e altitude

Existem três tipos de nivelamento: trigonométrico, geométrico e taqueométrico.


Segundo a Norma Brasileira (NBR) 13133 – execução de levantamento topográfico
–, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os nivelamentos podem
ser definidos como:
[Trigonométrico – ...] realiza a medição da diferença de nível entre pontos
no terreno, indiretamente, a partir da determinação do ângulo vertical
da direção que os une e da distância entre estes, fundamentando-se na
relação trigonométrica entre o ângulo e a distância medidos, levando em
consideração a altura do centro do limbo vertical do teodolito ao terreno e
a altura sobre o terreno do sinal visado (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 1994, p. 4);

Z ha
dh
DH B
h1
A

Figura 3 – Nivelamento trigonométrico, onde são medidos os ângulos Z e A e a Distância


Horizontal (DH), sendo possível determinar o desnível através do triângulo retângulo
[Geométrico – ...] realiza a medida da diferença de nível entre pontos no
terreno por intermédio de leituras correspondentes às visadas horizontais,
obtidas com um nível, em miras colocadas verticalmente nos referidos pon-
tos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994, p. 3);

41
Altimetria
UNIDADE
3

Vante
Ré 2
Vante
Ré DN
1

0
Figura 4 – Levantamento geométrico, com o nível colocado entre
várias miras, onde é medida a diferença de altura entre as quais
[Taqueométrico – ...] nivelamento trigonométrico em que as distâncias são
obtidas taqueometricamente e a altura do sinal visado é obtida pela visada
do fio médio do retívulo da luneta do teodolito sobre uma mira colocada
verticalmente no ponto cuja diferença de nível em relação à estação do
teodolito é objeto de determinação (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 1994, p. 4).

Os tipos de nivelamento mais utilizados são o trigonométrico e o geométrico.


O nivelamento trigonométrico é baseado na construção de triângulos retângulos
e é muito mais rápido de ser realizado, mas apresenta incertezas maiores e que
tendem a ser desprezíveis em grandes distâncias ou desníveis, pois o erro percentual
será pequeno; já para medidas mais precisas utilizamos o nivelamento geométrico,
como será descrito a seguir.

Nivelamento Geométrico
Para realizar o nivelamento geométrico devemos utilizar um nível e miras. O
nível pode ser digital ou analógico, mas deve ser afixado em um tripé e alinhado
com a horizontal através de níveis bolha.

Figuras 5 e 6 – Nível e miras para níveis analógicos com números e subdivisões


para leitura e a mira em código de barras para leitura com nível digital

42
A leitura da mira utilizando o nível
óptico – sem leitura digital – deve ser re-

II
2.028 m
alizada lendo quatro algarismos: os dois
primeiros estão, em geral, colocados na
mira; o terceiro é lido como mostrado 2.000 m
na Figura 7; e o quarto algarismo deve
ser estimado.
1.966 m
O nivelamento geométrico possui uma
precisão de centímetro ou milímetro por 1.950 m
quilômetro. Pode ser simples ou compos-

9
to, a diferença é que o simples se baseia
em uma única instalação do nível, enquan- 1.912 m
to o composto se baseia em locais onde 1.900 m
o aparelho deve ser instalado, ou seja, em
1.885 m
lugares diferentes devido à impossibilida-
de de se realizar as medidas com uma úni-
Figura 7 – Exemplos de leitura de mira
ca linha de visada.

A B C D E

da .I
Visa V.V
Ré V.V.m

A B C D E

Figura 8 – Tipos de nivelamento: simples (figura superior), sem a mudança do


equipamento; e composto (figura inferior), com a mudança do equipamento

Os dados devem ser anotados em uma planilha ou caderneta de campo. A


planilha de campo é um material essencial para documentar o seu trabalho em
topografia. É nesta que você deverá anotar os dados observados nos instrumen-
tos topográficos.

43
Altimetria
UNIDADE
3
Lembre-se que deve ser clara e legível, pois é um documento que, após as
medidas em campo, pode ser utilizado por outras pessoas para realizar o
tratamento dos dados e complementar o levantamento topográfico. Assim, seja
organizado(a), lembrando-se de anotar os seus dados e as informações do projeto
ou do levantamento na parte superior de cada folha e use, preferencialmente,
caneta à prova d’água ou grafite, a fim de evitar borrões em caso de chuva.

É igualmente importante a realização de um croqui, que é um desenho feito à


mão livre, com a forma aproximada do terreno e a marcação das posições onde os
instrumentos foram colocados, assim como a nomenclatura dada a cada um. Dessa
forma, evitam-se confusões posteriores caso o observador não se lembre de algum
dado sobre o posicionamento instrumental.

No caso do nivelamento geométrico, além de um cabeçalho com seu nome


completo, nome do projeto, localização e outros dados importantes para o terreno,
deve-se preparar uma planilha de campo com as seguintes colunas:

Tabela 1
Visão vante Visada Altura
Estaca Cota
Intermediária Mudança ré instrumental

Tais valores devem ser anotados para a realização de um gráfico com as inclina-
ções do terreno e o cálculo da declividade. Vejamos um exemplo:

Exemplo 1 – nivelamento geométrico simples.

Imagine que um topógrafo foi a campo para realizar um nivelamento geométrico


simples (Figura 9) em um local com altitude igual a 520 m e com as estacas colocadas
a cada 10 m, retornando com a seguinte planilha de campo:

Tabela 2 – Caderneta de campo de um nivelamento geométrico simples à altitude de 520 m


Visão vante Visada Altura
Estaca Cota
Intermediária Mudança ré instrumental
520
A 0,740
B 0,982
C 2,378
D 2,744
E 2,691
F 1,816
G 0,586

44
a
i s ad
V V.I
Ré V.

A B C D E F G
10m 10m 10m 10m 10m 10m
Figura 9 – Nivelamento simples realizado no Exemplo 1

Iniciaremos calculando a altura instrumental que será dada por:


alt.instrum = cota inicial + visada ré

alt.instrum = 520 + 0,740 = 520,740 m

A seguir, calcularemos as cotas para cada ponto – que é o nosso objetivo principal
– para estimar e “graficar” os desníveis do terreno:
cota = alt.instrum – v.v.i.

Ou:
cota = alt.instrum – v.v.m .

Onde v.v.i. é a visão vante intermediária e v.v.m. é a visão vante de mudança.

A cota para a estaca A é de 520 m, tal como indicado no enunciado.

Para B:
cotaB = 520,740 – 0,982

cotaB = 519,758 m

Para C:
cotaC = 520,740 – 2,378

cotaC = 518,362 m

45
Altimetria
UNIDADE
3
Para D:
cotaD = 520,740 – 2,744
cotaD = 517,996 m

Para E:
cotaE = 520,740 – 2,691
cotaE = 518,049 m

Para F:
cotaF = 520,740 – 1,816
cotaF = 518,924 m

Para G:
cotaG = 520,740-0,586
cotaG = 520,154 m

Assim, podemos reescrever o Quadro 2 da seguinte forma – sendo que os


números em azul foram calculados acima:

Tabela 3 – Caderneta de campo de um nivelamento geométrico


simples à altitude de 520 m após o cálculo das cotas (em azul)
Visão vante Visada Altura
Estaca Cota
Intermediária Mudança ré instrumental
A 0,740 520,740 520
B 0,982 518,758
C 2,378 518,362
D 2,744 517,996
E 2,691 518,049
F 1,816 518,924
G 0,586 520,154

O gráfico do nivelamento é apresentado na Figura a seguir:


520,5

520

519,5
cota (m)

519

518,5

518

517,5
0 10 20 30 40 50 60 70
distância (m)

Figura 10 – Gráfico do nivelamento geométrico simples realizado no


Exemplo 1, com distância entre as estacas igual a 10 m

46
Exemplo 2 – nivelamento geométrico composto.

Agora que você já se familiarizou com o nivelamento simples, observaremos


como seria a caderneta de campo de um nivelamento composto para uma cota
inicial de 200 m com estacas colocadas de 12 em 12 m:

Tabela 4 – Caderneta de campo de um nivelamento geométrico composto à altitude inicial de 200 m


Visão vante Visada Altura
Estaca Cota
Intermediária Mudança ré instrumental
A 1,749 201,749 200
B 1,795
C 1,652
D 0,286
D 2,133
E 0,971
F 0,355
G 0,873
H 1,934

V.I I
V.R V. V.V
.

.M.
V.V
I

.I
.
V.V

V.V
.
V.R

A B C D E F G H

12m
Figura 11 – Nivelamento composto realizado no Exemplo 2

Realizaremos os cálculos das estacas B, C e D da mesma forma como foram


realizados no exemplo anterior:

Para B:
cotaB = 201,749 – 1,795

cotaB = 199,954 m

Para C:
cotaC = 201,749 – 1,652

cotaC = 200,097 m

47
Altimetria
UNIDADE
3
Para D:
cotaD = 201,749 – 0,286

cotaD = 201,463 m

Note que para o ponto D foram realizadas duas medidas: uma de visão vante de
mudança e uma de visada ré. Para a estaca D devemos, então, reiniciar o proce-
dimento. A cota do ponto D será aquela calculada com a visão vante de mudança,
mas a altura instrumental utilizada para as outras estacas será a altura instrumental
de D, pois o aparelho foi movido, de modo que esta será a nova calibração:
alt.instrumD = cota inicial + visada ré

alt.instrum = 201,463 + 2,133 = 203,596 m

Para E:
cotaE = 203,596 – 0,971

cotaE = 202,625 m

Para F:
cotaF = 203,596 – 0,355

cotaF = 203,241 m

Para G:
cotaG = 203,596 – 0,873

cotaG = 202,723 m

Para H:
cotaH = 203,596 – 1,934

cotaH = 201,662 m

Tabela 5 – Caderneta de campo de um nivelamento geométrico composto


à altitude inicial de 200 m com os resultados dos cálculos (em azul)
Visão vante Visada Altura
Estaca Cota
Intermediária Mudança ré instrumental
A 1,749 201,749 200
B 1,795 199,954
C 1,652 200,097
D 0,286 201,463
D 2,133 203,596
E 0,971 202,625
F 0,355 203,241
G 0,873 202,723
H 1,934 201,662

48
O gráfico do nivelamento é apresentado na Figura a seguir:
203,5

203

cota (m) 202,5

202

201,5

201

200,5

200
199,5
0 20 40 30 60 80 100
distância (m)

Figura 12 – Gráfico do nivelamento composto apresentado no


Exemplo 2, com distância entre as estacas igual a 12 m

Prova Real
Podemos tirar a prova real do nivelamento através da seguinte fórmula:
Cota final = ∑Visadas Ré − ∑v..
v m.+ cota 
inicial

Para o Exemplo 1 temos somente uma visada ré e uma v.v.m., então:


Cota final = ,
0 740 − 0, 586 + 520
Cota final = 520, 154 m

Que é exatamente a cota final do Exemplo 1, o que nos leva à certeza de que os
cálculos foram realizados de maneira correta.

Para o Exemplo 2, temos:

∑visadas ré = 1, 749 + 2,133 = 3, 882m


∑v.v.m. = 0, 286 + 1, 934 = 2, 220 m
Cota final = ,
3 882 − 2, 220 + 200
Cota final = 201, 662
m

Que também é a cota final do Exemplo 2, como queríamos demonstrar.

49
Altimetria
UNIDADE
3
Declividade
A declividade pode ser calculada entre quaisquer duas marcações no terreno.
A declividade é dada por:
∆y cota final − cota inicial
declividade =  = 
∆x distância final − dist. inicial

Para o Exemplo 1, temos uma declividade total de:


520, 15 − 520 0, 15
declividade =  = = 0, 0025
60 − 0 60

Que, em porcentagem, é o correspondente a:


×100 = 0, 25%
0, 0025 

Ou ainda, 0,25 m para cada 100 m, que é o equivalente a 25 cm a cada 100 m.

Poderíamos calcular também a declividade entre dois pontos quaisquer medidos.


Por exemplo, a declividade entre as estacas A e F no Exemplo 2:
202, 72 − 200 2, 72
declividade =  = = 0, 0378
72 − 0 72

Que é o equivalente a 3,78%, ou 3,78 m a cada 100 m.

50
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Demarcação de Terraço Nivelado (Curva de Nível)
Videoaula da Escola Técnica Estadual (Etec) Monte Aprazível com a descrição da
instrumentação e instruções para a realização do nivelamento topográfico utilizando-
se de um nível.
https://youtu.be/QO6SuVbWdBA
Engenharia, Topografia, Agrimensura: Leitura da Régua Graduada ou Mira – Nivelamento Geométrico
Videoaula sobre a leitura da mira durante o nivelamento topográfico.
https://youtu.be/wappYkcQjuk

Leitura
Execução de Levantamento Topográfico
Norma Brasileira (NBR) 13133, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
para a realização de nivelamento topográfico.
https://goo.gl/72wSB3
Exatidão dos Desníveis Obtidos com Estação Total
Artigo de Leila Meneghetti, da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP), que
resume os métodos e as análises das medições de desnível através do uso de estação
total durante o nivelamento.
https://goo.gl/tq0q6W

51
Altimetria
UNIDADE
3
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13133 – execução
de levantamento topográfico. Rio de Janeiro, 1994.

BORGES, A. C. Exercícios de topografia. São Paulo: Edgard Blücher, 1997.

________. Topografia aplicada à Engenharia Civil. v. 1-2. São Paulo: Edgard


Blücher, 1992.

GARCIA, G. J.; PIEDADE, G. C. R. Topografia aplicada às Ciências Agrárias.


São Paulo: Nobel, 1994.

GHILANI, C. D.; WOLF. P. R. Geomática São Paulo: Pearson, 2014.

VEIGA, L. A. K.; ZANETTI, M. A. Z.; FAGGION P. L. Fundamentos de topografia.


Curitiba, PR: UFPR, 2012.

52
4
Goniometria

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Monica Midori Marcon Uchida Sguazzardi

Revisão Técnica:
Prof.ª Esp. Erika Gambeti Viana

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Goniometria
UNIDADE
4
Introdução
O estudo topográfico depende das medidas dos ângulos entre as diversas retas
que compõem o terreno e a sua localização.

A Goniometria, palavra de origem grega (gonia = ângulo e metron = medida),


é a técnica da medição de ângulos e do traçado de formas geométricas.

Em Topografia, uma das tarefas principais é a medição de ângulos nas direções


horizontal e vertical, dependendo do trabalho a ser realizado.

Bússola
Um dos métodos mais antigos e mais populares para a medição de ângulos
é a bússola, que foi descoberta pelos chineses no século I, foi trazida para o
ocidente pelos árabes e foi amplamente utilizada pelos europeus na época das
grandes navegações.

A bússola é composta por uma agulha magnetizada, que é presa em um plano


horizontal exatamente no seu centro de gravidade, para que possa girar livremente
sobre esse plano.

Devido ao campo magnético terrestre, a agulha se orienta sempre na direção


do eixo Norte-Sul, com sua ponta indicando sempre o Norte magnético, que se
aproxima do Norte geográfico.

Assim, ao nos orientarmos com uma bússola, colocando-nos de frente para a


direção que a ponta da bússola indica, estaremos olhando para o Norte, teremos o
Sul às nossas costas, o Leste à nossa direita e o Oeste à nossa esquerda.

Figura 1 – Bússola profissional


Fonte: iStock/Getty Images

54
A direção para onde a agulha magnetizada da bússola aponta depende do campo
magnético terrestre. O eixo Norte-Sul magnético não coincide exatamente com o
eixo Norte-Sul geográfico, ou seja, existe um polo Norte (ou Sul) magnético e um
geográfico. A diferença em graus entre o Norte verdadeiro e o Norte magnético é
chamada de declinação magnética.

Uma das formas mais simples para descobrirmos a declinação magnética de um


local é utilizar uma bússola e o conhecimento da direção exata do Norte verdadeiro
(ou geográfico).

Devemos alinhar o Norte da bússola ao Norte verdadeiro e observar a direção


que a agulha da bússola apontará como Norte magnético. A diferença, em graus,
entre o Norte da bússola e a ponta da agulha será a declinação magnética, que
pode ser positiva ou negativa. Chamamos de positiva a declinação magnética que
acontece quando o Norte magnético está a Leste do Norte verdadeiro e negativa
quando a agulha da bússola aponta o Norte magnético a Oeste do Norte verdadeiro.

Veja a figura a seguir:


Norte Norte
Verdadeiro Verdadeiro
Norte Norte
Magnético -D +D Magnético

Figura 2 – Declinação magnética negativa, para o Oeste, e positiva, para o Leste


Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images

A declinação magnética varia com o tempo, pois o campo magnético terrestre


não é constante e apresenta algumas alterações:
• Secular: a variação secular possui o período de aproximadamente uma centena
de anos e é a maior delas, podendo chegar a até 11º;
• Diurna: a variação diurna é uma pequena variação que faz com que a agulha da
bússola oscile entre um intervalo de 8 minutos de arco durante vários períodos
do dia. Em geral, essa variação é ignorada pois está dentro dos limites de erro
de leitura instrumental da bússola;
• Anual: a variação anual possui o período de aproximadamente um ano,
também é bem pequena, cerca de 1 minuto de arco e, pelo mesmo motivo,
considerada na variação diurna, também pode ser ignorada;

55
Goniometria
UNIDADE
4
• Acidental: a variação acidental é uma fonte de erros muito comum nas medidas
de declinação magnética e diz respeito às variações causadas por tempestades
ou interferências magnéticas que causam alterações acidentais e pontuais de
alguns graus nas medições.

Além da declinação magnética, são necessárias outras medidas angulares para


o estudo topográfico de campo. Os ângulos verticais são, normalmente, utilizados
para medidas de nivelamento, enquanto as observações dos ângulos horizontais
são importantes para determinar rumos e azimutes para a construção da poligonal
do terreno.

Níveis, teodolitos e estação total são exemplos de equipamentos utilizados para


a medição de distâncias e medidas angulares em Topografia.

Ângulos na Vertical
Para trabalhar com ângulos verticais, devemos definir dois pontos de referência:
o zênite e o nadir.

O zênite é o ponto localizado exatamente acima da sua cabeça, por onde passa
o eixo vertical que demarca a sua posição. Já o nadir é a ponta oposta ao zênite,
ou seja, o ponto localizado sobre o seu eixo vertical, localizado sob os seus pés.

O ângulo vertical (V) é a medida angular entre o seu plano horizontal e a linha
de visada. Esse ângulo varia entre 90º e -90º. O zênite de um observador possui
ângulo vertical igual a 90º e nadir igual a -90º.

Os ângulos verticais para linhas de visada acima do horizonte (elevações) serão


sempre positivos e para linhas de visada abaixo do horizonte (depressões) serão
sempre negativos.

Figura 3 –Ângulo vertical e zênite


Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010

56
O ângulo zenital (Z) é o ângulo formado entre o zênite e a linha de visada e pode
assumir valores entre 0º (objetos no zênite) e 180º (objetos no nadir).

Figura 4 – Distância zenital


Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010

Ângulos Horizontais
Os ângulos horizontais possuem esse nome por serem medidos no plano
horizontal do terreno, sem levar em conta as elevações, como se ele estivesse
totalmente projetado em um único plano.

Em Topografia, em geral, necessita-se medir o ângulo entre duas direções, dadas


pelos vértices dos terrenos. Imagine que você queira medir o ângulo α do vértice A
de um terreno, como a figura a seguir:

Figura 5 – Ângulo α do vértice A


Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010

Esse ângulo pode ser medido de diversas formas. Além da escolha instrumental,
como teodolito ou a estação total, por exemplo, existe a escolha da orientação do
instrumento como pode ser visto a seguir.

Instrumento não Orientado


Nesse caso, escolhemos uma direção arbitrária para ser a origem das nossas
medições, e medimos as distâncias angulares entre a origem e o seguimento de reta
AB e a origem e o segmento de reta da origem AC e para encontrarmos o ângulo
α basta subtrair uma medida da outra.

57
Goniometria
UNIDADE
4

Figura 6 – Medição de ângulos com o uso do instrumento não orientado


Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010

Instrumento Orientado para o Norte


Quando o instrumento está orientado para o Norte, o procedimento é idêntico
ao anterior, com a diferença que a origem da nossa medição deve coincidir com o
Norte. Nesse caso, não chamaremos mais os ângulos de L1 e L2, mas de azimute,
pois esse, por definição, possui sempre origem no Norte.

Figura 7 – Medição de ângulos com o instrumento orientado para o Norte


Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010

Instrumento Apontando para a Ré


Nesse caso, tomamos como origem a direção do primeiro segmento de reta e
medimos no sentido horário. Dessa forma, estaremos obtendo o ângulo externo e
basta realizar 360º – Ângulo para encontrar a medida do ângulo interno.

Figura 8 – Medida do ângulo externo com o instrumento apontando para a ré


Figura: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010

58
Instrumento Apontando para a Vante
Esta orientação é semelhante à orientação anterior, mas tomaremos como ori-
gem a vante. Dessa forma, quando realizarmos a medida angular no sentido horá-
rio, estaremos medindo o ângulo interno.

Figura 9 – Medida do ângulo interno com o instrumento apontado para a vante


Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010

Deflexão
Para o uso dessa técnica, devemos ter a origem das medições no prolongamento
da ré, ou seja, a ré deve coincidir com a leitura igual a 180º. Na deflexão, o ângulo
deve estar sempre entre 0º e 180º e deve ser negativo quando medido no sentido
anti-horário e positivo no sentido horário.

Veja a figura a seguir:

Figura 10 – Medida da deflexão (nesse caso, positiva)


Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010

Rumo e Azimute
O azimute é o ângulo formado entre uma determinada direção e o Norte
(geográfico ou magnético). É medido a partir do Norte no sentido horário e varia
de 0º a 360º.

59
Goniometria
UNIDADE
4
O exemplo a seguir mostra o azimute de quatro pontos (P1, P2, P3 e P4):

Figura 11 – Exemplos de azimutes em quatro direções diferentes


Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010

O Rumo é a menor distância entre a direção de visada e o eixo Norte-Sul,


contando sempre a partir do Norte ou Sul e varia entre 0º e 90º. É sempre dado
juntamente com uma direção dependendo do quadrante em que se localiza a linha
de visada: Nordeste (NE) para o primeiro quadrante, Sudeste (SE) para o segun-
do quadrante, Sudoeste (SW) para o terceiro quadrante e Noroeste (NW) para o
quarto quadrante.

Veja os exemplos a seguir:

Figura 12 – Exemplos de rumos em quatro direções diferentes


Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010

60
Transformação de Rumos e Azimutes
Sempre que obtemos o Rumo, podemos localizá-lo em um Gráfico e convertê-lo
em azimute e vice-versa.

Exemplo
Imagine que você realizou uma observação com azimute igual à 140º 25’ 36’’
qual seria o rumo?

Para realizar a conversão, é interessante desenhar a linha de visada em um gráfico:


N

140º 25’ 36”

W E

S
Figura 13

Nesse caso, o Rumo será a distância entre a linha de visada e o Sul, pois a
menor distância angular entre a linha de visada e o eixo Norte-Sul se encontra para
baixo. Dessa forma, o Rumo será: 180° - 140º 25’ 36” = 39º34’24” na direção
SE, ou seja 39º34’24” SE.

Exemplo
Considere que um topógrafo realizou a medida de um rumo e encontrou 52º
45’20” NW. Qual é o azimute desta linha de visada?

Para resolver esse exercício, vamos novamente desenhar o Gráfico da linha de


visada sobre a rosa dos ventos.

61
Goniometria
UNIDADE
4
N

52º45’20”

W E

S
Figura 14

Então, para encontrar o azimute, devemos contar a partir do Norte, no sentido


horário, até encontrarmos a linha de visada. Para descobrirmos qual é esse ângulo,
devemos fazer azimute = 360º - 52º45’20” = 307º14’40”.

Azimute à Direita e Azimute à Esquerda


Quando falamos de azimute, a definição padrão é a de realizar a medida da
distância angular entre a direção Norte e a linha de visada, contando a partir do
Norte em sentido horário (azimute à direita).

Porém, em alguns casos pode ser conveniente realizar esta medida no sentido an-
ti-horário (sempre partindo do Norte) e neste caso chamamos o azimute à esquerda.
N

Azimute à direita: 61º22’36”

W E

Azimute à esquerda: 298º37’24”

S
Figura 15

62
A soma do azimute à direita com o azimute à esquerda será sempre igual a 360º.

Todas essas relações entre rumos e azimutes podem ser tomadas para visadas
vante ou ré. Observe o exemplo a seguir.

Exemplo
Um topógrafo realizou a seguinte medida:
N

35º12’54
Vante

W E

S
Figura 16

A ré será sempre um prolongamento da visada vante na mesma direção e sentido


oposto, como se o observador virasse de costas para a visada vante.

O mesmo raciocínio se aplica quando temos observações realizadas para a


visada ré e queremos as distâncias angulares para a visada vante.

Nesse caso, o azimute à direita vante foi medido e o valor encontrado foi de
35º12’54”. Então, o azimute à esquerda vante será 360º-35º12’54” = 324º47’06”
e o Rumo vante será 35º 12’ 54” NE, pois a visada vante se encontra mais próxima
ao Norte que ao Sul.

Para a visada ré, podemos notar que o ângulo formado pela visada ré e o eixo
Norte-Sul é o mesmo medido pelo topógrafo.

63
Goniometria
UNIDADE
4
N

35º12’54
Vante

W E


35º12’54

S
Figura 17

Então, teremos azimute à direita para a visada ré = 180º+35º12’54” =


215º12’54”, lembrando que o azimute é sempre contado com a origem no Norte.
Azimute à esquerda para a visada ré = 180º - 35º12’54” = 144º47’06”, rumo ré
= 35º12’54” SW.

Nesse ponto, é conveniente fazermos uma Tabela:

Tabela 1

Vante Ré

Azimute Direita Azimute Esquerda Rumo Azimute Direita Azimute Esquerda Rumo

35º12’54” 324º47’06” 35º12’54” NE 215º12’54” 144º47’06” 35º12’54” SW

Você também deve ser capaz de realizar os cálculos de rumos e azimutes com os
valores dados em uma Tabela.

Exemplo
Complete a Tabela a seguir, dado o Azimute à esquerda Ré.

Tabela2

Vante Ré

Azimute Direita Azimute Esquerda Rumo Azimute Direita Azimute Esquerda Rumo

22º51’09”

64
Baseados na informação da Tabela, podemos fazer o Gráfico da visada ré:
N

22º51’09”

W E

S
Figura 18

E assim completamos a Tabela com os outros valores da visada ré. Azimute à


direita = 360º-22º51’09” = 337º08’51” e o rumo que é igual a 22º51’09” NW.

Para descobrirmos os outros valores para a visada vante, devemos colocar a


visada vante no Gráfico, lembrando de que esta será um prolongamento da visada
ré no sentido oposto:
N

W E

Vante

S
Figura 19

65
Goniometria
UNIDADE
4
A distância angular entre a visada vante e o eixo Norte Sul é a mesma distância
entre a visada ré e o eixo Norte Sul. Portanto, o seu Rumo será 22º51’09” SE.

O azimute à direita pode ser calculado como 180º-22º51’09” = 157º08’51” e


o azimute à esquerda será 180º+22º51’09” = 202º51’09”.

Dessa forma, podemos completar a Tabela:

Tabela 3

Vante Ré

Azimute Direita Azimute Esquerda Rumo Azimute Direita Azimute Esquerda Rumo

157º08’51” 202º51’09” 22º51’09” SE 337º08’51” 22º51’09” 22º51’09” NW

66
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Cálculo de Rumos e Azimutes
Engenharia Topografia Agrimensura – Cálculo de rumos e azimutes. Videoaula
sobre o cálculo de rumos e azimutes.
https://youtu.be/AWe5DdTCE8s
Azimutes e Rumos Ré e Vante
Engenharia Topografia Agrimensura – Azimutes e rumos ré e vante. Videoaula
sobre o cálculo de rumos e azimutes nas orientações vante e ré.
https://youtu.be/39u7pkrRQfM

Leitura
Texto Ilustrado para Esclarecer a Diferença entre os Polos Magnéticos e os Polos Geográficos
Norte Geográfico e Norte Magnético. MOLINA, E. Revista FAPESP, São Paulo. Ed.
197, jul. 2012. Texto ilustrado para esclarecer a diferença entre os polos magnéticos
e os polos geográficos.
https://goo.gl/QKTcQH
Rumos e Azimutes
OLIVEIRA, W. A. Portal Agrimensura, nov. 2015. Resumo de Rumos e azimutes,
apresentação de técnicas para o cálculo.
https://goo.gl/slvLgR

67
Goniometria
UNIDADE
4
Referências
BORGES, A. C. Topografia Aplicada à Engenharia Civil. São Paulo: Edgard
Blucher, 1992. v. 1 e 2.

BORGES, A. C. Exercícios de Topografia. São Paulo: Edgard Blucher, 1997.

GARCIA, G. J.; PIEDADE, G. C. R. Topografia aplicada às ciências agrárias.


São Paulo: Nobel, 1994.

GHILANI, C. D.; WOLF. P. R. Geomática São Paulo: Pearson, 2014.

NBR 13 133/94 Execução de levantamento topográfico. ABNT: Rio de Ja-


neiro, 1994.

VEIGA, L. A. K.; ZANETTI, M. A. Z.; FAGGION, P. L. Fundamentos de


Topografia Curitiba: UFPR, 2012.

68
5
Planimetria

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Monica Midori Marcon Uchida Sguazzardi

Revisão Técnica:
Prof.ª Esp. Erika Gambeti Viana

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Planimetria
UNIDADE
5
Introdução
Nesta unidade, aprenderemos como realizar as medições de distâncias lineares
e dos ângulos para a construção da área projetada dos terrenos de interesse.
Chamamos esse tipo de levantamento de planimetria.

Um dos métodos mais utilizados para a realização de um levantamento desse


tipo é a construção de uma poligonal.

A poligonação é realizada por meio da observação de segmentos de reta


consecutivos, que margeiam o local a ser estudado. Esse é um dos principais
métodos para a obtenção da área e da forma do terreno. Para tanto, precisamos
obter as distâncias horizontais entre as linhas consecutivas e os ângulos formados
entre as direções dessas linhas. A quantidade de linhas que serão utilizadas (ou o
número de lados) da poligonal depende da forma do terreno. Quanto mais irregular
for a borda do terreno, mais linhas deveremos utilizar para contorná-lo.

Medição de Distâncias
É muito importante para o topógrafo realizar as medidas de distância adequada-
mente, para que erros não ocorram na reconstrução da área de interesse durante
a planimetria.

A medida de distâncias horizontais é a base da Topografia e é daí que partem


as suas raízes mais distantes. Em geral, são marcados dois pontos no chão e
as distâncias entre as verticais de cada ponto são medidas sob o mesmo plano
horizontal. Isso significa que caso dois pontos estejam em alturas diferentes,
devemos medir a distância horizontal entre o eixo vertical dos pontos, e não na
diagonal (distância real).

Dist
ânc
ia R
eal
A-B

x
B
Distância Horizontal
Figura 1 – Distância Real e Distância Horizontal

70
Distâncias Angulares
Para se obter as medidas angulares de uma poligonal, utilizaremos um ponto
inicial como referência, para o qual conhecemos as coordenas por meio de um
GPS ou outro instrumento e, consequentemente, sabemos a sua distância com
relação ao Norte.

A seguir, podemos medir as distâncias angulares com o uso da Estação Total


ou teodolito; podem ser medidos ângulos internos ou externos, dependendo do
interesse e da praticidade.

Estação Total
Há algumas décadas, instrumentos analógicos como o teodolito, por exemplo,
eram os instrumentos mais utilizados na Topografia. Atualmente, a Estação Total
substituiu o Teodolito e vem sendo amplamente utilizada devido à sua precisão e
praticidade. Esse instrumento realiza em tempo real os cálculos de inclinações,
ângulos e distâncias nos levantamentos modernos.

A Estação Total possui pelo menos três instrumentos eletrônicos de leitura:


um instrumento de medição de distância, um instrumento de leitura angular e um
microprocessador para tratar os dados e realizar os cálculos básicos no momento da
observação. Esse aparelho é capaz de calcular as distâncias horizontais e verticais,
as distâncias angulares e exibi-los em uma tela. Além disso, a Estação Total
também pode armazenar esses dados para, posteriormente, serem transferidos a
um computador.

Em campo, a Estação Total deve ser colocada sobre um tripé e deve-se prestar
muita atenção ao seu nivelamento, para que não ocorram erros nas medidas devido
ao seu mau posicionamento.

71
Planimetria
UNIDADE
5

Figura 2 – Estação Total de um dos modelos disponíveis no Mercado e seus componentes


Fonte: GHILANI, C. D. & WOLF. P. R. Geomática São Paulo. São Paulo: Pearson, 2014, p.162

Irradiação
Nesta unidade, você irá aprender a realizar o levantamento de uma poligonal
fechada por meio do método de pontos irradiados ou Irradiação. Nesse método,
posicionamos a Estação Total em um ponto inicial e a partir desse ponto,
observamos os outros pontos do terreno, colocando uma pessoa segurando uma
mira no ponto desejado.

Assim, com o auxílio da luneta da Estação Total, encontramos a mira e ela


calcula automaticamente a distância angular e horizontal até o ponto de interesse.
Um ponto de coordenadas conhecidas fora da poligonal deve se observado, pois é
por meio dele que realizaremos a calibração do nosso levantamento.

A figura 3 mostra uma poligonal na qual a Estação Total foi colocada no ponto
O e o ponto Z é um ponto de referência com coordenadas conhecidas (nessa
fase, algumas pessoas preferem alinhar o ponto Z ao Norte verdadeiro, pois assim
teremos sempre o azimute verdadeiro para cada ponto).

Primeiramente, devemos medir a distância OZ e calibrar a Estação Total para


que o ponto Z seja a origem das nossas medidas angulares.

Para prosseguir com o levantamento, devemos medir a distância horizontal OA e


a distância angular ZA; a seguir, a distância horizontal OB e a distância angular AB;
então, a distância horizontal OC e a distância angular BC, e assim sucessivamente.

72
C

D
B

A
E
O

Figura 3 – Poligonação por meio do método de pontos irradiados.


A posição O marca a Estação Total e os outros pontos marcam o vértice do terreno

Os dados devem ser anotados em uma Caderneta de campo e é importante


que, durante o levantamento, seja realizado um croqui com os nomes dos pontos
observados no terreno, para posterior conferência ou localização.

Você deverá anotar os seguintes dados:


Tabela 1

Ponto Ângulo Horizontal Distância Azimute

Veja o exemplo a seguir, baseado na figura 3. Suponha que com um GPS você
mediu as coordenadas do ponto Z, que será a nossa referência, e encontrou um
azimute de 36º25’20”.
Tabela 2

Ponto Ângulo Horizontal Distância Azimute


A-B 29° 13’24” 62,510 350° 47’ 0”
B-C 45° 07’ 42” 31,720
C-A 105° 39’ 43” 46,0
Z 180° 00’ 19”

O ponto Z foi medido novamente, para realizar o fechamento da nossa poligonal


e calcular eventuais erros de fechamento

Devemos, então, calcular o azimute para cada medida.

O azimute será:
azimute = (azimute anterior + Angulo Horizontal) - 180°

73
Planimetria
UNIDADE
5
Lembrando-se de que o azimute deve estar entre 0º e 360º. Portanto, se:
Azimute < 0º - devemos fazer azimute + 360º
Azimute > 360º - devemos fazer azimute -3 60º

Importante! Importante!

Por exemplo: se um ponto tem o ângulo de 42°’06’ 53” e um azimute inicial de 24° 37’
32” teremos:
azimute = (24° 37’ 32” + 42° 06’ 53”) - 180°
azimute =66°44’25” - 180° sendo igual então a - 133°15’35”
-133° 15’ 35” < 360° logo então deve ser convertido com a somatória :
-133° 15’ 35” + 360° = 246° 44’25”
Sendo este então o azimute final.

Logo:
Azimute A-B = (350°47’ 0” + 45° 07’ 42”) - 180° = 215° 54’ 36”
Azimute B - C = (215° 54’ 36” + 105° 39’ 06”) - 180° = 141° 33’ 48”

Ponto Ângulo Horizontal Distância Azimute


A-B 29° 13’24” 62,510 350° 47’ 0”
B-C 45° 07’ 42” 31,720 215° 54’ 36”
C-A 105° 39’ 43” 46,0 141° 33’ 42”
Z 180° 00’ 19”

Após o cálculo dos azimutes, devemos calcular as coordenadas para transpor o nosso
terreno para uma planta.

Então, para o cálculo da coordenas x e y de cada ponto, devemos utilizar as fórmulas:


X = distância x sen(azimute)
Y = distância x cos(azimute)

Assim, teremos:

Ponto Distância Azimute X(m) Y(m)


A 62,510 350° 47’ 0” -10,012 61,703
B 31,720 215° 54’ 36” -18,604 -25,691
C 46,0 141° 33’ 42” 28,597 -36,031
Z -- 180° 00’19” -- --

E dessa forma temos as coordenadas X e Y para cada ponto e podemos realizar


o gráfico do terreno, como pode ser visto na figura a seguir.

74
Notem que o desenho aparece girado, por causa das coordenadas do azimute
inicial que foi adotado:

Figura 4 – Gráfico das coordenadas obtidas para o terreno observado

Conhecendo esses pontos, podemos utilizar o método de Gauss para calcular


a área de um polígono, sabendo as coordenadas de seus vértices. Porém, para
facilitar os cálculos, vamos transportar o Gráfico para o primeiro quadrante. Para
isso, basta observar quais são os valores mais negativos (tanto para x, quanto para
y) e realizar a soma para todas as coordenadas (em x e y, separadamente). Dessa
maneira, o gráfico todo será transportado para valores positivos de x e y, que é o
primeiro quadrante.

Vamos acompanhar.

Reescrevendo a Tabela anterior, temos:


Tabela 4

Ponto Distância Azimute X(m) Y(m) X Positivo Y Negativo


A 62,510 350° 47’ 0” -10,012 61,703
B 31,720 215° 54’ 36” -18,604 -25,691
C 46,0 141° 33’ 42” 28,597 -36,031
Z -- 180° 00’19” -- --

Onde o valor mais baixo para x é -18,604m e para y é -36,031m; então devemos
somar esse valor em módulo para cada uma das colunas, de maneira que o valor
mais baixo para o x seja igual a zero e o valor mais baixo para y também seja 0.

75
Planimetria
UNIDADE
5
Os novos valores são colocados em azul na Tabela:
Tabela 5
Ponto Distância Azimute X(m) Y(m) X Positivo Y Negativo
A 62,510 350° 47’ 0” -10,012 61,703 8,592 97,734
B 31,720 215° 54’ 36” -18,604 -25,691 0 10,340
C 46,0 141° 33’ 42” 28,597 -36,031 47,597 0,000
Z -- 180° 00’19” -- --

E, dessa forma, podemos obter o Gráfico do terreno no primeiro quadrante:

Figura 5 – Gráfico do levantamento planimétrico no primeiro quadrante

Então com todos os valores positivos para as coordenadas, podemos utilizar o


método de Gauss para o cálculo da Área:

1 xA xB xC x A
área = ...
2 yA yB yC y A

Nesse método, as diagonais serão multiplicadas e os valores das diagonais


descendentes devem ser positivos e as diagonais ascendentes devem ser negativas.

Vamos aplicar o método no exemplo anterior.

Colocaremos os valores de x e y positivos na matriz:

1 8, 592 0 47, 597 8, 592 


área: 
2 97, 794 10, 340 0 97, 794 

76
área: 1 ( 8, 592 × 10, 340 ) + ( 0 × 0 ) + ( 47, 597 × 97, 794 ) − ( 8, 592 × 0 ) − ( 47, 597 × 10, 340 ) − ( 0 × 97, 794 )
2

1
área: 2 ( 88, 841) + ( 0 ) + ( 4.654, 701) − ( 0 ) − ( 492,153 ) − ( 0 )

1
área: 4.251, 389
2
área: 2.125,65 m²
Devido ao módulo, aqui representado pelas barras | |, devemos pegar o valor
positivo para realizar o cálculo.
Área = 2.125,65 m².

Ângulos Internos das Poligonais


Em alguns levantamentos topográficos, é importante realizar a medição dos
ângulos internos. E para isso é importante lembrar uma regra da Geometria que diz
que a soma dos ângulos internos de uma poligonal deve ser igual a:

∑ angulos internos = (n − 2)×180º


Onde n é o número de lados do polígono. Por exemplo, a soma dos ângulos
internos de um triângulo deve ser 180º, pois (3-2)x180º=180º. Essa informação é
muito importante para a correção de erros angulares.
Por exemplo: imagine que um topógrafo realizou as seguintes medições para
um terreno de quatro lados:

C
B

D
A

Sabendo que os ângulos internos são:


Tabela 6
A 86º 21’ 54”
B 94º47’03”
C 81º 59’ 20”
D 99º 25’48”

Temos que a soma dos ângulos internos é igual a 362º34’05”.


Como essa poligonal possui 4 lados, sabemos que a soma dos seus ângulos
internos deve ser igual a (4-2)x180º = 360º.

77
Planimetria
UNIDADE
5
Logo, nesse caso, temos um erro de fechamento angular com a sobra de
2º34’05”. Para compensar esse erro, devemos dividí-lo pelo número de lados da
poligonal e somar ou subtrair o valor encontrado, dependendo do caso.

Nos casos nos quais a soma dos ângulos internos é superior ao valor teórico,
devemos subtrair a correção, enquanto nos casos nos quais a soma dos ângulos é
inferior ao valor teórico, devemos somar a correção para realizar a compensação.

Então, teremos 2º34’05” dividido por 4 = 0º38’31,25” e devemos subtrair esse


valor de cada medida do ângulo interno:
Tabela 7

Ponto Ângulo Interno Ângulo Interno Corrigido


A 86º 21’ 54” 85º43’22,75”
B 94º47’03” 94º08’31,75”
C 81º 59’ 20” 81º20’48,75”
D 99º 25’48” 98º47’16,75”

Por exemplo: os ângulos internos de uma poligonal foram medidos por um


topógrafo, como mostra a Tabela a seguir.
Tabela 8

Vértice Ângulo Interno


A 98º 12’ 40”
B 104º27’13”
C 99º 39’ 28”
D 109º 15’48”
E 127º52’44”

Responda:

a. Qual foi o erro de fechamento angular?;

b. Qual é a correção que deve ser aplicada para cada vértice?;

c. Quais são os novos valores angulares?

a. A soma dos ângulos internos de um polígono de 5 lados (5 vértices) deve


ser de (5-2)x180º=540º.

O valor encontrado para a soma dos ângulos internos do exercício é de


539º27’53”; logo, o erro total é de 540º- 539º27’53” = 0º32’7”.

Ou seja, o erro é de -0º32’7”.

b. Para compensar esse erro, devemos somar um total de 0º32’7”/5 =


0º6’25,4” para cada vértice, ou seja, a correção deve ser de +0º6’25,4”,
para cada ângulo interno.

78
c. Os novos valores corrigidos são dados na Tabela a seguir:
Tabela 9

Ponto Ângulo Interno Ângulo Interno Corrigido


A 98º 12’ 40” 98º19’5,4”
B 104º27’13” 104º33’38,4”
C 99º 39’ 28” 99º45’53,4”
D 109º 15’48” 109º22’13,4”
E 127º52’44” 127º59’9,4”

79
Planimetria
UNIDADE
5
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Para aprofundar seus conhecimentos, sugiro:

Vídeos
Engenharia Topografia Agrimensura
Engenharia Topografia Agrimensura – Poligonal. Videoaula sobre o cálculo de azimutes e ângulos internos
e externos.
https://youtu.be/fCAVpA5t1-s
Treinamento Estação Total
Vídeo sobre o uso da Estação Total.
https://youtu.be/Em2mpjL-4j0
Engenharia Topografia Agrimensura
Desenho de poligonal em AutoCAD. Videoaula sobre a utilização de autoCAD para desenhar poligonais
topográficas
https://youtu.be/dnhhXcVjhJU

Leitura
Ciência Rural
Reconstituição de uma poligonal topográfica pelo sistema de posicionamento global. Planimetria.
CORSEUIL, C. W., ROBAINA A. D. Ciência Rural, Santa Maria (RS), v.33, n.2, p.299, mar.-abr. 2003.
Este estudo tem por objetivo verificar a influência do tempo de coleta de dados com receptores GPS na
reconstituição de uma poligonal topográfica.
https://goo.gl/VihNQy

80
Referências
BORGES, A. C. Topografia Aplicada à Engenharia Civil. São Paulo: Edgard
Blucher, 1992. v.1 e 2.

BORGES, A. C. Exercícios de Topografia. São Paulo: Edgard Blucher, 1997.

GARCIA, G. J.; PIEDADE, G. C. R. Topografia aplicada às ciências agrárias.


São Paulo: Nobel, 1994.

GHILANI, C. D.; WOLF. P. R. Geomática São Paulo: Pearson, 2014. Disponível


na Biblioteca Virtual.

NBR 13 133/94. Execução de levantamento topográfico. Rio de Janeiro:


ABNT, 1994.

VEIGA, L. A. K.; ZANETTI, M. A. Z.; FAGGION, P. L. Fundamentos de Topogra-


fia. Curitiba: UFPR, 2012.

81
6
Levantamentos Topográficos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Monica Midori Marcon Uchida Sguazzardi

Revisão Técnica:
Prof.ª Esp. Erika Gambeti Viana

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Levantamentos Topográficos
UNIDADE
6
Memorial Descritivo
O Memorial Descritivo é um documento oficial, necessário para o registro de
propriedades e terrenos em Cartório. Deve conter, obrigatoriamente, o nome do
proprietário, da propiedade e o endereço.

Além disso, deve apresentar descrição detalhada do terreno, citando perímetro,


área, azimutes, rumos e deflexões entre as linhas da poligonal, juntamente com os
limites confrontantes, além dos dados do topógrafo responsável pelo levantamento,
data e assinatura.

Veja o exemplo a seguir, retirado de VEIGA et al. (2012):


MEMORIAL DESCRITIVO
Propriedade de: Odilon Viana e outros
Lote: 16-C-3/C-1-A-2-A/C-1-A-3-A/C-1-A-2 do
Croqui 4687 da Planta Herdeiros de Lourenço Viana.
Indicação Fiscal: 5151515151-51
Lote de forma irregular, com 14,00 m (catorze metros) de frente para a
Rua Marquês das Oliveiras.
Do lado direito de quem da Rua Marquês das Oliveiras olha o lote, mede
61,30 m (sessenta e um metros e trinta centímetros), confrontando com
os lotes ind. fiscais: 51-057-018.000 de Pedro José Viana e 51-057-
022.000 de Pedro Viana.
Do lado esquerdo de quem da Rua Marquês das Oliveiras olha o lote,
mede em cinco segmentos, sendo o primeiro com 34,50 m (trinta e
quatro metros e cinqüenta centímetros). O segundo segmento deflete
à esquerda 90° (noventa graus) e mede 16,00 m (dezesseis metros),
confrontando com o lote ind. fiscal 51-057-016.000 de João Viana. O
terceiro segmento deflete à direita 90° (noventa graus) e mede 12,00 m
(doze metros) de frente para a Rua José Matos. O quarto segmento deflete
à direita 90° medindo 16,00 m (dezesseis metros). O 5º segmento deflete
à esquerda 90° (noventa graus) e mede 14,30 m (catorze metros e trinta
centímetros), confrontando com o lote ind. fiscal 51-057-030.000 de
Danilo Viana. Na linha de fundo, mede 18,70 m (dezoito metros e setenta
centímetros), confrontando com os lotes ind. fiscais 51-057-030.000 de
Danilo Viana e 41-057-022.000 de Pedro Viana.
O lote é murado em toda a sua extensão e sua área total é 1.187,45
m2 (um mil cento e oitenta e sete metros quadrados e quarenta e cinco
decímetros quadrados).
No lote existem 4 (quatro) imóveis, sendo que o imóvel I, de madeira,
com área de 120 m2 (cento e vinte metros quadrados) e forma irregular,
localiza-se a 31,00 m (trinta e um metros) da frente do lote na Rua Marquês
das Oliveiras, possuindo 9,00 m (nove metros) de frente por 13,0 m (treze
metros) no seu lado esquerdo.
Na divisa do primeiro segmento do lado esquerdo de quem da Rua Marquês
das Oliveiras olha o lote, a 22,50 m (vinte e dois metros e cinqüenta
centímetros) desta, situa-se o imóvel II, de alvenaria, medindo 3,50 m x
12,00 m (três metros e cinqüenta centímetros por doze metros) com área
de 42,00 m2 (quarenta e dois metros quadrados).

84
A 5 m (cinco metros) do terceiro segmento do lado esquerdo de quem
da Rua Marquês das Oliveiras olha o lote, de frente para a Rua José
Matos, situa-se o imóvel III, de alvenaria, medindo 12,00 m x 8,75 m
(doze metros por oito metros e setenta e cinco centímetros), com área de
105,00 m2 (cento e cinco metros quadrados).
No quinto segmento do lado esquerdo de quem da Rua Marquês das
Oliveiras olha o lote, a 4,80 m (quatro metros e oitenta centímetros)
localiza-se o imóvel IV, de alvenaria, com 3,80 m x 9,50 m (três metros
e oitenta centímetros por nove metros e cinquenta centímetros) e área de
36,10 m2 (trinta e seis metros quadrados e dez decímetros quadrados).
A largura da Rua Marquês das Oliveiras é 10,00 m (dez metros) e cada
calçada nesta rua mede 5,50 (cinco metros e cinquenta centímetros).
A largura da Rua José Matos é 10,00 m (dez metros) e cada calçada nesta
rua mede 4,50 m (quatro metros e cinqüenta centímetros).
João da Silva – Engenheiro Cartógrafo
CREA Nº. 00000 - D / PR
Curitiba, 29 de fevereiro de 2010.

O Memorial Descritivo, em geral, vem acompanhado de um croqui da área, mas


note que por meio dele, mesmo sem o croqui, seria possível desenhar uma planta
do terreno, pois todas as suas características estão detalhadas.

Por Lei, toda área registrada em Cartório deve conter um Memorial Descritivo.
Além disso, Empresas e grandes incorporações do ramo da construção civil devem
registrar suas obras em Cartório com um Memorial Descritivo da construção, que
deve conter não só a descrição da planta do imóvel que está sendo construído,
como também as garantias financeiras, orçamentos e todo o material que está
sendo utilizado, inclusive no acabamento final.

Mapeamento
Desde criança, somos habituados a observar e manusear mapas de origens
diversas. Atlas, mapas rodoviários, guia de ruas e até mesmo aparelhos com GPS,
que nos guiam através das ruas e rodovias, dando informações precisas de como
chegar de um lugar a outro.

Os levantamentos de Mapeamento são feitos para registrar o relevo, as carac-


terísticas físicas do local com os elementos naturais, juntamente com os elementos
culturais de uma região.

As características físicas dependem da forma do terreno, das elevações e das decli-


vidades encontradas. Os elementos naturais são aqueles que aparecem sem a interfe-
rência do homem, como, por exemplo, rios, cachoeiras, matas, florestas e desertos.

Já os elementos culturais são aqueles que foram criados pelo homem, como
construções, loteamentos, pontes, estradas e afins. Todas essas características
devem conter suas respectivas áreas de demarcação e legendas em um Mapeamento.

85
Levantamentos Topográficos
UNIDADE
6
Os Mapeamentos podem ser planimétricos (quando apresentam somente as
características do local no plano horizontal) ou planialtimétricos (quando apresentam
as características do local juntamento com o seu relevo).

Como você já deve saber, os mapas possuem inúmeras aplicações e são de


grande importância, não somente nas Engenharias, mas também para a Agricultura,
Administração, Planejamento e Turismo, por exemplo.

Antigamente, os mapas eram desenhados à mão por especialistas, mas esse


método é impreciso e, hoje, temos a utilização de softwares específicos para a
construção dos mapas, o que nos permite inclusive visualizações de perspecti-
vas diferentes.

Os acidentes do terreno (elevações e depressões) podem ser mostrados de


diversas formas no terreno; em geral, são mostradas na forma de curvas de nível
ou com Gráficos digitais em três dimensões que mostram o terreno como se esse
fosse “fatiado”.

Os Mapeamentos podem ser realizados a partir de diversas fontes; atualmente,


as mais utilizadas são a terrestre e a aérea. O Mapeamento terrestre é feito pelo
topógrafo em campo, com o seu deslocamento até a região de interesse, enquanto
o Mapeamento aéreo utiliza fotos aéreas (técnica chamada de Fotogrametria) para
a construção dos mapas. Nos dias de hoje, a maioria dos mapas é realizada com as
duas técnicas combinadas.

Um dos items mais importantes do mapa é a escala. O mapa pode conter


os desenhos proporcionais entre si, mas sem a escala não podemos ter ideia do
tamanho real das formas retratadas.

A escala utilizada dependerá de vários fatores, como, por exemplo, nível de


detalhe, tamanho e precisão requeridos para o mapa. Muitas vezes, são realizados
mapas de reconhecimento com baixa precisão, pois, no momento da sua realização,
não havia interesse em uma descrição detalhada da região, mas, depois de alguns
anos, devido a um interesse crescente no local, faz-se necessária a confecção de
um mapa mais detalhado.

Sendo assim, é importante realizar o mapeamento sempre com a maior pre-


cisão possível, visando a uma utilização futura, evitando que seja feito um novo
mapeamento posteriormente.

Os controles são muito importantes na realização do mapeamento. Eles podem


ser permanentes ou semi-permanentes e o tipo de controle utilizado depende do
mapeamento. Os controles horizontais são aqueles que marcam o solo, são feitos de
concreto ou metal e são afixados com precisão no terreno para realizar o controle
das coordenadas e das direções do mapeamento horizontal. O controle vertical é
estabelecido por meio de uma referência de nível conhecido nos arredores da área
a ser mapeada.

86
Figura 1 – Antigo mapa da cidade de São Paulo feito em 1841. Desenhado à mão
Fonte: smdu.prefeitura.sp.gov.br

Figura 2 – Mapa digital do centro da cidade de São Paulo, como é visto atualmente
Fonte: Google Maps

Figura 3 – Mapa planialtimétrico digital em três dimensões


Fonte: geoagris.com

87
Levantamentos Topográficos
UNIDADE
6
Curvas de Nível
Como mencionado anteriormente, as curvas de nível são muito utilizadas para
retratar o relevo de uma região. Uma curva de nível é uma linha imaginária que
conecta pontos de uma mesma altitude em um levantamento. As margens de um
rio ou de um lago são exemplos de curvas de nível visíveis.

A distância entre duas curvas de nível consecutivas é chamada de intervalo


de curva de nível e o valor utilizado para esse intervalo depende do terreno, da
finalidade e da precisão do mapa. Por exemplo, em um mapeamento urbano
para a construção de ruas, seriam necessárias curvas de nível com intervalo de
0,5m a 1m, enquanto um mapeamento de uma região montanhosa pode ter um
intervalo de 10m.

As curvas de nível nunca se cruzam e tendem a ser quase paralelas entre si.
Elevações ou depressões pontuais (picos, vales, cursos de água, buracos etc.) são
representados no mapa como pontos críticos e, em alguns casos, podem ser
utilizadas para definir uma curva de nível.

As curvas de nível principais são traçadas como linhas cheias, enquanto curvas
de nível secundárias são traçadas com linhas tracejadas.

Figura 4 – Exemplo de construção de curva de nível


Fonte: deconcrete.org

88
Figura 5 – Curvas de nível com intervalo de 1 metro mostrando o relevo de uma região
Fonte: mundogeo.com

As curvas de nível não devem cruzar cursos de água ou grandes acidentes


topográficos. Por isso, em primeiro lugar, devemos procurar por esses pontos no
terrenos e utilizá-los como referência para a criação das linhas da curvas.

Você pode ver na figura 5 que as curvas de nível têm origem (são menores) nas
partes mais altas do terreno e vão seguindo até as partes mais baixas. Isso não
significa que devemos começar sempre pelas partes mais altas, pois em um terreno
com buracos significativos, também é possível iniciar o mapeamento das curvas de
nível pela altitude mais baixa.

Planialtimetria
A Planialtimetria ou Planta Topográfica é o levantamento detalhado da projeção
do terreno no plano horizontal (Planimetria), juntamente com os detalhes do relevo.
É um mapa bem complexo, mas de extrema importância para obter uma visão
geral e clara da localização.

89
Levantamentos Topográficos
UNIDADE
6

Figura 6 – Mapeamento planialtimétrico da região de Sao José dos Campos (SP)


Fonte: ibge.gov.br

Muitas vezes, um mapa planialtimétrico é feito sobre uma fotografia da região.


Veja a figura a seguir:

Figura 7 – Mapa planialtimétrico sobre uma fotografia da região


Fonte: mecateengenharia.com.br

Volume
Em topografia, é muito comum que sejam requisitados volumes de diversas regiões
e de diversos tipos de materiais. Desde quantidades de terra a ser movimentada,
quantidade de concreto necessária para algumas obras, até a vazão de água por
rios, córregos e canais.

90
A medida direta do volume é muito difícil e por vezes impraticável. Nesta unidade,
iremos aprender a calcular os volumes pelo método das seções transversais. Esse
método é utilizado para o cálculo de seções lineares, como, por exemplo, estradas,
rios e canais.

No método das seções transversais, calculamos a área da seção e multiplicamos


pelo comprimento total, obtendo, assim, o volume.

Por exemplo: imagine um canal de 350m cuja seção transversal possui a forma
de um trapézio:

c 1
s
b

Seção de nível
Área = c(b+sc)
Figura 8 – Seção transversal de um canal trapezoidal
Fonte: Adaptado de GHILANI, C. D. & WOLF. P. R. (2014)

Sabendo que a profundidade c é igual a 2 metros, a largura do fundo é igual a 3


metros e s (inclinação do talude) é igual a 1 m. Calcule o volume de água.

Para resolver esse exercício, basta aplicar a fórmula da área de um canal trapezoidal,
onde c = 2 m, b = 3m e s = 1 e multiplicar pelo comprimento l = 350m.

Área = 2(3+1x2) = 10m²

Então, o volume será: V = Axcomprimento = 10x350 = 3500m³.

Terraplenagem
A Terraplenagem é a alteração do relevo do terreno com a escavação ou o
depósito de terra para transformar um terreno inclinado em um terreno plano ou
alterar inclinações já existentes. O termo técnico correto é Terraplenagem, embora
o uso popular da palavra Terraplanagem tenha se tornado usual e aceito na maioria
dos casos.

Para realizar corretamente a terraplenagem em um terreno, devemos ter


conhecimento prévio do relevo e das medidas das suas declividades.

Existem 4 situações na qual se pode aplicar a terraplanagem:


• Transformar um terreno inclinado em um terreno plano, sem estabelecer uma
altura final;
• Transformar um terreno inclinado em um terreno plano, com a imposição de
uma cota final;

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Levantamentos Topográficos
UNIDADE
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• Estabelecer uma inclinação a um plano, sem impor a sua altura final;
• Estabelecer uma inclinação a um plano, com a imposição de uma altura final.

Para todos os casos, é necessário calcular o volume de terra que deve ser
colocado ou retirado de uma determinada região e, para, isso se utiliza o método
da quadriculação.

Nesse método, o terreno é dividido em quadrados ou retângulos iguais, de lados


pré-definidos, para auxiliar no cálculo do volume de terra a ser utilizado.

Existem várias formas de realizar esse cálculo. E cada um dos casos acima deve
ser estudado individualmente.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
EcoDebate
ARTIGO: Obras de Terraplenagem: o patinho feio da geotecnia. DOS SANTOS, A. R.
Ecodebate. out. 2013. Artigo sobre os estudos da terraplenagem que, em geral, é deixada
de lado e considerada um “trabalho sujo”, ao qual os técnicos não dão a devida atenção.
https://goo.gl/GxEczn

Vídeos
Engenharia Topografia Terraplenagem
Videoaula sobre o cálculo de volume em terraplenagem para cotas definidas.
https://youtu.be/V-Sr3LPDsc8
Engenharia Topografia - Declividades Percentual e Angular
Videoaula sobre curvas de nível e declividades.
https://youtu.be/lspZghb7-IA

Leitura
Memorial Descritivo
Normas para a entrega de memoriais descritivos para a Prefeitura de São Paulo.
https://goo.gl/cMLWdO

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Levantamentos Topográficos
UNIDADE
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Referências
BORGES, A. C. Exercícios de Topografia. São Paulo: Edgard Blucher, 1997.

BORGES, A. C. Topografia Aplicada à Engenharia Civil. São Paulo: Edgard


Blucher, 1992. v.1 e 2.

GARCIA, G. J.; PIEDADE, G. C. R. Topografia aplicada às ciências agrárias.


São Paulo: Nobel, 1994.

GHILANI, C. D.; WOLF. P. R. Geomática. São Paulo: Pearson, 2014. Disponível


na Biblioteca Virtual.

NBR 13 133/94. Execução de levantamento topográfico. Rio de Janeiro:


ABNT, 1994.

VEIGA, L. A. K.; ZANETTI, M. A. Z.; FAGGION, P. L. Fundamentos de


Topografia. Curitiba: UFPR, 2012.

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