Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
da pancreatite aguda?
7.1 INTRODUÇÃO
Conceitualmente, pancreatite aguda é a inflamação aguda do
parênquima pancreático de natureza química, resultante da
autodigestão enzimática pela ativação intraglandular de suas
próprias enzimas. Pode acometer tecidos peripancreáticos e levar
ao comprometimento de órgãos a distância, dependendo da
intensidade. Clinicamente, caracteriza-se pelo início súbito dos
sintomas em indivíduos sem queixas prévias e desaparece
quando o episódio cessa.
Uma vez que a causa e as complicações sejam removidas, há
recuperação clínica, morfológica e funcional, o que não ocorre na
pancreatite crônica (principal diferença entre as duas formas).
As alterações patológicas podem incluir necrose pancreática e
peripancreática e reação inflamatória associada. A extensão
dessas alterações está diretamente relacionada à gravidade do
quadro. Pode-se classificá-la (classificação de Atlanta
modificada), de acordo com a gravidade em leve
(edematosa/intersticial; ausência de falência de órgãos e
complicações locais ou sistêmicas), moderadamente grave
(falência orgânica transitória — resolvem em 48 horas — ou
complicações locais) e grave (denominada de necrosante/necro-
hemorrágica; caracterizada por falência orgânica persistente).
7.2 ETIOLOGIA
#importante
A principal causa de pancreatite está
associada à litíase biliar. Cerca de 70 a
80% dos casos devem-se a colelitíase e
álcool.
#importante
A amilase e a lipase não são fatores
prognósticos e não avaliam a gravidade
da doença.
#importante
O diagnóstico deve ser feito com pelo
menos dois destes critérios: história
clínica, elevação das enzimas (lipase e/ou
amilase) três vezes maior que o valor
normal, e sinais radiológicos de
pancreatite.
#importante
Níveis de Proteína C Reativa (PCR)
maiores que 150 mg/dL nas 48 horas
iniciais estão associados à pancreatite
grave. Os níveis muito elevados indicam
alta chance de necrose do pâncreas,
portanto refletem complicações locais.
#importante
A presença de três ou mais parâmetros
dos critérios de Ranson é fortemente
indicativa de pancreatite aguda grave.
#importante
São indicativos de pancreatite grave:
SOFA maior ou igual a 8, APACHE II
maior ou igual a 8 e Ranson acima ou
igual a 3.
7.6 TRATAMENTO
Os itens obrigatórios no tratamento da pancreatite aguda leve
são jejum, hidratação e analgesia intravenosa. Os analgésicos de
escolha são dipirona associada à hioscina e/ou meperidina. Evita-
se a morfina por aumentar a pressão do esfíncter de Oddi
(músculo circular na junção do colédoco com o duodeno), no
entanto não há estudos clínicos sugerindo que a morfina possa
agravar ou causar pancreatite ou colecistite. O uso de inibidores
da bomba de prótons é rotineiro na maioria dos serviços e os
antieméticos são quase sempre utilizados.
Nos pacientes com quadro leve, a dieta deve ser reintroduzida na
ausência de dor, íleo paralítico, melhora dos vômitos e de fome, e
realizada de forma gradual, hipogordurosa e rica em triglicérides
de cadeia média (absorvidos na borda “em escova” por osmose,
sem necessidade de ação enzimática). Nos casos de
impossibilidade de reintrodução de dieta oral nos próximos cinco
a sete dias (geralmente quadro de pancreatite grave), a
preferência é a sonda nasoenteral locada pós-ligamento de Treitz
por endoscopia digestiva alta ou radiologia, que deve ser iniciada
o mais precocemente possível (nutrição enteral precoce em 24 a
48 horas). Seu benefício está na habilidade em manter a barreira
intestinal e prevenir a translocação bacteriana do intestino, a qual
pode ser a maior causa de infecção. Se não for possível a dieta
com uso do trato gastrintestinal, institui-se a nutrição parenteral
total.
#importante
Recomenda-se a nutrição enteral
precoce (24 a 48 horas) visando evitar a
translocação bacteriana intestinal, que
constitui a principal causa de infecção
nos quadros de pancreatite.
#importante
Sempre realizar a colecistectomia na
mesma internação, após melhora da
pancreatite.