Adegas

Apresentação
Conhecidas como espaços de armazenamento e amadurecimento, as adegas correspondem à
estrutura de nutrição da vida do vinho. Projetadas nos mais variados espaços, têm suas
particularidades quanto ao estilo apresentado e às bebidas que armazenam. Porém, todas devem
respeitar características mínimas para não prejudicar a vida útil dos vinhos. Transpondo barreiras ao
longo dos anos, desde os tempos mais remotos do período neolítico, quando as "adegas"
resguardavam ânforas cheias de uvas esquecidas, até a atualidade, quando podem receber uma
série de inserções tecnológicas, a conservação do vinho sempre foi um assunto presente na
comunidade enológica.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender como avaliar um vinho no momento da
compra, as estruturas de funcionamento de uma adega e as diferenciações entre os tipos de adegas
existentes.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir os requisitos importantes na compra do vinho.

• Descrever as recomendações físicas de uma adega.
• Explicar o funcionamento e a gestão de uma adega.
 Desafio
O gerenciamento de adegas é uma das áreas de abordagem dos estudos enológicos. Para um
gerenciamento de qualidade, várias nuances devem ser observadas e detalhadas, pois cada adega
tem atributos únicos devido à diversidade de produtos armazenados. Essa gama de produtos fará
com que o gestor adeque os nichos e prateleiras, buscando garantir sua qualidade pelo tempo
necessário.

Suponha que você foi chamado para fazer o gerenciamento de uma adega de um restaurante de
sua cidade. Composta de vinhos tranquilos e espumantes, o local é alvo constante de reclamações
dos clientes quanto à qualidade dos produtos. Ao observá-la, você nota que todas as garrafas estão
de pé e decide reorganizá-las. Com base nos vinhos a seguir, informe ao dono do restuarante em
que posição deverão estar organizadas as garrafas e por quais motivos. Indique também qual a
temperatura ideal para o armazenamento.

– Vinho tinto reserva

– Vinho tinto jovem com tampa de rosca

– Vinho branco grand cru

– Vinho rosé jovem

– Espumante moscatel não safrado

– Espumante brut com quatro anos de maturação

 Infográfico
A composição de um vinho pode ser significativamente alterada conforme o cuidado estabelecido
com as garrafas. Garrafas expostas a condições extremas não conseguem isolar de forma perfeita o
produto de seu interior, fazendo da ingesta do vinho uma atividade não proveitosa. O descuido e a
falta de planejamento para a guarda de um vinho descaracterizam as sensações organolépticas de
cada cultivar ou método de fabricação.

Neste Infográfico, você vai conhecer os problemas físicos mais comuns em garrafas de vinho que
devem ser refutadas.
 Conteúdo do livro
Conhecer as funcionalidades de uma adega é parte fundamental na gestão de negócios que
envolvem vinho. Compreender a escolha certa de adega para seu ambiente e necessidades, e como
organizá-la, pode ser a base para a inserção sólida de sua marca.

No capítulo Adegas, da obra Enologia, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai
conhecer não apenas as questões estruturais, mas todo o processo que envolve a compra e venda
de um vinho.

Boa leitura.
ENOLOGIA

Maicon Farias Vieira

Adegas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir os requisitos importantes na compra do vinho.

 Descrever as recomendações físicas de uma adega.
 Explicar o funcionamento e a gestão de uma adega.

Introdução
Para quem quer que se proponha a gerir negócios que envolvam o
universo dos vinhos, é de extrema importância conhecer as funciona-
lidades de uma adega. Para a inserção e fortalecimento de uma marca
nesse ramo de mercado, é preciso conhecer os elementos que levam à
escolha entre os diferentes tipos de adegas para cada ambiente e cada
necessidade, bem como os quesitos para gerenciar tais locais.
Neste capítulo, você conhecerá os requisitos básicos para a compra
acertada e sem surpresas de um vinho de qualidade. Além disso, vai
conhecer os principais elementos relacionados às adegas, desde seus
principais tipos até os quesitos básicos para sua boa gestão.

1 Adegas: adequações, tipologias

e funcionamentos
Adegas são ambientes estruturados para o recebimento e armazenamento de
vinhos, voltando-se tanto para a venda quanto para o abastecimento familiar.
Na adega, as condições físicas do espaço são de fundamental importância,
pois a qualidade dos produtos ali presentes pode ser modificada a partir de
diferentes condições espaciais.
A mais antiga adega data de 6 mil anos atrás e foi descoberta em um sítio
arqueológico de Tel Kabri, em Israel (VIDIGAL, 2016). Com o passar do
tempo, as adegas foram sendo elementos constituintes de muitos lares, mais
precisamente nos porões ou caves. A modernidade diminuiu os tamanhos
2 Adegas

das residências e, como consequência, a presença dos porões como cômodo

e espaço de reserva de vinhos.
Atualmente, encontramos em geral dois tipos de adegas: as adegas passivas
e as adegas climatizadas. Por adegas passivas são compreendidas aquelas
em que é aproveitado um espaço da casa, do modo como foram idealizadas
antigamente, nos porões ou caves. Já as adegas climatizadas são espaços
de armazenamento de vinhos que “[...] usam a eletricidade para manter seu
interior devidamente resfriado e umidificado” (MARINI, 2017, documento
on-line). As adegas climatizadas podem se dividir em adegas climatizadas
termoelétricas e adegas climatizadas com compressor.
As adegas passivas são espaços de armazenamento que não possuem
interferência tecnológica na sua adequação de espaço. Nelas, a utilização da
física é de fundamental importância, constituindo a atmosfera de “vida” do
vinho. Observe na Figura 1 um exemplo de adega passiva.

Figura 1. Adega passiva.

Fonte: zhu difeng/Shutterstock.com.

Nas adegas passivas, é necessário manter uma temperatura em torno de

15ºC, levando ainda mais em consideração a não oscilação da temperatura. É
justamente por isso que o porão acaba sendo um dos locais mais escolhidos
para a inserção de uma adega: localizado na região mais baixa da casa, sua
temperatura costuma ser baixa e pouco oscilante. Segundo Albert (2004),
para quem mora abaixo da Linha do Equador, a escolha de lugares com face
sul também traz frescor ao espaço.
 Adegas 3

A umidade é outro ponto importante em uma adega passiva. Nesse tipo de

local, a umidade deve girar entre 65% e 85% (MARINI, 2017), criando uma
atmosfera ideal para o não ressecamento das rolhas. A trepidação também deve
ser considerada na escolha de um espaço a ser usado como adega passiva. Busque
locais sem trepidação, pois o trepidar pode acarretar a violação e quebra de garrafas,
além de importunar o “descanso” do vinho, agitando as partículas que envolvem
a bebida e podendo desestruturar os componentes de maturação do vinho.
Outro ponto a ser levado em consideração é a iluminação. O local da
adega passiva deve receber o mínimo possível de iluminação, podendo haver
instalação de luz elétrica de baixa voltagem para quando se deseja procurar
por vinhos, além de ser protegido de raios UV.
Quanto às adegas climatizadas, você poderá optar pelas termoelétricas ou pelas
adegas com compressor. As adegas com climatização termoelétrica trocam calor
com o meio externo, ou seja, podem apresentar oscilação de temperatura depen-
dendo da temperatura local. Conforme Marini (2017, documento on-line), “[...] o que
acontece, mais precisamente, é que uma placa de cerâmica dentro da adega absorve
o calor em seu interior e manda-o para fora”. Dessa forma, a utilização desse tipo
de adega em locais muito quentes ou de grande amplitude térmica é problemática,
pois acabará interferindo nas condições do meio interno da adega.
Observe na Figura 2 uma ilustração das relações entre os meios interno e
externo quando você utiliza uma adega termoelétrica.

Figura 2. Esquema de refrigeração termoelétrica.

Fonte: Art des Caves (c2020, documento on-line).
4 Adegas

Não à toa, as adegas climatizadas termoelétricas foram desenvolvidas para

o armazenamento de vinhos na Europa, com temperaturas mais baixas que
nas regiões tropicais, apresentando como público-alvo aquelas pessoas que
desejam uma adega passiva, mas que não possuem espaço para isso.
Contudo, caso você viva em uma região onde as temperaturas não sejam
muito elevadas, as adegas climatizadas tornam-se grandes aliadas, pois con-
trolam a umidade e a luminosidade, favorecendo a guarda dos vinhos. Tome
cuidado com o local de escolha para instalação da adega climatizada: ainda
que muitas já possuam portas com proteção contra a luminosidade, evite a
exposição ao Sol ou mesmo a numerosas fontes de luz elétrica.
Já as adegas climatizadas com compressor não recebem influência da
temperatura externa, mantendo uma temperatura estável em seu interior.
Um exemplo conhecido de eletrodoméstico com compressor é a geladeira.
Nela, assim como na adega climatizada com compressor, há interferência da
temperatura externa somente quando a porta é aberta. A Figura 3 ilustra o
isolamento térmico das adegas climatizadas com compressor.

Figura 3. Esquema de refrigeração com compressor.

Fonte: Art des Caves (c2020, documento on-line).
 Adegas 5

Em comparação com a adega termoelétrica, a adega climatizada com

compressor garante menor consumo energético, devido a seu isolamento. “Por
esta razão, deve-se buscar produtos com controles rigorosos de qualidade tanto
na densidade quanto na dureza e espessura da adega” (ART DES CAVES,
c2020, documento on-line). Para buscar um isolamento de qualidade, o vidro
da porta da adega, por exemplo, deve ser duplo.
Além do mais, é possível trabalhar com um espaço combinado entre adegas
passivas e climatizadas. Para isso, é possível utilizar uma cave, um exemplo
de adega passiva, e nela instalar adegas climatizadas demarcando espaços
e diferenciando os ambientes do espaço. Outra opção para caves que não
possuem temperatura adequada é instalar um ar-condicionado no local, man-
tido em temperatura constante. Contudo, não esqueça que os outros fatores,
como luminosidade, umidade e trepidação ainda deverão ser manualmente
controlados, caso seja feito o uso de ar-condicionado.

2 Gestão de adegas
A gestão adequada de adegas é uma prática que assegura não somente a venda
de produtos para clientes, mas também sua fidelização. Quando as qualidades
organolépticas do vinho são preservadas, o estabelecimento denota credibili-
dade e cuidado pelos produtos armazenados.
Para gerir uma adega, você deve começar levando em conta a posição
dos vinhos de forma a manter sua qualidade. Em geral, ouvimos dizer que os
vinhos devem ser mantidos deitados. Porém, muitas adegas possuem nichos
para vinhos em três posições: deitados, inclinados e de pé.
Conhecer o tipo de produto armazenado é o ponto-chave para garantir a
vida prolongada do vinho na posição correta. Comece observando se o vinho
possui rolha ou se ele é vedado por rosca (screw cap). Quando a garrafa possuir
rolha, como no exemplo mostrado na Figura 4, independentemente do tipo
de vinho, a rolha deve ser mantida em contato com o líquido. Para isso, as
posições deitado e inclinado serão as mais recomendadas.
6 Adegas

Figura 4. Vinho vedado por rolha.

Fonte: Marko Poplasen/Shutterstock.com.

Após observar a presença da rolha no vinho, busque informações técnicas

como tipo de uva, safra, região e potencial de envelhecimento. Vinhos leves,
produzidos com uvas menos tânicas, com pouco ou nenhum potencial de
envelhecimento, podem ficar deitados ou inclinados (Figura 5) na adega. Em
contrapartida, vinhos com potencial de envelhecimento, feitos a partir de
cultivares mais tânicos ou mais complexos, e/ou de safras mais antigas, devem
ser obrigatoriamente armazenados deitados. Vinhos espumantes também
devem ser sempre mantidos deitados para uma melhor preservação de suas
qualidades organolépticas.

Figura 5. Vinhos com rolha na posição inclinada.

Fonte: kaband/Shutterstock.com.
 Adegas 7

Caso o vinho seja vedado por rosca (screw cap), e não pela tradicional rolha,
não faça juízo de valor da bebida. A utilização de rosca se dá basicamente em
vinhos jovens e que não precisam passar por um período de maturação, ou
seja, vinhos que já nascem prontos para o consumo. Como não possui rolha,
esse tipo de vinho pode ser mantido de pé, em posição vertical, sem prejuízo
de suas características ideais (Figura 6).

Figura 6. Vinhos vedados por rosca.

Fonte: David Lade/Shutterstock.com.

Muitas pessoas podem, a princípio, refutar a compra de um vinho por ele

não possuir rolha, acreditando isso seja sinal de qualidade inferior. Porém,
cabe aos vendedores explicar o porquê da vedação moderna, incluindo a
redução do valor final do produto, a praticidade na abertura e o frescor que
vinhos jovens podem trazer.
Outro ponto comumente mencionado é que os vinhos são melhores
quanto mais velhos forem. Na verdade, acompanhar a vida útil dos vinhos
é uma das funções obrigatórias na gestão de uma adega. Nem todo vinho
possui potencial de envelhecimento. Aqueles produzidos para consumo
jovem acabam com o decorrer do tempo por avinagrar. Já os vinhos com
potencial de envelhecimento, caso não recebam um manejo adequado,
também poderão demonstrar defeitos, mesmo antes do período que seria
o seu ápice. Cabe ao gestor da adega fazer o acompanhamento de quais
produtos se aproximam dos períodos de pontos críticos para que não se
perca o valor investido.
8 Adegas

O termo avinagrar é utilizado sempre que um vinho sofre ação de bactérias acéticas,
acarretando a formação de fermentação acética. A fermentação acética é o principal
elemento na constituição do vinagre.

Em termos de controle organizacional, há atualmente muitos aplicativos

que auxiliam nessa gestão. Alguns dos principais possuem recursos ligados a
quantidades, valores e períodos de guarda, além de possibilidades de alertas em
condições especiais, como ao ultrapassar uma determinada quantia de produtos.
Utilizando ou não recursos de alertas de aplicativos, uma coisa é certa: a
organização de sua adega é algo bastante pessoal, mas talvez outras pessoas
também utilizem esse espaço, seja para venda direta (o próprio consumidor) até
um funcionário do estabelecimento, caso você não esteja presente para atender.
Assim, busque identificar de forma clara cada parte de sua adega. Escolha a
sinalização por elementos simples, como países, coloração de vinhos, vinhos
do Novo e do Velho Mundo, etc., para que seja fácil encontrar o que se deseja.
Joseph (2008) afirma que organizar uma adega é algo bastante gratificante e
que manter-se em dia com a localização de suas garrafas exige planejamento.
E nas adegas residenciais? Neste caso, caso sua adega seja do tipo passiva,
vale optar por maneiras práticas de localizar os vinhos, como os métodos de
identificação apresentados anteriormente. Já no caso de adegas climatizadas,
opte por colocar os vinhos brancos e espumantes na parte inferior, pois este é
o espaço onde a temperatura está sempre um pouco mais baixa.
Contudo, qualquer que seja o tipo de adega ou sua razão de ser, em hipótese
alguma use a adega como um espaço de resfriamento de vinhos. A adega é um
espaço de armazenamento, onde se recriam condições ideais para garantir a
vida dos vinhos. As temperaturas de serviço e de conservação são diferentes,
bem como os locais para diminuição e elevação de temperatura são diferentes
do local de armazenamento.

3 Compra de vinhos
A compra de vinhos parece algo relativamente fácil para a maioria das pessoas.
Contudo, a falta de atenção a diferentes aspectos da garrafa pode fazer com
que a compra se torne um grande desastre. A não observação de aspectos
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físicos, como a cápsula da rosca, a rolha ou o rótulo, pode facilmente fazer

com que a degustação do vinho se torne uma experiência não tão agradável.
Primeiramente, observe atentamente as informações relevantes trazidas
no rótulo na hora da compra de seu vinho. A Figura 7 apresenta um exemplo
de leiaute de informações em um rótulo.

Figura 7. Leiaute de um rótulo de vinho.

Cada um dos itens elencados na Figura 7 é responsável por uma criteriosa

descrição do produto em questão antes de sua abertura. Vejamos minuciosa-
mente cada elemento:

 Nome/Marca: normalmente a marca ou o nome da linha de vinhos vem

em letras maiores, buscando chamar a atenção do comprador. Junto a
ela, é possível que venha também o logotipo da empresa. Muitas vezes,
a marca não é destacada em caso de um produto de linha inferior no
quesito qualidade; contudo, busque pela presença do logotipo ou de
informações no contrarrótulo para saber ao certo quem é o produtor.
 Classificação: é um ponto fundamental na hora da compra. Mesmo
que seja um vinho que você já conhece há muito tempo, bem como sua
rotulagem, sempre leia as especificações de sua classificação. Muitas
vezes, as empresas introduzem novos produtos com rótulos já existen-
tes, o que exige atenção aos detalhes para não acabar comprando um
produto por outro. No Brasil, os vinhos podem ser classificados quanto
10 Adegas

a coloração, quantidade de açúcar e classe, conforme a Lei nº. 10.970,

de 12 de novembro de 2004 (BRASIL, 2004):
■ Quanto à classe — vinho de mesa, vinho leve, vinho fino ou VCP
(Vinho de Qualidade Preferencial), vinho espumante, vinho frisante,
vinho gaseificado, vinho licoroso e vinho composto.
■ Quanto à coloração — tinto, rosado (rosé ou clarete) ou branco.
■ Quanto à quantidade de açúcar — os vinhos espumantes ou ga-
seificados podem ser classificados como nature, extra-brut, brut,
demi-sec (meio doce ou meio seco) ou doce. Já para vinhos leves
e frisantes, as classificações são seco (sec ou dry), demi-sec (meio
doce ou meio seco) ou doce (suave).
 Uva: a presença do nome do cultivar normalmente ocorre apenas com
vinhos do Novo Mundo. Alguns rótulos apresentam o nome de um
único cultivar quando o vinho se trata de um varietal e de mais de um
cultivar quando o vinho é composto por mais de um tipo de uva, o que é
denominado “corte” ou assemblage. No caso dos cortes ou assemblages,
fica a cargo de cada vinícola apresentar quais são as uvas presentes na
confecção do produto, assim como as quantidades de cada uva. Cabe
ressaltar que, no Brasil, os vinhos varietais podem ser acrescidos de até
25% de outras uvas sem a necessidade de apresentá-las na rotulagem.
 Safra: a safra é o ano de produção do vinho. A menção a safra não é
uma obrigatoriedade nos rótulos; contudo, nos últimos tempos, a safra
é uma das informações que as vinícolas utilizam como estratégia de
venda, já que muitas pessoas possuem conhecimento a respeito de
safras que possam ter sido mais esplendorosas, nos quesitos qualidade
e quantidade, do que outras. No campo dos espumantes, poucos são
aqueles que trazem menção a safra. Muitas vezes, os espumantes são
produzidos com vinhos de diversas safras, o que não permitiria informar
uma única data de produção.
 Região: a presença da região nos rótulos é algo facultativo. Nos
vinhos de Novo Mundo, é mais comum a presença da região pro-
dutora, já que ainda busca-se demarcar cada região produtora com
suas qualidades de terroir. Nos países de Velho Mundo, a presença
da região é de fundamental importância, pois com essa infor-
 Adegas 11

mação normalmente já é possível saber quais uvas estão presen-

tes naquela bebida, pois os cultivares não são descritos em rótulo.
A região produtora de vinhos pode vir marcada pela presença de uma
Indicação Geográfica, na ordem de uma Indicação de Procedência (IP)
ou por uma Denominação de Origem Controlada (DOC). No Brasil,
segundo a Lei nº. 9.279, de 14 de maio de 1996, que regula direitos e
obrigações relativos à propriedade industrial:

Art. 177. Considera-se indicação de procedência o nome geográfico de país,

cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido
como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou
de prestação de determinado serviço.
Art. 178. Considera-se denominação de origem o nome geográfico de país,
cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço
cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente
ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos (BRASIL, 1996,
documento on-line).

 Graduação alcoólica: é expressa sempre em graus Gay-Lussac (GL),

com o teor alcoólico expresso em percentual por volume, à razão de um
para um (v/v) a 20º C, segundo a Lei nº. 10.970, de 12 de novembro de
2004. Cada pais estipula as normas para os limites máximos e mínimos
de teor alcoólico, segundo a classe e as quantidades de açúcar de cada
produto. O teor alcoólico dos vinhos é elemento obrigatório nos rótulos
(BRASIL, 2004).
 Quantidade: a quantidade é fator obrigatório nos rótulos. As quan-
tidades são sempre expressas em mililitros (ml) ou em litros (l). As
garrafas possuem variações bastante específicas, podendo ser um dos
fatores de compra. Cuidado para não comprar um produto pelo valor e,
só ao chegar em casa, observar que a garrafa possui menor quantidade
que você imaginava.

Agora que você está entendendo ainda mais sobre a gestão de adegas e
sobre os principais elementos a serem observados na compra de vinhos, analise
diversos rótulos, observe cada elemento informado e imagine como seria a
gestão desse produto. Isso certamente valorizará os estudos feitos até aqui.
12 Adegas

ALBERT, A. Z. O admirável novo mundo do vinho e as regiões emergentes. 2.ed. São Paulo:
Editora SENAC, 2004.
ART DES CAVES. Comprar adegas de vinho: tudo o que você precisa saber. c2020. Dis-
ponível em: https://info.artdescaves.com.br/ebook-tudo-precisa-saber-para-comprar-
adega. Acesso em: 25 mar. 2020.
BRASIL. Lei nº. 10.970, de 12 de novembro de 2004. Altera dispositivos da Lei nº. 7678,
de 8 de novembro de 1988, que dispões sobre a produção, circulação e comerciali-
zação do vinho e derivados de uva e do vinho, e dá outras providências. 2004. Diário
Oficial da União, Brasília, 16 nov. 2004. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.970.htm. Acesso em: 25 mar. 2020.
BRASIL. Lei nº. 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à
propriedade industrial. Diário Oficial da União, Brasília, 15 maio 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9279.htm. Acesso em: 25 mar. 2020.
JOSEPH, R. Guia ilustrado Zahar: vinhos franceses. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
MARINI, J. Conheça três tipos de adegas e como escolher o melhor para sua casa. 2017.
Disponível em: https://blog.famigliavalduga.com.br/conheca-3-tipos-de-adegas-e-
como-escolher-o-melhor-para-sua-casa/. Acesso em: 25 mar. 2020.
VIDIGAL, R. Descubra como foi o surgimento das adegas. 2016. Disponível em: https://
blog.artdescaves.com.br/como-foi-surgimento-das-adegas. Acesso em: 25 mar. 2020.

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cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
 Dica do professor
A constituição dos produtos é um ponto forte para que uma adega seja mais ou menos prestigiada.
Uma adega não se faz apenas de grandes rótulos, mas de uma variedade de produtos que
transcorra pontos de peso e métodos de fabricação diferentes. A composição da adega deverá
apresentar as diferentes e principais classes de vinho, colorações e níveis de açúcar – elementos
que compõem a legislação brasileira sobre vinho.

Nesta Dica do Professor, você vai saber quais produtos são primordiais para compor uma adega de
um empreendimento vinícola.

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 Exercícios

1) Você está buscando adequar seu espaço de adega, porém não deseja gastar muita energia
elétrica.

Levando em conta os tipos de adegas estudados, marque a alternativa em que o consumo de

energia será menor.

A) Adega climatizada termoelétrica.

B) Combinação entre adega passiva e adega climatizada termoelétrica.

C) Adega climatizada com compressor.

D) Combinação entre adega passiva e adega climatizada com compressor.

E) Adega passiva.

2) Uma adega é um espaço de armazenamento de vinhos que deve apresentar condições

adequadas para que não haja perdas organolépticas significativas.

Assim, que elementos devem ser levados em consideração na adequação de um espaço para
adega?

A) Luminosidade, trepidação e diferenciação de vinhos pela quantidade de açúcar.

B) Trepidação, diferenciação de vinhos pela quantidade de açúcar e temperatura.

C) Umidade, temperatura e luminosidade.

D) Umidade, diferenciação de vinhos pela quantidade de açúcar e luminosidade.

E) Temperatura, luminosidade e diferenciação de vinhos pela quantidade de açúcar.

3) Em uma adega com diferentes tipos de vinhos, é necessário estipular uma temperatura de
armazenamento e um percentual de umidade para salvaguardar a qualidade dos produtos.

Assinale a alternativa que se adequa à melhor temperatura e ao melhor espaço de

percentagem de umidade para o armazenamento de vinhos.
A) Temperatura de 15oC e umidade entre 65% e 85%.

B) Temperatura de 25oC e umidade entre 65% e 85%.

C) Temperatura de 15oC e umidade entre 50% e 60%.

D) Temperatura de 25oC e umidade entre 50% e 60%.

E) Temperatura de 15oC e umidade entre 65% e 95%.

4) Ao comprar um vinho, você deve prestar atenção ao rótulo, pois nele há informações muito
importantes. Uma das informações obrigatórias nos rótulos é a classificação do vinho.

Qual das alternativas a seguir refere-se a uma classificação dos vinhos espumantes quanto à
quantidade de açúcar?

A) Nature.

B) Clarete.

C) Seco.

D) Rosado.

E) Dry.

5) Coloração, sabor e aromas são elementos presentes nos vinhos que podem ser alterados
quando as garrafas não são armazenadas em condições adequadas.

Ao buscar um vinho para compra, devem ser levadas em conta as seguintes características:

A) informações do rótulo, condições da cápsula e temperatura aparente.

B) condições da cápsula, temperatura aparente e cor do vidro da garrafa.

C) informações do rótulo, condições da cápsula e cor do vidro da garrafa.

D) cor do vidro da garrafa, informações do rótulo e temperatura aparente.

E) temperatura aparente, cor do vidro da garrafa e condições da cápsula.

 Na prática
No ramo vitivinícola, as adequações de espaço são responsáveis pela valorização de locais que,
muitas vezes, contam histórias e fazem parte da vivência da população. Adegas são
empreendimentos que podem muito bem ser alocados em espaços já existentes, porém necessitam
de ajustes específicos, nem sempre complexos.

Confira, Na Prática, como foi feita a readequação de um espaço inutilizado para uma adega.
 Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Como escolher uma boa adega climatizada para seus vinhos?

Neste material, você encontrará informações sobre quais elementos melhoram o vinho no período
em que este se encontra na adega.

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Adega: o seu lugar da casa

Nesta matéria, a revista Adega expõe como deixar a cave e a adega domiciliar mais modernas, sem
se descuidar de detalhes técnicos.

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Como montar uma adega

Neste link, você acessa a cartilha do portal do SEBRAE para quem quer abrir uma adega.

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