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FICHAMENTO TEXTOS 3 E 4

Aluna: Beatriz Rodrigues e Oliveira

BURY, John. Arte e Arquitetura do Brasil Colonial. (capítulo 7). In BURY, John.
Arquitetura e a Arte no Brasil Colonial. Brasília: IPHAN/ MONUMENTA, 2006

Em “Arte e Arquitetura do Brasil Colonial”, John Bury divide sua análise em


quatro tópicos: arquitetura militar, arquitetura religiosa, arquitetura civil e escultura,
pintura e azulejos. Ao iniciar sua análise, Bury comenta sobre a inexistência de uma
tradição ou de um padrão para o planejamento das cidades coloniais, sendo
possível traçar similaridades e também diferenças com diversas cidades lusitanas e
da América espanhola. Apesar disso, conclui-se que a intenção básica, nos centros
administrativos, era de uma planta ortogonal para facilitar a organização desses
espaços.
Nesses mesmos locais, que se localizavam na faixa litorânea do Brasil, era
necessária uma estrutura de fortificação para barrar os possíveis invasores. Nesse
sentido, surgem vários fortes em cidades como Salvador, Natal e Rio de Janeiro. O
segundo ganha especial menção do autor, que discorre sobre sua construção e
suas características, além de criar o paralelo com outras fortificações no Brasil e no
exterior.
Em seguida, Bury parte para a arquitetura religiosa, de suma importância na
história do Brasil colônia. Os exemplares no país são extensos, e se concentram
principalmente na costa litorânea e nas cidades mineradoras do interior, com
destaque para Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Elas se dividem
entre catedrais, igrejas matrizes, igrejas de conventos, colégios e capelas de ordens
religiosas. Para explicitar sua análise, o autor seleciona dez igrejas que julga
importantes nesse contexto e discorre sobre as características de cada uma delas.
As catedrais e igrejas citadas por Bury recebem atenção por razões como os
materiais requintados, a estrutura de grandes proporções, a decoração interna e as
formas e ângulos curvos de algumas delas, que permitem ao autor relacioná-las às
características do barroco na questão do adornamento, da teatralidade e
dramaticidade e das escolhas dos formatos curvos em contraponto aos ângulos
retos pregados pelo renascimento. Ainda em relação à arquitetura religiosa, o autor
aponta que houve, durante esse período, uma grande influência de elementos das
arquiteturas italianas e centro-europeias, trazidas por livros, desenhos e
conhecimentos dos imigrantes
Acerca da arquitetura civil, não haviam luxos, no período colonial era
necessário que o território gerasse a maior quantidade de lucro possível, sendo
assim, as construções eram modestas e serviam de pano de fundo para os edifícios
religiosos. Ainda assim, algumas possuíam maior destaque como as residências de
governadores e bispos e as casas-grandes de engenhos e fazendas. Esta realidade
muda apenas com a chegada da corte portuguesa, quando começa o processo de
“embelezamento” e organização das cidades.
Ademais, Bury pondera sobre os elementos artísticos de escultura, pintura e
azulejos. O primeiro, segundo ele, possuía o objetivo e causava um efeito de
hipnose a quem o contemplava nas fachadas das igrejas, por exemplo, uma vez que
era rico em formas e detalhes diversos. Esse efeito, entretanto, não se limitava às
fachadas e era explorado com ainda mais exuberância no interior das igrejas,
causando, muitas vezes, um imenso contraste entre o exterior e o interior.
Sobre os azulejos, o autor indica que o Brasil guarda grandes exemplares da
azulejaria portuguesa, já que apenas os melhores eram enviados à colônia. Acerca
da pintura, a técnica de “trompe-l’oeil” ganha atenção, sendo utilizada nas igrejas
para trazer amplitude ao espaço. As esculturas de Aleijadinho também ganham
menção, tanto em comparação a esculturas portuguesas quanto na própria
qualidade e mistério que as cercam. Por fim, Bury finaliza estreitando as relações
entre a arte e a arquitetura da colônia e da metrópole, por suas semelhanças e
paradoxalmente pelas diferenças.
BAETA, Rodrigo. OURO PRETO: cidade barroca. In Cadernos PPG-AU/UFBA, [S.l.],
v. 1, n.1, 2007.

Em “OURO PRETO: cidade barroca”, Rodrigo Baeta propõe uma análise


distinta da usual para a expressão do barroco na cidade de Ouro Preto. Baeta
defende que não é possível analisar as partes de maneira isolada, sem contar com
a totalidade dos elementos presentes na cidade, ou seja, é preciso utilizar de uma
“escala geográfica que ‘abrace’ todo o sítio onde se assenta o núcleo urbano”,
segundo o próprio. Para além, na introdução do texto o autor ainda apresenta
discussões sobre o conceito de arte e cidade com base nos textos de ARGAN
(1992) e BRANDI (1977) para preparar o leitor para sua investigação.
A partir do ponto defendido na introdução, Baeta introduz a análise do
barroco, associando a teatralidade, dramaticidade e enredo à própria necessidade
de olhar para a cidade como um todo, uma vez que os elementos se encaixam e se
permeiam para criar uma narrativa. Isso porque, diferente do renascimento, os
artistas barrocos buscavam um desprendimento do real e do verdadeiro, tanto no
âmbito teórico quanto prático. Para trazer ainda mais fundamento à sua questão, o
autor apresenta o exemplo de Roma, uma cidade, segundo ele, com uma “integral
experiência barroca”.
Voltando ao Brasil, Baeta fala sobre o surgimento de Ouro Preto pela
exploração aurífera e o início de sua ocupação como cidade, sem muita
organização formal. A crescente busca pelo ouro, entretanto, fez com que a cidade
se desenvolvesse rapidamente, afirmando sua identidade barroca por meio dos
seus aspectos naturais e construídos.
Nesse sentido, o autor aponta para os diferentes cenários criados no núcleo
urbano pela topografia acidentada, servindo essa, muitas vezes, como plano de
fundo, moldura e limite visual. Para as igrejas, a topografia serve, inclusive, como
uma espécie de “holofote”, colocando-as em destaque para aqueles que observam
a paisagem de Ouro Preto. Segundo o autor, “é como se o morro funcionasse como
o ‘suporte’ onde se coloca a imagem sagrada”.
Um outro fator que contribui para a expressão do barroco é a própria
dinâmica de movimento da cidade: o passeio do transeunte pelas ruas tortuosas e
inclinadas da cidade densificadas pelas construções trazem a sensação de clausura
e aumentam a dramaticidade do espaço urbano. Para mais, a quebra do
enclausuramento pelas igrejas e os espaços abertos que as circundam geram
surpresa e contemplação, quase como ver uma miragem. Esse processo acontece
não só no exterior mas também no interior, pelo excessivo adornamento de ouro e
materiais requintados.
Ainda, o autor comenta sobre a diversidade das direções para quais estão
direcionadas as fachadas das igrejas, promovendo um movimento dependendo do
local onde se observa o panorama da cidade e também traz destaque à Praça
Tiradentes, que centraliza duas regiões divergentes e coloca em evidência dois
edifícios públicos não religiosos, contrariando a tendência do município. Por fim,
Baeta conclui reafirmando a expressão barroca da cidade, ressaltando, entretanto,
que essa percepção depende da apropriação do transeunte do ambiente da cidade
e de suas características cenográficas e teatrais.

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