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175 anos de fotografia: conheça a história dessa forma de arte - 22/08/2014 às 18:14 - 8 min de leitura

Imagem de: 175 anos de fotografia: conheça a história dessa forma de arte
Ana Nemes

No último dia 19, a fotografia completou mais um aniversário. Oficialmente, desde o anúncio feito pelo
governo francês sobre a invenção desta tecnologia, já se passaram 175 anos — porém, a história dessa forma
de arte é bem mais antiga do que isso.

Existem várias histórias sobre a criação da fotografia, sendo que muitos estudiosos apontam Louis Daguerre
como o pai desta arte, enquanto outros afirmam que, na verdade, Joseph Nicephore Niepce foi o seu grande
inventor.

Conheça neste artigo um pouco mais sobre estes e outros grandes nomes da história da fotografia e saiba
mais sobre a origem da tecnologia que, atualmente, permite que você compartilhe com todos os seus amigos
qualquer imagem em apenas alguns segundos.

Quem foi o pai da fotografia?


Para responder essa pergunta seria preciso delimitar o que exatamente pode ser considerado como
fotografia, algo que era muito difícil quando essa arte estava sendo criada. Por exemplo, por volta do ano
1800, quando vários inventores começaram a aparecer com ideias para capturar imagens sem que fosse
preciso pintá-las, alguns nomes ganharam destaque.

Joseph Nicephore Niepce foi, em 1793, uma das primeiras pessoas a conseguir “imprimir” a luz em uma
superfície sem usar qualquer tipo de tinta, porém as imagens desapareciam depois de um tempo. Ele usava
uma câmara obscura, parecida com o que conhecemos hoje por pinhole, e um tipo especial de papel com
cloreto de prata.

Fotografia mais antiga a ser preservada, capturada em 1826

Em 1824 ele conseguiu encontrar um método que permitia mais duração das imagens e em 1826 foi
registrada a primeira fotografia de duração indefinida (imagem acima), que existe até hoje. Como é possível
perceber, no entanto, a qualidade ainda era baixíssima; além disso, o processo todo de captura levava horas.

Em 1834, Henry Fox Talbot criou uma versão bem primitiva do que posteriormente seria o negativo
fotográfico, que ajudaria a tornar mais popular a fotografia. Mas foi apenas em 1849 que Louis Daguerre
trouxe a arte, que era até então totalmente experimental e complexa, a um novo patamar.

O daguerreótipo e a popularização da fotografia


Até então, cada inventor fazia as suas experiências baseadas em pouco estudo coletivo e as suas próprias
impressões, porém Daguerre queria levar a fotografia para mais pessoas e começou a estudar os métodos de
Niepce para criar uma forma de criar um mecanismo que até os leigos pudessem utilizar em casa para
capturar momentos especiais.

Para fazer isso, ele recebeu apoio do governo francês e disponibilizou todo o seu trabalho de forma pública
para pesquisa. Desta parceria surgiu o daguerreótipo, uma espécie de máquina fotográfica bem primitiva
(imagem acima). Este foi o primeiro método de captura de imagens comercializado em escala e, portanto,
marca o início da era da fotografia no mundo.

Obviamente, na época, essa invenção ficou limitada a um público bem rico e entusiasta; ao contrário do que
acontece hoje, ninguém poderia prever que a fotografia seria uma tecnologia com futuro promissor. Naquele
tempo, era muito mais fácil e barato pagar alguém para pintar um quadro do que comprar um daguerreotipo
e capturar a mesma cena.

Os daguerreótipos fixavam a imagem capturada em uma placa rígida e espelhada, que precisava ser
guardada com cuidado, já que era extremamente frágil. Uma das mais famosas imagens capturadas por este
método é a de Edgar Allan Poe (acima), que segue preservada até hoje. A riqueza de detalhes e a aparência
tridimensional são duas das principais características desta técnica.

A evolução da fotografia comercial


Depois de Louis Daguerre, muitos outros pesquisadores e inventores acabaram usando os seus métodos para
tentar aperfeiçoar ainda mais os métodos de captura de imagens. Não é possível citar todos que participaram
dessa época de descobertas, mas alguns grandes pioneiros da fotografia são:

Frederick Scott Archer — melhorou a resolução das imagens usando emulsão de colódio úmida e barateou o
custo de produção de cada fotografia;
Félix Nadar — Primeiro fotógrafo a capturar imagens aéreas e um dos primeiros donos de estúdio de
retratos;
Adolphe Disderi — criou um método de captura e impressão (Carte-de-visite) que barateava os custos de
impressão e foi um dos responsáveis pelo sucesso mundial da fotografia de retrato;
James Clerk-Maxwell — apresentou, em 1861, o primeiro método de fotografia colorida. Obtida através do
uso de três negativos, essa técnica serviu de inspiração para outros pesquisadores;
Mathew Brady — juntou uma equipe para, pela primeira vez, fotografar cenas de guerra. Aproximadamente
7000 negativos da Guerra Civil foram feitos entre 1861 e 1865;
Ducos du Hauron — pesquisador francês e pioneiro nas técnicas de fotografia colorida. Publicou um dos
primeiros livros sobre o assunto;
Richard Leach Maddox — inventou o método de fixação das imagens usando uma suspensão gelatinosa, que
substituiria a emulsão de colódio úmida, criando as primeiras chapas secas, que tornaram o processo de
revelação mais simples.
Depois da criação de Maddox, a comercialização de negativos e a revelação de fotografias acabaram
tornando-se bem mais acessíveis, o que foi vital para o crescimento do mercado e a expansão dessa forma de
arte pelo mundo. Um dos próximos nomes a ganharem destaque com isso foi o de George Eastman, um
empresário, mais conhecido por ser o fundador da Kodak.

A criação da Kodak
Aos 24 anos de idade, em 1880, George Eastman abriu uma companhia de criação de chapas secas que mais
tarde seria chamada de Eastman Kodak Company. Em poucos anos, a empresa conseguiu lançar a sua
primeira câmera fotográfica, que já vinha com um rolo de 20mts, permitindo a captura de até 100 imagens
circulares de 2,5 polegadas.

Esta primeira máquina não era reutilizável, no entanto: depois que o rolo de papel fotográfico acabasse não
era possível substituir por um novo. Modelos posteriores substituíram o papel por filme e foram ficando
cada vez menores e portáteis, aproximando-se mais do que conhecemos hoje como uma câmera fotográfica
analógica.

A criação da Kodak pode ser considerada como uma das maiores revoluções na fotografia, já que barateou
bastante o custo das câmeras, rolos de filme e revelação. É claro que, mesmo assim, essa técnica ainda era
restrita e geralmente só os mais ricos possuíam a sua própria câmera — quem não tinha, precisava pagar um
fotógrafo para registrar uma imagem de família.

Autocromos dos irmãos Lumière


A fotografia colorida só se tornou realmente comercial e viável por volta de 1940, mas ela já existia muito
tempo antes disso. Pioneiros do cinema, os irmãos Lumière inventaram os autocromos coloridos, que foram
patenteados em 1903 e foram o principal método de captura de imagens coloridas até surgirem os primeiros
filmes a cores para as câmeras.

O processo de captura dos autocromos era bem trabalhoso e envolvia placas rígidas de vidro com uma
solução de fécula de batata e outros componentes químicos. Os cromos não eram como as fotografias
reveladas no papel — para vê-los, era preciso usar uma fonte de iluminação traseira.

Os autocromos se tornaram bem populares entre fotógrafos e entusiastas, mas o alto custo e as dificuldades
de uso e manutenção eram grandes impedimentos dessa arte de modo comercial. Mesmo assim, centenas de
imagens foram produzidas através desse método e impressionam até hoje pela resolução e pela qualidade
das cores.

Finalmente, a fotografia colorida!


Depois de aproximadamente 30 anos desde a invenção dos autocromos Lumière, um método mais fácil de
produção de imagens coloridas chegou ao mercado. Em 1935 a Kodak lançou os Kodachromes, um tipo de
filme diapositivo que permitia tirar fotos coloridas com as câmeras da marca.

O processo de revelação ainda era complexo demais e menos de 25 laboratórios no mundo inteiro possuíam
a tecnologia necessária para isso. A qualidade das imagens e das cores é até hoje admirada, sendo que esse
tipo de filme é considerado um dos melhores métodos de captura da história. Em 2009, a Kodak deixou de
fabricar os Kodachromes.

Downtown Cripple Creek, Colorado, 1957. Imagem feita usando um filme Kodachrome

Em 1936, a companhia alemã Agfa lançou o Agfacolor Neu, um filme colorido que, pela primeira vez na
história, podia ser revelado em qualquer laboratório — este lançamento consolidou de vez a fotografia a
cores no mercado. Todos os filmes coloridos produzidos posteriormente (até os dias de hoje) usam este
método de captura.

A fotografia em preto e branco, no entanto, ainda foi majoritariamente usada até meados dos anos 60, nos
Estados Unidos e na Europa, devido aos altos preços dos filmes a cores. A partir dos anos 70, no entanto, a
maior parte das fotografias tiradas já eram coloridas e a fotografia já não era mais uma tecnologia de elite —
praticamente qualquer pessoa podia ter uma câmera em casa.

Processos digitais e a evolução da fotografia


Depois dos filmes coloridos, poucas mudanças foram tão importantes para a fotografia do que o surgimento
dos processos digitais. Essa evolução trouxe três vantagens principais — não precisar depender da
quantidade de poses de um filme, poder imprimir as fotos com menos custo e poder ver a imagem antes
mesmo da revelação.

A fotografia digital usa um sensor eletrônico no lugar do filme e isso traz muitas vantagens, mas também
tem várias limitações. Um dos maiores problemas é que, principalmente no começo, dificilmente um sensor
conseguia capturar as cores e detalhes como os filmes analógicos.

Por muito tempo, mesmo as melhores câmeras digitais não eram capazes nem de chegar perto da textura e
qualidade de cor de um bom filme. Hoje em dia isso é mais raro, já que os sensores estão cada vez melhores,
mas muitas pessoas ainda defendem — com certa razão! — que a fotografia analógica ainda produz as
melhores imagens.

Selfie tirada no Oscar de 2014 pelo ator Bradley Cooper

Atualmente — apenas 175 anos após o seu nascimento oficial! — qualquer celular tem uma câmera que tira
fotos e permite publicar a imagem instantaneamente, sem a necessidade de revelação. Dessa forma, a
fotografia deixou de ser apenas uma forma de guardar uma recordação especial para tornar-se um meio de
comunicação à parte.

Apesar de todas as mudanças, no entanto, o princípio básico da fotografia ainda é o mesmo e possivelmente
não será alterado tão cedo: usar a luz — passando por uma lente e sendo absorvida por uma superfície
(cromos, papéis, filtros e sensores) — para capturar o que você está vendo ao seu redor.

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