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Clínica Médica em

Grandes Animais 3A

Gastroenterite
verminótica em Bovinos
Professora: Dra. Sâmara Cristine Costa Pinto.
Acadêmicos: Karla Jhovana; Larissa Gabrielly; Larissa
Marques e Raphaella Pessoa.
INTRODUÇÃO
o É uma infecção e/ou inflamação do estômago e do intestino, caracterizada
pelo aparecimento súbito de sinais como vômito, diarreia com ou sem
sangue, desidratação, depressão, febre e dor abdominal.
o Pode acontecer devido a agressão direta ou indireta do aparelho digestivo.
o O aparelho digestivo contacta com material vindo do meio exterior, estando
sujeito a múltiplas agressões causadas por agentes como bactérias, vírus,
alérgenos, tóxicos e corpos estranhos, intolerância ou hipersensibilidades
alimentares, sobrecarga alimentar, mudança súbita de alimentação, doenças
inflamatórias crônicas, parasitas, entre outros.
o Em relação aos agentes virais, o rotavirus apresenta maior incidência em
mamíferos nos casos de adoecimento entérico no mundo.
o De modo geral, a rotavirose bovina é prevalente em animais jovens (idade
inferior a três semanas), porém a doença pode ocorrer em todas as faixas
etárias, incluindo bovinos adultos.
HISTÓRICO
o O Rotavírus Bovino (RVB) foi associado a quadros diarreicos pela
demonstração experimental.
o Mebus e colaboradores (1969), inocularam em bezerros sadios, filtrado de
material fecal de animais com diarreia, sendo reproduzido o quadro diarreico
nesses animais, além da identificação pela microscopia eletrônica das
partículas virais.
o O RVB foi detectado no gado brasileiro por pesquisadores em bezerros que
variam de 1 a 120 dias de idade em diferentes propriedades rurais.
AGENTE ETIÓLOGICO E ESTRUTURA
o Os rotavírus pertencem à família Reoviridae e ao gênero Rotavírus.
o A partícula viral completa apresenta morfologia esférica, com diâmetro de
75nm, capsídeo icosaédrico com 3 camadas protéicas concêntricas: capsídeo
externo, intermediário e interno e não são envelopados.
CLASSIFICAÇÃO
o O rotavírus apresenta três importantes especificidades antigênicas: grupo,
subgrupo e sorotipo, sendo estas diretamente relacionadas à presença de
proteínas no capsídeo viral.
o Este critério permite a classificação de múltiplos grupos ou sorogrupos e a
existência de múltiplos sorotipos dentro de cada grupo (KAPIKIAN e
CHANOCK, 1996).
o Atualmente, foram caracterizados sete sorogrupos (A-G).
o Os grupos A, B e C, estão associados à gastroenterite humana, mas podem
infectar animais, já os pertencentes aos grupos D, E, F e G estão
relacionados com a gastroenterite em mamíferos e aves.
o Estudos epidemiológicos demonstram que, a rotavirose causada pelo grupo
A é mais frequentemente relatada, seguida por infecções pelo grupo C,
tanto no homem quanto em animais
SINAIS CLÍNICO
o Bovinos infectados por rotavírus, podem apresentar: diarréia, prostação,
anorexia, febre e desidratação.
o O período de incubação da doença varia de 18 a 96 horas sendo que a morte
dos animais pode ocorrer de acordo com o grau de desidratação e o quadro
diarréico do animal em um período de 3 a 7 dias após o início.
TRANSMISSÃO
oA principal via de transmissão desta virose é fecal-oral, sendo desta forma de
difícil controle, pois está intimamente relacionada a fatores como saneamento
básico, nutrição, e suporte da propriedade.
oEnchentes se tornam poluidores e contaminantes da água utilizada para a
manutenção dos animais (falta de saneamento básico, dejetos humanos e de
animais, vazamento de esgotos), esta mesma água pode ser usada na
agricultura, causando assim contaminação na irrigação de pastos, na lavagem
das instalações e na nutrição dos animais. Desta forma, poderá provocar surtos
de rotavirose, assim sendo a água contaminada com o vírus um meio eficaz de
propagação da doença.
oAlguns fatores contribuem para a ampla disseminação do vírus, como por
exemplo: as altas taxas de excreção viral; o período de excreção; a existência de
portadores e a alta resistência dos vírus no ambiente.
oA Rotavirose pode ser considerada uma zooantroponose e ao mesmo tempo uma
antropozoonose, uma vez que há ocorrências de sorotipos tipicamente de animais
que infectam humanos e vice-versa.
oA diversidade de rotavirus circulantes encontrada em países tropicais em
desenvolvimento se deve ao fato de ocorrer uma transmissão natural entre
espécies distintas dos mesmos.
DIAGNÓSTICO
o É baseado nos sintomas clínicos e na presença de ovos nas fezes,
observados através da contagem de ovos, ou através da coprocultura.
o O diagnóstico das infecções por Rotavírus é baseado na identificação de
partículas, antígenos ou RNA viral em amostras fecais. As técnicas mais
utilizadas são a imunomicroscopia eletrônica, eletroforese em gel de
poliacrilamida.
TRATAMENTO
Existem quatro principais categorias de tratamentos com anti-helmínticos:
o Tratamento preventivo extensivo

O princípio ativo é fornecido aos animais durante períodos mais ou menos


longos e contínuos, isto é, durante dias ou meses. Exemplos: a aplicação de
produtos de atuação prolongada ou a implantação de engenhos que permitam
uma liberação lenta e prolongada em forma de bolos.
Deve-se ressaltar que o princípio ativo não elimina 100% das formas
infectantes e, isto pode acarretar no perigo da seleção de cepas resistentes.
o Tratamento curativo (tratamento de emergência, tratamento de
salvamento)
São incluídas as aplicações de anti-helmínticos em animais clinicamente
doentes (observadas perdas econômicas no hospedeiro).
Embora comum, o uso de anti-helmíntico neste caso é economicamente o mais
desfavorável em termos de custo/benefício entre as quatro categorias aqui
descritas, especialmente quando aplicado somente nos animais “mais
doentes”.
o Tratamento tático

Esta categoria de tratamento implica no conhecimento dos ciclos dos parasitas e dos
fatores responsáveis pelo desencadeamento do processo de translação. Isto é, para a
aplicação de tratamento tático precisa-se do conhecimento epidemiológico das infecções.
Quando há modificações no ambiente dos animais como: chuvas pesadas com
temperaturas elevadas numa época normalmente seca; introdução de animais de outra
área ou em pastagem recém-formada, queima de pastagem etc., é importante aplicar um
tratamento tático para se evitar que aumente a contaminação do ambiente.
Estes tratamentos, junto com os de esquemas estratégicos, fazem parte de um programa
flexível.
o Tratamentos estratégicos 

O conhecimento epidemiológico permite a identificação de épocas críticas para os


tratamentos, um programa estratégico é um conceito estatístico baseado na
probabilidade da ocorrência de certos eventos epidemiológicos em certas épocas do
ano, nas condições usuais da região. 
- Modificações climáticas que ocorrem periodicamente, neste casos, há necessidade
de se utilizar medicações anti-helmínticas adequadas, adicionais àquelas previstas
no esquema estratégico.
-Necessidade de conciliar com o manejo geral da propriedade, o esquema
estratégico de controle não pode depender de outras atividades de manejo da
propriedade, como por exemplo, a vacinação anti-aftosa, porque as épocas
estratégicas de aplicação de anti-helmínticos devem ser estabelecidas “a prioridade”
pelos resultados da pesquisa.
-Efeitos a médio prazo, ele visa principalmente à redução dos níveis de
contaminação das pastagens, para evitar que os animais adquiram altas cargas
de helmintos. Sendo assim, os efeitos positivos do controle estratégico só
podem ser visualizados depois de um certo tempo após a sua aplicação, em
torno de dois a quatro anos.
-O esquema estratégico de controle deve ser repetido anualmente, nas
épocas, idades e categorias previamente determinadas. Para contornar esta
possibilidade de falhas locais, falamos de um programa “estratégico flexível”
onde, além dos tratamentos predeterminados estrategicamente, poderiam ser
incluídos um ou mais tratamentos táticos adicionais, quando houver
necessidade.
CONTROLE
o É feito quebrando-se um elo da cadeia do ciclo biológico, ou seja,
combatendo os estádios evolutivos no ambiente ou no hospedeiro.
o Somente a interação do combate nas duas fases é que trará resultados
plenamente satisfatórios.
1. Controle dos estádios de vida livre
Existem os controladores naturais de populações de parasitos de vida livre,
que, embora não atinjam parcelas tão significativas, dentre eles, os mais
importantes são os fungos predadores ou parasitas de larvas, e os coleópteros,
que participam do processo de degradação do bolo fecal, cavando túneis nos
bolos fecais, dessecando o seu interior, e enterrando-o posteriormente.
Algumas práticas relacionadas ao manejo também podem ser utilizadas para
diminuir a contaminação dos animais como: rotação de pastagens, manutenção
de pastos limpos, alternância de pastejo com outras espécies de animais ou com
culturas sazonais, as áreas em volta de cochos e bebedouros devem ser calçadas
ou cascalhadas para evitar manutenção de ovos.
2. Controle dos estádios parasitários
É feito através da aplicação de anti-helmínticos. O tipo de anti-helmíntico, assim
como a dose utilizada e o espectro de ação, influencia diretamente no sucesso
do tratamento.
O que realmente deve ser avaliado é a sua ação sobre os estádios evolutivos no
hospedeiro.
PROFILAXIA
Além da adoção de medidas higiênico-sanitárias é importante também incluir na
profilaxia medidas gerais como:
o Isolamento de animais infectados;
o Criação de animais de faixa etárias uniformes;
o Desinfecção de instalações;
o Rodízio de piquetes de parições em rebanhos bovinos de criação extensiva;
o A identificação de patógenos é essencial para o controle das rotaviroses, pois
desta forma as medidas profiláticas serão mais direcionadas e assertivas.
VACINAÇÃO
o A vacinação apresenta resultados positivos quando realizada em recém-nascidos
(oral) e em fêmeas no terço final de gestação para proteção dos bezerros.
o Estudos evidenciam a redução da gravidade do quadro clínico, e menor perda de
peso quando há uso das vacinas.
o Cerca de seis a duas semanas antes do parto as fêmeas devem ser vacinadas, o
reforço deve ser anual e deve ocorrer preferencialmente quinze dias antes do
parto.
o Segundo estudos, a vacinação de vacas prenhes com vacinas de rotavirus vivo ou
inativado pode elevar os títulos de anticorpos séricos antirotavirus que serão
transferidos para os bezerros através do colostro e do leite protegendo-os assim
passivamente.
o Atualmente é utilizada na vacinação de bovinos uma vacina injetável, a
ScourGuard*3(K)/C® (Pfizer), que contém em sua composição culturas
inativadas de Coronavírus bovino, Rotavirus bovino (amostra NCDV-
Lincoln-G6P[1]).. entre outros.
o Segundo a bula do medicamento este objetiva a proteção dos animais
contra a diarréia neonatal bovina causada por estes agentes etiológicos ou
combinação deles.
o Esta vacina é destinada a vacas gestantes sadias que devem receber 2 doses
da vacina com duas semanas de intervalo entre elas, sendo que a segunda
dose deverá ser feita 15 dias antes da data prevista do parto.
Alguns fatores podem interferir na efetividade das vacinas contra
rotavirus, são eles:
o Passagem de anticorpos por via transplacentária, ingestão de
colostro, condição nutricional, infecções mistas por rotavirus
associado a outros vírus e bactérias, multiplicidade de sorotipos e
subtipos capazes de produzir doença, aparecimento de novas
amostras com reagrupamentos genéticos humanos ou animais,
imunidade coletiva e cobertura vacinal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
o https://www.beefpoint.com.br/gastroenterite-verminotica-em-bovino
s-parte-i-36216/
o https://www.beefpoint.com.br/gastroenterite-verminotica-em-bovino
s-parte-ii36827/
o https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-A63LSV/1/
monografia_corre__o_final_bibliografia_em_ordem.pdf

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