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Apresentação
Desde os primórdios da civilização, o homem registra o mundo à sua volta, com, por exemplo, a arte rupestre, depois com
a pintura, o desenho e a escultura.
Com o objetivo de registrar mais rapidamente o que via, muitos empregaram tempo em pesquisas para formação e
fixação da imagem, com a utilização da câmara escura, já utilizada por pintores como auxílio nos esboços de suas artes.
O século XIX foi marcado por avanços na área e o surgimento da fotografia em 1839. Nesta aula, conheceremos os
precursores e seus inventos que tornaram possível a captura de imagem através da câmara escura, em uma superfície
sensível à luz.
Objetivos
Identificar os precursores do processo de visualização de imagens na câmara escura;
Reconhecer os primeiros pesquisadores e criadores dos processos de captura e fixação da imagem em superfície
fotossensível.
Um pouco de História
A câmara fotográfica é um aperfeiçoamento da câmara escura da Antiguidade, usada por Aristóteles para observar eclipses.
No período Renascentista, século XIV, foi aperfeiçoada por Leonardo Da Vinci em seus esboços de pintura.
A câmara era uma caixa vedada, apenas com um orifício em uma das extremidades, que projetava a imagem invertida em sua
parede oposta (processo semelhante ao da visão humana). Quanto menor o orifício, mais nitidez na formação da imagem.
Câmara escura
Partindo desse ponto, muitos tentaram fixar diretamente a imagem em alguma superfície.
Se os pintores usavam a imagem, que era formada dentro da caixa, como esboço para ser pintada posteriormente, o desafio
era fixá-la diretamente em uma superfície, com a ação da luz.
No século XVII, as caixas já possuíam um sistema ótico, que ajudava na qualidade da imagem.
Quando essa caixa era colocada em um ambiente, a luz que atravessava o orifício refletia, de forma invertida (cabeça para
baixo), a imagem na parede oposta que servia de molde para o pintor. Esse é o mesmo princípio usado nas câmaras
fotográficas nos dias atuais.
A descoberta da fotografia
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A fotografia fez sucesso, mas havia um problema: a imagem era única, não havia a possibilidade de cópias.
Para realizá-las, era necessário Fox Talbot, na Inglaterra, inventou Em 1851, Frederick Scott Archer
que a pessoa ficasse sentada em o calótipo, em 1841. Era uma demonstrou na Grã-Bretanha o
uma cadeira especial, imóvel, base de papel emulsionada com colódio úmido, conhecido como
quantas vezes fosse o número de sais de prata, que registrava uma negativo de vidro, cujo processo
imagens desejadas, por um matriz em negativo, a partir da era 20 vezes mais rápido do que
período de 20 minutos para cada qual era possível fazer cópias os anteriores, e os negativos
foto. Com o desenvolvimento das positivas. tinham uma qualidade de
pesquisas, logo a possibilidade imagem semelhantes a do
de cópias surgiu. daguerreótipo, mas com a
vantagem de se fazer cópias.
Passou-se, então, da cópia única em uma placa de metal, depois ao papel emulsionado e ao negativo de vidro, tornando
possível a reprodução das imagens.
A fotografia no Brasil
Em nosso país, assim como na Europa, desde 1830 havia pesquisas para tentar fixar a imagem em papel com
produtos químicos. É o caso de Hércules Florence, francês radicado no Brasil que fazia pesquisas pioneiras na Vila
São Carlos (hoje Campinas/SP), com o processo fotográfico.
Em seus experimentos, ele chegou a um tipo de impressão que denominou de poligrafia, processo semelhante ao
do mimeógrafo. Ele estudava o efeito da luz na pintura e ocupava-se com a construção de uma câmara escura,
com a qual conseguiu fixar algumas imagens.
No orifício de abertura, a câmara escura tinha a lente de seus óculos, e, no interior, colocou acoplados um espelho e
um pedaço de papel com solução de nitrato de prata (MAGALHÃES, 2004).
Florence registrou com sua câmara escura a cadeia de Campinas, o telhado da casa vizinha à sua e uma parte do
céu. Essas imagens foram preservadas durante 15 anos, mas nunca foram localizadas.
Em suas constantes experiências, o francês usou substâncias como a própria urina (pois a dificuldade de acesso
aos produtos era bem difícil no Brasil naquela época) e amônia para o processamento de imagens, para dissolução
do cloreto de prata não atingido pela luz na exposição. Essas pesquisas o fizeram experimentar a impressão direta
pela ação da luz solar, deixando um pouco de lado a câmara escura.
Hércules chegou a resultados bem expressivos em 1833, ano que marcou a descoberta da fotografia no Brasil, quando houve a
divulgação de sua pesquisa pelo Instituto de Tecnologia de Rochester (EUA).
Florence foi um homem bem à frente de seu tempo. Em 1834, cinco anos antes do inglês John Herschel, já utilizava o termo
fotografia em suas pesquisas de fixação da imagem pela luz.
Insatisfeito com a qualidade das cópias e sabendo do anúncio e reconhecimento da descoberta de Daguerre, na França,
Florence interrompeu seus experimentos, deixando registrado em seus manuscritos a seguinte observação:
"A bela descoberta de Daguerre não me surpreendeu: eu a tinha previsto aqui neste
deserto, oito anos antes."
- (KOSSOY, 2006)
Hércules Florence só viria a ser reconhecido em 1976, quando o historiador e fotógrafo Boris Kossoy apresentou ao Instituto de
Tecnologia de Rochester (EUA) anotações de suas experiências e os rótulos de farmácia produzidos com a técnica utilizada em
papéis fotossensíveis.
Com a realização de testes, ficou definitivamente comprovado o pioneirismo de Hércules Florence, no Brasil, como inventor da
fotografia.
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Leia o texto O francês Hercule Florence (1804 – 1877), inventor de um dos primeiros métodos de fotografia do mundo.
Bastava comprar a câmara com filme para 100 imagens nas lojas de George Eastman, fotografar, e depois dos cliques, levar a
máquina de volta à loja para pegar suas fotos e a câmara com um novo rolo de filme com outras 100 fotos prontas para clicar.
Foi o boom da fotografia no mundo.
A era digital
Hoje não utilizamos mais daguerreótipo (placa de metal), calótipo (papel), colódio úmido (placa de vidro), filmes (película), mas
um chip (sensor).
Nossas câmaras, por meio de pulsos elétricos, formam a imagem e a armazenam, e, dependendo da capacidade do cartão de
memória, fazem mais de mil imagens. Essas fotografias ainda podem ser enviadas em minutos através da internet.
Dica
O envio de fotografias para várias pessoas ao mesmo tempo sem a necessidade de várias cópias, fez
aumentar a produção de fotografias.
Entretanto, o processo digital não é algo novo. O desenvolvimento das câmaras digitais tem sua origem nas pesquisas militares
durante a Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos. As comunicações digitalizadas por meio de mensagens
criptografadas foram testadas e utilizadas como tática de guerra.
Década de 1960
A evolução da tecnologia fotográfica digital foi responsabilidade do programa espacial americano.
Em 1965, a sonda Mariner 4 fez as primeiras imagens digitais captadas sem filme que registravam a superfície de Marte.
Foram criados os primeiros sensores digitais CMOS (Complementary Metal-Oxide Semi-conductor) e o CCD (Charge
Coupled Device).
Década de 1970
O CCD teve sua primeira versão comercial, capturando imagens com 0,01 megapixel.
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Em 1981, a Sony causou uma grande revolução ao colocar no mercado de consumo a primeira câmara digital, a Mavica, que
capturava imagens de 0,3 megapixels e custava em torno de 12 mil dólares. Armazenava 50 fotos nos Mavipaks, que eram
disquetes de 2 polegadas.
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A primeira cobertura fotográfica com imagens digitais aconteceu durante as Olimpíadas de Los Angeles, em 1984. A Canon
utilizou um protótipo de câmara de vídeo estático e fez parceria com o jornal japonês Yomiuri Shimbun, que transmitia as
imagens de fotos de 0,4 MP, via telefone, para o Japão. As imagens levavam meia hora para chegar, dando uma enorme
vantagem na cobertura dos Jogos sobre os outros jornais, que dependiam de aviões para levar os filmes.
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Atividade
1) A câmara fotográfica tem seu princípio básico de formação da imagem baseado na:
a) Escultura
b) Câmara escura
c) A tela de pintura
d) Arte rupestre
e) Nenhuma das respostas acima
2) Qual o nome dado à primeira câmara fotográfica, anunciada pela Academia de Ciência Francesa, em 1839?
a) Daguerreótipo
b) Filme Cromo
c) Sensor CCD
d) Negativo de vidro
e) Nenhuma das respostas acima
3) O Brasil tem dois personagens importantes na história da fotografia. Um reconhecido em 1976, por invenção do processo, e
o outro por incentivar e divulgar essa arte em nosso país. Quem são eles?
4) Em todo o processo de invenção e aperfeiçoamento da fotografia, vários suportes foram utilizados para formação da
imagem, até os dias atuais. Quais são eles, em ordem cronológica?
Referências
Notas
ANG, Tom. Fotografia Digital Master Class. Rio de Janeiro: Alta Books, 2010.
HEDGECOE, John. O novo manual da fotografia: Guia completo para todos os formatos. São Paulo: Senac, 2005.
KOSSOY, Boris. Hércules Florence: a descoberta isolada da fotografia no Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 2006.
MAGALHÃES, Angela; PEREGRINO, Nadja. Fotografia no Brasil: um olhar das origens ao contemporâneo. Rio de Janeiro:
Funarte, 2004.
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