Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Jaguariúna
2019
CAMILA MAXIMIANO QUEIROZ
Jaguariúna
2019
“Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho por qualquer meio
convencional ou eletrônico para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte”.
Faculdade de Jaguariúna
CAMILA MAXIMIANO QUEIROZ
Jaguariúna
2018
QUEIROZ, Camila Maximiano. Osteossarcoma mamário em cadela associado a
sobrevida superior a 500 dias – Relato de caso. Jaguariúna, 2019. Trabalho de
conclusão de curso (pós-graduação) – Faculdade Jaguariúna, Jaguariúna, 2019.
RESUMO
ABSTRACT
Mammary neoplasia is the most common neoplastic type in female dogs and
has various histological types. In the vast majority of cases, they present malignant
form, in adult animals to the elderly, not castrated, and their clinical diagnosis is
performed at the physical examination at the moment of the consultation. The
prognosis is variable, depending on the histological type and considerations of tumor
staging. The most indicated treatment is surgery, but in some cases the indication of
association with antineoplastic chemotherapy may be indicated. Osteosarcoma (OSA)
mammary has a low occurrence but features of aggression and infiltration similar to
appendicular OSA. The objective of the present study is to report the case of a female
dog with a breast OSA who developed distant metastasis and even with delayed
treatment achieved a survival of more than 500 days. The patient underwent unilateral
radical mastectomy and ovariohysterectomy and chemotherapy was suggested after
a histopathological report, but this was not done by the tutors option. Patient developed
pulmonary metastasis and opted to start treatment with Doxorubicin and Carboplatin
associated with firocoxib. Despite the onset after metastasis development, the dog
presented survival beyond the literature (500 days), suggesting that the surgical
treatment acted to control the neoplasia, slowing the progression of the disease and
promoting a longer life.
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
2 REVISÃO ............................................................................................................... 10
2.1 Osteossarcoma mamário ........................................................................................... 10
2.2 Neoplasias mamárias ................................................................................................. 10
2.3 Diagnóstico ................................................................................................................ 12
2.4 Tratamento ................................................................................................................. 14
4 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 20
5 CONCLUSÃO......................................................................................................... 22
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 23
8
1 INTRODUÇÃO
O osteossarcoma (OSA) é considerada a neoplasia óssea primária mais comum nos
cães e acomete principalmente animais adultos a idosos e de raças de grande porte
(DALECK, 2002/2016). De todos os casos de OSA apenas 1% é extra-esqueletico e em 64%
se desenvolve em glândulas mamárias (WITHROW, 2013; LANGENBACH, 1998). É uma
neoplasia maligna mesenquimal, originada de células ósseas e sua principal característica é
a produção de matriz óssea (MARTELLI et al., 2007).
As neoplasias mamárias estão entre as neoplasias mais comuns nas fêmeas
caninas, podendo chegar a 70% dos casos malignos (DE NARDI, 2016). As cadelas de meia-
idade a idosas são as mais acometidas e raças como poodles, chihuahua, dachshund,
yorkshire terrier, maltes, cocker spaniel, pastor alemão, boxer, fox terrier, e sem raça
definida (SRD) (SORENMO, 2003). Animais não esterilizados tem maior
predisposição com o passar dos estros aumentando as chances de desenvolvimento
de 0,5% antes do primeiro cio para 8% entre o primeiro e o segundo (SCHNEIDER et
al., 1969).
As cadelas se encontram em bom estado físico na avaliação clínica e os
nódulos se apresentam com características diversas, de forma circunscrita, com
grande variação de tamanho, mobilidade e consistência. Podem se apresentar
irregulares, ulcerados e com tecidos inflamados, com contaminação secundária e por
vezes com lesões associadas à necrose (DE NARDI, 2016).
O diagnóstico definitivo é realizado através de analisa histopatológica das
lesões e sua classificação, hoje no Brasil, é utilizada a proposta de Cassali et al. (2014)
baseada no consenso de neoplasias mamarias realizado entre patologistas e
oncologistas clínicos. Outros exames devem ser realizados para avaliação clínica
geral do paciente e estadiamento tumoral, como exames sanguíneos completos,
ultrassonografia abdominal e radiografia torácica (DA SILVA 2014; SILVA 2016).
O tratamento de eleição para a neoplasia mamária é a ressecção cirúrgica
completa (CALDAS, 2016). A escolha da técnica cirúrgica deve ser avaliada de acordo
com o acometimento das glândulas mamarias e dos linfonodos adjacentes em
conjunto com o estadiamento tumoral (MACPHAIL, 2014). Alguns tipos histológicos,
casos avançados, pacientes com linfonodos acometidos, metástases a distância,
recidiva e/ou tumores inoperáveis se beneficiam com a associação ou uso isolado de
tratamento quimioterápico (DE NARDI, 2016).
9
2 REVISÃO
2.3 Diagnóstico
Figura 1. Osteossarcoma em glândula mamária canina. Áreas de osteóide tumoral estão presentes na
neoplasia ( * ). Tecido mamário adjacente exibe hiperplasia lobular. H.E.
Fonte: Goldschmidt et al. 2011.
NEOPLASIA PRIMÁRIA
T1 Menor que 3cm de diâmetro
T2 Entre 3 e 5 cm de diâmetro
T3 Maior que 5 cm de diâmetro
14
LINFONODOS REGIONAIS
N0 Sem envolvimento
neoplásico
N1 Com envolvimento
neoplásico
METÁSTASES A DISTÂNCIA
M0 Ausência de metástase
M1 Presença de metástase
ESTÁDIOS T N M
I T1 N0 M0
II T2 N0 M0
III T3 N0 M0
IV Qualquer N1 M0
T
V Qualquer Qualquer M1
T N
Quadro 1. Estadiamento clínico de neoplasias mamárias caninas.
Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS) adaptado por Sorenmo et al. 2013.
2.4 Tratamento
Tal terapia utiliza fármacos antineoplásicos convencionais, em doses baixas, por via
oral, em intervalos curtos e regulares, com o objetivo de controlar o avanço da doença,
devido seus efeitos antiangiogênicos, citotóxicos e imunomoduladores. O fármaco
mais utilizado atualmente é a ciclofosfamida, mas também há indicações de uso com
o clorambucil e lomustina (BARROS, 2015).
17
3 RELATO DE CASO
Um canino fêmea, da raça pastor alemão, peso 24,5kg, com 10 anos de idade,
inteira, nulípara, sem demonstração de cio há 3 anos e com ausência de uso de
contraceptivos injetáveis ou orais, foi atendida no serviço da clínica cirúrgica do
hospital veterinário UPIS com queixa de nodulações em cadeia mamária com
evolução maior que um ano. O animal apresentava bom estado geral e ao exame
físico observou-se a presença de um nódulo medindo 12cm em mama torácica (M2)
esquerda sem mobilidade, alopécico, com vascularização evidente, com pigmentação
rósea, firme, irregular, não ulcerado; Em mama abdominal cranial (M3) direita havia
um nódulo medindo 4 cm móvel, não alopécico, irregular, pigmentação rósea, firme; e
outras três pequenas nodulações de menos de meio centímetro distribuídas entre as
mamas abdominais caudais (M5) esquerda e direta, firmes, entremeadas ao tecido
mamário e sem evidencia de linfonodomegalia.
Foram realizados exames hematológicos com resultados dentro da
normalidade. Posteriormente foi encaminhado para procedimentos pré-operatórios
compreendendo a eletrocardiografia e ecocardiografia sem alterações dignos de nota.
A radiografia torácica não evidenciou a presença de nódulos sugestivos de metástase
e o exame ultrassonográfico sugeriu presença de cistos ovarianos.
Pelo estadiamento tumoral o animal foi classificado em Estágio III e então
realizado mastectomia radical unilateral esquerda com ovariohisterectomia, sem
complicações trans-cirúrgicas e material enviado para analise histopatológica. Pós-
operatório foi realizado com cefalexina 25mg/kg b.i.d. 10 dias, ranitidina 2mg/kg b.i.d.
10 dias, dipirona 25mg/kg b.i.d. 10 dias, cloridrato de tramadol 5mg/kg b.i.d. 5 dias.
Foi colocado curativo Tegaderm® estéril, não havendo necessidade de curativos
diários. Após três dias do procedimento cirúrgico, os tutores retornaram com queixa
de secreção sero-sanguinolenta em grande quantidade na ferida cirúrgica. Houve
deiscência de pontos em região torácica próxima da região de M2 e hematoma
regional, sendo prescrito bandagem compressiva local associada a massagem com
Reparil® diminuição do hematoma. A ferida foi tratada por segunda intenção com
limpeza com solução fisiológica e pomada Vetaglos® até completa cicatrização.
O diagnóstico histopatológico foi de osteossarcoma mamário com margens
comprometidas. A lesão acometia 70% dos fragmentos composta por células
fusiformes, baixa relação núcleo/citoplasma, citoplasma levemente eosinofílicos,
18
Figura 2. Radiografia de tórax 12 meses após estadiamento tumoral. Projeções Latero-lateral bilateral
e Ventro-dorsal com alterações compatíveis com metástases.
Fonte: Scan diagnosticos
4 DISCUSSÃO
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CALDAS, S.A., MIRANDA, I.C., BRITO, M.F., NOGUEIRA, V.A., CID, G.C., COSTA,
S.Z.R., FRANÇA, T.N., PINTO, L.F. Clinical and pathological features of mammary
tumors in female dogs (Canis familiaris). In: Braz. J. of Vet. Med., Rio de Janeiro, v.
38, Supl.2, p. 81-85. 2016. Disponível em:
<http://rbmv.org/index.php/BJVM/article/view/156> Acesso em: 03 set. 2018
CASSALI et al. Consensus for the Diagnosis, Prognosis and Treatment of Canine
Mammary Tumors. In: Braz. J. Vet. Pathol., Brasil, v. 7, n. 2, p. 38 – 69. 2014.
Disponível em: http://bjvp.org.br/bjvp-archive/2015/07/vol-7-n-2-july-2014/. Acesso
em: 03 set. 2018
DALECK C.R., FONSECA C.S. & CANOLA J.L. Osteossarcoma canino revisão. In:
Revista de Educação continuada do CRMV/SP, São Paulo, v. 5, n. 3, p. 233-242.
2002.
DALECK, C.R. et al. In: DALECK, C.R.; DE NARDI, A.B. Oncologia em cães e gatos.
2 ed. São Paulo: Roca, 2016.
MACPHAIL, C.M. Cirurgia dos Sistemas reprodutivo e Genital. In: FOSSUM, T.W.
Cirurgia de pequenos animais. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
24
MISDORP W., ELSE RW., HELLMÉN E., LIPSCOMB E. Definitions and explanatory
notes. WHO histological classification of mammary tumors of the dog and cat. In:
Armed Forces Institute of Pathology, Washington, p. 18-27. 1999.
OWEN, L.N. TNM Classification of tumors in domestic animals. Ed. Geneva: World
Health Organization, 1980.
25
SORENMO, K. Canine mammary gland tumors. In: Vet. Clin. North Am. Small Anim.
Pract., EUA, v. 33, p. 573-96. 2003.
SORENMO, K.U.; WORLEY, D.R.; GOLDSCHMIDT, M.H. In: WITHROW, S.J., VAIL,
D.M. Small animal clinical oncology. 5° Ed. Philadelphia: W. B. Saunders Company.
2013.
ZATLOUKAL, J.; LORENZOVA, J.; TICH, F.; NEAAS, A.; KECOVA, H.; KOHOUT, P.
Breed and Age as Risk Factors for Canine Mammary Tumours. In: ACTA VET.
BRNO, Rep. Checa, v. 74, p. 103-109. 2005.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
MACHADO, L.H.A.; ELSTON, F.; ELSTON, L.B.; SUDANO, M.J.; FONSECA, C.E.;
ZAHN, F.S. Avaliações clínica e imunohistoquímica de tumores mamários em
cadelas submetidas a tratamento com inibidor da Cicloxigenase-2 (Firocoxibe). In:
Vet. e Zootec. Botucatu, v. 1, n. 4, p. 584-594. 2014
TEIXEIRA L.V., MARTINS D.B., FIGHERA R. & LOPES S.T.A. Estudo clínico de
osteossarcoma canino. In: Acta Scientiae Veterinariae., Porto Alegre, v. 38, n. 2,
p.185-190. 2010.