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A assistência farmacêutica desempenha um papel fundamental no

cuidado da saúde, especialmente quando se trata do uso de


anticoncepcionais nas farmácias comunitárias. Essas instituições são
frequentemente visitadas por mulheres e adolescentes que buscam
orientação e acesso a métodos contraceptivos para planejarem sua saúde
reprodutiva. A assistência farmacêutica no uso de anticoncepcionais abrange
uma série de serviços que visam garantir que as pacientes recebam
informações adequadas sobre o uso correto, eficácia, possíveis efeitos
colaterais e interações medicamentosas desses produtos. Além disso, a
assistência farmacêutica tem como objetivo promover a adesão ao tratamento
contraceptivo, evitando gestações indesejadas e contribuindo para a saúde e
bem-estar das mulheres.

Os farmacêuticos desempenham um papel central nessa assistência,


pois são profissionais de saúde que têm conhecimento aprofundado sobre
medicamentos e seu uso adequado. Nas farmácias comunitárias, eles têm a
oportunidade de interagir diretamente com as pacientes, oferecendo
aconselhamento personalizado e solucionando dúvidas e preocupações
relacionadas aos anticoncepcionais. Para garantir uma assistência
farmacêutica eficaz no uso de anticoncepcionais, é essencial que os
profissionais estejam bem capacitados e atualizados. Eles devem possuir
conhecimentos sólidos sobre os diferentes tipos de métodos contraceptivos
disponíveis, suas indicações, contraindicações e possíveis interações
medicamentosas. Além disso, devem estar aptos a fornecer informações
claras e compreensíveis, respeitando a privacidade e as necessidades
individuais das pacientes. Vale mencionar que a assistência farmacêutica
também engloba a garantia de acesso aos anticoncepcionais, incluindo a
disponibilidade dos produtos nas farmácias comunitárias, a orientação sobre
sua correta utilização e a monitorização dos estoques para evitar
desabastecimento. Além disso, é importante que os farmacêuticos incentivem
a realização de consultas regulares com profissionais de saúde
especializados, como ginecologistas, para avaliar a eficácia do método
contraceptivo escolhido e realizar exames de rotina. Nas farmácias
comunitárias, por exemplo, a assistência farmacêutica no uso de
anticoncepcionais desempenha um papel crucial na promoção da saúde
reprodutiva e na prevenção de gravidezes indesejadas. Por meio do
aconselhamento adequado, informações precisas e acesso facilitado aos
contraceptivos, as pacientes têm a oportunidade de fazer escolhas
conscientes e responsáveis em relação à sua saúde sexual e reprodutiva.
Portanto, é essencial que as farmácias comunitárias invistam na capacitação
contínua de seus farmacêuticos, promovam o diálogo aberto com as
pacientes e trabalhem em parceria com outros profissionais de saúde para
oferecer uma assistência farmacêutica abrangente e de qualidade no uso de
anticoncepcionais. Dessa forma, contribuirão para a promoção da saúde e o
bem-estar das mulheres e adolescentes em suas comunidades. Os
resultados dessa pesquisa podem fornecer informações importantes para
profissionais de saúde e mulheres em idade reprodutiva, auxiliando na
tomada de decisões informadas sobre o uso de anticoncepcionais e na
avaliação dos riscos envolvidos. É fundamental destacar que a decisão sobre
o uso de anticoncepcionais deve ser feita em consulta com um profissional de
saúde, considerando as características individuais de cada mulher e os
potenciais benefícios e riscos associados a esses medicamentos. Dentre os
métodos contraceptivos, a contracepção hormonal é a mais prevalente,
sendo usada por mais de 200 milhões de mulheres em todo o mundo
desde a sua introdução (ARAÚJOABR,et al., 2016). Ocorre que esse uso
em excesso tem promovido riscos à saúde da população feminina mundial
(OLIVEIRAMI,et al, 2016). Infelizmente, as mulheres não têm
conhecimento acerca desse risco promovido pelos
anticoncepcionais e isso deve ser informado pelos profissionais de saúde
(BRANDT GP, et al,.2016).

O anticoncepcional hormonal combinado oral (ACO) ou pílula


anticoncepcional é um comprimido que tem em sua base a utilização de
uma combinação de hormônios, geralmente estrogênio e progesterona
sintéticos, com função anovulatória, além de diminuir a motilidade tubária
(ARAÚJO ABR,et al, 2016). A partir disso, o progestágeno altera o muco
cervical, tornando-o impenetrável para o espermatozoide e hipotrofia
o endométrio, o qual deixa de ser capaz de implantar o embrião (WHO,
2008). Uma das indicações para o uso da anticoncepção hormonal
combinada tradicional é a sua capacidade de regular quase que
cronometricamente as menstruações das pacientes, mantendo o ritmo
a cada 28 dias, considerado tipicamente normal. A partir disso, com o
controle do ciclo menstrual é possível evitar -se também uma anemia
causada por fluxo em excesso e programar as menstruações. (RIBEIRO
MTL et al, 2016). Os anticoncepcionais orais combinados podem gerar
benefícios em casos de dismenorreia, mastodinia, tensão pré-menstrual,
hiperplasia e neoplasia do endométrio, endometriose, cistos funcionais
e câncer de ovário, doenças benignas da mama, doenças inflamatórias
pélvicas, gravidez ectópica, acne e hirsutismo. Sem dúvida alguma, a
contracepção é a maior causa de prescrição de anticoncepcionais
orais na prática clínica atual (ALMEIDA APF e ASSIS MM,2017).No
entanto, vale ressaltar que há númeras pesquisas associando o uso
prolongado de anticoncepcionais ao aparecimento de diversas condições
patológicas. Entre elas destaca: o aumento do risco de trombose venosa
e arterial, da probabilidade de acidente vascular cerebral, da
predisposição ao aparecimento de carcinoma de mama, do surgimento
do vírus do papiloma humano (HPV) do hipotireoidismo (EREIRA PVS e
ANGONESID 2009). Tais condições são bem preocupantes e podem levar
à morte. Cabe ressaltar aos pacientes o risco ao se tomar tal medicamento
e buscar novas alternativas que não aumente o risco ao aparecimento de
doenças. Além de que, o uso de anticoncepcional hormonal oral
(ACO) não protege contra doenças sexualmente transmissíveis e AIDS
(BRASIL, 2013).

O tromboembolismo venoso é uma complicação rara, mas grave da


contracepção hormonal combinada. Embora o risco absoluto seja baixo em
adolescentes, eventos trombóticos em usuários de contracepção mais jovens
do que a idade de 20 anos representam 5 a 10% do total de eventos
relacionados com a contracepção em estudos populacionais. Esse fato é
atribuído à alta frequência de uso de contracepção na adolescência. A
maioria das adolescentes que desenvolvem 17 tromboembolismo venoso
associado com a contracepção tem adicionalmente fatores de risco
transitórios ou hereditários para fenômenos tromboembólicos (O'BRIEN,
2014). A primeira evidencia de risco de trombose venosa associado ao
contraceptivo hormonal oral, foi registrada em 1961. Ao longo dos anos as
doses de estrogênio foram diminuídas, apesar de não existir uma evidencia
clara de que a redução resultou na diminuição do risco de trombose venosa
(VAN et al., 2009). Por ano são registrados aproximadamente 1,5 milhões de
casos de trombose na Europa, já nos Estados Unidos, segundo a Associação
Americana do Coração, o número de pessoas acometidas por essa doença é
de 2,6 milhões ao ano. No Brasil, pesquisas apontam que as doenças do
sistema circulatório, incluindo a trombose, estão em terceiro lugar em questão
de incidência e cerca de 170 mil pessoas sofrem com o tromboembolismo
(CRIA SAÚDE, 2015). Os principais fatores que favorecem a ocorrência da
trombose são envelhecimento progressivo da população, imobilização
prolongada dos membros, pacientes submetidos a traumas, obesidade,
falência cardíaca, varizes, predisposição genética, tabagismo, fase final da
gestação e puerpério, doenças malignas, uso contínuo de medicamentos
como contraceptivos hormonais e terapia de reposição hormonal, dentre
outros (ORRA, 2008). O tromboembolismo venoso compreende um conjunto
de condições patológicas, dentre as quais, a trombose venosa profunda e o
tromboembolismo pulmonar são elencados como as mais preocupantes
devido à morbidade e mortalidade potenciais, principalmente em pacientes
hospitalizados. A etiologia destas patologias envolve a chamada tríade de
Virchow, na qual há diminuição do fluxo sanguíneo (ou estase vascular),
estado de hipercoagulabilidade e lesão do endotélio vascular que,
eventualmente, culminam na formação do trombo (CHOI; HECTOR, 2012).
Esse pode ocluir veias profundas, em geral dos membros inferiores ou pelve,
caracterizando o tromboembolismo pulmonar, podendo ainda se desprender
da parede vascular, transitar na corrente sanguínea até ocluir veias de menor
calibre em áreas distantes, como ocorre no tromboembolismo pulmonar
(SANTANA, 2016). Para que o sistema circulatório funcione de maneira
correta, mecanismos são necessários para assegurar a fluidez do sangue
dentro das vias vasculares, proporcionando a chegada do sangue em todos
os tecidos do corpo de forma 18 adequada. Diversos elementos sanguíneos
agem de forma conjunta para manter a fluidez do sangue e reprimir os
processos hemorrágicos, e esse processo é denominado de sistema
hemostático ou hemostasia (COTRAN; KUMAR; ROBBINS, 2005). Na
ocorrência de uma lesão vascular ocorre o processo de contração de células
musculares lisas, agregação e tamponamento plaquetário no local do vaso
danificado, evitando um sangramento. Desta forma, a hemostasia também se
refere a um equilíbrio entre a coagulação do sangue e lise do coágulo
formado para impedir que ocorra a obstrução no interior do vaso. Assim,
quando há o desequilíbrio desses fatores, o indivíduo fica propenso a
desenvolver tromboembolismo venoso (CASTRO et al., 2006; DIAZ et al.,
2012; FERREIRA et al., 2016). Deste modo, trombose é denominada como a
ativação patológica do processo hemostático dentro de um vaso na ausência
de sangramento. Tal distúrbio, que apresenta variação na história natural e
morfologia, é frequentemente classificado de acordo com sua localização em
arterial ou venoso (METZE, 2006). Existem possibilidades de altíssima
morbidade e mortalidade quando ocorre a formação ou liberação de trombos
de seus sítios locais, pois estes formam êmbolos que flutuam pela circulação
e geram consequências à distância, levando à necessidade de tratamento
médico contínuo de uma grande quantidade de pessoas acometidas por tal
problema (TEIXEIRA, 2008).

A sociedade, ao longo dos anos, vem sofrendo modificações culturais


que têm colaborado para a captação de novos pensamentos e atitudes com
relação à sexualidade. Tais mudanças têm influenciado no comportamento de
muitos jovens que, atualmente, iniciam sua atividade sexual mais cedo. Junto
com a precoce iniciação sexual, surge a necessidade de utilizar métodos
contraceptivos que previnam uma gestação indesejada. Para este fim,
segundo dados do Ministério da Saúde (2011), são disponibilizados
gratuitamente oito tipos de métodos contraceptivos reversíveis, dentre eles,
encontram-se os preservativos feminino e masculino (camisinha), a pílula
oral, a minipílula, a injetável mensal, a injetável trimestral, o dispositivo
intrauterino (DIU), a pílula anticoncepcional de emergência, o diafragma e os
anéis medidores. Além destes, há os métodos definitivos, como a laqueação
de trompas, para a mulher, e a vasectomia, para o homem, que são
procedimentos realizados através de intervenções cirúrgicas. O método
escolhido deve responder às necessidades individuais de cada um, levando
em consideração algumas variáveis como: idade, nível de escolaridade, nível
socioeconômico, condições fisiológicas e contexto social (HERTER;
ACCETA, 2001). Um estudo feito por Martins (2006) constatou que o
conhecimento sobre os métodos contraceptivos entre estudantes de escolas
públicas e privadas, com idade média de 12 a 19 anos, é insatisfatório, tendo
os alunos de escolas particulares maior percentagem de acerto do que os
alunos de escolas públicas. Estudos feitos por Herter e Acceta (2001)
revelaram que o período entre a primeira relação sexual e a procura de uma
orientação médica para saber qual o método contraceptivo mais adequado
para cada caso é de, aproximadamente, 12 meses. O grande problema é que
cerca de metade das adolescentes engravida nos primeiros seis meses de
vida sexual, e um quinto destas torna-se gestante no primeiro mês. Devido à
facilidade de acesso, o anticoncepcional hormonal oral é um dos métodos
mais utilizados no Brasil. Para Herter e Acceta (2001), isso também ocorre
devido à eficácia desse medicamento (cerca de 99,7%, se tomado
corretamente), pela praticidade, por não interferir na vida sexual e pela
segurança. Além disso, o uso dos contraceptivos hormonais orais vem
acompanhado de benefícios, como redução das cólicas e regularização do
ciclo menstrual, diminuição da acne, incidência diminuída de anemia e de
gravidez ectópica, proteção contra o câncer de ovário e doença benigna da
mama e aumento do prazer sexual (MARMITT, 2006). A adequação da
usuária ao método utilizado ocorre de maneira peculiar. Após a primeira
dosagem, são comuns os relatos de sintomas adversos. Os efeitos colaterais
mais comumente associados a esses medicamentos são: dores de cabeça,
tonturas, náuseas, vômitos, irritabilidade, miastalgia, aumento do apetite com
consequente ganho de peso, queda de cabelo e alterações no apetite sexual
(BOUZAS et al., 2004). A falta de informação sobre os efeitos colaterais
advindos do uso dos contraceptivos hormonais orais tem afetado sua eficácia.
Entre as mulheres que utilizam a pílula como método de prevenção, cerca de
40% interromperam o uso nos primeiros 12 meses. Isto é reflexo da falta de
acompanhamento de um profissional especializado, já que muitas das
pacientes utilizam o medicamento sem prescrição médica (LEITE, 2003).
Dados do Ministério da Saúde (2009) comprovam que a utilização irregular ou
equivocada da pílula anticoncepcional tem provocado uma elevação na
quantidade de gestações não planejadas e, como consequência disto, a
ocorrência do aumento nos índices de aborto induzido. Aproximadamente
50% das mulheres que residem nas regiões Sul e Sudeste, e que praticaram
o aborto, declararam estar fazendo uso de métodos contraceptivos. Diante do
exposto, o presente trabalho pretende questionar se o uso do
anticoncepcional hormonal oral pode trazer prejuízo à saúde das mulheres,
além de destacar a importância do conhecimento das usuárias sobre os
efeitos desse medicamento.

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