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INSTITUTO EDUCACIONAL DIMENSÃO- PELOTAS

TÉCNICO EM ENFERMAGEM
ASSISTÊNCIA DA EQUIPE TÉCNICA DE ENFERMAGEM NO TRATAMENTO
DO CÂNCER DE MAMA

Paula Fernanda Rocha Saija1

RESUMO
O presente trabalho busca destacar a relevância da assistência da equipe técnica de
enfermagem no atendimento a paciente acometida por câncer de mama, bem como as ações
que devem ser adotadas pela equipe técnica de enfermagem, na busca por atender e amparar
estas pacientes. O índice de mulheres vítimas fatais do câncer de mama é alarmante, visto ser
o mais comum, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano, porém se diagnosticado e
tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom. No que tange ao câncer de mama
em homens é pouco discutido, devido ao baixo número de incidências, pois o câncer de mama
masculino atinge 1 homem para cada 1.000 mulheres, representando menos de 1% de todos os
cânceres em homens nos EUA, e é responsável por 0,1% da mortalidade dos homens por
câncer. Este foi o fator relevante para a realização desta pesquisa bibliográfica, com
abordagem qualitativa indireta, sendo os dados coletados por meio de livros, artigos, revistas
e sites, com o objetivo de conhecer em profundidade as especificidades do câncer de mama,
suas implicações e a importância do técnico de enfermagem na prevenção e tratamento do
câncer de mama. A revisão demonstrou que a equipe técnica de enfermagem deve estar
adequadamente capacitada, sendo esta, alcançada com um conhecimento técnico científico
suficiente para lidar com o tratamento das mulheres portadoras de câncer de mama.

PALAVRAS CHAVE: Saúde. Técnico de enfermagem. Câncer de mama.

1
Aluno Graduando do Curso Técnico em Enfermagem pelo Instituto Dimensão de Pelotas. E-mail:
2

1. INTRODUÇÃO

O Brasil tem enfrentado nos últimos anos um quadro marcado pela grande incidência
de doenças crônico-degenerativas. O câncer é a principal, por ser a segunda causa de morte
por doença no país, sendo que a estimativa para 2009 foi de 466.730 novos casos de câncer. A
melhoria na qualidade de vida no plano sócio econômico e o avanço da medicina além de
facilitar o diagnóstico, aumentou a expectativa de vida e consequentemente o número de
casos novos de câncer (INCA, 2008).
O câncer de mama é uma doença heterogênea e complexa, que se apresenta de
múltiplas formas clínicas e morfológicas, com diferenças na pré e pós menopausa, com
diferentes graus de agressividade tumoral e potencial metastático, atingindo frequentemente
mulheres após os quarenta anos de idade, embora se tenha observado um fenômeno em nível
mundial, do aumento de sua incidência em faixas etárias mais jovens (PINHO et al., 2007).
As causas do câncer de mama ainda não foram determinadas com exatidão. Os fatores
de risco significativos são: história familiar de câncer mamário em mãe, irmã, avó e tia, ter
mais de 45 anos e estar no período pré menopausa. Outros fatores de risco prováveis que
ainda estão sendo investigados, inclui ciclo menstruais longos; início precoce da menstruação
ou menopausa tardia; exposição a radiação; tratamento com estrógeno ou com agente anti-
hipertensivo; uso de álcool e tabaco; doença fibrocística preexistente. A descoberta do gene
BRCA1 do câncer de mama confirma a tese de que essa doença pode ser transmitida pela mãe
ou pelo pai (BOUNDY, 2004).
Segundo o INCA (2011) embora a hereditariedade seja responsável por apenas 10%
do total de casos, mulheres com história familiar de câncer de mama, (mãe ou irmãs) foram
acometidas antes dos 50 anos, apresentando maior risco de desenvolver a doença. Esse grupo
deve ser acompanhado por médico a partir dos 35 anos. Frente ao conhecimento é o
profissional de saúde quem vai decidir quais exames a paciente deverá fazer. Primeira
menstruação precoce, menopausa tardia (após os 50 anos), primeira gravidez após os 30 anos
e não ter tido filhos também constituem fatores de risco para o câncer de mama.
As mamas geralmente não são do mesmo tamanho. A forma da mama pode variar em
função da idade, lactação, gestação, obesidade e período menstrual. São divididas em
quadrante superior, inferior e região central. A divisão em quadrante é importante para a
localização e correlação dos achados nos exames clínicos e de imagem (CHAGAS C.R. et al,
2011). O câncer de mama ocorre quando as células da mama passam a se dividir e se
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reproduzir muito rápido e de forma desordenada. A maioria dos cânceres de mama acomete as
células dos ductos das mamas. Por isso, o câncer de mama mais comum se chama Carcinoma
Ductal. Ele pode ser in situ, quando não passa das primeiras camadas de célula destes ductos,
ou invasor, quando invade os tecidos em volta. Os cânceres que começam nos lóbulos da
mama são chamados de Carcinoma Lobular e são menos comuns que o primeiro. Este tipo de
câncer muito frequentemente acomete as duas mamas. O Carcinoma Inflamatório de mama é
um câncer mais raro e normalmente se apresenta de forma agressiva, comprometendo toda a
mama, deixando-a vermelha, inchada e quente (CHAGAS C.R. et al, 2011).
As considerações do técnico de enfermagem em oncologia evoluíram muito desde seu
aparecimento como as especialidades, e a literatura existente aponta e preconiza importante
papel da enfermagem no apoio ao paciente oncológico nas várias fases de sua doença. Pensar
hoje em oncologia é pensar em sobrevida com qualidade e não se fixar na cura da doença
(CAMARGO; SOUZA, 2003).
Portanto, a prática da enfermagem em oncologia evoluiu para a assistência ao cliente e
sua família através da educação, provendo suporte psicossocial, administrando a terapia
recomendada, selecionando e administrando intervenções que diminuam os efeitos colaterais
da terapia proposta, participando da reabilitação e provendo conforto e cuidado.
Tendo em vista a relevância do câncer de mama para a população feminina, o presente
trabalho justifica-se como oportunidade para debater o tema em questão com o intuito de
ressaltar para os profissionais de saúde a importância de se implementar ações de prevenção,
diagnóstico e tratamento precoce da enfermidade, considerando-se a efetividade e eficácia dos
cuidados, logo que colocadas em prática
O câncer de mama em homens é uma patologia relativamente incomum. Atinge 1
homem para cada 1.000 mulheres (1), representa menos de 1% de todos os casos de câncer
em homens nos EUA e é responsável por 0,1% da mortalidade por câncer no sexo masculino
(LEME, 2006). Alguns estudos indicam que a incidência desse tumor vem aumentando para
1,08 por 100.000 (ARCH, 2006). Esta prevalência da patologia no homem aumenta com a
idade (DIAS, et. al., 1994). No Brasil, não houve redução nas taxas de mortalidade por câncer
de mama masculino, a taxa de mortalidade, nos últimos anos tem a maior incidência nos
estados do sul do país, destacando-se o Rio Grande do Sul (INCA, 2014). Dentre os
continentes, a Ásia supera os demais, enquanto a América do Sul e Central apresentam os
menores índices. (SAVI, 2008).
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Este estudo torna-se de relevância pessoal, porque a formação acadêmica propõe a


capacidade do graduando de prestar uma assistência técnica de enfermagem com qualidade, e
de relevância social, porque em nível mundial e nacional é uma doença crônica degenerativa
crescente, como já citada anteriormente.
O presente estudo possui como objetivo de conhecer em profundidade as
especificidades do câncer de mama, suas implicações e a importância do técnico de
enfermagem na prevenção e tratamento do câncer de mama.
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2. MÉTODO

A metodologia utilizada nesse estudo foi a de caráter bibliográfico, descritiva, que


segundo Lakatos (2012), é o desenvolvimento inicial na elaboração efetiva de um protocolo
de investigação, quer dizer, após a escolha de um tema é primordial fazer uma revisão
bibliográfica do assunto apontado.
Toda a estrutura foi desenvolvida através de uma abordagem bibliográfica, com base
em material previamente elaborado por outros autores, constituído por livros, periódicos,
artigos científicos, teses e dissertações disponibilizadas no Scientific Electronic Library
Online (SCIELO), Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), Pubmed, manuais do ministério da
saúde, Google acadêmico e em outras bases on line disponíveis através do descritores:
enfermagem, câncer de mama e saúde da família.
A análise dos dados encontrados em literatura foi realizada através de seleção do
material encontrado. Foi utilizado o conteúdo que mais se relacionava ao tema proposto e as
condutas mais atuais desenvolvidas pelo profissional enfermeiro.
Foram excluídas referências anteriores ao ano de 2000, publicações com outros
idiomas, bem como publicações que embora dentro da temática, não davam resposta aos
objetivos do estudo, ou o texto não se encontrava na íntegra. Para a realização da discussão,
foram selecionados 20 artigos que correlacionaram com os seguintes temas: dados
epidemiológicos, tratamento, prevenção, atuação da equipe técnica de enfermagem.
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3. DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA

A mama feminina é constituída por um corpo glandular que está sobre a parede do
tórax. Envolvido pela fáscia e recoberto por pele, se estende até a região da axila. A pele se
diferencia em sua porção central, formando a aréola de onde emerge a papila, constituindo o
complexo areolo papilar. A mama é dividida em 15 a 20 lobos mamários independentes,
separados por tecido fibroso, de forma que cada um tem a sua via de drenagem, que converge
para a papila, através do sistema ductal, sendo pelo: ácino - porção terminal da “árvore”
mamária, onde estão as células secretoras que produzem o leite; lóbulo mamário - que é o
conjunto de ácinos; lobo mamário - unidade de funcionamento formada por um conjunto de
lóbulos (15-20) que se liga à papila por meio de um ducto lactífero; ducto lactífero - sistema
de canais (15-20) que conduz o leite até a papila, o qual se exterioriza através do orifício
ductal; papila - protuberância composta de fibras musculares elásticas onde desembocam os
ductos lactíferos; auréola - estrutura central da mama onde se projeta a papila; tecido adiposo
- todo o restante da mama é preenchido por tecido adiposo ou gorduroso, cuja quantidade
varia com as características físicas, estado nutricional e idade da mulher; ligamentos de
Cooper - responsáveis pela retração cutânea nos casos de câncer de mama, são expansões
fibrosas que se projetam na glândula mamária.
O corpo glandular é formado por dois sistemas: o sistema ducal formado por ductos
que iniciam na papila e possuem várias ramificações ductais, e o sistema lobular, composto
por lóbulos, localizados nas extremidades ductais, são responsáveis pela formação de leite que
é transportados pelos ductos. Os dois sistemas são sustentados por tecido conjuntivo e
gordura, por onde passam os nervos, vasos sanguíneos e linfáticos. Os vasos linfáticos drenam
a linfa para ao linfonodos das cadeias axilar e mamaria. O assoalho muscular é composto por
músculo peitoral maior, peitoral menor e serrátil anterior, que se relaciona com a face
profunda da mama separando-se do gradil costal (CHAGAS C.R. et al, 2011).
As mamas geralmente não são do mesmo tamanho. A forma da mama pode variar em
função da idade, lactação, gestação, obesidade e período menstrual. São divididas em
quadrante superior, inferior e região central. A divisão em quadrante é importante para a
localização e correlação dos achados nos exames clínicos e de imagem (CHAGAS C.R. et al,
2011).
O câncer de mama ocorre quando as células da mama passam a se dividir e se
reproduzir muito rápido e de forma desordenada. A maioria dos cânceres de mama acomete as
células dos ductos das mamas. Por isso, o câncer de mama mais comum se chama Carcinoma
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Ductal. Ele pode ser in situ, quando não passa das primeiras camadas de célula destes ductos,
ou invasor, quando invade os tecidos em volta. Os cânceres que começam nos lóbulos da
mama são chamados de Carcinoma Lobular e são menos comuns que o primeiro. Este tipo de
câncer muito frequentemente acomete as duas mamas.
O Carcinoma Inflamatório de mama é um câncer mais raro e normalmente se
apresenta de forma agressiva, comprometendo toda a mama, deixando-a vermelha, inchada e
quente(CHAGAS C.R. et al, 2011).
O espectro de anormalidades proliferativas nos lóbulos e ductos da mama inclui
hiperplasia, hiperplasia atípica, carcinoma in situ e carcinoma invasivo. Dentre esses últimos,
o carcinoma ductal infiltrante é o tipo histológico mais comum e compreende entre 80 e 90%
do total de casos(WHO, 2008).
O câncer de mama, como muitos dos cânceres, tem fatores de risco conhecidos.
Alguns destes fatores são modificáveis, ou seja, pode-se alterar a exposição que uma pessoa
tem a este determinado fator, diminuindo a sua chance de desenvolver este câncer. Existem
também os fatores de proteção. Estes são fatores que, se a pessoa está exposta, a sua chance
de desenvolver este câncer é menor. São esses fatores: Idade; Exposição excessiva a
hormônios; Radiação; Dieta; Exercício Física; História Ginecológica; História Familiar;
Alterações nas mamas. Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa etária sua
incidência cresce rápida e progressivamente (CANCER RESEARCHA UK, 2011).
O sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de nódulo, geralmente
indolor, duro e irregular, mas há tumores que são de consistência branda, globosos e bem
definidos. Outros sinais de câncer de mama são edema cutâneo semelhante à casca de laranja;
retração cutânea; dor, inversão do mamilo, hiperemia, descamação ou ulceração do mamilo; e
secreção papilar, especialmente quando é unilateral e espontânea. A secreção associada ao
câncer geralmente é transparente, podendo ser rosada ou avermelhada devido à presença de
glóbulos vermelhos. Podem também surgir linfonodos palpáveis na axila
(KOSTERS;GOTZSCHE,2008).
Segundo Mohallem & Rodrigues (2007), as causas do câncer de mama são
desconhecidas, mas é aceita pela comunidade científica a relação da doença com fatores
próprios do hospedeiro, como a duração da atividade ovariana e a hereditariedade, além de
fatores ambientais, tais como alimentação e utilização de determinados medicamentos.
Alguns autores referem também a idade, localização geográfica, consumo de álcool, uso de
contraceptivo oral e terapia de reposição hormonal como fatores de risco associados às
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neoplasias mamárias, conforme explicado: hereditariedade: o fator familiar é, talvez, o mais


aceito na comunidade científica relacionado com o risco de desenvolver neoplasia mamária.
Mulheres cuja mãe ou irmã desenvolveram câncer de mama têm duas a três vezes mais risco;
características reprodutivas: estas características associadas ao maior risco de câncer de mama
incluem a menarca precoce, menopausa tardia, idade do primeiro parto após os 30 anos e
nuliparidade; patologias benignas: algumas doenças mamárias benignas diagnosticadas por
biópsia estão associadas ao aumento de risco para o câncer de mama; 17 assim como o câncer
de mama prévio, que pode aumentar em cinco vezes o risco de uma mulher desenvolver um
segundo câncer de mama primário; radiação ionizante: a exposição à esta radiação empregada
nos diagnósticos médicos, entre elas a mamografia, em exposições ocupacionais, permanece
incerta. Pouco se conhece ainda sobre o risco de neoplasia mamária relacionado a outros tipos
de radiação; dietas: estudos recentes indicam que a dieta rica em gorduras pode ser
considerada como fator de aumento do risco de câncer de mama fundamentalmente na
infância e na adolescência.
Na fase inicial, o câncer de mama é geralmente assintomático, o que dificulta sua
detecção precoce. O sinal mais notado pela paciente é a presença de um nódulo endurecido na
mama; outras vezes a paciente relata a presença de um espessamento, leve endurecimento ou
discreto incômodo, pode ocorrer também saída espontânea de secreção pelo mamilo, e
secreção hemorrágica que está mais associada á presença de lesão maligna. A dor só ocorre
nos casos mais avançadas e quase sempre associadas a alterações benignas. A retração do
mamilo e da aréola está geralmente associada a tumores maiores. Nas formas mais avançadas
pode surgir o edema cutâneo, com dilatação dos poros, o que determina o aspecto de "casca
de laranja"; ulcerações com infecção secundária e hemorragia também pode aparecer nesta
fase. A hiperemia cutânea ocorre nos casos mais avançados ou no carcinoma inflamatório; em
menor frequência, podem ocorrer, como primeira queixa, sinais ou sintomas associados á
presença de metástases linfáticas ou hematogênicas, sem tumor mamário palpável
(MOHALLEM; RODRIGUES, 2007).
Segundo Otto (2002), as manifestações clínicas do câncer de mama na abertura do
quadro são: massa dura, irregular, indolor ou espessamento na mama ou axila; secreção
espontânea, persistente, unilateral mamilar serossanguinolenta, sanguinolenta ou aquosa;
ocorre também alteração no tamanho, no formato ou na textura da mama; retração ou inversão
do mamilo; descamação cutânea em torno do mamilo.
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Os sintomas de disseminação regional geralmente são: vermelhidão, ulceração, edema


ou dilatação de veias; e aumento dos linfonodos na axila. As manifestações quando se tem
evidências de doenças metastáticas são de: aumento dos linfonodos na região supra clavicular
ou cervical; anormalidades na radiografia de tórax, com ou sem derrame pleural; elevação da
fosfotase alcalina, elevação de cálcio, cintilografia óssea positiva e/ou dor óssea relacionada
com comprometimento ósseo; podem ocorrer provas de função hepática alterada (OTTO,
2002). O avanço da doença e as metástases do câncer de mama causam complicações
específicas da localização do tumor, como infecções; redução da mobilidade se ocorrer
metástase ósseas; alterações respiratórias, se a doença disseminar para os pulmões; e
distúrbios do sistema nervoso central se o tumor produzir metástases cerebrais (BOUNDY,
2004).

Câncer de mama masculino

A Organização Mundial de Saúde - OMS (2014) estimou que para o ano de 2030, 27
milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de mortes e 75 milhões de pessoas vivas
portando a doença. Dentre os tipos de cânceres mais incidentes, tem se o câncer de mama e
estimou-se cerca de 580 mil casos novos de câncer por ano (INCA, 2014).
Ainda, segundo o mesmo autor, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres,
correspondendo a 22% dos casos novos a cada ano. Embora raro, o câncer de mama pode,
sim, afetar os homens, correspondendo a menos de 1% do total de casos de câncer de mama.
A neoplasia de mama em homens é diagnosticada com base em uma alteração na mama
(fig.1), geralmente notada pelo próprio paciente, já que não existe rastreamento de câncer de
mama em homens (KALIKS, 2010).
De um modo geral, o diagnóstico do câncer é feito com base em achados de história
clínica e exame físico, associados a exames complementares tais como mamografia,
ultrassonografia, exames citopatológicos e biópsias (INCA, 2014). As taxas de prevalência do
câncer de mama em homens variam geograficamente, sendo maiores na África, entre 05 e 15
casos a cada 100 mil habitantes, onde causas infecciosas endêmicas causam danos hepático e
hiper estrogenismo secundário (FENTIMAN, FOURQUET, HORTOBAYGI, 2006).
A etiologia do câncer de mama masculino é desconhecida, porém são conhecidos
fatores associados a maiores riscos para desenvolver esse tipo de câncer como os fatores
genéticos, hormonal, ocupacional e sedentarismo. Em relação ao fator genético, a história
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familiar positiva em parentes de primeiro grau está presente em 20% dos homens com câncer
de mama e a predisposição genética está associada ao do câncer de mama aumentando até 2,5
vezes as chances de o homem desenvolver a doença (FENTIMAN, FOURQUET,
HORTOBAYGI, 2006). Ainda, segundo os autores, o uso de estrogênio exógeno aumenta o
risco de tumores em situações como, por exemplo, no tratamento hormonal do câncer de
próstata e seu uso por transexuais.
Os fatores prognósticos do câncer de mama masculino são similares aos das mulheres,
incluindo: tamanho do tumor, grau histológico, estado dos linfonodos axilares e presença de
receptores hormonais. Devido à falta de rastreamento, casos de câncer de mama em homens
acabam sendo diagnosticados, em média, mais tarde que em mulheres. A média da idade do
diagnóstico do câncer de mama masculino é de 67 anos de idade, contra 61 anos de idade
entre as mulheres. Também pela falta de rastreamento, os casos em homens acabam sendo
diagnosticados quando o tumor já está maior e como maior nível de comprometimento dos
tecidos adjacentes (KALIKS, 2009).
Homens que desenvolvem câncer de mama têm um risco aumentado de desenvolver
um segundo tipo câncer ao longo da vida, com 20% de chances. Desta reincidência de casos
de câncer, os mais comuns são câncer de próstata, cólon e bexiga (KALIKS, 2009). Os fatores
mais importantes para o prognóstico é o estadiamento da doença e o comprometimento axilar.
As taxas de sobrevida, em geral, estimadas para o câncer de mama masculino, são de
aproximadamente 40% a 65% em cinco anos e de 17% a 50% em 10 anos (FENTIMAN,
FOURQUET, HORTOBAYGI, 2006).
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3.1 FÁRMACOS UTILIZADOS

Brunner & Suddarth (2002), que um diagnóstico de câncer se embasa na análise das
alterações fisiológicas e funcionais e nos resultados da investigação diagnóstica. Os pacientes
com suspeita de câncer sofrem extensos exames para: determinar presença do tumor e sua
extensão; identificar a possível disseminação (metástase) da doença ou invasão de outros
tecidos corporais; avaliar a função dos sistemas orgânicos e órgãos afetados e nãoafetados; e
obter tecidos e células para análise, incluindo a avaliação dos estágios e grau do tumor. A
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avaliação diagnóstica é orientada pelas informações obtidas através de uma história completa
e do exame físico.
Conforme descrito pelo Inca (2004), os critérios citológicos para a avaliação das
lesões mamárias podem ser categorizados como: padrão citológico benigno, negativo para
malignidade; padrão citológico positivo para malignidade - apresenta celularidade alta, com
células epiteliais atípicas, geralmente isoladas e com citoplasma intacto, ausência de núcleos
nus e redução da coesão celular. Sempre que possível acompanha a especificação diagnóstica
do processo; padrão citológico de malignidade indeterminada (tumor papilar, tumor filóide);
padrão citológico suspeito para malignidade (lesão epitelial proliferativa com atipias).
Segundo Brunner & Suddarth (2002), uma avaliação diagnóstica completa inclui a
identificação do estágio e do grau do tumor. Isso é feito antes de iniciar o tratamento, para
gerar parâmetros basais de avaliação dos resultados da terapia e para manter uma conduta
sistemática e consistente com o diagnóstico e tratamento contínuo. As opções de tratamento e
prognóstico são determinados com base no estadiamento e na gradação. O estadiamento
determina o tamanho do tumor e a existência de metástase.
Segundo Brunner & Suddarth (2006), as opções de tratamento oferecidas aos pacientes
com câncer devem ser baseadas em metas realistas e atingíveis para cada tipo específico de
câncer. A gama de possíveis metas de tratamento pode incluir a erradicação completa das
doenças malignas (cura), sobrevida prolongada e contenção do crescimento da célula
cancerosa (controle) ou alívio dos sintomas associados à doença (paliativo).
A equipe de saúde, o paciente e a família devem ter uma compreensão clara das
opções e metas do tratamento. A comunicação aberta e o apoio são vitais, já que o paciente e
a família reavaliam periodicamente os planos e metas de tratamento quando se desenvolvem
as complicações da terapia ou a doença avança (BRUNNER; SUDDARTH, 2006). O
tratamento do câncer requer uma estrutura médico-hospitalar e recursos humanos
qualificados, integrando equipes multiprofissionais. O tratamento do câncer pode ser feito
através de cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou transplante de medula óssea. Em muitos
casos, é necessário combinar essas modalidades (INCA, 2002).
Tratamentos:
Cirurgia:
A cirurgia foi o primeiro tratamento que alterou significativamente o curso da doença
neoplásica e, até hoje, é um dos principais métodos terapêuticos (INCA, 2008). Segundo
Pollock, et all (2006) embora possa haver discussões sobre o significado relativo e o impacto
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geral de fatos específicos, alguns fatos novos indicaram o início de novas eras de melhor
eficácia terapêutica para determinadas neoplasias.
A mastectomia radical, por exemplo, tornou-se o tratamento de escolha para o câncer
de mama pouco depois de 1900 quando Halsted demonstrou o controle eficaz da doença na
parede torácica pela primeira vez. De acordo com Brunner & Suddarth (2002), a excisão
cirúrgica da totalidade do câncer permanece como o método de tratamento ideal e é o mais
frequentemente usado. Contudo, a conduta cirúrgica específica pode variar por diversos
motivos. A cirurgia diagnóstica é o método definitivo para identificar as características
celulares que completam todas as decisões de tratamento. A cirurgia pode ser o método
primário de tratamento, ou pode ser profilática, paliativa ou reconstrutora.

Radioterapia:
O tratamento radioterápico se dá à base de aplicação de radiação direcionada ao tumor
ou ao local deste e tem por objetivo, se antes da operação, reduzir o tamanho do tumor, e se
após, evitar a volta da doença. A radiação bloqueia o crescimento das células, e deve ser
utilizada apenas na área afetada, evitando atingir o tecido normal. As aplicações duram cerca
de 15 minutos e devem ser feitas diariamente, variando de 25 a 30 aplicações.
O tratamento não apresenta complicações. O local das aplicações adquire uma
coloração parecida com a de uma queimadura de sol (BRUNNER; SUDDARTH, 2002). Na
terapia, os radioisótopos são utilizados em doses elevadas visando justamente ao efeito
deletério da radioatividade sobre determinados tecidos, permitindo o estudo da fisiologia e das
transformações bioquímicas dos organismos vivos em condições normais, sem lhes alterar a
higidez. O objetivo da radioterapia é alcançar um índice terapêutico favorável, levando as
células malignas a perderem a sua lonogenicidade e, ao mesmo tempo, preservando os tecidos
normais (INCA, 2008).
Segundo Brunner & Suddarth (2006), a dosagem de radiação depende da sensibilidade
dos tecidos-alvos à radiação e do tamanho do tumor. A dose tumoral letal é definida como
dose que erradicará 95% do tumor, enquanto preserva o tecido normal. A dose de radiação
total é liberada durante várias semanas para possibilitar que o tecido saudável se repare e para
atingir a maior morte celular ao expor mais células à radiação quando elas começam a divisão
celular ativa.

Quimioterapia:
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Esta terapia consiste no uso de medicamentos extremamente potentes no tratamento do


câncer. Também é usado para completar a cirurgia, podendo começar antes ou após a
operação. Ao contrário da cirurgia e da radioterapia que têm efeito local, a quimioterapia age
em todo o corpo, visando evitar a volta do tumor e o aparecimento em outros órgãos
(BRUNNER; SUDDARTH, 2002). Segundo Otto (2002) o sítio de aplicação da quimioterapia
é principalmente por via sistêmica (endovenosa). Também pode ser administrada de forma
regional, quando aplicada diretamente no tumor. De acordo com suas finalidades a
quimioterapia é classificada em: quimioterapia adjuvante - quando usada em conjunto com
outras modalidades de tratamento (cirurgia, radioterapia, bioterapia) e com a finalidade de
prevenir micrometástases; quimioterapia neo-adjuvante - administração de quimioterápicos
para diminuir o tamanho do tumor antes da remoção cirúrgica ou da radioterapia;
quimioterapia primária - tratamento de clientes com câncer localizado, para os quais há uma
alternativa de controle completo do tumor; quimioterapia paliativa - administração de
quimioterápicos em clientes com metástase diagnosticada ou recidiva do câncer.
As medicações antineoplásicas podem ser usadas de duas maneiras: mono-
quimioterapia - de uso restrito pela ineficácia em induzir respostas significativas completas ou
parciais na maioria dos tumores; poli-quimioterapia - tem por objetivo atingir populações
celulares em diferentes fases do ciclo celular e utilização a ação sinérgica dos
quimioterápicos, diminuindo o desenvolvimento de resistência a eles promovendo maior
resposta por dose administrativa. Como existem muitos tipos de câncer, é necessário usar
vários tipos e combinações de agentes quimioterápicos, classificados de acordo com seu
mecanismo de ação. Os agentes antineoplásicos mais empregados no tratamento do câncer
incluem os alquilantes polifuncionais, os antimetabólitos, os antibióticos antitumorais, os
inibidores mitóticos e outros (INCA, 2008).
Todo medicamento antineoplásico deve ser prescrito pelo médico, após uma avaliação
das condições clínicas, dos exames laboratoriais, principalmente do hemograma, e do cálculo
da superfície corpórea obtida através do peso e da altura do paciente. O preparo das drogas
antineoplásicas deve ser realizado com técnicas assépticas rigorosas, em capela de fluxo
laminar vertical e o profissional deve utilizar gorro, máscara, avental de mangas longas e
luvas, de preferência não entalcadas, pois o talco favorece retenção de partículas
(GUIMARÃES, 2004).
São várias as vias de administração de quimioterápicos: oral, intramuscular,
subcutânea, intra-arterial, intravesical, intratecal, intraperitoneal, sendo a mais utilizada, a
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endovenosa. Para todas devem-se, antes da administração, informar o paciente sobre o


procedimento a ser realizado, possível efeitos colaterais e sintomas a serem reportados, pois
cada um deles possui cuidados específicos (GUIMARÂES, 2004). O tratamento normalmente
é feito com soro pela via endovenosa. Na maioria das vezes, o tratamento dispensa a
internação. Primeiramente, o paciente faz uma consulta médica de rotina e, se estiver tudo
normal, recebe o soro durante algumas horas e está liberado para voltar para casa
(BRUNNER; SUDDARTH, 2002).
Segundo Murad & Katz (1996) apesar da quimioterapia por via endovenosa ser a mais
comum, sua administração pode provocar fortes irritações venosas, por isto este tratamento
tem sido feito por outras vias: oral, subcutânea, intramuscular, intracavitária e tópica. A
quimioterapia pode ser usada em diversas situações, e mesmo em se tratando do mesmo tipo
de câncer, pode ser usada de forma diferente conforme a estratégia do tratamento.
A quimioterapia age sobre as células que tem um crescimento e multiplicação
acelerada, como as do câncer. Acontece que existem outras células do corpo que possuem
estas mesmas características, causando os famosos efeitos colaterais, tais como anemia e
diminuição da resistência a infecções causadas pela ação nas células produtoras dos glóbulos
sanguíneos vermelhos e brancos, queda de pelos e cabelos devido à ação nas células do
folículo piloso, náuseas, vômitos e diarréia, em decorrência da ação nas células do aparelho
digestivo, além da dificuldade de engravidar e parada da menstruação, já que as células do
sistema reprodutor também são afetadas (BRUNNER; SUDDARTH, 2002).
A quimioterapia representa um avanço na cura e no controle do câncer, aumentando a
expectativa de vida do paciente. É essencial, no entanto, que os profissionais de saúde que
atuam nessa área tornem efetiva sua orientação quanto aos objetivos e efeitos colaterais do
tratamento quimioterápico, além, sobretudo, de oferecer apoio emocional (MELO et al.,
2002).
O tratamento quimioterápico é temido pelas mulheres devido à agressividade dos
efeitos colaterais tanto no nível físico quanto psicológico, afetando principalmente auto-
estima e a qualidade de vida. Por este motivo atualmente os pesquisadores, discutem a
melhora e o aperfeiçoamento da qualidade de vida para pacientes submetidos ao tratamento,
tendo em vista que apesar de todo o desenvolvimento tecnológico, os tratamentos propostos
por esta doença são mutiladores, afetam a condição física, os aspectos emocionais, sociais e
sexuais do paciente (ANJOS, 2005).
16

Sabe-se que a quimioterapia é um tratamento doloroso e que implica em efeitos


colaterais fortes e danosos ao corpo. Ao mesmo tempo em que essa química atinge as células
cancerígenas, ela também atinge as células saudáveis, por não conseguir distinguir uma das
outras. Como toda e qualquer situação nova na vida do indivíduo, a quimioterapia também
pode gerar ansiedade e efeitos associados à mesma (SAMPAIO, 2006).
A quimioterapia é possível, apesar dos seus efeitos tóxicos, porque os tecidos normais
se recuperam totalmente antes do que as células tumorais. É nesta diferença de
comportamento celular que a quimioterapia se baseia. As drogas anti neoplásicas possuem
efeitos tóxicos diferentes em qualidade e intensidade. Alguns deles são tão nocivos que
podem indicar a interrupção do tratamento ou ainda acarretar a morte do paciente e, por isso,
devem ser previstos, detectados e tratados com precocidade (INCA, 2002).
Para isto, segundo o Inca (2002), é necessária uma avaliação prévia do paciente, cuja
finalidade é a de assegurar que o seu organismo se encontra em condições de superar os
efeitos tóxicos dos medicamentos antiblásticos. Os exames solicitados para proceder-se a esta
avaliação dependem das drogas a ser utilizada, dos seus efeitos tóxicos, do número de ciclos
já recebidos e das condições clínicas do paciente.

Tratamento utilizados no combate ao câncer de mama masculino

Os tratamentos oferecidos aos homens com câncer de mama baseiam-se


frequentemente nas mesmas recomendações utilizadas para o tratamento em mulheres. Assim
como nas mulheres, além do exame físico, realiza-se mamografia e eventualmente
ultrassonografia de mama. A mamografia pode identificar um nódulo ou microcalcificações
suspeitas, embora estas sejam mais raras em tumores em homens que nas mulheres (KALIKS,
2009). Quanto ao tratamento, ao longo do século 20, o procedimento cirúrgico padrão
recomendado tradicionalmente foi a mastectomia radical.
17
3.2 EVOLUÇÃO DO CASO A PARTIR DOS CUIDADOS DA ENFERMAGEM

Segundo Camargo & Souza (2003), a assistência de enfermagem em oncologia,


abrange os vários estágios da continuação saúde-doença, já que assistir o outro que tem câncer
possibilita a intervenção de enfermagem em diversos níveis, seja na prevenção primária, na
prevenção secundária, no tratamento do câncer, na reabilitação e na doença avançada.
18

A equipe técnica de enfermagem é a equipe de saúde que usualmente permanece lado


a lado com os pacientes durante todo o processo de saúde/doença, o que o torna elemento
primordial para o sucesso do tratamento.
A equipe técnica de enfermagem atua também como facilitadora e minimizador dos
desconfortos trazidos por todo o processo da doença oncológica durante a internação do
paciente, principalmente no que diz respeito aos possíveis tratamento a serem empregados,
sejam ele cirúrgicos, quimioterápicos ou outros. Além disso, deve estar muito bem preparado
para enfrentar a problemática do paciente oncológico, colocando-se face a face com as
frequentes frustrações do tratamento e poucos retornos gratificantes. Nesse contexto, é
fundamental que pacientes oncológicos recebam por direito uma assistência humanizada
(MOHALLEM; RODRIGUES, 2007).
É possível afirmar que a assistência e os cuidados prestados pela enfermagem ,
constituem um conjunto de esforços trans pessoais direcionados a auxiliar o ser humano, a
obter o autoconhecimento, autocontrole, a auto cura e, dessa forma protegendo, promovendo e
preservando a existência do paciente (GUIMARÂES; ROSA, 2008).
O cuidado relacionado ao profissional de enfermagem refere-se às ações que ele
dispensa ao paciente. Essas ações, de acordo com a sua natureza, classificamse em ações, da
área de técnica ou instrumental, que engloba os cuidados físicos e terapêuticos e que
correspondem às atividades técnicas da assistência de enfermagem (higiene corporal,
manutenção do conforto e integridade física terapêutica), bem como as ações da área
expressiva, que englobam atividade relativa à manutenção do equilíbrio emocional do
paciente e dizem respeito ao aspecto humanizado do relacionamento enfermeiro-paciente
(MOHALLEM; RODRIGUES, 2007).
A atuação do enfermeiro deve ser iniciada logo após o diagnóstico, por meio da
consulta de enfermagem, a ser realizada por ocasião da internação e antes de cada modalidade
terapêutica (INCA, 2004).
A assistência humanizada de enfermagem, especialmente a de pacientes oncológicos,
vai além da competência técnica ou científica. Antes de ser profissional, deve ser uma atitude
individual, pessoal, recheada de valores solidários, compreensão, respeito ao próximo, às
limitações do outro, a dor e ao sofrimento humano, à perseverança, a vida e à morte. Para
humanizar a assistência, deve existir também uma filosofia institucional que favoreça não
apenas os profissionais de enfermagem para exercerem a assistência humanizada mas,
19

também toda a equipe inter profissional, dentro da sua complexidade conceitual e operacional
(MOHALLEM; RODRIGUES, 2007).
20

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Pela análise dos dados apresentados percebemos que o câncer de mama, apesar de toda
evolução em sua propedêutica, é a neoplasia que mais amedronta as mulheres, pois, implícito
ao mesmo, existem impactos biopsíquico sociais que afetam tanto a feminilidade quanto o
modo de vida dessa cliente. O sentimento de culpa muitas vezes é percebido na paciente
oncológica, que devido à sua cultura, acredita que seus hábitos de vida levaram-na a situação
em que se encontra após o diagnóstico, fato que não se confirma em meio literário, tendo em
vista que o câncer de mama ainda não tem seus mecanismos de tropismo por certos
organismos bem definidos pelos pesquisadores.
Vários estigmas são relacionados ao câncer de mama, como o sentimento de morte
eminente, a estética, a sexualidade etc. Esses têm de ser relevados na prática de enfermagem
devido ao fato que aspectos psiquico sociais têm influência direta na terapia dessa mulher,
dado que o estado emocional está correlacionado ao bom funcionamento do sistema
imunológico, sendo assim, esta cliente deve estar esclarecida sobre a neoplasia e suas
implicações, seu método terapêutico e todas as suas dúvidas devem estar esclarecidas para o
bom andamento da prática de enfermagem.
A assistência de enfermagem em oncologia deve estabelecer prioridades, porque cada
pessoa tem suas individualidades, singularidades, estilo de vida, crenças e valores. O
enfermeiro, por ser o profissional que na maioria dos casos é o que está mais próximo, deve
trabalhar a fim de minimizar e facilitar os processos de sofrimento vivenciados, tentando
controlar a dor e trabalhando para facilitar o processo adaptativo ao tratamento. Uma visão
humanizada da abordagem é aquela que estimula o autocuidado, auto conceito e auto cura,
pois com isso o enfermeiro instiga a existência do cliente, fato que ajuda na não desistência
dessa cliente pela recuperação, sendo de boa eficácia em termos psíquico sociais.
Tendo em vista que a enfermagem é a arte do cuidado, e que qualidade da assistência
dada é medida pelo peso desse cuidado, um bom profissional tem de estar atento sempre aos
indícios de dor apresentados pela cliente oncológica, tais como choro, gemido, alterações dos
sinais vitais, agitação, tremor ou comportamento verbal, e até mesmo aqueles sinais não
comumente achados como a quietude e a prostração devido ao esgotamento de forças
21

apresentados por essas clientes. Sendo assim, verificou-se por meio deste trabalho a
necessidade de se conhecer em profundidade as especificidades do câncer de mama, suas
implicações e as considerações de enfermagem frente à dor oncológica. Cabe ao profissional
aprimorar a cada dia mais seus conhecimentos técnico-científicos sobre os cuidados a serem
utilizados, proporcionando ao paciente e também à instituição de saúde onde atua, maior
eficiência no trabalho que realiza.
Mas, e os homens? Será que a população e órgãos públicos de saúde estão dando
devida atenção a esse problema que também vem atingindo as pessoas do sexo masculino? O
assunto nas mídias é pouco visto, quase não se vê divulgação a respeito e muito menos na
população, principalmente para àqueles menos favorecidos de acesso à informação, que
desconhecem a possibilidade de acometimento desta patologia em homens, e que não raro,
são pegos de surpresa, ao receberem a informação/resultado de um diagnóstico positivo para a
câncer de mama. Quase não se vê campanhas de prevenções, realização de exames para o
público masculino.
E por mais que os índices de câncer de mama masculino, sejam baixos, é
indispensável que os dados sejam divulgados à população, para que, o homem ao receber a
confirmação diagnóstica, saiba enfrentar a situação e recorrer ao tratamento nos locais
apropriados, com especialistas e em condições de orientá-lo e realizar o tratamento
adequadamente, evitando os “tratamentos milagrosos”, a automedicação e outras formas não
reconhecidas cientificamente para o tratamento. A partir dessas divulgações, também é
necessário a distribuição de cartazes informativos em postos de saúdes e em hospitais,
também em forma de folhetos para ser dado ao povo que transita pelas ruas. A noção de que a
doença existe devia e pode ser encaminhada para todos os públicos para maior alcance de
esclarecimentos.
Com este estudo pôde-se perceber que é necessário um preparo especial dos
profissionais para melhor desempenharem suas funções frente a esses pacientes, pois os
enfermeiros são conhecedores de fatores de risco, sintomas inerentes aos cânceres,
favorecendo a prevenção e o diagnóstico, dessa forma, devem prestar cuidados de qualidade
aos pacientes que estão em tratamento e reabilitação.
22

5. REFERÊNCIAS

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