Denominamos fotografia os processos de produção de
imagem que se utilizam da luz para tal fim.
Como vimos anteriormente, para obtermos uma
fotografia são necessários três elementos básicos: luz, um elemento fotossensível e um suporte para esse elemento. Fotografia
Nas origens da fotografia está o esforço contínuo do
homem em criar um processo de registro visual que reproduza a realidade da forma mais aproximada possível.
As diversas técnicas fotográficas se desenvolvem a
partir do conhecimento de fenômenos óticos e químicos, bem como o desejo de criar imagens reprodutíveis. Fotografia
Os estudos sobre ótica e comportamento da luz
remetem aos tempos de Aristóteles e passam por nomes célebres como Leonardo da Vinci.
As propriedades reprodutíveis da linguagem da gravura
também serviu de estímulo na investigação dos processos que originaram a fotografia. Câmara escura
A câmara escura é precursora das máquinas
fotográficas. Trata-se de um espaço fechado que direciona a luz exterior a um ponto determinado no interior.
A câmara escura foi descrita em detalhes pelo filósofo
árabe Abu Ali al-Hasan Ibn Al-Haitham, conhecido no Ocidente como Al-Hazen, no ano de 1020. Ilustração que imagina a câmara escura concebida por Al-Hazen. Ilustração de câmara escura realizada por Adolphe Ganot (1860). 1802
Em 1802 chegou a público o êxito do britânico Thomas
Wedgwood na impressão de silhuetas de folhas e vegetais sobre couro. Thomas, filho do famosos ceramista inglês Josiah Wedgwood, obteve imagens mediante a ação da luz sobre o couro branco impregnado de nitrato de prata. 1826 - Heliografia
Desenvolvido pelo francês Nicéphore Niépce.
Uma placa de estanho recoberta com betume branco da judéia – que tinha a propriedade de se endurecer quando atingido pela luz – é colocada dentro de uma câmara escura e exposta por 8 horas. Nas partes não afetadas pela luz, o betume não endureceu e foi retirado com uma solução de essência de alfazema. Imagem obtida por Niepce por meio de processo batizado heliografia. 1833 - Fotografia
Desenvolvido pelo francês radicado no Brasil Hercule
Florence. Neste processo a imagem era obtida por exposição à luz do sol de um papel sensibilizado fotograficamente com cloreto de prata em contato com desenhos produzidos sobre vidro. Imagem obtida por Florence por meio de processo denominado por ele photographie. 1839 - Daguerreotipia
Desenvolvido pelo francês Louis-Jacques Mandé
Daguerre em parceria com Nicéphore Niépce. Coloca-se uma placa de cobre impregnada de iodeto de prata em uma câmara escura. Após a exposição à luz, a placa é exposta a vapor de mercúrio para revelação da imagem e depois banhada em uma solução salina para fixação. Foi o primeiro processo fotográfico comercialmente bem-sucedido. Daguerreotipia de 1844 retratando Louis-Jacques Mandé Daguerre Daguerreótipo. 1841 – Calotipo Processo desenvolvido pelo britânico William Henry Fox Talbot nos anos 1830 e patenteado em 1841. Utiliza-se uma folha de papel banhada com cloreto de prata e iodeto de potássio. O papel era exposto em uma câmara escura e então revelado com ácido gálico, que acelerava a reação do cloreto de prata, permitindo menor tempo de exposição. O papel revelado apresentava uma imagem negativa, que era passada a outro papel sensibilizado formando uma imagem positiva. Esse processo permitia a criação de cópias a partir do mesmo negativo. Calotipo de 1864 retratando William Henry Fox Talbot. Calotipo (sem data). À esquerda a imagem em negativo, tal como se formava na câmara escura. À esquerda a cópia positive da imagem. 1842 – Cianotipia
Processo descoberto pelo cientista John Herschell.
Uma mistura de ferricianeto de potássio e citrato férrico amoniacal que pode ser aplicada em qualquer superfície capaz de reter os componentes da solução, como papel ou tecido. A superfície sensibilizada, após secagem, está apta a gerar a imagem, que pode surgir pelo contato direto de elementos na superfície. Após exposição à luz solar, por exemplo, o papel é lavado para retirar as partes que não reagiram à luz. Cianotipia de 1843 realizada pela botânica Anna Atkins, publicada no livro Photographs of British Algae: Cyanotype Impressions. 1849 – Fotografia estereoscópica
Desenvolvida por David Brewster, amigo de Fox Talbot.
A fotografia estereoscópica era obtida com câmeras especiais com duas objetivas, separadas por uma distância média de 6,5 cm. Isso gerava uma fotografia com duas imagens da mesma cena. Essa fotografia, quando observada com um visor binocular, produzia a ilusão de tridimensionalidade. Fotografia estereoscópica produzida na França, na década de 1860. Tais imagens retratando cenas passadas no Inferno receberam o nome de “Diableries” e se tornaram um enorme sucesso comercial. 1851 – Colódio úmido
Atribui-se o desenvolvimento do colódio úmido a dois
nomes: Frederick Scott Archer e Gustave Le Gray. Neste processo a placa de metal é substituída por uma placa de vidro banhada em uma mistura de iodeto e colódio, também conhecido como nitrato de celulose. Após o banho a placa é imersa em nitrato de prata para em seguida ser levada à câmera ainda úmida. Após a exposição revela-se com ácido pirogálico e fixa-se com tiossulfato de sódio. 1851 – Colódio úmido
O colódio úmido era revelado em um processo muito
mais rápido que o daguerreotipo. A necessidade de se manter a placa úmida obrigava os fotógrafos ambulantes a terem laboratórios imediatamente ao alcance, levando alguns fotógrafos a criarem laboratórios móveis em carroças. Embora o colódio úmido apresentasse imagens mais definidas que o daguerreotipo, as placas de vidro eram frágeis, o que comprometia a conservação da imagem. Retrato do Gen. Joseph Hooker realizado por processo de colódio úmido (circa 1860 – 1865). Acervo da Biblioteca do Congresso (EUA). Imagem realizada por processo de colódio úmido em 2006 pelo estúdio Central Valley Project, em Berlim. 1871 – Placa seca
Em 1872, o cientista Richard Leach Maddox publicou o
artigo An Experiment with Gelatino-Bromide, no British Journal of Photography. Ali descrevia um processo de bases fotográficas constituídas de brometo de cádmio e nitrato de prata, fixados por meio de gelatina. Diferente das placas úmidas, estas placas secas poderiam ser armazenadas antes e depois da exposição à luz. Imagem da Cúpula da Rocha, em Jerusalém, realizada por processo de placa seca em 1940. Acervo da Biblioteca do Congresso (EUA). 1878 – Fotogravura
Método desenvolvido pelo artista boêmio Karl Klič.
Toma-se uma placa de cobre e emulsiona-se com gelatina e dicromato de potássio. Uma imagem fotográfica é sobreposta por contato à placa, que é exposta à luz. A gelatina não sensibilizada é retirada com água e a placa de cobre é submetida a uma série de banhos em ácido. Ao fim dos banhos a gelatina é totalmente retirada e a imagem da placa é impressa. Placa de cobre com imagem gravida por meio de processo de fotogravura. <http://atelierpiratininga.com/tecnicas/fotogravura/> Fotogravura da artista brasileira Cleiri Cardoso (2013). 1885 – Filme fotográfico
Desenvolvido por George Eastman, fundador da Kodak.
O primeiro filme fotográfico desenvolvido por Eastman era feito de papel sensibilizado, que depois era fixado em uma folha recoberta de gelatina. Em 1889 foi desenvolvido o primeiro filme transparente, feito de nitrocelulose, um material altamente inflamável. Em 1908 foi desenvolvido o filme de acetato de celulose, mais seguro que o anterior. Pacote de filme fotográfico da Kodak (1890). 1891 – Cinetógrafo / Cinetoscópio
Desenvolvidos por Thomas Alva Edson.
O cinetógrafo era uma máquina capaz de realizar fotos em sequência, registrando imagens de cenas em movimento. As imagens registradas em tiras de celuloide de até 15 metros eram visualizadas no cinetoscópio, um aparato com um visor individual onde a tira de celuloide corria rapidamente, dando às imagens a ilusão de movimento. Ilustração representando o cinetoscópio (1893). 1895 – Cinematógrafo
Criado pelos irmãos Lumière, a partir do Cinetoscópio
de Thomas Edson e do Cinematógrafo de Léon Guillaume Bouly.
O Cinematógrafo utilizava o mesmo princípio do
Cinetoscópio, mas com a projeção das imagens para fora do dispositivo. Imagem do cinematógrafo criado pelos Lumière. http://www.institut-lumiere.org/ Programação da sessão pública do cinematógrafo (1895). 1938 – Xerografia
Inicialmente batizado de eletrofotografia, o processo foi
criado pelo físico Chester Carlson em 1938, mas somente 20 anos depois passou a ser comercializado. Neste processo a imagem é iluminada por uma fonte de luz e refletida em uma superfície fotorreceptora. A máquina fotocopiadora possui uma resina em pó com propriedades eletrostáticas. O pó adere à superfície fotorreceptora, especificamente nas áreas correspondentes às áreas negras do documento original e são transferidas para outro papel. Florence Weisz. Reaganart. Xerografia (1981). 1948 – Filme instantâneo
Desenvolvido pelo cientista americano Edwin Land.
Inicialmente o filme exposto entrava em contato com uma folha sensibilizada ainda dentro da câmera, formando uma espécie de sanduíche, e recebia um banho de reagente que revelava a imagem. Depois de alguns minutos retirava-se o sanduíche e descartava-se o negativo, restando a imagem positiva. Posteriormente a técnica foi aprimorada para integrar o negativo ao mesmo pacote que contém a folha positiva. Andy Warhol. Autorretrato como drag. Polaroid (1980). Câmera Polaroid model 95 (1948).