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*Correspondência:
R. Nova York, 609, apto. 73-L
CEP 04560-001
São Paulo – SP
nazarioafonso@hotmail.com
http://dx.doi.org/10.1590/1806-9282.61.06.543
tende a ocorrer em idade mais precoce, isto é, na pré-me- dimensão, seu tamanho duplica a cada 100 dias. Do ponto
nopausa e, com frequência, de forma bilateral. Os prin- de vista clínico, na iniciação e nas etapas primordiais da pro-
cipais genes envolvidos são o BRCA1 e o BRCA2. O BRCA1 moção, o diagnóstico pelos métodos propedêuticos dispo-
localiza-se no cromossomo 17, e a portadora de sua mu- níveis não é possível. Entretanto, nas fases mais tardias da
tação apresenta alta suscetibilidade para o câncer de mama promoção neoplásica, com as lesões precursoras (hiperpla-
(até 65% ao longo da vida) e para o de ovário (39%). O sia atípica e carcinoma ductal in situ) já estabelecidas, é pos-
BRCA2 situa-se no cromossomo 13 e associa-se à alta sus- sível a detecção precoce por meio da mamografia. Acredita-
cetibilidade para o câncer de mama (45%) e de ovário -se que entre o epitélio mamário normal e o carcinoma
(11%), e para o câncer de mama masculino (RR = 15). invasor, ocorram fases intermediárias de hiperplasia típica,
Na grande maioria dos casos, contudo, as alterações atípica e carcinoma in situ, ainda que não obrigatoriamente.
genéticas não são herdadas, mas adquiridas ao longo da Na fase de progressão, o carcinoma já consolidado
vida, constituindo o câncer de mama esporádico (70% dos rompe a membrana basal, invade os vasos linfáticos e san-
casos). É definido como aquele em que nenhum caso da guíneos, e é capaz de atingir tecidos a distância (metás-
doença foi observado em duas gerações completas de 1º e tase) e se proliferar. Apresentam papel de destaque nessa
2º graus. O defeito genético decorre, em geral, da ativação fase a angiogênese e as enzimas proteolíticas, como a ca-
de um ou mais proto-oncogenes, presentes em células sa- tepsina D. O carcinoma passa a formar nódulos palpá-
dias. A maioria dos oncogenes codifica fatores de cresci- veis, passíveis de serem detectados no exame físico e no
mento e seus receptores. O câncer de mama familiar cor- autoexame. Inexoravelmente, a doença avança, produz
responde a 20% dos casos e, embora haja antecedentes em metástases a distância e os principais sítios são ossos, pul-
parentes de 1º ou 2º graus, o pedigree autossômico domi- mões e pleuras, o fígado e o cérebro.
nante não é caracterizado. Por meio da ativação de um pro-
to-oncogene ou da inativação de genes supressores, a célu- Diagnóstico
la alterada transmite o erro às células filhas de forma O diagnóstico do câncer de mama nos dias de hoje, com
sucessiva. O erro genético pode ser reparado ou a célula muita frequência, é feito em sua forma subclínica, através
pode ser induzida a sofrer apoptose. Quando isso não ocor- de mamografia de rotina ou por programas de rastreamen-
re, o erro genético pode se perpetuar, e a célula neoplásica to (screening) populacional. Nos Estados Unidos, o diag-
é estimulada a se dividir, com a formação de clones celu- nóstico mais precoce reduziu em 30% a mortalidade em
lares mutados, caracterizando a fase de promoção. mulheres acima de 50 anos e em 19% entre 40 e 49 anos.
Destacam-se, entre os fatores promotores do câncer Com a sua implantação como método de rastreamento,
mamário, aqueles que mantêm o lóbulo em constante surge o BI-RADSTM (Breast Imaging Reporting and Data
processo de divisão celular, o que dificulta os processos System), sistema de relatório e de padronização de termi-
fisiológicos de reparação. Estímulos externos (exógenos) nologia, permitiu a classificação as anormalidades obser-
ou internos (endógenos) favorecerão a multiplicação das vadas nos exames de imagem em categorias, preconizada
células que contêm as alterações genéticas. Os clones celu- pelo American College of Radiology (Tabela 1).
lares mutados, entretanto, ainda não têm a capacidade de
invadir os tecidos adjacentes, ficando restritos à membra- TABELA 1 Classificação BI-RADSTM.
na basal (carcinoma in situ). Na promoção, assumem gran-
Categoria Definição Risco de câncer (%)
de importância os esteroides sexuais e os fatores de cres-
0 Resultado inconclusivo Necessita-se de
cimento. Assim, os principais fatores promotores do
avaliação adicional por
câncer de mama são de natureza reprodutiva, como a me-
método de imagem
narca precoce, a menopausa tardia, a nuli ou oligopari-
1 Achados negativos 0
dade e a primeira gestação tardia. O denominador co-
2 Achados benignos 0
mum é o estímulo estroprogestativo cíclico (ovulatório)
3 Achados provavelmente <2
continuado, sem a pausa reparadora da gravidez e da lac-
benignos
tação; os esteroides sexuais, de forma sinérgica, mantêm
o lóbulo mamário em constante proliferação. 4 Achados suspeitos 3-94
maligno de 1 cm (que apresenta 109 células) é relativamen- 6 Biópsia prévia positiva 100
te longo, cerca de 8 anos. Entretanto, uma vez atingida essa para câncer
baseado na classificação TNM (T = tamanho do tumor; N habitualmente a mastectomia total com preservação dos
= comprometimento axilar; M = metástases a distância). O músculos peitorais. A mastectomia está também indicada
estadiamento é clínico (cTNM) e patológico (pTNM). na forma multicêntrica in situ ou invasiva da doença (Figu-
ra 6). Eventualmente, quando a mama é volumosa, pode-se
Tratamento indicar a cirurgia conservadora em tumores entre 3 e 5 cm
Halsted, no final do século XIX, postulava que o câncer de associada a técnicas de oncoplastia, em virtude da relação
mama era uma doença local, disseminando-se de forma entre volume do tumor e a mama ser favorável.
ordenada e centrífuga para os linfonodos regionais axila- Quando se pratica a mastectomia total, pode-se reali-
res, que atuariam como verdadeira barreira para a dissemi- zar a reconstrução mamária, o que atenua o impacto da am-
nação da doença. Daí a importância da ressecção da mama putação mamária. Pode ser imediata ou tardia. Habitual-
e dos linfonodos da forma mais radical possível, para erra- mente, é feita com retalho miocutâneo do músculo reto
dicar a afecção e melhorar a sobrevida. Os tratamentos ci- abdominal (TRAM), com dermoexpansor e posterior inclu-
rúrgicos e radioterápicos de alta radicabilidade predomi- são de prótese, inclusão imediata de prótese e eventualmen-
naram na primeira metade do século XX, mas logo te com retalho miocutâneo do músculo grande dorsal. No
começaram a mostrar resultados desanimadores, porque TRAM, o retalho mono ou bipediculado do músculo reto
pacientes com neoplasias pequenas tratadas daquela ma- abdominal é transposto ao leito da mastectomia. A técnica
neira agressiva sucumbiam, de forma paradoxal, em tem- é trabalhosa, aumentando o tempo cirúrgico e anestésico;
po relativamente pequeno. com frequência, é necessária a infusão de hemoderivados.
Fisher, nas décadas de 1970 e 1980, demonstrou por Entretanto, é a que produz melhor resultado estético em
meio de vários ensaios clínicos, que a teoria mecanicista de longo prazo. Já o emprego de dermoexpansores e implantes
disseminação do câncer de mama não era adequada. De fato, é mais rápido e simples; são inseridos sob o músculo peito-
um tumor com 1 cm3 possui 1 bilhão de células e é capaz de ral maior e, no caso dos expansores, são gradualmente ex-
produzir micrometástases. Propôs que o câncer de mama, pandidos no pós-operatório, com a finalidade de aumentar
em fase muito precoce de desenvolvimento, disseminava-se a elasticidade cutânea e permitir a introdução posterior de
de forma hematogênica, podendo ser considerado como próteses mamárias. São indicados, particularmente, em pa-
doença sistêmica já de início. Postulou que os linfonodos cientes magras e, portanto, com subcutâneo abdominal pou-
regionais não eram barreiras eficazes e que sua importância co espesso e que não se beneficiariam da técnica do TRAM.
residiria apenas na avaliação do comportamento biológico A linfonodectomia axilar é realizada quando a axila
e na capacidade metastática da neoplasia. Dessa maneira, a está clinicamente comprometida ou quando o tumor é vo-
linfonodectomia não influenciaria na sobrevida, tendo im- lumoso (mais do que 5 cm). Caso contrário, realiza-se a re-
portância apenas como fator prognóstico. A teoria de Fis- tirada do linfonodo sentinela, que é o primeiro linfonodo
cher levou ao desenvolvimento, com base científica, de vá- a receber a drenagem linfática da glândula mamária.
rias formas de tratamento sistêmico de câncer de mama, A marcação do linfonodo sentinela é feita basica-
como a quimio e a endocrinoterapia e, em última análise, mente por dois métodos: tintorial e por marcador ra-
justificou a procura de técnicas cirúrgicas menos agressivas dioativo. No primeiro método, injeta-se azul patente na
e mutilantes no controle locorregional da afecção. região peritumoral ou na periareolar. Após alguns mi-
O consenso atual é de que o câncer de mama deve ser nutos, o corante drena e marca o linfonodo sentinela (Fi-
considerado uma doença heterogênea. Embora, na maio- gura 7). Na segunda forma, injeta-se radioisótopo (usual-
ria dos tumores pequenos, as metástases sejam tardias, mente o tecnécio 99) ligado a um coloide, que se fixa ao
bastando o tratamento locorregional, há casos em que a linfonodo sentinela. A injeção é feita horas antes da ci-
disseminação metastática é precoce, demandando trata- rurgia, e o sucesso do procedimento é confirmado por
mento sistêmico complementar. A seleção dos pacientes linfocintilografia pré-operatória. A emissão de radioa-
elegíveis para a terapêutica sistêmica adequada é feita tividade pelo linfonodo marcado é detectada por uma
através da análise de fatores prognósticos histopatológi- sonda de detecção de raios gama no intraoperatório (Fi-
cos e imuno-histoquímicos. gura 5). A técnica apresenta ótimo valor preditivo, mas
O tratamento cirúrgico do câncer de mama em fase ini- requer treinamento cirúrgico específico, concurso da
cial (tamanho do tumor ≤ 3 cm) consiste na quadrantecto- equipe de medicina nuclear, além do custo ser maior.
mia ou ressecção segmentar mamária, isto é, na retirada do Com a exérese do linfonodo sentinela, evita-se a dissec-
quadrante ou segmento em que se localiza a neoplasia (tra- ção axilar extensa rotineira e seus efeitos colaterais in-
tamento conservador). Em tumores maiores, preconiza-se desejáveis, como o linfedema e a neuropatia. Por outro
lado, a dissecção do linfonodo sentinela é indicada ape- nores que 5 cm nos quais se realiza tratamento conser-
nas no câncer de mama inicial, condição em que a axila vador seguido de tratamento sistêmico e radioterápico
se encontra, com frequência, livre de acometimento. Na- adjuvantes, quando até dois linfonodos sentinelas estão
queles casos em que o exame intraoperatório de conge- comprometidos, a ressecção apenas dos linfonodos sen-
lação for positivo para malignidade, pratica-se a linfo- tinelas apresentou as mesmas taxas de recorrência local
nodectomia axilar completa. Recentemente, ensaio e de sobrevida global em relação à linfonodectomia axi-
clínico randomizado comprovou que, em tumores me- lar total. Outro estudo comparou a linfonodectomia axi-
Tumor (T)
Redução do
Quimioterapia neoadjuvante
volume tumoral
Axila
Biópsia do linfonodo
Linfonodectomia axilar
sentinela (LS)
Positiva
T ≤ 5 cm
Cirurgia conservadora
Tratamento sistêmico +
Radioterapia
Até 2 linfonodos sentinela positivos
Somente biópsia do
linfonodo sentinela
A B
lar com a radioterapia axilar quando a biópsia do linfo- timento axilar não é intenso (1 a 3 linfonodos comprome-
nodo sentinela era positiva e não observou diferença na tidos), há a tendência de se indicar a radioterapia adjuvante
sobrevida em ambos os braços do ensaio. após a mastectomia. Por fim, a radioterapia pode ser indi-
Na quadrantectomia ou ressecção segmentar mamá- cada nas metástases ósseas, particularmente quando há dor
ria, a radioterapia está formalmente indicada para evitar a ou risco de fratura patológica, e nas metástases cerebrais.
recidiva local no restante da glândula. Irradia-se a mama Entre os principais fatores prognósticos do câncer de
na dose de 5000 cGy (fracionada em 200 cGy/dia) e, depois, mama, destacam-se: tamanho do tumor, comprometi-
aplica-se reforço no leito cirúrgico de 1000 cGy (fraciona- mento axilar, tipo histológico, grau histológico, recepto-
da em 200 cGy/dia). Quando não é realizada, a recidiva lo- res hormonais e c-erb B2.
cal é extremamente elevada, na ordem de 30% (versus 8% O tamanho do tumor está diretamente relacionado ao
com radioterapia). Alguns protocolos vêm sendo ensaiados prognóstico e ao comprometimento axilar. Assim, a sobre-
para avaliar a eficácia da radioterapia intraoperatória, apli- vida em cinco anos para carcinomas menores do que 2 cm
cada em dose única. Embora os resultados preliminares se- é de 75% e cai para 16% quando mede mais do que 7 cm.
jam promissores, não há ainda dados de seguimento em Por outro lado, quando o tumor mede menos que 5 cm, o
longo prazo para determinar a real eficácia e segurança ra- comprometimento axilar ocorre em 3% dos casos; já quan-
diobiológica. Em relação à radioterapia hipofracionada, isto do é maior que 1,5 cm, é de 35%. O comprometimento axi-
é, quando doses maiores são aplicadas em intervalo menor, lar desempenha importante papel prognóstico. Quando
estudos randomizados e metanálises demonstraram ser op- há acometimento de 1 a 3 linfonodos, a sobrevida em dez
ção segura e eficaz no câncer de mama inicial. anos é de 31 a 54%; já quando mais de quatro linfonodos
Nos tumores maiores que 5 cm ou quando há mais de contêm metástases, a sobrevida cai para 13%.
quatro linfonodos comprometidos, a radioterapia está tam- O tipo histológico mais comum de carcinoma de
bém indicada após a mastectomia, com o mesmo intuito, mama é o ductal ou invasivo não especial (90% dos casos),
isto é, evitar a recidiva local. Nesse caso, irradia-se a mama seguido do lobular (5 a 8%). Em pequena percentagem
e as cadeias de drenagem linfática (torácica interna e supra- dos casos, identificam-se outros tipos histológicos, de
clavicular). Nos últimos anos, mesmo quando o comprome- melhor prognóstico, como o tubular, o mucinoso ou co-
loide, o adenocístico e o papilífero. Os de pior prognós- pia em carcinoma inicial receptor hormonal positivo e sem
tico são o ductal, o indiferenciado, o de células em anel comprometimento axilar, como o oncotype e o mammaprint.
de sinete, o inflamatório e o metaplásico. Quando os escores indicam alto risco de recorrência, está in-
O grau histológico leva em conta a capacidade de dife- dicada a quimioterapia além da endocrinoterapia.
renciação tubular da neoplasia, o grau nuclear e a conta- As principais drogas quimioterápicas utilizadas são a
gem mitótica. Para cada parâmetro, atribui-se uma nota, e ciclosporina, as antraciclinas (adriamicina e epidoxorrubi-
o escore final define se o tumor é bem diferenciado (grau I), cina) e os taxanos (docetaxel e paclitaxel). Quando a ex-
moderadamente diferenciado (grau II) ou pouco diferen- pressão do HER-2 é positiva (c-erb B2 3+ ou FISH+), pre-
ciado (grau III). A sobrevida em cinco anos nos carcinomas coniza-se o tratamento com herceptin (trastuzumabe). As
de grau histológico I é de 81% e nos de grau III, de 34%. drogas quimioterápicas são diversas e vários esquemas são
Tornou-se rotina a avaliação dos receptores hormonais, eficazes no tratamento do câncer de mama. Na doença ini-
para auxiliar na estimativa do prognóstico e na previsão de cial, em particular quando a axila não está comprometida,
resposta à endocrinoterapia. São analisados o receptor de há tendência de se utilizar os esquemas CMF (constituído
estrogênio e de progesterona. Faz parte também da avalia- por ciclofosfamida na dose de 500 mg/m2, metotrexato 70
ção imuno-histoquímica determinar a expressão do c-erb mg/m2 e fluorouracil 500 mg/m2) e AC (ciclofosfamida
B2 (HER-2/NEU). O c-erb B2 é o receptor do fator de cres- 500 mg/m2 e epidoxorrubicina 60 mg/m2). As drogas são
cimento codificado pelo proto-oncogene HER-2, e faz par- administradas por via endovenosa, em um dia, repetindo-
te de um sistema de receptores para fatores de crescimento -se a cada 14 dias, por quatro ciclos. No câncer de mama
superexpressos no câncer de mama, que incluem o HER-1 avançado ou nas pacientes com axila comprometida, op-
(EGFR ou erb B1), o HER-3 (erb B3) e o HER-4 (erb B4). O ta-se pelos esquemas FAC, FEC ou AC. No último caso,
c-erb B2 (HER-2) pode ser avaliado pelo estudo imuno-his- após o término do esquema AC, acrescenta-se o paclitaxel,
toquímico convencional ou pelo Herceptest, testes padro- na dose de 175 mg/m2, por via endovenosa, a cada 14 dias,
nizados para a avaliação da proteína HER-2. Ambos são ex- completando mais quatro ciclos. Alguns ensaios vêm de-
pressos em escores 0, 1+, 2+ e 3+. O HER-2 também pode monstrando a eficácia da associação da gencitabina com
ser detectado pela técnica de FISH, método de hibridização a cisplatina, mas os resultados ainda são preliminares.
molecular in situ que utiliza sondas de DNA marcadas com O trastuzumabe é o anticorpo monoclonal humaniza-
fluoresceína. Embora mais específico, o FISH é de custo do anti-HER-2 e está indicado nas pacientes com câncer de
maior e necessita de microscópio de fluoresceína. Assim, os mama com superexpressão daquele oncogene. A associação
carcinomas de mama são classificados do ponto de vista mo- do trastuzumabe com taxanos aumenta a sobrevida de pa-
lecular em luminais (receptor de estrogênio e/ou progeste- cientes com câncer de mama metastático, e vários estudos
rona positivo), triplo-negativos (receptores de estrogênio e vêm demonstrando sua eficácia também na adjuvância. É
progesterona negativos e HER-2 negativo) e em HER-2 po- administrado a cada três semanas, durante um ano.
sitivo. Os luminais são os de melhor prognóstico. As pacientes com carcinoma de mama com receptores
A quimioterapia está formalmente indicada na doença hormonais positivos devem receber endocrinoterapia. A res-
metastática (quimioterapia paliativa) e na localmente avan- posta é melhor quando ambos os receptores são positivos.
çada (quimioterapia neoadjuvante ou primária). A quimio- O tratamento inicia-se após o término da quimioterapia,
terapia neoadjuvante também é preconizada para reduzir o quando realizada. A principal forma de endocrinoterapia é
volume tumoral e permitir uma cirurgia conservadora, em o uso de tamoxifeno na dose de 20 mg ao dia, por via oral,
casos que inicialmente seriam elegíveis para mastectomia. durante cinco anos; estudo randomizado recente demons-
Na doença inicial, emprega-se a quimioterapia quando trou que o uso de tamoxifeno por dez anos associou-se com
o tumor mede mais que 2 cm (quimioterapia adjuvante) ou menor recorrência e maior sobrevida quando comparado
quando a axila se encontra comprometida. Em tumores en- com o seu uso por cinco anos. O tamoxifeno é um antago-
tre 1 e 2 cm, não há consenso de indicação, mas há tendên- nista competitivo do receptor estrogênico na mama. Sua
cia em indicá-la quando: (a) o carcinoma é pouco diferen- principal contraindicação é o antecedente pessoal de trom-
ciado; (b) os receptores hormonais e o HER-2 são negativos bose venosa profunda. Nos últimos anos, demonstrou-se
(câncer de mama triplo-negativo); (c) quando o HER-2 está que a utilização de inibidores de aromatase de terceira gera-
superexpresso e (d) a faixa etária é menor do que 40 anos. ção na pós-menopausa produz mais benefício na diminui-
Recentemente, foram introduzidos painéis que avaliam ção da taxa de recorrência em relação ao tamoxifeno. Assim,
a expressão de vários genes relacionados com a proliferação os inibidores de aromatase devem ser incluídos em algum
e que auxiliam na decisão de se indicar ou não quimiotera- momento da endocrinoterapia na pós-menopausa.
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